Discurso durante a 32ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato da participação de S.Exa. em viagem ao Continente Antártico, a convite da Marinha do Brasil. Comentários sobre as denúncias da oposição ao governo federal no episódio da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). Manifestação favorável à política externa brasileira.

Autor
João Pedro (PT - Partido dos Trabalhadores/AM)
Nome completo: João Pedro Gonçalves da Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA EXTERNA.:
  • Relato da participação de S.Exa. em viagem ao Continente Antártico, a convite da Marinha do Brasil. Comentários sobre as denúncias da oposição ao governo federal no episódio da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). Manifestação favorável à política externa brasileira.
Aparteantes
Heráclito Fortes.
Publicação
Publicação no DSF de 18/03/2010 - Página 8037
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO. POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • REGISTRO, ATENDIMENTO, ORADOR, CONVITE, MARINHA, VIAGEM, CONTINENTE, ANTARTIDA, PARTICIPAÇÃO, CONGRESSISTA, REPRESENTANTE, TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO (TCU), MINISTERIO DA CIENCIA E TECNOLOGIA (MCT), VISITA, PROJETO, PESQUISA CIENTIFICA, AREA, BIOLOGIA, GEOLOGIA, ELOGIO, ATUAÇÃO, CIENTISTA, NACIONALIDADE BRASILEIRA, IMPORTANCIA, PRESENÇA, PESQUISADOR, DIVERSIDADE, PAIS, COMPROMETIMENTO, CIENCIAS, PAZ, MUNDO, NECESSIDADE, ATENÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), REGIÃO, SUPERIORIDADE, MOBILIZAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, CONTINUAÇÃO, PROGRAMA, ESTUDO.
  • CRITICA, TENTATIVA, OPOSIÇÃO, IMPUTAÇÃO, FALTA, MORAL, GOVERNO FEDERAL, RESPOSTA, ALEGAÇÕES, ARTHUR VIRGILIO, SENADOR, AUSENCIA, BANCADA, GOVERNO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), SEM-TERRA, ESCLARECIMENTOS, DIVERGENCIA, HORARIO, COMENTARIO, SITUAÇÃO, SUSPEIÇÃO, CORRUPÇÃO, COOPERATIVA HABITACIONAL, BANCARIO, TRAMITAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, JUDICIARIO, TESOUREIRO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), NECESSIDADE, PUNIÇÃO, REU, REGISTRO, CONSCIENTIZAÇÃO, SOCIEDADE, EFICACIA, COMPROMISSO, GESTÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, DEFESA, QUALIDADE, POLITICA, BRASIL, CONFIRMAÇÃO, REDUÇÃO, POBREZA.
  • ELOGIO, DIRETRIZ, POLITICA EXTERNA, ABERTURA, MERCADO, COMENTARIO, LIDERANÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AMBITO NACIONAL, AMBITO INTERNACIONAL, REGISTRO, PRIORIDADE, GOVERNO BRASILEIRO, DEFESA, SOBERANIA, PAIS, MUNDO, ESPECIFICAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, CUBA, IRÃ, CRITICA, POLITICA, GOVERNO ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), ISOLAMENTO, BLOQUEIO, ECONOMIA.
  • IMPORTANCIA, VISITA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ORIENTE MEDIO, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, PALESTINA, CONTRIBUIÇÃO, ENTENDIMENTO, GARANTIA, PAZ.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srªs Senadoras e Srs. Senadores, Presidente Sadi Cassol, neste início de noite, nesta sessão, quero registrar a minha participação na viagem, a convite da nossa Marinha do Brasil, ao continente antártico. Nós visitamos esse grande projeto na Antártica, voltado para a pesquisa, para a ciência, com a presença brasileira.

