Pronunciamento de Marconi Perillo em 12/04/2010
Discurso durante a 49ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Indignação com dossiê anônimo, que conteria falsos passaporte, procuração e extratos de movimentação bancária no exterior, em nome de S.Exa. Anúncio de pedidos de providências ao Senado Federal, à Procuradoria-Geral da República e ao Ministério da Justiça, voltadas a elucidar a autoria do ilícito.
- Autor
- Marconi Perillo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
- Nome completo: Marconi Ferreira Perillo Júnior
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
CALAMIDADE PUBLICA.
SEGURANÇA PUBLICA.:
- Indignação com dossiê anônimo, que conteria falsos passaporte, procuração e extratos de movimentação bancária no exterior, em nome de S.Exa. Anúncio de pedidos de providências ao Senado Federal, à Procuradoria-Geral da República e ao Ministério da Justiça, voltadas a elucidar a autoria do ilícito.
- Aparteantes
- Alvaro Dias, Arthur Virgílio, Cristovam Buarque, Cícero Lucena, Mário Couto, Papaléo Paes, Paulo Duque.
- Publicação
- Publicação no DSF de 13/04/2010 - Página 13693
- Assunto
- Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. CALAMIDADE PUBLICA. SEGURANÇA PUBLICA.
- Indexação
-
- QUALIDADE, SENADOR, VICE-PRESIDENTE, SENADO, EX GOVERNADOR, EX-DEPUTADO, REITERAÇÃO, COMPROMISSO, ETICA, VIDA PUBLICA, RESPOSTA, INJUSTIÇA, TENTATIVA, OFENSA, HONRA, ORADOR, FALSIFICAÇÃO, DOCUMENTAÇÃO, ACUSAÇÃO, PROPRIEDADE, EMPRESA, AUTUAÇÃO, EXTERIOR, OCULTAÇÃO, CONTA BANCARIA, BANCO ESTRANGEIRO, PROTESTO, CALUNIA.
- ANUNCIO, APRESENTAÇÃO, REPRESENTAÇÃO, CORREGEDORIA, SENADO, PROCURADOR GERAL DA REPUBLICA, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), PEDIDO, INVESTIGAÇÃO, ATO ILICITO.
- APOIO, DISCURSO, JOSE SERRA, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, VALORIZAÇÃO, ETICA, POLITICA NACIONAL, DEMOCRACIA, REITERAÇÃO, ORADOR, DIGNIDADE, VIDA PUBLICA.
- SOLIDARIEDADE, POPULAÇÃO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), VITIMA, CALAMIDADE PUBLICA, CHUVA, INUNDAÇÃO.
- DEPOIMENTO, ATUAÇÃO, ORADOR, PRESIDENCIA, CONSELHO, SAUDE, SERVIDOR, SENADO, PROVIDENCIA, TRANSPARENCIA ADMINISTRATIVA.
- SOLIDARIEDADE, POPULAÇÃO, MUNICIPIO, LUZIANIA (GO), ESTADO DE GOIAS (GO), FAMILIA, MENOR, VITIMA, HOMICIDIO, EXPLORAÇÃO SEXUAL, CUMPRIMENTO, POLICIA CIVIL, INVESTIGAÇÃO, CRIME.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Senador Mão Santa, Srªs e Srs Senadores, na qualidade de Senador da República, 1º Vice-Presidente desta Casa, de ex-Governador do meu Estado, de ex-Deputado Federal, de ex-Deputado Estadual e de cidadão brasileiro, senti-me na obrigação, Senador Arthur Virgílio, Líder do meu partido, de subir a esta tribuna na tarde de hoje, carregado de indignação, para fazer um pronunciamento grave sobre algo que aconteceu nos últimos dias no meu Estado, quando algumas atitudes criminosas foram tentadas contra a minha pessoa, a minha honra, a minha biografia e a minha história.
Ao longo da minha vida pública, sempre tenho feito um esforço muito grande para manter as discussões políticas no campo das ideias, no confronto entre as propostas para governar ou legislar; ideias e sugestões que pudessem levar à sociedade brasileira e, em particular, aos cidadãos do meu querido Estado de Goiás, alternativas para o desenvolvimento sustentável, para o crescimento econômico, para o combate à iníqua distribuição de renda.
