Discurso durante a 45ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da passagem do Dia Mundial da Saúde, comemorado hoje.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. SAUDE. POLITICA SALARIAL.:
  • Registro da passagem do Dia Mundial da Saúde, comemorado hoje.
Aparteantes
Jefferson Praia.
Publicação
Publicação no DSF de 08/04/2010 - Página 12634
Assunto
Outros > HOMENAGEM. SAUDE. POLITICA SALARIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, SAUDE, COMENTARIO, PROGRESSO, SETOR, CONTRIBUIÇÃO, CRIAÇÃO, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS), ELOGIO, GESTÃO, JOSE SERRA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), INICIATIVA, TRATAMENTO MEDICO, SINDROME DE IMUNODEFICIENCIA ADQUIRIDA (AIDS), PRODUÇÃO, MEDICAMENTOS, PRODUTO GENERICO.
  • REPUDIO, NEGLIGENCIA, BANCADA, GOVERNO, TRAMITAÇÃO, PROJETO DE LEI, CRIAÇÃO, PISO SALARIAL, CATEGORIA PROFISSIONAL, SAUDE, EXPECTATIVA, TRANSFORMAÇÃO, SITUAÇÃO, PROXIMIDADE, ELEIÇÕES.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Romeu Tuma, Parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros que estão aqui presentes no plenário do Senado e que nos acompanham pelo Sistema de Comunicação do Senado; Senador Raimundo Colombo, hoje estou muito à vontade porque vou falar sobre o Dia Mundial da Saúde, pois eu dediquei os melhores anos da minha mocidade para entender, buscar ciência e consciência e promover saúde no meu Piauí.

            Hoje, 7 de abril, o mundo comemora o Dia Mundial da Saúde. Isso foi feito pela Organização Mundial de Saúde, quando foi, justamente, criado a ONU, depois da guerra. Como a saúde é um bem universal, é uma conquista universal, criou-se, então, este dia.

         Pela Organização Mundial de Saúde, saúde não é apenas ausência de doença ou enfermidade, mas é o mais completo bem-estar físico, mental e social. Está vendo, Senador Jefferson Praia? É por isso que é muito, muito, muito comum um médico adentrar na política.

            Sr. Presidente, Senador Raimundo Colombo, V. Exª é lá de Santa Catarina. Justamente porque saúde é um bem-estar físico, mental e social, que temos que combater a miséria, o pauperismo, a fome e a pobreza. Esse é o objetivo da saúde. Por isso é comum, no nosso País, os médicos adentrarem na política. E como exemplo maior, o símbolo maior da política, temos Juscelino Kubitscheck. Por esse motivo é que se deixa um consultório ou uma sala de cirurgia, o nosso templo de trabalho, onde se cura um aqui e outro acolá, e se adentra na política numa oportunidade de combater essa miséria, a fome e o pauperismo, o desemprego. Isso tudo é essencial, isso tudo é saúde.

            E, participando, pedindo um aparte, o nosso Senador Jefferson Praia, do Amazonas.

