Discurso durante a 46ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao caráter assistencialista do Programa Bolsa Família no Estado do Piauí.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Críticas ao caráter assistencialista do Programa Bolsa Família no Estado do Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 09/04/2010 - Página 13025
Assunto
Outros > ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • CRITICA, EXCESSO, ASSISTENCIA, PROGRAMA, BOLSA FAMILIA, ESTADO DO PIAUI (PI), REGISTRO, GESTÃO, ORADOR, GOVERNADOR, ATRAÇÃO, INICIATIVA PRIVADA, REGIÃO, ESPECIFICAÇÃO, FABRICA, CIMENTO, INDUSTRIA, ALIMENTOS, INVESTIMENTO, EFETIVAÇÃO, OBRAS, INFRAESTRUTURA.
  • CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO PIAUI (PI), DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA, CONSTRUÇÃO, USINA HIDROELETRICA, AUSENCIA, CONCLUSÃO, OBRAS, INFRAESTRUTURA.
  • LEITURA, CARTA, SACERDOTE, CRITICA, CONSTRUÇÃO, FERROVIA, REGIÃO NORDESTE, DESRESPEITO, POPULAÇÃO, POSSIBILIDADE, DESTRUIÇÃO, ASSENTAMENTO RURAL, IMPOSSIBILIDADE, DESENVOLVIMENTO, PECUARIA, SOLICITAÇÃO, PROVIDENCIA, GOVERNO FEDERAL.
  • REGISTRO, ENCAMINHAMENTO, MATERIA, DEBATE, COMISSÃO, INFRAESTRUTURA, ASSUNTO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Senador Acir Gurgacz, que preside esta sessão, Parlamentares presentes na Casa, brasileiras e brasileiros presentes no plenário do Senado da República e os que nos acompanham pelo fabuloso sistema de comunicação do Senado, compreendido pela extraordinária TV Senado, ouvida, acreditada e aplaudida pelo povo do Brasil; pela Rádio AM; pela Rádio FM, Ondas Curtas - e o que aqui se passa chega ainda aos órgãos da imprensa escrita, o Jornal do Senado e o semanário, à Agência de Notícias, à Hora do Brasil -, queremos dizer, neste instante, Rosalba Ciarlini, que estão na Bíblia a vaca magra e a vaca gorda. Todos nós estamos penosos com o que aconteceu no nosso Rio de Janeiro, sofrendo com as enchentes, com a falta de previsão e de responsabilidade administrativa. Eu queria dizer que todos nós sofremos, mas, no Piauí, não houve terremoto, maremoto, tsunami, mas houve um governo do PT, Rosalba Ciarlini! O estrago é muito maior! Que o diga o povo do Piauí! Votei em 1994. Acreditei, a conversa era impressionante, mas foi um tripé de mentira - como mentem! -, de corrupção - como roubam! - e de incompetência - como são incompetentes!

            Rosalba Ciarlini, nenhuma fábrica foi ali instalada. Não vou dizer o que não houve. O que houve foi o seguinte: somos campeões. Hoje, estive fazendo cálculos, revisando. No Bolsa Família, somos campeões do Brasil. É igual ao Maranhão: número grosso, mais de milhão. Mas acontece que, no Maranhão, há o dobro da população. Não é mal. É uma caridade. Não sou contra caridade, ninguém é contra caridade. O próprio Apóstolo Paulo ouviu de Deus - e meu Partido é de Cristo! - o seguinte: “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. Esta é a mensagem de Deus aos governantes: trabalho.

            Rui Barbosa está ali, Acir Gurgacz. Ele disse muita coisa boa, mas uma das frases dele que acho mais bonita é: “A primazia é do trabalho e do trabalhador”. O trabalho veio antes, ele é que fez a riqueza. E estou analisando o assunto com muita firmeza, com a responsabilidade de pais da Pátria, que somos.