Lamentavelmente, Senador Arthur Virgílio, Senadores colegas aqui presentes, fui vítima da formação de um dossiê, semelhante ao que aconteceu com o Dossiê Cayman, quando tentaram, adversários nossos, ferir a honra do nosso querido Mário Covas e de outros grandes ilustres brasileiros. Depois, mais recentemente, através do chamado Dossiê dos Aloprados, tentaram macular a honra e destruir a carreira política de um dos homens públicos mais notáveis deste País, o ex-Governador, ex-Senador e, se Deus quiser, futuro Presidente da República, José Serra. Para nossa sorte, para nossa felicidade, essas duas tentativas se frustraram.
E, agora, vejo-me como vítima de mais uma cilada daqueles que, utilizando-se das ferramentas do mal, ou, como disse o Serra, as falanges do mal, revelando uma grande pobreza de espírito, uma alma muito pequena, muito reduzida, de pessoas que não têm Deus no coração, nas consciências, tentam, através de um dossiê fajuto... Eu não entendo de dossiê, nunca passei perto de dossiê, mas, pelo que pude comprovar, checando falsificação de passaporte, de procuração, de movimentação de contas bancárias, pude perceber tratar-se de um dossiê muito malfeito, feito por amadores cujo objetivo era tão somente macular a minha honra, minha história e minha biografia, especialmente num período eleitoral.
No dia de hoje...
O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Perillo, quando V. Exª entender que seja o momento acertado, gostaria de ser o primeiro a aparteá-lo.
O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO) - Perfeitamente. Terei o prazer em conceder o aparte a todos os Senadores aqui presentes.
Mas, hoje, saí bem cedo de Goiânia, com o objetivo de tomar alguma atitudes, algumas providências. E a primeira delas foi preparar algumas representações, uma delas ao Presidente do Senado Federal, solicitando à Corregedoria da Casa que tome todas as medidas, que adote todas as medidas no sentido de apurar esse ilícito, de apurar esse crime praticado contra a instituição e contra um dos Senadores, por coincidência também o 1º Vice-Presidente da Casa.
Depois, fui à Procuradoria Geral da República e, num encontro com a Subprocuradora-Geral, Drª Duprat, já que o Procurador-Geral da República, Dr. Roberto Gurgel, está viajando, entreguei-lhe também uma representação, pedindo rigorosa apuração em face desse documento falso, em face dessas falsificações.
E, daqui a pouco, após este pronunciamento, irei ao Ministério da Justiça, para entregar também ao Ministro interino uma outra representação pedindo também a apuração rigorosíssima desse lamentável episódio.
Exatamente pela conduta pública que tenho adotado ao longo dos anos, é que estou vindo à tribuna para repudiar, de forma veemente, esse ato de mau caratismo, de cafajestagem com que se pretende macular a minha reputação, a minha honra, dizendo que eu poderia ser proprietário de uma empresa com transações no exterior.
Procurei, Senador Arthur Virgílio, Senador Alvaro Dias, Senador Papaléo, Senador Cícero, Senador Mão Santa, Senador Mário Couto, no dicionário Caldas Aulete, a tradução de algumas palavras, como, por exemplo, a palavra cafajeste. Eu não gosto de citar esse tipo de palavra nos meus pronunciamentos. Não gosto de me referir dessa forma a adversários, mas este é um assunto tão sério que eu procurei no dicionário algumas traduções em relação a algumas palavras que possam caracterizar esse tipo de atitude lamentável, de atitude rasteira. Cafajeste é um brasileirismo, substantivo e adjetivo comum de dois gêneros, diz-se de quem revela canalhice, vileza. A palavra canalha, por sua vez, é também substantivo e adjetivo comum de dois gêneros, que se diz de quem ou do que é desprezível. Uma outra palavra que poderia às vezes caracterizar esse tipo de atitude e de comportamento é a palavra crápula. Por seu turno, é substantivo comum de dois gêneros e significa pessoa vil ou desonesta, salafrário, desregrado, libertino.