            Vários Parlamentares do Congresso também participaram dessa viagem. Eu gostaria de registrar aqui que, além da minha pessoa, fizeram parte da comitiva a Deputada Federal Jô Moraes, do PCdoB, de Minas Gerais; a Deputada Federal Perpétua Almeida, do PCdoB, do Acre; o Deputado Federal Fernando Marroni, do PT, do Rio Grande do Sul; o Deputado Federal Pepe Vargas, do PT, do Rio Grande do Sul; o Deputado Federal Vinicius Carvalho, do PTdoB, do Rio de Janeiro; o Vice-Almirante Ney Zanella, que é Secretário de Ciência e Tecnologia da Marinha; o Contra-Almirante Marco José, Secretário da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar; o Ministro-Auditor do TCU, Augusto Sherman Cavalcanti, o Ministro-Auditor do TCU, o Sr. Eder de Oliveira; o Dr. Oiti, do Ministério da Ciência e Tecnologia; o gerente do Programa ProAntar, que é o Comandante Geraldo Gondim Juaçaba Filho; o Comandante da Marinha, Sr. Carlos Leitão; o Capitão de Fragata Alexandre Calmon; o Administrador, Sr. Alexandre Silveira, que é Assessor Parlamentar da Marinha junto ao Senado Federal; a Primeiro-Tenente Rejane de Amaral, que é Assessora Adjunta dos Assuntos Legislativos da Marinha.

            Saímos, Sr. Presidente, no dia 7 de março e voltamos no dia 12. A comitiva saiu de Brasília, passou pelo Rio Grande do Sul, no Município de Pelotas. Ali houve uma parada técnica por conta da participação da universidade que trata das roupas apropriadas para a Antártida. Fomos até Punta Arenas, no Chile e de lá voamos para o continente.

            O SR. PRESIDENTE (Sadi Cassol. Bloco/PT - TO) - Nós tivemos a oportunidade, no fim do ano, de fazer essa viagem. Uma maravilha!

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Quero dizer, primeiro, da magnitude da proposta e da forma inteligente de atuação da Marinha do Brasil. Não só a Marinha, mas também a Aeronáutica participa, porque o avião que transporta as pessoas é da Aeronáutica. Quero fazer um parêntese aqui para registrar a perícia dos pilotos da Aeronáutica que descem no Continente Antártico. Isso requer muita perícia.

            Quero registrar aqui, Sr. Presidente, o papel da Marinha nesses 25 anos do Programa, com a participação de dezenas de pesquisadores, de estudiosos, de cientistas, principalmente na área da Biologia, os biólogos e mais os geólogos, que estão ali cumprindo um acordo, um tratado, que envolve 29 países. O Brasil merece essa deferência, porque continua ali desde o início desse processo. A grande parte dos países não fica o ano todo na Antártica. O Brasil fica o ano todo na Antártica, representado pelos seus pesquisadores, pela ciência, pelos estudiosos que estão ali estudando a importância, a relação do continente com o mundo, do continente com a água, do continente com o meio ambiente. Há toda uma relação do Brasil, da América Latina, do mundo, com o continente antártico.

            Quero chamar a atenção no sentido de ampliarmos a presença de países comprometidos com a ciência, com o conhecimento e com a paz no mundo. A ONU precisa tratar de forma estratégica o continente antártico. E o Brasil, principalmente o Congresso, que tem vários Parlamentares comprometidos em apoiar a presença brasileira na Antártica, deve trabalhar orçamentos. Há cerca de 14 Ministérios envolvidos no programa na Antártica.

            Visitamos a Estação Comandante Ferraz, que abriga a pesquisa com vários laboratórios e a acomodação para os pesquisadores. Lá estão presentes 15 oficiais, soldados da Marinha do Brasil. Então, quero fazer este registro para uma prestação de contas da minha ausência na semana passada e destacar a importância desse projeto. Precisamos de uma mobilização no Congresso, mas também na sociedade brasileira para que possamos apoiar, acompanhar e destinar recursos para uma pesquisa que tem um significado não só para o presente mas também para o futuro da humanidade, que não vai viver sem a pesquisa e o conhecimento obtido na Antártica. Então, eu quero finalizar este registro dizendo da importância, da relevância da continuidade desse projeto.

            Quero parabenizar não só os pesquisadores, as outras instituições que estão envolvidas com o projeto lá na Antártica, com a pesquisa na Antártica, mas também, de maneira muito relevante, a Marinha do Brasil pela forma intrépida, corajosa, com que mantém a presença brasileira na Antártica.

