Discurso durante a 42ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro das comemorações dos 265 anos da Procissão do Fogaréu, que percorre as ruas de Goiás Velho, conhecida como Vila Boa de Goiás.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. IGREJA CATOLICA.:
  • Registro das comemorações dos 265 anos da Procissão do Fogaréu, que percorre as ruas de Goiás Velho, conhecida como Vila Boa de Goiás.
Publicação
Publicação no DSF de 01/04/2010 - Página 11239
Assunto
Outros > HOMENAGEM. IGREJA CATOLICA.
Indexação
  • REGISTRO, ANIVERSARIO, CERIMONIA, MUNICIPIO, ESTADO DE GOIAS (GO), TRADIÇÃO, MARCHA, CRISTÃO, CELEBRAÇÃO, FERIADO RELIGIOSO, RENOVAÇÃO, COMPROMISSO, VIDA, REFORÇO, SOLIDARIEDADE.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente, pelas suas palavras e pode ter certeza de que V. Exª, também no meu Estado, como no Estado de vários outros Senadores aqui, é uma referência. Tem um apoio popular talvez até maior do que o nosso nos nossos Estados.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, à meia-noite desta quarta-feira, como ocorre há 265 anos, as ruas da cidade histórica de Goiás, também conhecida como Cidade de Goiás ou, oficialmente, Vila Boa de Goiás, serão percorridas pelos vistosos e, ao mesmo tempo, fantasmagóricos farricocos.

            É a mesma cidade de Cora Coralina, a mulher dos becos de Goiás. A nossa maior poetisa.

            Para certa de 15 mil pessoas que anualmente assistem à cena, são séculos de História percorrendo as ruas da antiga capital de Goiás.

            E, até para um Município que remonta ao passado em cada uma de suas esquinas e construções impecavelmente preservadas, o acontecimento é notável.

            Trata-se da Procissão do Fogaréu, uma tradição que completa hoje, à meia-noite desta quarta-feira, 265 anos. A Procissão subverteu a via-sacra e tornou-se a principal atração da Semana Santa na Cidade de Goiás.

            Na chamada “Quarta-Feira de Trevas” uma multidão se acotovela à frente da Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte. A luz das tochas portadas pelos farricocos duela com a da lua cheia. Daquele local vai se iniciar, mais uma vez, a Procissão do Fogaréu.

            Meia-noite em ponto, e o batuque da fanfarra precede a chegada à igreja dos 40 homens, cobertos dos pés à cabeça pelas túnicas.

            Uma hora antes, a agitação já é grande no Quartel do Vinte, próximo à igreja. Em poucos minutos, 40 homens que ali se encontram, entre os muitos organizadores do evento, se destacarão por usar túnicas reluzentes de cores vibrantes e cobrir os rostos com capuzes pontudos com apenas duas aberturas para permitir a visão. São os farricocos, personagens centrais da procissão.

            No tumulto dos bastidores desse que é o maior evento turístico e religioso daquela cidade, algumas notas vindas de um clarim se sobressaem.

            Além do sentimento de entrega mística e preciso muita força física para encarar o percurso e vencer os paralelepípedos irregulares que forram boa parte das ruas da Cidade de Goiás, sobretudo quando se estará quase correndo, descalços, como farão os farricocos.

            Celebrar a Semana Santa para os cristãos é aprofundar as dimensões mais importantes da vida humana, é ocasião privilegiada oferecida pela liturgia para a renovação de um compromisso com a vida e com a fonte da vida, a única que tem força para superar a morte e os esmagamentos que pesam sobre o povo. A Semana Santa comemora a paixão de Cristo, sua morte e ressurreição. A cruz simboliza fé e redenção. O povo venera Cristo como o ‘homem das dores”, o Nazareno sofredor e moribundo. Com ele vive a sua agonia. Por essa razão é que a sexta-feira santa e não do domingo de ressurreição a festa cristão popular de maior impacto na Semana Santa. É o momento de dor.

            Antigamente, marcada pelo silêncio e recolhimento, hoje ainda observada com contrição.

            A morte de Cristo é o símbolo de todo sofrimento, tanto do natural como do indevido. A identificação com o crucificado, leva o povo a plasmar em imagens, gestos e orações a sua espiritualidade.

            A celebração da Semana Santa é muito importante não somente para os cristãos, mas para toda a humanidade, já que serve para fortalecer o sentimento de esperança, de solidariedade e de libertação, além da ressurreição, comemorada no domingo.

            Na sociedade atual, a Semana Santa vem perdendo o clima religioso popular. Porém, sobrevivem manifestações de devoção, centralizada na paixão de Cristo.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, o importante é que estamos aqui para, no decorrer da Semana Santa, celebrar a história de vida de Jesus, a fé, a liberdade e a esperança, e termos, sempre Nele e inspirados Nele, motivos para reviver a sua luta em favor dos oprimidos e no combate às desigualdades.

            Que pelo menos isto nos fique: a capacidade de transportarmos a esperança que vem da ressurreição do Cristo para a contemporaneidade das pessoas que vivem em nosso País e buscam uma melhor condição de vida.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigada por esta oportunidade. Eu desejo a todos uma feliz Páscoa.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/04/2010 - Página 11239