            Atentai bem, Rosalba Ciarlini: acho que o lado mais positivo do Governo de Luiz Inácio foi a valorização do trabalho e do trabalhador, do salário mínimo, embora esse lado positivo tenha aparecido quando ele ouviu o Senado da República. Eu me lembro de quando começamos aqui. No início, o Paulo Paim, que é do Partido dos Trabalhadores, convidou-me para fazermos um movimento na busca de aumentar o salário mínimo de US$70 para US$100. Rosalba Ciarlini, quero me confessar aqui: fiquei meio como São Tomé. Mas me engajei, trabalhamos, lutamos. Aqui, fui o Cirineu do Paulo Paim. Hoje, o salário mínimo é de mais de US$250. E queríamos que ele fosse de US$100. Estamos há mais de sete anos aqui. Faz sete anos e dois meses. Então, essa foi a sua grande obra, Luiz Inácio. E, como disse Padre António Vieira, um bem nunca vem só. Compreende? Isso distribuiu as riquezas; foi uma minoria.

            Sei que a Bolsa Família é uma caridade. Não sou contra a caridade, mas não vejo perspectivas de grandeza nessa inundação do Piauí. Não creio nisso. Creio em Deus, creio no amor que consolida a maior das instituições, que é a família. Creio no estudo, que leva à sabedoria, que vale mais do que ouro e prata. Está no Livro de Deus. Creio no trabalho. O próprio Apóstolo Paulo disse: quem não trabalha não merece ganhar para comer. Nisso, eu creio. Ele disse: fé, esperança e caridade, que é amor. Mas são sete anos de vacas magras, de falta de visão, de falta de competência, de falta de responsabilidade e de trabalho. Nenhuma fábrica foi feita! É uma loucura!

            Ô Rosalba, falo com a satisfação do cumprimento da missão. Deus me permitiu governar o Piauí por seis anos, dez meses e seis dias. Meu Secretário foi João Vicente Claudino, que tem vocação empresarial, que tem família. Rosalba Ciarlini, ele e eu colocamos no Estado do Piauí mais de duzentas indústrias! Esse Governo, não colocou ali nenhuma. É a indústria da Bolsa Família. Somos campeões. No Maranhão, a população é dobrada.

            A fábrica de cimento, a maior do Nordeste, com Nassau, do Grupo João Santos, fomos nós que a construímos. A maior indústria que peguei fui buscar em Gaspar, em Santa Catarina. Era a Cerval, nacional. Aí a Bünge a comprou, Rosalba. E não foi assim, não: eu ganhei, nós ganhamos. Ela estava indecisa se ia para o Maranhão ou para a Bahia. E nós a conseguimos. Eles nos hospedaram em Camboriú, e fiquei negociando. Além da fábrica, a Bünge industrializou a soja.

            Atentai bem! Rosalba, V. Exª sabe como é difícil o homem do campo ter acesso a banco e ter dinheiro. Gurgacz, V. Exª é empresário. Ele chegava lá. Havia o Banco. Chamava aquele povo, o caboclo do cerrado, e lhe dava dinheiro para produzir, pagava antecipadamente. Foi uma transformação. Em um dia só, Rosalba, recebi trezentas famílias do Sul, a Cotrirosa. Veja como é o Piauí! Consegui isso com Fernando Henrique Cardoso, interrompendo um discurso dele na Sudene. O Cícero Lucena estava ao meu lado. Eu disse: “Vou já parar esse Presidente”. “Tu és doido?” Não sei se a Rosalba já foi ao auditório da Sudene: ele é mais bonito do que este, é uma lua. Eu disse: “Rapaz, o homem está só conversando negócio de açude, essas conversas aí”. Os Deputados sabem que lagoa é só açude, e nunca terminavam açude para as verbas irem para lá. Quero é energia e transporte para o Piauí. Eu vi lá, na papeleta, que não havia nada, Rosalba, só essas enroladas de sapo de lagoa para Deputado. Só se buscava dinheiro, e nunca pagava. Quando fui inaugurar um açude lá, quase caí. O Prefeito disse: “Faz 50 anos que começou”. Digo isso para V. Exª ver como era. O Cícero Lucena disse: “Tu és doido”. Ele era Ministro da Integração. Eu disse: “E aí? Onde é que buzina?”. Ele disse: “É aqui. Tu és doido”. Aí bum! Olha, a sirene é mais bonita do que esta. O Fernando Henrique ficou assim... Havia uma greve da Petrobras no começo do Governo dele, e, para ele entrar, foi aquela confusão doida! Havia uma frente de grevistas! Pela cara dele, era como se tivessem invadido a Sudene. Ele, quando viu que era eu, até que ficou tranquilo. Disse: “Vá, Mão Santa, você já quebrou o protocolo, fale”. Ai eu disse, no meio do discurso dele: “Olha, o senhor é um Presidente da República, foi eleito por voto. Eu sou Governador. O que nós precisamos no Piauí? O senhor falou aí em Juscelino. Ele falava em energia e em transporte. Nós temos, de cerrado, onze milhões de hectares, três milhões à beira do rio. No Piauí, jorra água, mas não há energia. Você está falando aí na Sudene e em Juscelino. Ele falava em energia e em transporte. É o que quero. Não quero esses negocinhos aí que esses técnicos estão botando”.