            Por fim, Sr. Presidente, tenho refletido sobre os últimos acontecimentos, sobre o debate político havido no Congresso Nacional, especialmente aqui nesta Casa. Ontem nós ouvimos o Líder do PSDB, Senador Arthur, que se encontra no plenário. A Oposição vem cedo aqui e diz assim: “Cadê o Governo? Não aparece o Governo”! Mas a Oposição vai embora cedo. Eu quero destacar aqui o Líder Arthur Virgílio, que sempre freqüenta o início da noite. Eu estava a tarde toda na CPI denominada CPI do MST. Eu estava com o Senador Suplicy. E hoje ouvi o Líder Agripino. Sobre a Bancoop, primeiro é uma questão que a Justiça está apurando, Senador Sadi, e, pelo o que é colocado na mídia, o Ministério Público Estadual de São Paulo tem um promotor rigoroso que está acompanhando esse processo. E eu quero dizer que a Justiça tem que agir mesmo e punir os culpados. Agora, nós não podemos puxar isso para o Governo nem querer que a base do Governo responda, porque envolve o tesoureiro do PT. Ele é tesoureiro do PT há um mês, menos de um mês, não tem um mês que o Sr. Vaccari assumiu, mas quero dizer que ele é um militante antigo do Partido. E ele tem que responder sobre a sua gestão lá no banco. Mas é importante dizer para a sociedade brasileira que a Justiça vem acompanhando essa situação. Ainda não concluiu, mas deve concluir, e quem tiver culpa tem que pagar pelos seus erros. Agora, chamar isso para o Governo Lula? Isso, com tranqüilidade, é um jogo político. E eu quero destacar aqui que a Oposição - e não é de hoje - vem sempre nas brechas do escândalo tentando escandalizar, tentando desqualificar e atingir o Governo. Esse é o caminho da Oposição aqui no Brasil no debate aqui no Congresso. Eu não quero reduzir a isso, mas este é o caminho que eu vejo: desgastar o Governo por conta de alguma brecha de um escândalo, um desvio, um erro.

            Há a tentativa de atingir um Governo que é bem avaliado pelo povo brasileiro pelas suas ações. Acho que não é esse o caminho. O caminho para superar esse Governo tem que ser um outro projeto político.

            A sociedade brasileira tem hoje uma percepção: quem verdadeiramente trabalha, quem verdadeiramente tem compromisso com este País. Então, não vai ser pelo escândalo que este Governo vai deixar de ter continuidade.

            O Governo atual tem solidez, tem políticas profundas, haja vista a diminuição da pobreza no Brasil. Isso é um marco que liga o Governo e o cidadão mais simples deste País. É a macroeconomia, é a microeconomia. E é por isso que ele é bem avaliado.

            E há um item que considero dos mais consistentes: a política externa do Brasil. O esforço que este Governo fez no sentido de estreitar a relação do Brasil e isso é uma construção complexa da política Sul-Sul, na relação do Brasil com os países da América do Sul.

            Nós precisamos construir esse bloco, ter uma relação de integração, de solidariedade entre esses países e essa é uma marca do Governo do Presidente Lula, do nosso Governo.

            Há um esforço no sentido de o Brasil ter verdadeiramente uma relação com os irmãos da América Latina, dos países que compõem a América Latina: o crédito, a presença do BNDES no Equador, a presença da Petrobras nesses países. Quem vai à Argentina, vê que lá está a presença da Petrobras. E isso é mérito deste Governo na sua política externa.

            Onde se anda pelo mundo, fala-se bem do Brasil. Se há algo que é referência no mundo é a política externa brasileira. Agora mesmo, o Presidente do Brasil está numa região conflituosa - conflitos que vêm de longe. Mas o Presidente Lula, com serenidade, representa o Brasil e visita Israel, visita a Cisjordânia, a Palestina, vai ao Irã. Um escândalo.

            Por que essa tensão contra o Irã? Porque há duas políticas. Uma é a política dos Estados Unidos de aplicar sanções. Não gosta, isola o país. Não analisa o seu povo. Esse castigo que os Estados Unidos aplicam a Cuba por conta da questão ideológica, impondo a pobreza, a humilhação ao povo cubano, que forma a América Latina! Não se analisa que o Brasil faz um esforço de ter verdadeiramente uma relação solidária com o povo cubano. O povo cubano são mulheres, crianças, jovens. São 13 milhões de pessoas em Cuba. Mas não! A boa política é a política dos Estados Unidos.

            Aplica-se sanção ao povo cubano. No Irã, um país de quase sessenta milhões de habitantes... Israel pode ter bomba atômica, Israel pode estar bem armada, mas o Irã não pode se armar. E há uma tentativa de desqualificar as autoridades iranianas. Não se respeita, não se tem uma relação do diálogo. E isso merece ser destacado na condução do Brasil, do Presidente Lula, que vai conversar com Irã não concordando com sua política, mas conversa com Irã respeitando a sua soberania.

