Discurso durante a 46ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso dos 291 anos de Cuiabá/MT. (como Líder)

Autor
Jayme Campos (DEM - Democratas/MT)
Nome completo: Jayme Veríssimo de Campos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Homenagem pelo transcurso dos 291 anos de Cuiabá/MT. (como Líder)
Aparteantes
Marco Maciel.
Publicação
Publicação no DSF de 09/04/2010 - Página 12997
Assunto
Outros > HOMENAGEM. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, MUNICIPIO, CUIABA (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), REGISTRO, CRESCIMENTO DEMOGRAFICO, DESENVOLVIMENTO, AGROPECUARIA, ECONOMIA, CONTRIBUIÇÃO, BALANÇA COMERCIAL, BRASIL, IMPORTANCIA, UNIÃO, PODER PUBLICO, SOCIEDADE CIVIL, SOLUÇÃO, PROBLEMA, URBANIZAÇÃO.
  • ELOGIO, DIGNIDADE, INTEGRIDADE, POPULAÇÃO, MUNICIPIO, CUIABA (MT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), REGISTRO, AUTORIDADE, ORIGEM, REGIÃO, ESPECIFICAÇÃO, POLITICO, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), EX PRESIDENTE, MARECHAL.
  • IMPORTANCIA, INSTALAÇÃO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), INDUSTRIA, ALIMENTOS, CRIAÇÃO, EMPREGO, RENDA, MELHORIA, SETOR, FRIGORIFICO, REGIÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador José Sarney, venho, hoje, a esta tribuna, para falar sobre Cuiabá, que comemora 291 anos da sua fundação.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, poucas cidades brasileiras experimentaram um crescimento tão virtuoso, nos últimos 40 anos, como Cuiabá. Até o censo de 1970, o Município registrava uma população de pouco mais de 100 mil habitantes - precisamente 100.860 moradores. Já na contagem subsequente, realizada pelo Instituto Brasileiro Geográfico e Estatístico (IBGE), na década de 1980, o índice mais que dobrou, saltando para 212 mil habitantes.

            Atualmente, vivem na capital mato-grossense perto de 600 mil pessoas, numa colagem de culturas e hábitos, trazidos por fortes correntes migratórias que chegaram por lá nesse período. Cuiabá é, portanto, um síntese perfeita dos costumes de nossa gente, uma tradução sem retoques das virtudes e das mazelas nacionais.

            Hoje, Cuiabá completa 291 anos da sua fundação. Nascida às margens do rio que lhe emprestou o nome, como um vilarejo dedicado à atividade garimpeira, nossa capital viveu momentos de estagnação econômica, até se transformar, no final do século passado, no mais dinâmico polo agropastoril desta Nação.

            Como toda cidade, Senador Marco Maciel, de rápido crescimento demográfico, Cuiabá convive com problemas de natureza estrutural, mas sua vocação para o desenvolvimento tem conseguido fazer com que sua comunidade encontre espaço para seu aperfeiçoamento social e urbano.

            Muito mais que o Poder Público, a própria atividade econômica, em comunhão com a sociedade civil, tem encontrado soluções práticas e ligeiras, para atender às demandas da população. Esse voluntarismo empreendedor esbarra muita vezes na falta de planejamento urbano. Por isso, a cidade vai-se moldando de acordo com o seu próprio desejo, com seu ímpeto e com sua vontade de se expandir.

            Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Cuiabá, aos 291 anos, tem-se mostrado uma localidade dinâmica e, ao mesmo tempo, ciosa de suas tradições. Incorporou sabiamente a contribuição dos povos que lá aportaram, sem contudo destruir seu próprio espírito cívico. A explicação para a vivacidade de nossa gente está justamente na generosidade de acolher os migrantes, aprendendo sua maneira de enxergar o mundo e, em troca, ensinando o nosso temperamento alegre e pacífico.

            Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, homenagear Cuiabá, Senador Marco Maciel, é homenagear o Brasil. Somos hoje uma terra de muitos hábitos e muitos sotaques. Compreendemos que a convivência se impõe como um verdadeiro ato de patriotismo. Abraçamos a Nação e seus filhos com sinceridade e confiança e, por isso, o País vê em Cuiabá uma cidade de oportunidades para quem lá chega.

            Concedo o aparte ao Senador Marco Maciel.