            O Sr. Jefferson Praia (PDT - AM) - Muito obrigado, Senador Mão Santa. Parabenizo V. Exª por se lembrar deste dia tão importante, que é o Dia da Saúde. Eu estava aqui pensando um pouco sobre a saúde na nossa querida região amazônica, uma região imensa, que tem um papel extremamente importante para o Brasil e para o mundo e onde vive um povo maravilhoso. Mas V. Exª sabe, Senador Mão Santa, que, na Amazônia, temos diversos tipos de problemas. São problemas de infraestrutura com hospitais, muitas vezes construídos de forma não muito correta, inadequada, com falta de medicamentos e de uma infraestrutura que pudesse proporcionar seu bom funcionamento. Temos problemas com relação à presença de médicos no interior da Amazônia. É claro que falo também no interior do meu Estado, do Estado do Senador Arthur Virgílio e do Senador Alfredo Nascimento, que é o Estado do Amazonas. Temos problemas seriíssimos por não termos médicos que queiram ficar nos Municípios. Portanto, quando V. Exª destaca o Dia Mundial da Saúde também lembro da saúde dos povos tradicionais, dos índios da nossa região, dos índios da Amazônia, aqueles que, com certeza, mais sofrem hoje nos seus locais de origem e também nas capitais, nos Municípios, onde não são atendidos de forma adequada. Parabenizo V. Exª por se lembrar deste dia, parabenizo todos os médicos, todos os profissionais da área de saúde, todos aqueles que se dedicam à vida do próximo, a salvar o próximo de uma doença que ele esteja ou ela esteja atravessando, e que possamos, cada vez mais, intensificar as nossas ações no sentido de privilegiarmos esse setor. E aí eu me lembro, Senador Mão Santa - desculpe-me por estender-me um pouco mais - de um hospital na capital do nosso Estado do Amazonas, o HUGV. É um hospital universitário, que prepara médicos e profissionais da área de saúde, mas que está sempre correndo atrás de recursos para continuar fazendo seu trabalho. Nós estamos aqui empenhados em ajudar esse hospital. Eu, o Senador Arthur Virgílio e todos os Parlamentares da Bancada do Amazonas estamos nos empenhando ao máximo e gostaríamos também que o Governo Federal, o Governo do Estado e a Prefeitura fizessem a sua parte, porque precisamos manter aquele hospital funcionando. É o hospital, Senador Mão Santa, que prepara os nossos médicos, os médicos do Amazonas, aqueles que ficarão lá, que irão para o interior para tratar das pessoas mais humildes, que estão ali mantendo a floresta em pé, mantendo os nossos rios limpos, os nossos rios adequados dentro do contexto que a realidade atual exige. Muito obrigado por me conceder o aparte e parabenizo, mais uma vez, V. Exª por lembrar do Dia Mundial da Saúde.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - E só vem enriquecer, porque V. Exª fala do Amazonas, da Amazônia, na qual a complexidade de saúde é maior.

            Mas, no Brasil, nós somos testemunhas da evolução na saúde. Ninguém pode negar os avanços. Eu me formei em Medicina em 1966, fiz pós-graduação no Rio de Janeiro, no melhor hospital da época, o Hospital do Servidor do Estado, Ipase. Isso me permitiu entender bem. Eu fui para o Piauí, Colombo, porque quis, por amor ao Piauí. Eu só deixei o Piauí há uns 10 anos para buscar ciência para conseguir consciência e com ciência servir à minha gente. Tive oportunidade de ficar no Rio de Janeiro, aqui em Brasília, em Anápolis. Fui porque quis me dedicar a uma Santa Casa de Misericórdia da minha cidade, Parnaíba. Então, eu quero dizer que evoluiu muito a saúde tecnicamente e eu participei.

            Arthur Virgílio, eu sei que nem o Barão do Rio Branco teve a cultura que V. Exª tem, o significado, o entendimento de relações exteriores. Eu entendo que o José Serra deve ganhar essas eleições e deve convidá-lo para ser o nosso Ministro de Relações Exteriores. Eu tenho acompanhado e visto a sua cultura, o seu entendimento e a sua vocação. Da mesma maneira que V. Exª se dedicou, eu me dediquei à saúde.

            Eu convivi, Colombo, com Christiaan Barnard, o primeiro médico a fazer transplantes. Ele foi chamado ao Rio de Janeiro e só tinha um hospital que tinha tradutores. Ele falava inglês e, naquele tempo, em 1967, Colombo, só havia tradutores no Centro de Estudos do Hospital do Servidor.

            Então, ele deu um curso lá, e eu era médico e residente. O Hospital sempre fazia, quando havia essas autoridades científicas, uma confraternização, no final do curso, no Canecão. Então os catedráticos Mariano de Andrade e os outros só ficavam no jantar, iam embora e deixavam os médicos residentes. E quase sempre eu ficava tomando conta. Fiz amizade com Christiaan Barnard, com Lile Ray, a maior autoridade em microcirculação de pressão venosa central.

            Então, o avanço da ciência no Brasil é uma realidade.

            Logo após, Zerbinni fez o primeiro transplante cardíaco, e eu cheguei a ajudar em cirurgia feita por ele e de seu discípulo maior, Adib Jatene. Então, a evolução foi grande.

