Pronunciamento de Tião Viana em 29/03/2010
Discurso durante a 40ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Manifestação de pesar pelo falecimento do jornalista Armando Nogueira.
- Autor
- Tião Viana (PT - Partido dos Trabalhadores/AC)
- Nome completo: Sebastião Afonso Viana Macedo Neves
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Manifestação de pesar pelo falecimento do jornalista Armando Nogueira.
- Publicação
- Publicação no DSF de 30/03/2010 - Página 10015
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- HOMENAGEM POSTUMA, JORNALISTA, ESTADO DO ACRE (AC), IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, JORNALISMO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, COMPETENCIA, CONTRIBUIÇÃO, CRIAÇÃO, TELEJORNAL, DIVULGAÇÃO, FUTEBOL, MANIFESTAÇÃO, PESAMES, FAMILIA.
- REGISTRO, INICIATIVA, GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE FUTEBOL (CBF), DECRETAÇÃO, LUTO OFICIAL.
- SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, VOTO DE PESAR, ORADOR, HOMENAGEM, GOVERNADOR, ESTADO DO ACRE (AC).
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. TIÃO VIANA (Bloco/PT - AC. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Sadi Cassol, trago ao Senado Federal um requerimento, nos termos do art. 218 do Regimento Interno e de acordo com as tradições da Casa, de inserção em Ata de Voto de Pesar e apresentação de condolências à família pelo falecimento do jornalista Armando Nogueira, ocorrido na manhã de hoje no Rio de Janeiro.
Então, Sr. Presidente, é fato que o melhor time do jornalismo brasileiro ficou irremediavelmente desfalcado no dia de hoje, quando, às sete horas, o coração alvinegro de Armando Nogueira parou de bater.
Falo com muita sensibilidade, porque se trata de uma figura que nasceu no meu Estado, no querido Estado do Acre. Teve sua vida, sua primeira infância no meu Estado, aos 17 anos é que se deslocou para o Rio de Janeiro, tendo feito formação e graduação na área do Direito e, posteriormente, trilhado os melhores e mais admiráveis caminhos do jornalismo. Mas nunca Armando Nogueira deixou de lembrar sua origem, sua terra distante, querida, que se envolvia em todas as emoções e sonhos dele quando criança. E fazia isso quando nos visitava no Acre, quando recebia homenagem no Estado do Acre, quando dizia da sua travessia continental para descobrir um mundo novo, o mundo do esporte, da crônica, da literatura, da análise esportiva como um todo. E há toda a grandeza jornalística que ele teve, como a criação do próprio Jornal Nacional. Então, um dos maiores ícones da história do jornalismo brasileiro, da história do esporte brasileiro e da literatura esportiva do Brasil.
Trago algumas considerações sobre Armando Nogueira.
O Governador do Estado do Acre, Binho Marques, emitiu uma forte e solidária nota aos familiares de Armando Nogueira, decretou luto oficial. Eduardo Paes, Prefeito do Rio de Janeiro, assim o fez também, decretando três dias de luto na cidade do Rio de Janeiro; a CBF apresentou luto oficial de cinco dias, e todos os grandes nomes da imprensa esportiva e da tradição do esporte brasileiro e do jornalismo prestaram e prestam sua homenagem a Armando Nogueira.
Estamos falando de alguém que significa, sim, uma perda inestimável para o jornalismo brasileiro. A perda ocorreu quando ele estava com 83 anos.
Ele nasceu no dia 14 de janeiro de 1927, na cidade de Xapuri, no Estado do Acre, sendo muito estimado conterrâneo. Dedicou sua vida inteira ao jornalismo brasileiro, ocupando, entre outros cargos, o de Diretor da Central Globo de Jornalismo. É o criador, de fato, do Jornal Nacional, que transferia a informação do Rio de Janeiro para o Brasil e para o mundo inteiro na casa de cada telespectador que assistia àquele telejornalismo ainda numa fase dura da democracia brasileira.
Com 17 anos, Armando Nogueira saiu de Xapuri e foi para o Rio de Janeiro, onde se formou em Direito. A paixão pelo futebol, que sempre o acompanhou, logo o levou para o jornalismo, tendo iniciado sua carreira de repórter de Esportes no jornal Diário Carioca, em 1950. Esse jornal reunia, na época, os mais expressivos jornalistas do Rio de Janeiro, como Prudente de Moraes Neto, Carlos Castello Branco, Otto Lara Resende, Rubem Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Pompeu de Souza. Foi uma verdadeira escola de jornalismo para Armando, que lá permaneceu por 13 anos.
