Discurso durante a 37ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Anúncio do início, amanhã, em Fortaleza, de um dos encontros mais importantes de cultura no Brasil, a IV Teia, com o título "Tambores Digitais". Homenagem aos Ministros da Cultura Gilberto Gil e Juca Ferreira, pelo trabalho extraordinário dos Pontos de Cultura. (como Líder)

Autor
Inácio Arruda (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CULTURAL.:
  • Anúncio do início, amanhã, em Fortaleza, de um dos encontros mais importantes de cultura no Brasil, a IV Teia, com o título "Tambores Digitais". Homenagem aos Ministros da Cultura Gilberto Gil e Juca Ferreira, pelo trabalho extraordinário dos Pontos de Cultura. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 25/03/2010 - Página 9289
Assunto
Outros > POLITICA CULTURAL.
Indexação
  • ANUNCIO, INICIO, ENCONTRO, CELEBRAÇÃO, CULTURA AFRO-BRASILEIRA, MUNICIPIO, FORTALEZA (CE), ESTADO DO CEARA (CE), REUNIÃO, DIVERSIDADE, ENTIDADE, NATUREZA CULTURAL, ELOGIO, CARACTERISTICA, CULTURA, POVO.
  • ELOGIO, TRABALHO, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA CULTURA (MINC), ANTERIORIDADE, ATUALIDADE, GESTÃO, INCENTIVO, CULTURA, TRANSFORMAÇÃO, ATIVIDADE ECONOMICA, OFERECIMENTO, JUVENTUDE, OPORTUNIDADE, PARTICIPAÇÃO, DIVERSIDADE, ATIVIDADE CULTURAL, IMPORTANCIA, PREVENÇÃO, PROXIMIDADE, DROGA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. INÁCIO ARRUDA (PCdoB - CE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, amanhã, 25 de março, vamos iniciar um dos encontros mais importantes de cultura do Brasil. Nós vamos ter a Teia 2010 com o título Tambores Digitais. E é muito significativo porque acontece, em Fortaleza, no Ceará, pertinho da cidade de Redenção. E as principais atividades vão se realizar no Centro Dragão do Mar. Dragão do Mar, o abolicionista, e Redenção, a cidade vizinha, a primeira a abolir a escravatura no nosso País, que vai receber a Universidade Luso-Afro-Brasileira (Unilab).

            Eu não poderia deixar de fazer este registro. Amanhã é o dia da independência, em Redenção, é o dia em que se festeja, se homenageia, mais uma vez, o Dragão do Mar pela luta abolicionista e também é o dia do aniversário do PCdoB, do Partido Comunista do Brasil, que completa 88 anos de existência.

            E, no Ceará, esse evento coincide com a presença do Ministro da Cultura, Juca Ferreira, com a participação direta e ativa do Secretário de Cultura do Estado do Ceará, Francisco Auto Filho,. 

            E do Instituto da Cidade, uma ONG que trabalha com atividade cultural, de formação e de discussão das cidades no nosso Estado, no Ceará.

            Essas instituições juntamente com o Centro Dragão do Mar vão realizar a IV Teia. A Teia ganhou esse nome porque tem esta ideia da ligação de milhares de centros de cultura no Brasil. São as pequenas atividades culturais em larga quantidade. E é dessa quantidade que sai a ótima qualidade da atividade cultural brasileira.

            A Teia acontece de 25 a 31 de março, em Fortaleza, e será aberta, Sr. Presidente, com a coroação das rainhas dos catorze maracatus cearenses. Será aberta com este som, este batuque do maracatu, sua batida forte, que era a batida dos negros, dos tambores, hoje tambores digitais, que ligam as teias, que ligam os pontos que formam a Teia. Antes, tambores em couro, e os sinais de fumaça que as tribos nativas aqui no Brasil, na América do Sul, no nosso continente, na África, na Europa, na Ásia, em todos os lugares, realizavam a sua comunicação. Hoje, tudo isso é feito de forma digital.

            Eu não poderia, Sr. Presidente, deixar de registrar esse evento especialíssimo, porque é o Brasil buscando transformar a atividade cultural não numa atividade cultural de meia dúzia de premiados no Brasil, de grandes atividades no teatro, inacessíveis para a maioria do povo brasileiro, ou de grandes eventos cinematográficos, também produzidos muitas vezes com acesso limitado da população, ou de grandes atividades, grandes shows artísticos musicais... Não, a Teia e os Pontos de Cultura trabalham com a maioria esmagadora da população, porque são milhões de brasileiros que cantam, que dançam, que mantêm viva a atividade cultural das nossas regiões, dos nossos Estados, no Ceará...