            O Sr. Marco Maciel (DEM - PE. Com revisão do aparteante) - Nobre e ilustre Senador Jayme Campos, gostaria de aproveitar o discurso que V. Exª faz alusivo à passagem de mais um ano de vida da capital do seu Estado, que é banhado pelo rio Cuiabá, para tecer rápidas considerações. Vivi, porque era Presidente da Câmara dos Deputados, um momento traumático que Mato Grosso viveu, que foi justamente o seu desdobramento em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Como Presidente da Câmara tive que me engajar, de alguma forma, nessa discussão, posto que a matéria tramitaria posteriormente tanto na Câmara quanto no Senado Federal. Muitos achavam que fazer a divisão entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul poderia ser que viesse a ter efeitos não positivos para a economia do Estado. Para surpresa nossa - e folgo em constatar isso após a consolidação do desmembramento, folgo em constatar que, na realidade, Mato Grosso converteu-se num dos Estados mais prósperos e de maior produtividade em nosso País. Há alguns dias, compulsando os dados estatísticos, verifiquei que, por exemplo, Mato Grosso, sozinho, responde por 50% do algodão que exporta, isso sem contar com a soja, o milho, outras culturas que se desenvolvem com muita intensidade. Então considero que V. Exª, como representante de Mato Grosso, no Senado Federal, tem muito que festejar. Quero me associar ao júbilo de V. Exª e de todos os seus conterrâneos. Faço votos e insisto em fazer essa observação, porque também tive ocasião de conviver com pessoas do seu Estado, como o Senador Filinto Miller, que foi presidente do Senado à época. Eu era Secretário do Partido Arena e tive a oportunidade de com ele conviver. Pude conhecer Cuiabá, e não somente Cuiabá, mas depois também Campo Grande, que se converteu na Capital de Mato Grosso do Sul. Posteriormente, estive com Tancredo Neves na campanha tanto em Mato Grosso como em Mato Grosso do Sul, quando lá pude ver de forma mais palpável a capacidade empreendedora da população dos dois Estados. Felicito, portanto, V. Exª pela passagem do aniversário da capital de seu Estado na Casa da Federação, que o Senado Federal.

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Muito obrigado, Senador Marco Maciel pelo seu aparte. V. Exª não imagina o bem que o Governo Federal e V. Exª, como Presidente da Câmara naquela oportunidade, fizeram na proposta de divisão no Estado do Mato Grosso.

            Foi tão bom que hoje tanto o Mato Grosso do Sul como o velho Mato Grosso são verdadeiros Estados pujantes, que têm se destacado, sobretudo, no agronegócio brasileiro - como V. Exª bem disse -, contribuindo sobremaneira com a nossa balança comercial, produção essa feita de maneira autossustentável, ou seja, de forma respeitosa também com o nosso meio ambiente.

            Por isso, não tenho dúvida alguma de que, como V. Exª se referiu aqui ao saudoso Filinto Müller, Mato Grosso já deu a sua contribuição à política brasileira com figuras proeminentes, sobretudo com a do ex-presidente Eurico Gaspar Dutra, mato-grossense de Cuiabá, Joaquim Murtinho também, Marechal Rondon, e figuras ilustres que também deram...

            O Sr. Marco Maciel (DEM - PE) - Foi um grande Ministro da Fazenda, depois foi Senador da República, Joaquim Murtinho, desde cedo, aprendeu muito bem que o País teria um futuro que estamos agora constatando. Mas devo dizer a V. Exª que quando citamos alguns nomes sempre corremos o risco da omissão. Fernando Pessoa diz, em um de seus sonetos, que “citar é excluir”, porque, ao citar, a gente sempre exclui alguém. Mas eu gostaria de aproveitar e citar o nome de Júlio Campos, seu irmão, que se apresta para concorrer mais uma vez - foi um excelente governador. Mas poderia citar Mendes Canale, Garcia Neto, sobre quem falamos ontem à noite, e tantos outros políticos mato-grossenses.

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Jonas Pinheiro, que foi um brilhante Senador.

            O Sr. Marco Maciel (DEM - PE) - Jonas Pinheiro, cujo passamento tanto nos entristeceu. Ele conhecia, como é o caso de V. Exª também, muito do agronegócio - era um papa aqui no assunto.

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - É verdade.

            O Sr. Marco Maciel (DEM - PE) - Então, por todos os títulos, eu diria que Mato Grosso tem muito a comemorar. Estimo que o progresso de Mato Grosso possa inspirar seus Estados vizinhos, como vem acontecendo com Mato Grosso do Sul, mas também com os Estados já situados na Região Norte do País, ou seja, na Amazônia. Por isso, cumprimento V. Exª, porque é uma ocasião para exaltar o seu Estado, os seus valores e sua gente.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Gilmar Mendes.

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Também o Ministro Gilmar Mendes, atual Presidente do Supremo Tribunal Federal, também é mato-grossense, da grande Cuiabá. Se eu fosse enumerar, teria mais alguns.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Roberto Campos.

            O Sr. Marco Maciel (DEM - PE) - Penso também que Jânio Quadros, não?

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - É do Mato Grosso, mas nasceu em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. É do antigo, velho Mato Grosso, quando era uno.

            O Sr. Marco Maciel (DEM - PE) - Quando o Mato Grosso era um.

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Exatamente. Ele era do Mato Grosso.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Roberto Campos também, autor do Livro A Lanterna na Popa.

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Roberto Campos, Ministro Roberto Campos também, de Cuiabá.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Mas nenhum excedeu Jayme Campos, nenhum foi três vezes Prefeito e extraordinário e brilhante Governador.

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Mas é isso. O Roberto Campos também, Ministro, Embaixador, também mato-grossense.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Autor do livro A Lanterna na Popa.

