O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, uso a tribuna neste momento - e, por isso, o pela ordem -, porque quero registrar, infelizmente, o falecimento de um grande líder do PDT, muito meu amigo, nosso amigo, que é o Dr. Matheus Schmidt, que faleceu no sábado, dia 27, em Porto Alegre, aos 83 anos, vítima de uma parada cardíaca. Um dos maiores líderes trabalhistas do País.

            Matheus Schmidt, ex-Deputado Federal, nasceu em 28 de outubro de 1926, no interior de Santa Cruz do Sul. Logo que ingressou na Universidade Federal do Rio Grande, tornou-se líder estudantil e, aos 20 anos, foi eleito Presidente do Centro Acadêmico de Direito. Nessa época, atuou também no jornal comunista Tribuna Gaúcha. Em 1948, esteve um período exilado no Uruguai, tendo vivido em Rivera, na fronteira com Santana do Livramento.

            Em 1949, retornou e casou em Cachoeira do Sul, com Suely Feldman Schmidt, com quem teve cinco filhos: Tito, Márcia e as trigêmeas Flávia, Sílvia e Gláucia.

            Em 1960, elegeu-se Vice-Prefeito de Cachoeira. No Governo de Leonel Brizola, de 1959 a 1963, ele assumiu a chefia de gabinete da Secretaria de Administração no meu Rio Grande.

            Em 1966, elegeu-se Deputado Federal, como o quinto mais votado pelo PTB do Rio Grande de Sul. Assumiu o mandato e foi eleito pela sua competência, capacidade e visão estratégica do futuro, Vice-Presidente da Câmara dos Deputados.

            Matheus tinha um forte vínculo com o movimento estudantil. Ele foi um dos Deputados que lideraram o chamado cordão humano em Brasília para defender os estudantes durante protesto fortemente reprimido pelos militares.

            Em dezembro de 1968, foi cassado pelo Ato Institucional nº 5. Logo em seguida, ele voltou a advogar em Porto Alegre.

            Matheus Schmidt participou em Lisboa do histórico encontro dos trabalhistas com Leonel Brizola. No seu retorno, em setembro de 1979, foi a São Borja esperar o grande líder Brizola. Fundador do PDT, foi Secretário-Geral Nacional do Partido, auxiliando na organização partidária em diversos Estados Brasileiros e, no Governo do meu amigo - quero aqui dizer, permita-me - Alceu Collares, de 1991 a 1994, o primeiro negro a se eleger Governador de um Estado no Brasil.

            Foi Secretário dos Transportes e, em 1994, assumiu novo mandato como Deputado Federal. Presidiu o PDT do Rio Grande do Sul de 1999 a 2001. E em 2004, voltou a presidir a sigla até 2009. Era membro do Diretório Regional e Nacional do PDT.

            Sr. Presidente, concluo dizendo que a estrela de Matheus Schmidt agora brilha noutra constelação ao lado de grandes homens deste País: Getúlio Vargas, Alberto Pasqualini, João Goulart, Leonel Brizola e Darcy Ribeiro.

            Solicito respeitosamente à Mesa a aprovação de requerimento que já encaminhei de voto de pesar em memória do ex-Deputado Federal Matheus Schmidt, a ser entregue a seus familiares.

            Encontrei Matheus Schmidt há uma semana, em Porto Alegre, num evento de aniversário do Ministro Tarso Genro. Ele estava muito bem, mas, infelizmente, um ataque cardíaco fulminante o levou. Mas, como disse, Sr. Presidente, ele está lá brilhando com outras estrelas no céu.

            Já encaminhei à Mesa o voto de pesar.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.