Discurso durante a 37ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Atribuição ao governo e aos bancos, a responsabilidade pelos altos juros cobrados dos consumidores.

Autor
Roberto Cavalcanti (PRB - REPUBLICANOS/PB)
Nome completo: Roberto Cavalcanti Ribeiro
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ECONOMIA NACIONAL.:
  • Atribuição ao governo e aos bancos, a responsabilidade pelos altos juros cobrados dos consumidores.
Publicação
Publicação no DSF de 25/03/2010 - Página 9269
Assunto
Outros > ECONOMIA NACIONAL.
Indexação
  • LEITURA, TRECHO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, VALOR ECONOMICO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PREVISÃO, AUMENTO, JUROS, COMENTARIO, DADOS, CONGRESSO, AMBITO INTERNACIONAL, POSIÇÃO, BRASIL, COMPARAÇÃO, DIVERSIDADE, PAIS ESTRANGEIRO, DIFICULDADE, ACESSO, POPULAÇÃO, CREDITOS, EFEITO, REDUÇÃO, CRESCIMENTO ECONOMICO.
  • ACUSAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), RESPONSAVEL, SUPERIORIDADE, JUROS, BRASIL, URGENCIA, NECESSIDADE, REFORMA TRIBUTARIA, REPUDIO, ALEGAÇÕES, BANCOS, DIFICULDADE, CONCESSÃO, CREDITOS, PREVALENCIA, RISCOS, INADIMPLENCIA, CONTESTAÇÃO, ESTUDO, AMBITO INTERNACIONAL.
  • APREENSÃO, CONDUTA, CONGRESSISTA, PERIODO, ELEIÇÕES, COBRANÇA, RESPONSABILIDADE, REDUÇÃO, CUSTO, DINHEIRO, BRASIL, IMPORTANCIA, INCLUSÃO, ASSUNTO, CAMPANHA ELEITORAL, DIVERSIDADE, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - É uma honra, Sr. Presidente.

            Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, o ano de 2010 já finaliza o seu primeiro trimestre. Em breve, a campanha para Presidente da República, Governadores, Senadores e Deputados estará nas ruas, e temas importantíssimos para a preservação das conquistas econômicas dos últimos anos correm o risco de cair no esquecimento ou, no mínimo, serem relegadas a segundo plano.

            Falo do custo do dinheiro no Brasil e seus reflexos na inflação.

            Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, desde o momento em que o Brasil adotou como sistema econômico o capitalismo, tornou-se corolário a oferta de crédito para que pessoas e empresas possam adquirir bens e serviços.

            Em decorrência disso, é imperativo que as condições de oferta de crédito sejam compatíveis com a capacidade de endividamento e de pagamento dos contratantes.

            Todavia, a constatação que podemos fazer é a de que o crédito no Brasil continua caro, muito caro mesmo, sendo um de seus fatores mais determinantes o enorme spread bancário praticado no País.

            Os bancos justificam esse spread principalmente pela inadimplência sistêmica no grupo de tomadores de empréstimos. Contudo, a realidade é um pouco diferente. Não há só fatores próprios ao setor bancário influenciando a taxa praticada no Brasil. E isso se deve não às regras do mercado, mas às imposições do Governo Federal e do Banco Central, como percentual de depósitos compulsórios, taxas, impostos e outros.

            Em 2009 e neste início de 2010, em que pesem as sucessivas quedas da Selic e/ou decisões mais conservadoras, a sua estabilização revertendo a curva ascendente de outrora, o spread no Brasil manteve-se escandalosamente elevado.

            Paradoxalmente, Srªs e Srs. Senadores, as perspectivas para o crédito no Brasil são positivas a médio prazo, passados os efeitos conjunturais da crise que abalou a economia mundial nos últimos dois anos.

            O sistema financeiro brasileiro é sólido, sem risco sistêmico, e tem plenas condições de ofertar crédito, desde que reformas estruturais sejam feitas no sistema tributário, para que o piso das taxas praticadas no mercado possa ser reduzido.

            Forte indicador dessa necessidade de revisão é a discussão sobre a taxação dos rendimentos de poupança e outros tipos de aplicações financeiras, mostrando que há um nó a ser desatado na formação das taxas de juros.