            Quero dizer, lamento o sonho maior... E foi justamente no Governo do Presidente Sarney a idéia do SUS, a saúde deveria ser como o sol, igual para todos. Filosoficamente, Senador Jayme Campos, não tem um programa mais bonito do que o SUS, porque, quando eu me formei, alguns privilegiados que tinham o Instituto - IAPI, IAPC, IAPBB, IAPSEB - tinham assistência médica. Depois, o Governo revolucionário de Médici estendeu ao rural, era o Funrural, do qual eu também participava na Santa Casa.

            Nós abdicávamos daquele dinheiro para que o hospital pudesse funcionar em bom padrão.

            E veio a ideia do SUS. Todo mundo tinha assistência. Eu trabalhei muito, eu cheguei aqui, eduquei. Mas acontece, Arthur Virgílio, que as tabelas ficaram irrisórias. Essa é a verdade. Hoje, o valor de uma consulta, Arthur Virgílio, é R$2,50; as especializadas, de alta resolutividade, R$10,00. Um raio X de um braço quebrado é um pouco mais de R$6,00. Atentai bem: há a despesa do filme, do maquinário, do médico radiologista, sujeito, pelas ações constantes do raio X, a ter uma doença no sangue, uma leucemia. É um pouco mais de R$6,00. Então, o valor ficou defasado. Outro dia, nós vimos o Cabrini, aquele repórter, mostrando as dificuldades de atendimento à população.

            Então, a saúde está muito boa no nosso Brasil para quem tem dinheiro, para quem tem plano de saúde; para quem não tem, não está bem.

            Surgiu - e vamos ser realistas - o Programa Saúde da Família. Há o lado negativo: profissionais de alta resolutividade, cirurgiões que eu conheço, estão buscando um vínculo de remuneração no Saúde da Família, porque é o que ainda remunera nos Municípios. Mas esses são os problemas de saúde.

            Eu queria render um homenagem. O Jayme Campos é do DEM, o Colombo é do DEM. O partido está aí. São as melhores figuras do Democratas esses dois extraordinários homens: um do Mato Grosso e outro de Santa Catarina. Divisão!

            Arthur Virgílio, quero render uma homenagem ao candidato do seu partido. Sou do PSC, Partido Social Cristão. V. Exª é do PSDB, mas José Serra foi um extraordinário Ministro da Saúde deste País. Sou médico, vivi e acompanhei. Ele marcou época neste País. Ninguém pode esquecer. Acabei de falar dos avanços na Medicina. Acompanhei como médico, como Governador de Estado. Coloquei Teresina na era dos transplantes. Em Teresina se faz transplante cardíaco, renal e tudo.

            Aids. Há dez anos, a Aids era como a lepra. Todo mundo ficava apavorado. Era como a tuberculose. Vi muito gente morrer no meio da rua com hemoptise. A Aids atemorizava o mundo todo. E o maior avanço do Brasil na Aids se deu graças ao tino, à capacidade gestora de José Serra no Ministério da Saúde. Esses coquetéis... O aidético, conheço desde o começo, sou médico. Era apavorante, morria logo, com dez dias. Essa é a história. Eu sou médico. A gente tinha medo, horror. O paciente estava aniquilado. Era ligeiro! Já, hoje, ele tem uma sobrevida com essas conquistas dos coquetéis antiaidéticos, que chegaram à massa no Brasil - e serviu de exemplo ao mundo - pela competência administrativa de José Serra. Só isso o qualifica e o credencia.

            E não foi só isso, não. Neste País houve um tempo que tinha o que chamávamos medicamentos da Ceme, órgão que se acabou por corrupção. Era gratuito. A gente andava com um memento que dava os medicamentos padronizados. Mas a corrupção foi grande - não maior do que tem hoje, nesse Governo -, que resolveram acabar. E José Serra teve a inteligência e a competência de pegar esses produtos que nós sabemos, esses produtos mais sofisticados, feitos em laboratórios internacionais, caríssimos... E é complexo se fazer medicamento. Eu digo isso, Colombo, porque eu tive a oportunidade de ser convidado para ir à Alemanha, no Darmstadt. Senador Jayme Campos, eu vi a complexidade de se fazer um remédio. Não é mole, não. Os testes, os laboratórios e tudo. Então, os preços são exorbitantes. E ele pensou no pobre, em baixar o custo. E, com a sua inteligência privilegiada, criou o genérico, que nós sabemos, nós vemos.