Caráter, por fim, denota o conjunto de traços da personalidade ou do comportamento de um grupo ou de uma pessoa. Se alguém tem mau caráter, pode-se dizer que, entre outros traços, seja canalha, crápula ou cafajeste. Portanto, pode-se entender que as palavras e expressões em tela pertencem ao mesmo campo semântico e, a grosso modo, são sinônimas.
Apresento, de modo geral, uma série de expressões populares correlatas, usadas na língua portuguesa nas diversas regiões do Brasil, tais como - eu procurei no dicionário, Presidente Mão Santa, para tentar identificar o que pode significar uma atitude como essa e o que representa uma pessoa capaz de um gesto tão baixo como esse, e cheguei à conclusão de algumas palavras, que estão no dicionário mas que eu não utilizo no dia a dia - vil, safado, sem vergonha, sem escrúpulos, vulgar, malandro, pilantra, biltre, infame, chantagista, venal, devasso, indigno, detestável, perverso, cretino, libertino, salafrário, torpe, baixo, abominável, insuportável, patife, ordinário, chinfrim, desqualificado, moleque, chulo, abjeto, ignóbil.
Devemos observar que é questionável a noção de sinônimos perfeitos, ou seja, as quatro expressões - cafajeste, canalha, crápula e mau caráter - podem ter, em determinado contexto, significados bem próximos, mas trazem em si traços semânticos específicos que as distinguem e podem restringir o uso de cada uma delas. Por fim, ressaltamos que, nas fontes consultadas preliminarmente, não se verificou traço regional nas expressões, mas de um caráter mais geral.
Antes de passar aos apartes, eu queria lembrar aqui alguns trechos do memorável discurso, do apreciável discurso, daquele discurso de maior conteúdo que já ouvi em uma convenção partidária ou em um lançamento de candidatura, que foi o discurso do Serra.
Marcou-me muito, Senador Cícero Lucena, quando Serra, ao referir-se carinhosamente e saudosamente ao seu querido pai, trabalhador, lutador, pequeno feirante no mercado de São Paulo, citou uma frase que, para mim, foi a mais bonita de todo aquele discurso. Ele disse que o pai carregava caixas de frutas nas costas para que, um dia, o filho, José Serra, futuro Presidente da República, pudesse carregar caixas de livros. Ele deixou uma mensagem fantástica do quanto é importante valorizar o trabalho e, por meio do trabalho, viabilizar oportunidades ou democratizar oportunidades para os filhos dos trabalhadores. E só a educação é capaz de democratizar oportunidades.
Mas o Serra disse, naquele dia, outra frase que marcou. Acho que foi a segunda frase mais importante: “Quanto mais mentiras os nossos adversários disserem sobre nós, mais verdades falaremos sobre eles”.
Esta tarde é a tarde da verdade. Nós estamos aqui para dizer que somos homens públicos íntegros, que temos bom caráter, que prezamos nossas biografias, nossas histórias, o nosso trabalho, o nosso esforço, a nossa luta, e que não serão algumas articulações, algumas artimanhas, montadas na calada da noite, que vão calar a nossa voz ou que vão cessar a nossa luta em favor de um Brasil com crescimento, mas com justiça social, em favor de um Goiás que possa oferecer efetivamente oportunidades iguais para todos.
Serra ainda nos brindou com uma outra frase que, na minha opinião, também é marcante nesse discurso antológico, nesse discurso memorável dele. Ele disse: “Democracia e Estado de direito são valores universais, permanentes e insubstituíveis, mas não são únicos. Honestidade, verdade, caráter, honra, coragem coerência, perseverança são essenciais ao exercício da política e do poder”.
Verdade, transparência, honra, Senador Mão Santa, são o que muitos que ainda atuam na política brasileira precisam praticar. Sair do discurso mentiroso, do discurso falacioso para o discurso verdadeiro, honrando Rui Barbosa, honrando os republicanos e os brasileiros que mais se dedicaram à construção da nossa identidade nacional.
Portanto, fabricar um dossiê ao estilo Cayman, ao estilo aloprados, para tentar macular a honra de um Senador que se pauta pela dignidade, pelo trabalho, pela luta, pela transparência, é no mínimo grotesco; simular um dossiê que dá conta de que eu teria contas no exterior através de uma empresa é no mínimo risível, Sr. Presidente.