            Quero fazer um parêntese aqui: a oposição ao Irã não é contra o seu projeto nuclear. A oposição mais dura feita a Ahmadinejad não é contra o projeto nuclear do Irã. É evidente que o mundo tem que dialogar com Irã, chega de guerras, mas não podemos é começar a conversa com Irã aplicando sanção ao país, isolando um povo que escolheu no voto o seu presidente.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Então, Sr. Presidente, Srs. Senadores, é evidente que nós temos uma análise sobre a política externa, nós, a base do Governo. E temos que respeitar a análise da Oposição. Mas o que estou colocando aqui justamente não é para desqualificar a análise da Oposição, que respeito, mas é para apresentar a nossa visão. O que o Brasil fez neste últimos anos? A presença de empresários. O Presidente Lula vai e leva os empresários, leva a economia brasileira e leva os empregos do Brasil. Agora mesmo, na Cisjordânia. Dezenas de empresários conversam com empresários da Cisjordânia. Ganha o povo. Ganha o Brasil. A nossa relação com a China. Ganha a China, ganha o Brasil: geração de emprego, geração de renda. Com a Europa. Ganha a Europa, ganha o Brasil.

            Aceitar as questões pontuais, generalizá-las e dizer que a política do Presidente Lula isola o Brasil desqualifica, não ajuda!

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Dizer que o Presidente Lula tem uma grande liderança aqui. O Presidente Lula tem uma grande liderança no Brasil e fora do Brasil. E a liderança do Presidente Lula não é porque ele tem belos olhos, mas é pelo que diz, é pela política do Brasil no exterior e é pela política interna que o Presidente Lula é respeitado. E não é o Lula, é o Brasil que ganha com sua política externa.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - V. Exª me permite um aparte?

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Ouço V. Exª.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Eu, a princípio, não queria entrar nesse debate, porque sei que essa é uma questão eminentemente amazônica. Ontem o Senador Arthur Virgílio fez um belíssimo discurso sobre a posição do Governo Lula...

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - O Senador Arthur tem duas coisas: é amazônida, mas é o Líder do PSDB. Ontem quem estava falando não era o amazônida, era o Líder do PSDB.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - E hoje V. Exª tenta responder-lhe. O discurso de V. Exª, sem assumir que é diretamente contra o que disse o Senador Arthur Virgílio...

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Acabo de dizer que estou colocando a nossa opinião.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Exatamente. É uma briga amazônica. Compreendo. Sei como são essas questões regionais, eu entendo.

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - V. Exª quer reduzir o debate. O debate é internacional...

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Não, não, eu quero ser...

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - ..., não é amazônico.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Eu quero ser bem lógico. O Senador Arthur Virgílio, ontem, fez um discurso baseado em dados e de quem viveu durante muitos anos no Itamaraty, e V. Exª agora resolve contestá-lo. Mas essa é uma briga de vocês dois; eu não quero entrar no mérito. Agora, alguns pontos eu gostaria de tocar. O primeiro deles: pedir a V. Exª que não seja injusto com a Oposição, porque a Oposição está aqui na Casa. V. Exª disse que a Oposição tinha ido embora cedo. Não, o Senador Mão Santa está ali, o Senador Arthur Virgílio está aqui e eu estava ali. Sabe o que eu estava fazendo? Atendendo aqueles desabrigados do escândalo da Bancoop. Eles me pediram para recebê-los. Estavam mostrando as dificuldades que eles estão vivendo. E V. Exª bem sabe, como Parlamentar atuante que é, que esta Casa tem muitas tarefas e eu estava exatamente... Agora, evidentemente, eu pedi a eles que aguardassem porque eu não podia perder a oportunidade de participar deste debate, deste discurso de V. Exª, embora me intrometendo, porque sei que esta é uma briga amazônica. V. Exª não quer ficar atrás do discurso feito pelo seu colega Arthur Virgílio e então resolveu responder a ele.

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - V. Exª já coloca o Senador Arthur Virgílio à frente, não é?

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Não, não, isso é discussão entre vocês dois; eu estou fora disso. Agora, vamos e venhamos, dizer que a Petrobras está com o nome no exterior agora, não; a Petrobras vem com o nome no exterior já há alguns anos.