            Hoje, economistas avaliam que 80% das variáveis que compõem a taxa de juros absurda de mercado dependem única e exclusivamente do Governo.

            Infelizmente, na discussão sobre quem é o vilão na formação das taxas de juros, o que fica evidente é que sobra o ônus para as pessoas físicas e jurídicas que necessitam buscar empréstimos para financiar suas atividades.

            Levantamento do Fórum Econômico Mundial indica que a spread bancário brasileiro é maior do que a média das instituições financeiras de 127 países. Apenas o Zimbábue pratica taxas mais elevadas do que o Brasil nesse grupo de países, o que, convenhamos, não é motivo de orgulho para nós. Não por ser o Zimbábue, mas por sermos o segundo mais caro país do mundo em matéria de taxas de juros.

            A inadimplência, reiteradamente invocada para justificar as taxas elevadas, não se sustenta como fundamento para tal, já que o Brasil ocupa apenas o 16º lugar nesse índice, como indica o mesmo estudo do Fórum Mundial. Não há lógica para sermos o 127º país versus sermos 16º país no tocante a taxas de juros.

            Países com economias mais desenvolvidas do que a nossa têm níveis de crédito que superam muitas vezes o PIB nacional.

            O Brasil mal chega a 40% do seu PIB, o que é muito baixo para as intenções de crescimento do Brasil.

            Polêmicas econométricas à parte, o fato é que o Brasil precisa urgentemente reduzir suas taxas de juros de mercado, de forma constante, sem alimentar a espiral inflacionária, para que a expansão do crédito se faça no nível das ambições de crescimento dos dirigentes e das expectativas da população.

            A obtenção de índices de consumo e conforto por parte da população e de índices de financiamento de capital de empresas só terá êxito se o Governo e bancos colaborarem para reduzir o spread e a base de formação das taxas.

            Não adianta fazer jogo de empurra-empurra, transferindo responsabilidades de parte a parte e mantendo o problema sem solução. Mascarar a realidade com argumentos dúbios só causa confusão e não resolve a questão de fundo: redução de juros, financiamento do Estado e da atividade econômica da sociedade.

            Sr. Presidente, um atitude sensata e não dissimulada das partes poderá ser útil para o povo brasileiro e para o País.

            O Congresso, neste ano eleitoral, precisa estar atento a temas como o que trago a esta tribuna na noite de hoje, sob pena de, a pretexto de uma pauta enxuta em função de compromissos da própria campanha - que certamente estará galvanizando corações e mentes -, legarmos ao próximo Presidente a ao povo brasileiro a camisa de força de um crescimento pífio ou a volta do dragão inflacionário, tão nossos conhecidos, ou ainda, as duas realidades combinadas.

            Melhor, precisamos que o custo do dinheiro entre decisivamente nas discussões e nas plataformas de governo dos candidatos que se apresentarão às eleições presidenciais de 2010.

            Só assim teremos como vislumbrar os cenários de desenvolvimento que se descortinam para o Brasil nos anos vindouros.

            (O Sr. Presidente faz soar a campinha.)

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - Sr. Presidente, peço só um minuto para ilustrar as razões dessa nossa preocupação.

            Trago aqui a mídia impressa do dia de hoje e leio algumas manchetes. Da Folha de S. Paulo: “Juro ao consumidor deve parar de cair, prevê Banco Central”. Significa que, se deve parar de cair, vai subir. Outra manchete do mesmo jornal: “Concorrência poderá mitigar novas altas de juros”.

            Mais adiante, Sr. Presidente, temos o jornal Valor Econômico: “Juros para as empresas começam a subir”.

            Então, diversas matérias vêm sendo trazidas recentemente pela mídia nacional para nos alertar de que supostamente existe uma tendência de alta das taxas de juros..

(Interrupção do som.)

            O SR. ROBERTO CAVALCANTI (Bloco/PRB - PB) - ... num país que já ocupa a penúltima colocação no ranking das mais altas taxas de juros praticadas no mundo.

            Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/03/2010 - Página 9269