E estou aqui, com muita indignação, para dizer que vou às últimas conseqüências, que vou à luta para identificar os autores cujas atitudes e seu significado já descrevi aqui utilizando o próprio dicionário. E mais do que identificar os autores, vou à luta para que eles possam ir para a cadeia, conforme lembrou ainda há pouco Mário Couto, para que eles possam ir à cadeia, possam pagar por seus crimes.
A única conta que tenho, as únicas contas que tenho, Senadores, Presidente, estão em Goiânia. Não tenho nenhuma conta além dos limites de Goiânia. Nem a minha conta de movimentação do salário do Senado está aqui em Brasília. Recebo o salário de Senador na conta do Banco do Brasil em Goiânia. Eu jamais tive qualquer conta que não fosse em Goiânia, salvo o tempo em que era Deputado Federal e recebia aqui na Câmara através da Caixa Econômica Federal. De modo que a minha vida é um livro aberto. Eu sempre tive muito respeito pelo Erário, pelas pessoas, pelas pessoas do povo, porque sempre compreendi que cada tostão desviado pelos ralos da corrupção significa a morte de mais uma criança por falta de recursos para a saúde, Senador Papaléo, significa falta de giz ou falta de condições para que as crianças estudem. Eu sempre combati a corrupção de forma veemente e, mais do que combati, sempre procurei, na prática, exercer as minhas atividades públicas, com correção, com isenção, com seriedade e, principalmente, com honestidade.
Concedo, com muito prazer, o aparte ao Senador Arthur Virgílio, Líder da nossa Bancada aqui no Senado.
O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Marconi Perillo, antes de mais nada, registro algo que é de conhecimento do País: temos nós uma relação bastante próxima a ponto de eu imaginar que, do ponto de vista político, V. Exª não guarde nenhum segredo para mim, como eu não guardaria segredo de minha própria vida para V. Exª. Então, eu não estou sendo surpreendido, porque eu já sabia; V. Exª me chamou ao seu gabinete e me mostrou a documentação. Eu sabia dessa trama. V. Exª me perguntou que sugestão poderia lhe dar, e a sugestão foi justamente no sentido do que V. Exª pretendia fazer: era vir à tribuna e tomar as providências, todas correlatas a essa vinda à tribuna, como, por exemplo, ir ao Procurador-Geral e pedir à Mesa que mande apurar esse episódio sórdido. Eu vi os documentos e notei, primeiro, que é difícil, a essa altura, dizer: “Foi fulano ou foi partido tal ou qual”. Eu conheço um pouco da política de Goiás e, se eu tivesse que escrever, sem publicar, só para efeito de loteria, eu suspeito de algumas pessoas, começando pelos erros de português. Mas eu observei um fato básico: o dossiê é grosseiro; salta aos olhos que a grosseria é a tônica fundamental; é grosseiro; uma criança de 10 anos não acreditaria naquilo; por outro lado, se isso revela inexperiência em falsificar - puxa, nem todo mundo tem todos os defeitos! -, não revela inexperiência em lidar com conta no exterior; a pessoa que fez, ou as pessoas que fizeram o dossiê, essa pessoa, ou essas pessoas, conhece, ou conhecem, bem o que é ter uma conta no exterior, porque está tudo arrumadinho ali; tudo bem arrumadinho, tudo bem montadinho. Isso eu observei a V. Exª. Eu disse: essas figuras aqui conhecem, têm conta no exterior, porque está uma coisa... Parecia mesmo aqueles boletos bancários, aquele balanço do banco. E sempre vai ficar essa dúvida. Era preciso mesmo que houvesse a disposição das autoridades, às quais incumbe investigar uma matéria dessa sorte, que elas de fato se imbuíssem do espírito de chegar aos culpados, ainda que os culpados fossem, por exemplo, digamos, um Deputado Federal de má fama do seu Estado e da bancada governista. Será