            Eram aqueles Deputados sapos de lagoa que só colocavam aquelas verbas, mas as obras não acabavam! Olha, Rosalba, um Deputado ficou meu inimigo, porque não era para terminar a obra, não. Aquilo era para, todo ano, entrar no Orçamento. V. Exª sabe que, enquanto não termina a obra, é fácil: pá, pá, pá. Um Deputado ficou inimigo, porque, quando ele viu, acabei o açude dele em noventa dias, o de Piracuruca. Era da OAS, dessas empresas aí. Não era para terminar. Terminei um, e o Prefeito disse: “Começou há cinquenta anos”. Juscelino fez Brasília em seis anos e seis meses. Conheço essa malandragem. E assim foi.

            E havia Petrônio Portella. Eu dizia: “Eu quero as inacabadas”. E ele me deu energia: 230 quilowatts. Havia São João, Canto do Buriti e Eliseu Martins. Na minha região, eram 69 quilowatts. Ó a visão lá onde eu moro! Eu botei 230 quilowatts, porque eu tive visão de futuro. Isso trouxe transformação, e aí isso espraiou.

            A estrada no cerrado, eu a fiz como pude, e ela está do mesmo jeitinho. Pensei que esse Governador ia asfaltá-la. O porto foi iniciado há quase cem anos por Epitácio Pessoa, e pensei que ele ia terminar. Levou Alberto Silva, dizendo que ia botar os trens para rodar. Não trocaram nem um dormente. Falo de Alberto Silva, do PMDB.

            Olha como mente essa gente! Não sei se eles mentem mais, roubam mais, ou se a incompetência é maior. Aí é difícil! Se V. Exª me perguntar isso, não sei responder. Mas nada, nada, nada, nada! Na Oesp, na universidade, no último vestibular que dirigi, compareceram 67 mil brasileiros. Deu um terremoto. Fiz convênio com tudo, com a Fundação Getúlio Vargas, que era para supervisionar a Universidade Estadual. Fui até beneficiado, Rosalba, porque o primeiro curso que eu trouxe foi o de Gestão Pública, e eu me inscrevi como aluno. Eu fiz a Oesp gigante. Eu dei o palácio do Governador, moderno, para o Reitor. Eu voltei e me instalei no velho, no pequenininho, no meio do povo. Foi o maior desenvolvimento universitário, com quatrocentas faculdades, com 36 campi. Isso quase está acabando.

            Graças a Deus, isso mudou! O Governador, agora, é o Vice, é do PSB. Que Deus o ilumine! Ele tem o apelido de Trator. Mas a desgraceira foi grande.

            Quero dizer que, quando vi o Governador, eu o apoiei na primeira viagem, o traquino. E me lembro que fui ao primeiro encontro com Luiz Inácio, um almoço, uma recepção. Ele é simpático, o Luiz Inácio é agradável, é afável. O meu cabelo estava assim como o da Rosalba. Aí ele meteu a mão: “Mão Santa, ajude-me, tome conta do meu garoto”. Garoto! Ele chamou de garoto o que ele deixou. Mas é porque ele não sabia, o Luiz Inácio, que o garoto era traquino e mentiroso.

