Discurso durante a 32ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Lamento pela situação da fábrica de barrilha Alcanorte, localizada em Macau, Rio Grande do Norte.

Autor
Garibaldi Alves Filho (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RN)
Nome completo: Garibaldi Alves Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA INDUSTRIAL. POLITICA AGRICOLA.:
  • Lamento pela situação da fábrica de barrilha Alcanorte, localizada em Macau, Rio Grande do Norte.
Publicação
Publicação no DSF de 18/03/2010 - Página 8034
Assunto
Outros > POLITICA INDUSTRIAL. POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • APREENSÃO, SITUAÇÃO, DESATIVAÇÃO, ALCALIS DO RIO GRANDE DO NORTE S/A (ALCANORTE), MUNICIPIO, MACAU (RN), ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE (RN), PRODUÇÃO, BARRILHA, REGISTRO, NOTICIARIO, IMPRENSA, INFORMAÇÃO, HISTORIA, EMPRESA PRIVADA, ANTERIORIDADE, EMPRESA ESTATAL, INADIMPLENCIA, RESULTADO, PARALISAÇÃO, FUNCIONAMENTO, IMPOSSIBILIDADE, RECEBIMENTO, FINANCIAMENTO, BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES).
  • REGISTRO, REUNIÃO, ORADOR, PRESIDENTE, PETROLEO BRASILEIRO S/A (PETROBRAS), SOLICITAÇÃO, REINICIO, FORNECIMENTO, GAS, OBJETIVO, FUNCIONAMENTO, ALCALIS DO RIO GRANDE DO NORTE S/A (ALCANORTE), EXPECTATIVA, APOIO, INCENTIVO, IMPORTANCIA, PRODUÇÃO, BARRILHA, REDUÇÃO, IMPORTAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
  • FRUSTRAÇÃO, FALTA, APROVAÇÃO, EMENDA, MEDIDA PROVISORIA (MPV), ALTERAÇÃO, NEGOCIAÇÃO, DEBITOS, REGIÃO NORDESTE, REGISTRO, APREENSÃO, AGRICULTOR, INFERIORIDADE, RECURSOS, PERIODO, SECA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Romeu Tuma, Srªs e Srs. Senadores, venho a esta tribuna para falar a respeito daquela que poderia ser hoje uma grande fábrica, não apenas do Rio Grande do Norte, mas do Brasil, uma fábrica de barrilha, que tem capacidade para produzir 265 mil toneladas de barrilha por ano. E barrilha é matéria indispensável para que tenhamos o vidro e vários produtos da construção civil.

            Entretanto, essa que poderia ser uma grande fábrica, ao longo de 34 anos transformou-se num verdadeiro elefante branco. Quem chega hoje a Macau, no Rio Grande do Norte, não pode deixar de constatar, com tristeza e desolação, o que aconteceu com essa fábrica, inicialmente uma fábrica estatal e depois privatizada, mas sem nenhum sucesso até agora essa privatização.

            Na verdade, o Brasil consome, hoje, 800 mil toneladas por ano, e a maior parte dessa produção é dos Estados Unidos. Os Estados Unidos agradecem o que aconteceu ao longo desses 34 anos.

            O Novo Jornal, cujo título corresponde à idade realmente, porque é um jornal novo, um jornal que está sendo editado no Estado há pouquíssimos meses, trouxe numa das suas edições toda a história, tudo o que aconteceu com a fábrica de barrilha chamada Alcanorte.

            Em março de 1997, como Governador do Estado, eu ainda pude ter um alento e criar uma expectativa, quando assinei com duas empresas para que a Petrobras passasse a fornecer, durante o prazo de 10 anos, 130 toneladas de vapor por hora ao preço de US$3,07, além do gás natural, por intermédio da Companhia Potiguar de Gás, a Potigás. Isso realmente se constituiu num fato positivo, num fato isolado, infelizmente, porque a companhia privatizada se comprometeu a equacionar os seus débitos, mas isso não aconteceu. Do BNDES tivemos uma negativa de novo financiamento, e a empresa, Sr. Presidente, foi parar onde se encontra hoje: inteiramente desativada.

            Procurei ontem o Presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, para saber de S. S.ª se a Petrobras ainda se interessaria em colocar a fábrica em funcionamento. Mas o Presidente da Petrobras foi bastante enfático no sentido de dizer que iria receber os dados que eu apresentei, mas que não podia garantir o fornecimento do gás, indispensável ao funcionamento da fábrica, que se encontra a apenas 21 Km da fábrica.

            A 21 Km da fábrica, Srªs e Srs. Senadores, encontra-se instalada uma grande termo, a Termoaçu, em Alto do Rodrigues, que poderia perfeitamente assumir a questão do funcionamento do gás.

            Então, hoje venho apenas lamentar. Não vejo condições, não vou enganar os meus conterrâneos, Senador Romeu Tuma, os norte-rio-grandenses, e dizer que, a essa altura, essa fábrica poderá renascer.

            O espírito da privatização era no sentido de que se pudesse injetar capital novo nessa empresa, mas isso não aconteceu. E o Novo Jornal foi buscar, então, o jovem advogado Thiago de Souza Brasil, de 25 anos, natural de Arraial do Cabo, onde existe atualmente a única empresa fabricante de barrilha, localizada na Região dos Lagos, litoral do Estado do Rio de Janeiro. Pois esse jovem se disse disposto, se disse com vontade para topar o desafio, a proeza que em mais de 30 anos gestor algum conseguiu: colocar as engrenagens da Alcanorte, em Macau, para funcionar e fazer reduzir, como consequência desse feito, a importação de barrilha do nosso País.

            Gostaria de acreditar na juventude de Thiago de Souza Brasil como acreditei no Grupo Fragoso Pires, em 1992, quando a empresa, pertencente até então a este grupo, se dizia disposta, em razão de dívidas acumuladas, a reformular o esquema de funcionamento da empresa.

            Sr. Presidente, não quero prejudicar os oradores, inclusive Mão Santa, que nunca fala aqui no Senado. Já pensou? O Senador Mão Santa, se não falar hoje, vai ficar profundamente frustrado, porque não são poucas as vezes que ele tenta falar, mas não consegue.

            Queria apenas dizer que gostaria de ter ouvido do Presidente Sérgio Gabrielli uma outra palavra de estímulo, porque só acreditei, só acredito e só acreditarei no funcionamento dessa fábrica se for realmente uma fábrica estimulada, tocada, incentivada pela Petrobras.

            Por último, quero dizer que lamentei que não tivesse sido aprovado, por meio de acordo, algo sobre a remissão, o novo tratamento para os débitos da nossa região, da região nordestina. Os agricultores, Sr. Presidente, estão bastante preocupados, porque, além do estoque da dívida, eles têm agora pela frente previsões que não são nada lisonjeiras, no sentido de que poderemos ter um ano de inverno bastante sofrível, um ano em que os técnicos já disseram que não vai corresponder à média de chuvas durante o inverno no Nordeste.

            Desculpem se as notícias que trouxe à tribuna hoje não são boas. Elas são verdadeiras, elas retratam o drama de uma região que na política industrial sofreu reveses como esse ao longo do tempo, como uma fábrica tão importante assim parada e, no setor rural, vem se arrastando essa questão dos débitos rurais.

            Agradeço a V. Exª.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/03/2010 - Página 8034