que vão proteger ou vão apontá-lo à execração pública? Eu estou dando um exemplo. Não tenho elementos para acusar ninguém, mas tenho o direito de suspeitar, pelo meu instinto, meu instinto animal. E eu tenho meu instinto animal. Quero apresentar publicamente o que já fiz pessoalmente, que é a minha solidariedade a V. Exª e à sua família, e dizer que isso aí é um episódio absolutamente menor, que nem de leve maculará V. Exª em nada. Temos até que nos preparar, porque o que deveria ser uma festa democrática, bonita, alegre, ou seja, as eleições, para alguns, que têm medo de perder o poder, pode virar uma guerra. Eles acham que não é para perder o poder de jeito algum. Eu me recordava como foi tão fácil, e não estou nem... Ainda há pouco, eu estava no twitter, e uma pessoa me dizia assim: “Foi o PT”. Eu disse: ao contrário, não desconfio do PT nesse episodio; não desconfio. Pode ser que seja, mas eu não desconfio. Eu não pratico desonestidade, eu não digo uma coisa que não sinto. Mas já houve outros episódios. Eu estava me recordando de como foi tranquila a eleição que deu na vitória do Presidente Lula. O Presidente Fernando Henrique não fez uso da máquina, não fez nenhum cavalo de batalha, votou no seu candidato, procurou ajudar o seu candidato, que era José Serra, mas não fez nenhum cavalo de batalha. Ao fim do pleito, ganhou o Presidente Lula. O Presidente Fernando Henrique passou a ele a faixa presidencial, com muita alegria, e fez uma belíssima transição de um Governo para o outro. O Presidente Fernando Henrique entendeu que era a coisa mais normal do mundo essa coisa bonita que é a transição de poder, a alternância de poder. Mas parece que não é o que entendem os que ocupam o poder hoje. Eles entendem que o poder é algo para ser mantido a qualquer preço, seja o preço das grandes negociatas, seja o dos pequenos empregos, da parasitagem da máquina pública. Esses acham que é uma questão de vida ou morte, para eles, manter o poder. Mas volto a dizer: eu, pessoalmente, não tenho suspeita sobre o PT nesse episódio aí. Meu instinto animal me manda ir noutra direção. Já disse a V. Exª o que acho, vamos ver o que as autoridades acham - se é que elas vão achar alguma coisa. O dever delas é achar. Já chega de denunciarmos, a Mesa encaminha para a Polícia Federal, e depois fica por isso. Minha pergunta é: se meu instinto animal estiver certo e se a Polícia Federal me chamar, eu vou lá e digo de quem eu suspeito; se a Polícia Federal me disser, se a Polícia Federal chegar a alguém que porventura seja da base do Governo, alguém que vota feito um cãozinho, um luluzinho, de acordo com as ordens da Liderança do Governo, será que exibem esse nome à execração pública? Será que pedem ao Ministério Público que sugira o processo dele ao Supremo Tribunal Federal? Ou será que vão deixando o tempo passar e simplesmente brincam com a honra de uma pessoa? E, se os Senadores todos recebessem o documento - e talvez fosse até conveniente entregar a todos os Senadores o documento -, veríamos a grosseria que é essa peça que intentaram contra V. Exª. Portanto, minha solidariedade e a minha confiança de que este País não haverá de conviver com a impunidade de pessoas que são capazes de tentar fazer mal a alguém, pelo jogo do poder pelo poder, do jeito que tentaram fazer com V. Exª nesse episódio tão torpe. Muito obrigado a V. Exª.
O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO) - Agradeço ao Senador Arthur Virgílio, sempre correto, leal, sempre disposto a se solidarizar com seus companheiros, especialmente quando tem a convicção de que estão certos, que estão corretos em relação aos seus procedimentos.
Com a palavra, o Senador Cícero Lucena.