            Então, sem dúvida nenhuma, neste dia 7 de abril, em que o mundo todo comemora o Dia da Saúde, nós temos muitas coisas e temos a esperança. E isso o credencia.

            Ô Arthur Virgílio, eu quero lhe dizer o seguinte: eu acho que o José Serra é o próximo Presidente. Vou dizer por quê. Eu vim do PMDB, mas era daquele do Ulysses, daquele tempo que tinha coragem. Em 74 ele se candidatou a Presidente da República e hoje, quase 40 anos depois, não tem um que tenha qualificação para isso. Então, ele mudou a filosofia. Ulysses disse: “Ouça a voz rouca das ruas”. É o meu jeito mesmo. Eu saio no carro, de Teresina... Eu moro no litoral. Já convidei o Jayme Campos para passar uma lua de mel lá com a esposa. O Colombo está em campanha... Jayme Campos, eu saio conversando no bar, no posto de gasolina e tudo, jeito natural, espontâneo, e o homem, o homem do povo, o trabalhador honrado do Piauí se aproxima e diz: “Senador Mão Santa, e aí, para Presidente?”. Está vendo, Arthur Virgílio? Eu digo: “Eu vou votar no Serra”. Aí é o povo, o povo que diz, está ouvindo, Arthur Virgílio? Não é intelectual não, é o povo, o trabalhador, é o frentista do posto de gasolina, é o borracheiro, é o garçom, eles dizem o seguinte, Jayme Campos: “É, eu vou votar nele porque ele é muito preparado, ele sabe das coisas, foi o melhor Ministro da Saúde”. Então, isso está na cuca. Isso aí é que faz...

            Eu tenho uns quilômetros rodados em política. Jayme Campos, com Elias Ximenes do Prado, um companheiro do PMDB, em 1972 - 72, antes de Ulysses - nós conquistamos a Prefeitura da maior cidade do Piauí.

            Eu entendo, Arthur Virgílio, que quem ganha eleição é a imagem. Não adianta, não adianta negócio de mídia... É a imagem, e a imagem é construída. E essa foi a imagem que o José Serra constituiu, de líder estudantil, administrador competente.

            Então, neste Dia da Saúde, nós queríamos cumprimentar principalmente os nossos colegas médicos e denunciar aqui uma coisa, Jayme Campos. Esse PT é interessante. É um tripé: da mentira, da corrupção e da incompetência. Outro dia, tinha uma lei aí, e eles são danados para me pedir para eu ser o Relator, porque eu saio defendendo-a. Essa do Paim, dos velhinhos que estão morrendo aí, asfixiados pela “câmara de gás”, fui eu que fui o Relator, Colombo. Então, Jayme, a gente sai defendendo-a, na Comissão de Constituição e Justiça, na CAE, na CAS, Direitos Humanos, Plenário. E eu defendi a do piso para médico, de Geovani Borges, do PMDB. Pensei que já tinha ido para a Câmara, porque a Câmara é danada. Estão apelidando-a até de “câmara de gás”, pois está matando os velhinhos aposentados porque eles não se decidem sobre os projetos. Eu pensei que estava lá. Aí, o Gilvam Borges foi quem fez, e o irmão dele fez um discurso ali. Arthur Virgílio, enganaram-me! O Líder...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - (...) aqui, lá de São Paulo, fez um requerimento, e eu pensei que estava lá, porque ela era terminativa onde eu defendi. Que nada! Assinou-se aqui para vir para votar no Plenário, e eu pensava que estava avançando o piso salarial de médico e dentista, sete mil reais.

            Foi bem feita, foi aprovada aqui. Está não, eles bloqueiam.

            Então, por isso que nós estamos aqui, porque esta Casa é que defende a democracia. E a democracia tem duas coisas de que não podemos abrir mão: divisão de poder e alternância no poder. E essa alternância de poder é a esperança que nós vivemos no Piauí e no Brasil, uma alternância de poder, onde poderemos ter, num futuro, uma comemoração melhor...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Fora do Microfone.) - (...) no Dia da Saúde.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/04/2010 - Página 12634