            (Interrupção do som.)

            O SR. INÁCIO ARRUDA (Bloco/PCdoB - CE) - ... é a dança de coco, é a dança dos pescadores, é a dança dos vaqueiros, são as bandas de pífanos. No Nordeste, você tem o maracatu do Ceará; você tem o boi do Maranhão; você tem a atividade cultural do interior do Piauí, dos vaqueiros, dos boiadeiros; você tem a atividade de Pernambuco, o frevo; você tem a dança de roda da Bahia. Isso se espalha pelo Brasil inteiro, com inúmeras manifestações culturais,

            umas originárias da presença portuguesa, outras da presença africana, grande parte com influência das tribos nativas.

            Para se ter uma ideia, a grande nação tupinambá mantinha-se unida com várias tribos falando uma única língua, do Amapá até Buenos Aires. Influenciou e influencia até hoje a formação cultural do nosso povo.

            A presença dos imigrantes, os espanhóis, os alemães, os ingleses - que, na grande fome europeia, se socorreram no nosso Brasil e se transformaram em colonos -, os japoneses, hoje os coreanos, os chineses. O mundo asiático presente, no nosso País, influenciando a atividade cultural aberta da nossa nação.

            Então, Sr. Presidente, o que está fazendo o Ministério da Cultura, em associação com as Secretarias de Cultura e, sobretudo, com o movimento social, porque essa atividade cultural das teias é o movimento social, são as organizações não-governamentais, milhares delas, de gente honrada, de gente honesta e de gente que quer ver o Brasil aprofundando o caminho do seu desenvolvimento. Porque só assim essas instituições do povo podem ter acesso aos meios, aos recursos destinados à cultura.

            Eu quero, Sr. Presidente, ao encerrar o meu pronunciamento, registrar o apreço que nós temos pelas lideranças que ocuparam o Ministério da Cultura, nesse período do Governo Lula. Primeiro, Gilberto Gil, um mestre da música

            e do conhecimento da atividade cultural brasileira.

            Lembro-me de que Gilberto Gil foi lá no Ceará, passou em Nova Olinda, onde foi premiado com um sapato vermelho produzido pelo mestre Sr. Expedito. Ele tem ao lado o Sr. Expedito Celeiro, onde sua família trabalha com couro desde o tempo de Lampião. Ao lado tem uma Casa de Cultura, uma casa popular, conhecida no Brasil inteiro, uma fazenda antiga com o seu casarão que foi transformada em Centro de Atividade Cultural, onde crianças e jovens aprendem a fazer peão, peteca, arraia, brincar no meio do tempo naquela cidade pequena do Estado do Ceará.

            No Cariri, Gilberto Gil se encontrou com este povo, com os tocadores de pífanos, rolou com eles por ali percebendo o que era a arte e a cultura popular. Quero prestar a minha homenagem a esse extraordinário Ministro da Cultura que deixou no Ministério uma outra figura extraordinária que é Juca Ferreira. Ele conduz com grande habilidade o Ministério da Cultura levando-o a alcançar uma reivindicação de Gilberto Gil: que pelo menos 1% do PIB fosse destinado para atividade cultural em nosso País. Esse objetivo vai sendo alcançado e alargado.

            Quero, então, homenagear estes dois Ministros: Gilberto Gil e Juca Ferreira, pelo trabalho extraordinário dos pontos de cultura, recepcionando o que há de melhor no meio do povo, do povo mais simples, que, às vezes, sem nunca ter ido a uma escola de música, forma uma bandinha no interior do País ou num bairro popular da periferia das grandes cidades brasileiras.

            Apoiar essa gente é alargar a capacitação do povo brasileiro na área artística e cultura. E essa atividade vai-se transformando, também, em uma grande atividade econômica. Oferecer oportunidade à juventude e às crianças para poderem praticar a arte, o teatro, a música, a dança é, muitas vezes, transformá-las em craques do progresso, não deixando que se viciem no crack da demência e da desgraça que é a droga que se espalha pelo Brasil inteiro.

            A cultura e a arte, ensinar o nosso povo, dar a ele a oportunidade, isso está sendo feito pelo Ministério da Cultura.

            Por isso, Sr. Presidente, quero registrar essa grande realização, no nosso Estado, do IV Encontro da Teia - Tambores Digitais, que será aberto amanhã e que vai até o dia 31 de março, mostrando a cara do Brasil através da arte e da cultura popular.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/03/2010 - Página 9289