            Olha, a primeira viagem que fiz com ele, Rosalba - estava do meu lado Marcelo Castro, que é do PMDB, que é coligado, Deputado Federal -, foi a São José dos Peixes. Eu tinha feito umas obras lá, e me deram esses títulos. Aí, ele falou, Rosalba: “Vou construir cinco hidroelétricas no rio Parnaíba”. Rosalba, estudei muito. Eu sou um homem preparado. E digo isso não com vaidade ou com orgulho, mas por gratidão aos meus pais, aos meus avós, aos meus professores, que me possibilitaram todas as oportunidades. Mas, Rosalba, quando o homem disse que ia fazer cinco hidroelétricas no rio Parnaíba - sou um médico -, pensei: “Esse aí é um mentiroso contumaz”. Cinco? O Piauí tem uma banda de uma hidroelétrica sonhada por Juscelino, por Milton Brandão, um Deputado. Era a de Boa Esperança. Mas não fizeram a eclusa, e o rio era navegável no sul, em Santa Filomena, em Floriano e em Teresina. O rio é navegável! E não fizeram isso. Se ele tivesse dito que ia terminar as que existiam... Mas ele disse que ia fazer cinco hidroelétricas! Olha, se só há uma banda em tantos anos de Piauí, que é Brasil... O sujeito disse isso para cima mim! Cinco hidroelétricas? Depois, ele ainda inventou outra no rio Poti: seis hidroelétricas. Nenhuma foi feita!

            Nunca vi tanta mentira, tanta corrupção! Luiz Inácio levou muito dinheiro para lá, mandou muito dinheiro para lá, mas a turma roubou muito. É aloprado lá que não há jeito, ó Deus, ó Deus!

            Acabou! Então, a gente não vê nenhuma obra, nenhuma indústria, nenhuma faculdade. E tudo o que tinha acabou: o Centro de Convenções, a Poticabana, o teatro que fizemos. Outro dia, fui ao teatro, assistir a um grande artista, o maior humorista do Brasil, que é do Piauí: João Cláudio Moreno. Cheguei na hora, mas não havia mais ingresso. Mas um assessor dele conseguiu o ingresso. Olha, aquele teatro é secular. Eu é que recuperei a praça, eu é que recuperei o Clube dos Diários, o Teatro, o Centro Artesanal. A praça eu a conheço bem. No teatro, há o térreo e há também... Como é que a gente chama, Rosalba? V. Exª vai muito ao teatro. Há os camarotezinhos, são duas fileiras. Aí o João Cláudio dizia: “Não pudemos vender para o Mão Santa. Tive de ceder um ingresso do parente, porque ele quis ir com a Dona Adalgisa”. E as duas foram interditadas pelo Ministério Público, porque estavam caindo! As duas... São dois degraus; como nós temos um aqui, são dois. E o humorista muito chateado porque a renda dele baixou para a metade - só tem metade. Haja disso!

            Outro dia, houve uma competição esportiva no Verdão, que caiu uma vez, eu recuperei e está lá acabado. E aí transferiram para o Maranhão. Esse é o Piauí do PT!

            Rosalba, não deixa não que tome esse governo, porque essa gente... Olha, é pior do que um terremoto. Eu vi, eu acompanhei e eu lamento o que houve lá no Haiti, no Chile, mas... Quantas faculdades esses homens fecharam, quantas esperanças morreram?

            Tem Bolsa Família? Tem. Eu estou sendo sincero. O Luiz Inácio andou e deu muito dinheiro, mas...

            Olha, eu pensei que ia sair - tem um projeto na Petrobras - uma refinaria em Paulistana. Paulistana é o sul do Piauí. Não sou eu não, são os técnicos. Entrar na luta. Eu digo: o homem é do PT, o Lula é do PT. Nós vamos ter essa nossa refinaria. Porque ela é equidistante, Paulistana, de todas as capitais - de Boa Vista, de Manaus, de Belém, de São Luís, de Teresina. Então, o grande drama vai ser nos derivados, daí a refinaria. É mais caro, mas Brasília era mais cara e como foi bom.

            O porto, um terminal petrolífero, daria um porto pesqueiro, porque bastaria o combustível. E nada, nenhuma fábrica.