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Exato.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Um dos melhores livro sobre história.

            O SR. JAYME CAMPOS (DEM - MT) - Mas, Sr. Presidente, para concluir a minha fala, agradeço também ao Senador Marco Maciel pela sua manifestação de carinho ao povo cuiabano, ao povo mato-grossense.

            Mas nossa tricentenária capital é mais do que isso, é mais que um entreposto comercial, que um polo de expansão econômica; Cuiabá tem alma, tem o espírito altivo de sua gente, tem a melodia de seus poetas e a fibra pioneira de seus fundadores.

            Habitam em nossa cidade, harmoniosamente, o novo e o antigo, a tradição e a modernidade, a inocência e a esperteza. O cuiabano é um povo alegre, mas respeitoso; acolhedor, mas atento. Aliás, ser cuiabano, Senador Mão Santa, é ser brasileiro, tantas são as contribuições que formam a índole de nossa gente.

            Quero, portanto, nesta oportunidade, também aqui, mesmo não estando no recinto, cumprimentar a Senadora Serys e o Senador Gilberto e reafirmar o meu amor à nossa terra, manifestando o meu profundo respeito ao povo cuiabano. Digo isso com emoção, porque cresci lá na Rua 24 de Outubro, no centro da cidade, no comércio de minha família, sorvendo na fonte dos ensinamentos do meu velho e querido pai, Júlio Domingos, o Fiote, que sempre foi uma síntese da inteligência e da cordialidade de nosso povo, que também foi prefeito por dois mandatos na nossa cidade, ao lado de Cuiabá, que é Várzea Grande. Foi vereador, um grande líder político na década de 50/60. O Senador Marco Maciel o conheceu também iniciando.

            Fico até emocionado quando me refiro ao seu nome, que foi uma pessoa em quem nos espelhamos - somos nove irmãos - e graças a Deus um extraordinário pai, um exemplo de pai, de cidadão, de homem público. E naquela oportunidade, com Fiote e seus amigos, em torno do balcão, compreendi o valor da palavra, a importância da lealdade e a relevância do companheirismo. Nós, que crescemos com a cidade, assistimos às transformações não apenas da sua geografia urbana; presenciamos a evolução de um conceito de vida que modificou a arquitetura de nossa velha capital, mas não alterou a alma de nossa gente, preservando nossos sentimentos de honestidade, honradez e generosidade.

            Homenageio a todos os cuiabanos, de nascimento e de coração, pelo aniversário da cidade, desejando que as graças do nosso padroeiro, Senhor Bom Jesus de Cuiabá, sejam derramadas sobre todos. Realmente, felicidade e paz, porque, lamentavelmente, hoje nós vivemos num País e, por conseguinte, num Estado em que ainda há muita injustiça social, muita violência, e nós precisamos muito da proteção de Deus.

            E, particularmente aqui, como Senador daquele Estado em que sempre obtive uma votação expressiva na capital, que é Cuiabá... Disputei duas eleições livres e majoritárias: uma para Governador, em que obtive acima de 50% dos votos na capital; e, como Senador, obtive 52% dos votos em Cuiabá. E, naturalmente, aqui, com essa procuração que me foi outorgada pelo povo mato-grossense, mas sobretudo pelo povo cuiabano, generoso como sempre foi conosco, estou tentando aqui realmente retribuí-lo, não só com esta homenagem, mas especialmente com trabalho, no sentido de viabilizar os recursos e os investimentos para que Cuiabá, fincada no centro geodésico da América do Sul, seja aquela cidade da perspectiva, a cidade que todos nós sonhamos; que tenhamos qualidade de vida, que tenhamos mais justiça social, e tudo isso tem sido possível, naturalmente, com a participação não só do cuiabano nativo, mas de milhares de brasileiros que se deslocaram para aquela cidade, que se deslocaram para aquele Estado e ajudaram a construir, hoje, aquele Mato Grosso moderno e pujante que vemos hoje.

            Eu comentava com o Senador Marco Maciel que Mato Grosso talvez seja um dos poucos Estados da Federação que cresce nessa velocidade, sobretudo com uma boa distribuição de renda. Citei a ele, Senador Mão Santa, que só uma indústria que se instalou agora em Mato Grosso, numa cidade pequena ao longo da BR-163, chamada Lucas do Rio Verde, a Sadia Oeste, o Grupo Sadia Oeste, implantou uma fábrica, uma indústria de carne que está gerando 5 mil empregos dentro da indústria. Diretos e indiretos, são quase oito mil funcionários que chegaram de outras partes do País. Infelizmente, nem a mão de obra qualificada nós tínhamos na região. Foi preciso trazer gente de outras partes do País - do Paraná, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul - para implantar ali uma modernidade no sistema industrial, frigorífico, daquela região do País.

            Portanto, concluo dizendo ao povo cuiabano: felicidades, parabéns por essa data e contem com o Senador Jayme Campos.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/04/2010 - Página 12997