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Concordo com V. Exª.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Dizer que o Presidente da República viaja levando empresários... Desde que eu me entendo, desde o Juscelino Kubitschek, os Governos revolucionários, é uma praxe, todo Presidente que viaja leva um grupo de empresários.

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Mas não é essa a questão.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Sim. Agora, V. Exª não pode querer comparar e nem querer insinuar que a Oposição está atrelada aos Estados Unidos, até porque “o cara”, como chamado pelo Presidente Barack Obama, é o Presidente Lula. Nós tivemos um Presidente muito preparado a nível internacional, que foi o Fernando Henrique, que nunca foi chamado por nenhum Presidente americano de “o cara”. “O cara” é o Presidente Lula, e quem chama o Lula de “o cara” é o Presidente Barack Obama. Terceiro ponto: a posição do Presidente Lula em Cuba, na última viagem que fez, foi desastrosa, Senador. Senador, um dissidente cubano morrendo de fome, numa greve de fome por defesa de princípios democráticos, tentou falar com o Presidente da Republica...

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Não é verdade, Senador.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Tentou falar com o Presidente da República...

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Senador Heráclito, V. Exª é um homem informado...

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - É só ouvir...

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Não me diga isso. É verdade que qualquer ser humano, qualquer morte nós temos que lamentar. Mas V. Exª pode, V. Exª conhece o preso; não é preso político, não lutou por democracia coisa nenhuma.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Não é preso político?

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Não, o Sr. Zapata não é. V. Exª sabe, V. Exª é um homem informado.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Não é? Não lutou por democracia?

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Eu não quero entrar... Não diga isso.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Qual é a democracia que tem em Cuba, Senador? Pelo amor de Deus!

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Mas este é o erro de V. Exª: não respeitar a soberania do povo cubano.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Soberania do povo cubano? Um povo garroteado, Senador!

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Critique os Estados Unidos contra Cuba. Não tente atacar o processo interno de Cuba. Esse é um erro. V. Exª tem que atacar os Estados Unidos que impuseram essa miséria, essa fome a Cuba. Esse é um viés equivocado.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador João Pedro, V. Exª quer fazer um discurso para desviar nosso papel vergonhoso com relação ao dissente cubano, ao Zapata. Como foi vergonhoso...

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Não é dissidente político o Sr. Zapata.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Como foi vergonhoso o nosso papel de mandar os dois boxeadores, aqueles dois rapazes que vieram para os Jogos Pan-Americanos, de volta para Cuba num avião da Venezuela. Dessa nódoa, dessa mancha o Governo Lula jamais vai se livrar. Vamos e convenhamos! Agora, V. Exª esqueça os Estados Unidos.

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Os cubanos pediram para voltar a Cuba.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Ah, essa é a versão de Marco Aurélio Garcia.

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Não. V. Exª ouviu isso de um Ministro de Estado na Comissão de Relações Exteriores. Eu e V. Exª estávamos lá.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - É uma versão mentirosa que, depois, a revista Istoé mostrou...

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Não é verdade. Um Ministro de Estado respondeu isso a V. Exª.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Mentindo. Ficou comprovado. O Senador Arthur Virgílio, inclusive, estava lá e abordou o Ministro sobre esse fato. O Ministro sonegou, inclusive, a origem do avião. Seis meses depois é que se descobriu que o avião era da PDVSA e que tinha vindo de lá para cá um homem da inteligência cubana, do Governo cubano, para arrastar esses dois rapazes. Esses dois rapazes tiveram suas famílias ameaçadas de morte, Senador. Não é bem assim. A política... Aliás, eu gostaria que de política externa falasse, porque tem mais sabedoria e propriedade do que eu, o Senador Arthur Virgílio. A política atabalhoada...