            Eu, João Vicente, Secretário de Indústria e Comércio, depois ficou meu irmão, nós fizemos 200. Vinte e sete fábricas de castanha, não tinha muito, eu fiz. Uma multinacional, Euro. Então, nada, estou falando, Bolsa Família é uma caridade boa, mas não vejo perspectiva. Ainda a transnordestina e eu vim aqui para isso. Além disso... Mas está em tempo. Padre Geraldo Gereon, São Francisco de Assis do Piauí.

            Rosalba, olha, esse padre é estrangeiro. Ele está... Eu o conheci em Simplício Mendes, mas agora ele está em São Francisco. É um desses padres europeus que vem e se dedica mesmo. Ele não se limita só a evangelizar, não. Ele faz barragem, faz açude, ele educa, ele faz conjunto popular, na lavoura... Eu, Governador do Estado, ele estava em Simplício Mendes, nunca deixei de ir lá para ouvi-lo, distribuir trator, como é que faz a barragem, existem esses homens... Daí a minha atenção e não foi ele quem mandou, são esses e-mails que a gente recebe. Foi Cleiton Fialho Coelho. Ele mandou o e-mail e está aqui:

            Atenciosamente, Cleiton Fialho Coelho, Simplício Mendes do Piauí. Onde estava o padre que hoje está em São Francisco. Ele diz aqui no e-mail enviado: Mão Santa - Francisco de Assis de M. Souza. Assunto: ferrovia e massacre de pobres. Carta Pe. Geraldo que ele incluiu no e-mail. Um santo!

            Isso é uma bênção de Deus, porque ele não se limita, o que é muito bom... Os princípios cristãos, mas ele é um homem que faz barragem, que faz açude, faz irrigação, ensina, é um desses que Deus abençoou e nos mandou. Estou enviando dois anexos sobre a ferrovia transnordestina, uma carta do Pe. Geraldo Gereon e um relato de danos.

            Então, essa transnordestina que o Governo fala, o PAC do Luiz Inácio, olha o que diz o jovem aqui:

Venho através deste solicitar apoio de S. Exª, Senador, para uma obra faraônica que corta o centro sul do Piauí, que está causando problemas futuros a pequenos produtores rurais do Município de Simplício Mendes.

Essa obra trará prejuízos irreparáveis a esses produtores, pois muitos deles têm pequenas propriedades sendo cortadas pela linha férrea, outros assentamentos de reforma agrária, os quais têm lotes que variam de 100ha a 20ha, isso é desastrante para uma política de reforma agrária que é desenvolvida no País, esta obra está cortando três assentamentos e um perímetro irrigado (Betania - Incra, Ipueira I - Crédito Fundiário, Ipuera II - Crédito Fundiário e perímetro irrigado Morro dos Cavalos - Dnocs), dois desses assentamentos estão em fase de conclusão das casas, o assentamento Betania encontra em fase de conclusão do Pronaf A, que irão iniciar a pagar as primeiras parcelas em 2010, mas pelo previsto em projeto da ferrovia transnordestina será cortado ao meio inviabilizando a criação de caprinos e ovinos, atividades as quais foram financiadas e precisa gerar renda para manutenção das famílias e pagar o banco. 

Daí surge uma pergunta: a ferrovia é um progresso? Para quem? Para quantos? E para isso é preciso sacrificar quantos? É esse o progresso que o Governo brasileiro tanto fala? E aquele projeto de bom samaritano do Presidente Lula de ajudar o Nordeste, será que é essa ferrovia que vai transportar as altas toneladas de milho, soja, algodão e minério, extraindo pelas empresas que estão no sul do Piauí, produzindo e pagando impostos, a preço de banana?

E a melhoria de vida na agricultura proposta pelo Governo? É inviabilizar a atividade para um tanto de famílias que mora próximo a cidade do governador (...)

            O que eles se queixam é que não tem indenização. Passa a coisa, acabam os assentamentos e a ferrovia... Como tem um relevo alto, corta no meio e não tem indenização, não tem as audiências públicas necessárias para aqueles que vão ser prejudicados.