Também foi testemunha ocular do atentado contra o jornalista Carlos Lacerda, na Rua Toneleros, em Copacabana. Ao escrever sobre o episódio, fez história no jornalismo brasileiro: pela primeira vez numa reportagem, um fato era narrado na primeira pessoa.
Foi uma figura expressiva e importante na revista O Cruzeiro, foi também no Jornal do Brasil, no jornal O Globo, na rádio CBN e por aí afora. Estava, antes de adoecer, em 2007, no canal SporTV, onde fazia crônica, e também na rádio CBN, quando participava do CBN Brasil.
Então, Sr. Presidente, alguém que marca o melhor do time do jornalismo brasileiro sem dúvida alguma.
No ano de 1954, Armando Nogueira fez, na Suíça, a cobertura jornalística de sua primeira Copa do Mundo. Ao longo dos anos, desenvolveu um estilo lírico e moderno de crônica esportiva, que se tornou referência, tendo sido copiado por diversos colegas. Segundo o site Globo Online, Nogueira cultuava um um bom texto.
Entre 1966 e 1990, o xapuriense Armando Nogueira ocupou o cargo de Diretor de Jornalismo da Rede Globo, onde foi um dos criadores do Jornal Nacional. Em seus quase 60 anos de carreira, também trabalhou nas revistas Manchete e O Cruzeiro e no Jornal do Brasil, tendo sido ainda comentarista esportivo do canal a cabo SporTV, da Rede Bandeirantes e da rádio CBN.
Ao falar sobre Armando Nogueira ao canal da GloboNews, o jornalista Silio Boccanera lembrou a importância do colega para a Rede Globo e para o jornalismo televisivo no Brasil.
Disse Boccanera:
Armando Nogueira foi um pioneiro. As pessoas esperavam o Jornal Nacional para se informarem sobre o Brasil e o mundo. Vivíamos um período de censura muito intenso. Foi uma fase dura e Armando aguentou isso com energia, paciência e habilidade diplomática.
Como bem lembraram hoje as agências de notícias de todo o País, o nosso conterrâneo Armando Nogueira era torcedor apaixonado do Botafogo. Em sinal de luto, os jogadores alvinegros já adiantaram que entrarão com uma tarja preta hoje, no jogo contra o Boavista, às 19h30. O clube também colocou seu salão nobre à disposição para o velório de Armando Nogueira.
Sr. Presidente, estamos falando de alguém que marcou gerações e é autor de dez livros, cujos títulos faço questão de deixar para os Anais do Senado Federal: Drama e Glória dos Bicampeões, em parceria com Araújo Neto; Na Grande Área; Bola na Rede; O Homem e a Bola; Bola de Cristal; O Voo das Gazelas; A Copa que Ninguém Viu e a que Não Queremos Lembrar, com Jô Soares e Roberto Muylaert; O Canto dos Meus Amores; A Chama que Não se Apaga e A Ginga e o Jogo.
Armando Nogueira é uma marca definitiva do que há de melhor na história do jornalismo brasileiro.
Encerro esta homenagem como a homenagem que faz o povo acreano por meio do meu mandato no Senado Federal a um conterrâneo que foi muito precioso para nós, por sua inteligência, pela sua ousadia de atravessar o continente chamado Brasil e desbravar o grande jornalismo brasileiro.
Peço a V. Exª que insira também nos Anais do Senado Federal junto ao meu voto de pesar a nota que apresentou o eminente Governador do Acre, Binho Marques, sobre a perda de Armando Nogueira.
Nós ainda do Estado teremos a figura do ex-Governador Jorge Viana, que está se deslocando ao Rio de Janeiro para prestar a mais carinhosa e afetuosa manifestação de sentimento aos familiares e amigos de Armando Nogueira.
Muito obrigado.
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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR TIÃO VIANA EM SEU PRONUNCIAMENTO.
(Inserido nos temos do art. 210, inciso 1 e § 2º, do Regimento Interno.)
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Matéria referida:
- Mensagem do Governador Binho Marques a Armando Nogueira.
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