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - E membro do Itamaraty.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Está aqui um outro homem. Veja o retrato da política externa do Governo que V. Exª defende. O Senador Cristovam Buarque era um nome indicado para a Unesco. Nós deixamos de apoiá-lo, o Governo brasileiro deixou de apoiá-lo para apoiar um egípcio que tinha, inclusive, problemas gravíssimos. Perdemos a eleição e passamos, Senador, por um vexame internacional terrível. Então, não vamos querer consagrar essa política externa que o Presidente Lula tenta fazer e vender mundo afora. A presença dele é uma presença positiva, ele é um homem carismático, estando bem acima dos companheiros que o cercam, mas dizer que a política externa do Brasil é um bom exemplo... Não é. Nós estamos caminhando sete anos, gastando uma fortuna para que se participe do Conselho de Segurança da ONU e sendo levados de barriga País por País. Fizemos concessões à China, fizemos concessões a vários Países em troca da possibilidade de um assento no Conselho de Segurança Nacional que nunca chega, Senador Cristovam. Nós não temos uma política externa definitiva, coerente; nós temos política de ocasião, política de temporada, isto sim. Vamos ser bem claros. Nós temos tido fracasso sobre fracasso. E até que não acuso o Ministro das Relações Exteriores porque se faz no Brasil uma política externa compartilhada: o Ministério das Relações Exteriores faz uma política oficial e o Sr. Marco Aurélio Garcia desfaz, fazendo uma política ideológica ...

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Não é verdade.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Claro que é!

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - V. Exª está fazendo uma crítica injusta ao Itamaraty.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Não, estou fazendo ao Sr. Marco Aurélio Garcia e à fraqueza do Itamaraty...

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - V. Exª quer...

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - O nosso comportamento em Honduras, Senador...

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - V. Exª tem que assumir a crítica. Assuma, não procure...

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Senador, o nosso papel em Honduras...

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Não procure separar o Chanceler Amorim...

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - O nosso papel em Honduras foi um papel lastimável, um papel vergonhoso, um papel inaceitável. De forma que louvo muito V. Exª. Aliás, V. Exª diz que a Oposição não vem aqui, mas a Oposição é majoritária no plenário. V. Exª, como Governo, é que é uma figura isolada. V. Exª é que é uma figura isolada.

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - O Governo preside a sessão.

            O Sr. Heráclito Fortes (DEM - PI) - Está presidindo a sessão. S. Exª está cumprindo o papel de presidir a sessão. Eu estou falando em termos de debate. V. Exª é uma figura isolada e, geralmente, tem sido escalado para ficar aqui até mais tarde, o que para nós é um prazer porque V. Exª é uma figura agradável e boa de debate. Os outros, mais prepotentes e arrogantes, se ausentam do plenário e, quando aqui estão, fogem ao debate. V. Exª, pelo menos, é uma figura amena, que aceita debate dessa natureza. Agora, vamos falar de coisas concretas. A política externa do Brasil, infelizmente, tem sido muito aquém da dimensão internacional que o Presidente Lula galga pelo mundo afora. Muito obrigado.

            O SR. JOÃO PEDRO (Bloco/PT - AM) - Sr. Presidente, é evidente que faz parte da dinâmica do debate do Senado, e concedo, com o maior prazer, o aparte aos colegas Senadores, mas eu discordo dessa análise do Senador Heráclito acerca da nossa política externa. Se há uma política, nos últimos anos, exitosa no Brasil é a política externa brasileira, não só por conta da visão estratégica que o Governo tem. Quero destacar aqui a participação do Itamaraty, dos seus Ministros, a competência dos seus Ministros, na figura do Ministro Celso Amorim, que é um homem preparado, uma águia, um homem que representa dignamente o povo brasileiro, o Estado brasileiro. Veja que só agora um Presidente do Brasil vai à Cisjordânia. Só agora, na história da República, um Presidente vai lá!

            Sabem por que não se visita o Oriente Médio? Por conta do conflito. O Presidente Lula vai não para açodar - e isso quero destacar na pessoa do Presidente Lula -; ele vai para ajudar na construção da paz no Oriente Médio.

            Quero finalizar destacando essa presença do nosso Presidente visitando Israel, visitando a Cisjordânia, a Autoridade Palestina. Esse gesto do Brasil, a presença do Brasil não tem outro significado senão, como o Presidente Lula colocou ali, o do entendimento, da paz, mas, acima de tudo, o da criação do Estado Palestino soberano. A ONU precisa abraçar esse debate e fazer com que o povo palestino possa ter o seu Estado.

            O Brasil comete erros na política externa? Deve cometer. Mas a política externa brasileira tem êxito, é vitoriosa. Ela estreitou, nesses últimos anos, a relação do Brasil com a Ásia, do Brasil com a África, do Brasil com a América Latina, do Brasil com a União Européia, do Brasil com os Estados Unidos.

            Então, Sr. Presidente, se há uma política que merece o nosso aplauso neste Governo, eu não tenho nenhuma dúvida, é a política externa brasileira.

            Muito obrigado.


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