            Então, eles se queixam e dizem aqui que o Governo, a obra é cara, tem que ser... Mas eu quero ser o porta-voz a oferecer até a Comissão de Infraestrutura, dirigida pelo Presidente Collor, para trazermos essas lideranças que dizem aqui. O que eles reclamam é disso.

Este foi o grito que se levantou em Simplício Mendes. No entanto, as leis do País exigem, nos casos de empreendimentos dessa magnitude, que o poder público realize “audiências públicas” claramente definidas nos seus procedimentos, antes do começo das obras. [Na região, nunca foi feito o que a lei determina]. No caso da Transnordestina, as desapropriações são por conta do Estado. Nesta reunião de repúdio público não compareceram: nem o Governador de Estado, [nem o Secretário], nem o Poder Judiciário, que executa as desapropriações, nem os advogados da Fetab, que dizem defender os trabalhadores rurais.

Apenas os dois Defensores Públicos de comarcas envolvidas declararam que o papel deles é conciliatório e que os atingidos contassem com o seu apoio. Ninguém apresentou uma descrição clara com os detalhes das desapropriações (avaliações, preços, etc.). Apenas encenou-se um grito de dor e revolta. Este, certamente, nem chegou ainda na capital do Estado.

            Quer dizer, essa demagogia, isso tudo... cadê aquilo que a lei manda? É lógico que se sabe do benefício e ninguém está contra... Mas vamos ver lá o caboclo que acreditou, o caboclo que plantou, e é do semi-árido. O seu Rio Grande do Norte tem quanto de semi-árido? É duro.

            A Srª Rosalba Ciarlini (DEM - RN) - Oitenta por cento de todo o Estado é semi-árido.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - O Piauí tem 40%. V. Exª sabe o que é a luta desse povo. E esse padre que lidera... Daí a nossa crença. E, primeiro, vamos entrar em contato.

            Então, o que eles pedem: não obstante disso, eles querem uma revisão. Vejam, essas desapropriações, o que eles têm, que eles são os prejudicados. Agora, a preocupação do Governo é fazer encenação, é fazer mídia, é fazer não sei o quê e não ouve o grito. Eles dizem que nunca conseguiram um contato, uma audiência com o Governador e ele era do PT. Graças a Deus se livrou.

            Vou fazer uma reivindicação para o novo Governador, que é médico, deve ter uma sensibilidade, uma formação de médico como nós.

As Igrejas Católicas e Evangélicas têm toda razão para nos chamar à reflexão da Campanha da Fraternidade “Economia e Vida”. A economia tem que estar a serviço da vida, construindo uma cultura de fraternidade e paz. Parece evidente: quem vê o Brasil apenas na extensão geográfica e à luz dos índices econômicos, sofre de miopia mental.

            Então, tenho o endosso de Pe. Geraldo Gereon, que está... Olha, Simplício Mendes era uma cidade média, ele foi para uma mais pobre, São Francisco de Assis, quer dizer, é um homem vocacionado, que sabe, então, eu nunca, ó Deus, agradeci, adentrei neste semi-árido sem me apresentar a esse Padre, porque ele conhece as dificuldades. Rosalba, nosso Senador Acir Gurgacz, mas, no semi-árido, é de chorar, é de doer e de lamentar. Então, é esse grito que sai de uma galinha cacarejadora, enganando todo mundo com seus cacarejos da obra, enquanto a população chora. E trago este lamento.

            Então, esta é a reivindicação que faço ao Presidente da República, ao Ministro, ao Governador que assumiu, e vou levar o caso à Comissão de Infraestrutura, porque, desde que eu era menino, eu assistia àqueles filmes das ferrovias norte-americanas, tem que indenizar os prejudicados, os que têm as terras, porque não é simples, não. É como eles dizem, a via férrea é alta, então, você está de um lado, a água está do outro, tem que andar seis, oito quilômetros para se abastecer num lugar que não tem água. É verdadeiro, fiz uma síntese e, aqui, vai a gratidão a Deus por ter mandado o padre Geraldo Gereon a dar ânimo ao sofrido povo do semi-árido do Piauí.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/04/2010 - Página 13025