O Sr. Cícero Lucena (PSDB - PB) - Senador Marconi Perillo, minha participação também é para transmitir de público a minha solidariedade e dizer - e é até uma contradição, vamos assim comentar - que me parece que, infelizmente ou felizmente, V. Exª, na condição de Líder, está passando por esse constrangimento. Mas vamos ver pelo lado bom, que é o alerta à Nação para aqueles que eventualmente se encontram no poder do que serão capazes para não perder essa condição de estar no poder. E, muitas vezes, pessoas como V. Exª são vítimas. V. Exª, com a liderança, com a capacidade, com o dinamismo, por tudo o que já fez por Goiás, pelo Brasil e pelo que pretende fazer por aquele Estado, talvez tenha sido a vítima deste momento, mas para dar um alerta ao Brasil como um todo de como alguns que se encontram no poder estão dispostos a se manter a qualquer custo. Os procedimentos, a denúncia que V. Exª traz aqui, o que já adotou, com o pedido ao Ministério Público, a esta Casa, a todos os órgãos competentes, para que aprofundem essas investigações, para dar um basta a esse tipo de procedimento, são muito importantes; mas que também se apurem os responsáveis para que a Nação tome conhecimento. Então, quero dizer que lamento por V. Exª estar passando por esse constrangimento, mas, sem dúvida, é fruto de uma liderança como a de V. Exª, que já fez tanto e que poderá fazer muito mais por Goiás e pelo Brasil.
O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO) - Agradeço ao Senador Cícero Lucena, ex-Ministro e ex-Governador da Paraíba, pelo aparte que muito me sensibiliza, assim como aconteceu em relação ao aparte do Senador Arthur Virgílio, nosso querido Líder.
Com a palavra, o Senador Papaléo Paes, para um aparte. Logo após, o Senador Alvaro Dias e o Senador Mário Couto.
O Sr. Papaléo Paes (PSDB - AP) - Senador Marconi Perillo, quero antecipadamente aqui declarar meus respeitos a V. Exª pela sua vida aberta e limpa, pelo seu passado, que é um passado de orgulho para todos nós, e dizer exatamente que a nossa intervenção tem tudo a ver com esse caso, mas nos deixa até tristes, como cidadãos, como pessoas, como idealistas que somos pela política. Eu ouvia, se não me engano, na CBN, uma discussão entre pessoas muito bem informadas e realmente experientes. Falavam sobre a questão da política, que estava na hora de se apresentarem outras pessoas de bem para participar desse pleito que se aproxima, mas que estavam vendo alguns candidatos, algumas pessoas reconhecidamente de bom caráter abandonando a política, exatamente porque, para quem vem fazer política de boa-fé, não há ninguém, não há jornalista nenhum, não há cientista político nenhum, não há nenhum sábio que tenha conhecimento do que é sofrer internamente por estar carregando nas costas - que hoje isso é um peso - um mandato eletivo. Quer dizer, o que deveria ser uma alegria para todos nós - estarmos representando o nosso povo - passa a ser um peso, porque a exposição a que ficamos submetidos, sujeitos a injúrias, a calúnias, a difamações é muito grande. E é lamentável, Senador Perillo, o que ocorre com V. Exª neste momento: um homem de vergonha, de bom caráter, honrado como V. Exª ter que assumir a tribuna do Senado para falar à população brasileira sobre uma vergonhosa ação de pessoas cafajestes, inescrupulosas, de pessoas do mal, que querem manchar a vida política de V. Exª, exatamente quando se aproxima uma eleição para o Governo do seu Estado e na qual V. Exª, se Deus quiser - já é um vencedor -, se consagrará nas urnas. Então, eu lamento muito, e o Senador Arthur Virgílio diz que não tem, assim, suspeita sobre o PT. Eu jogo as minhas suspeitas sobre o PT sim, também. Não se esqueça de que V. Exª foi o primeiro cidadão, o primeiro político honrado que procurou o Presidente da República para denunciar sobre o mensalão que estava ocorrendo na Câmara dos Deputados. Foi V. Exª! E essa atitude, depois revelada publicamente por V. Exª mesmo, dizendo que tinha alertado o Presidente, gerou ódio naquele homem brincalhão, que só vive alegre, que só vive se exibindo, que tem uma postura duvidosa para um bom Presidente da República. Ontem, inclusive, apareceu em um programa de televisão o Serra sério, do lado, e ele alegre, com um copo de bebida na mão. Pois bem, esse cidadão que vive sempre alegre e populista, com uma postura em geral inadequada para ser representante do povo brasileiro, esse homem criou um ódio por V. Exª. Esse homem cita V. Exª como um dos que ele não vai deixar se eleger, assim como outros companheiros aqui. Então, saiba da minha solidariedade a V. Exª. V. Exª é mais jovem do que eu em idade, mas é muito mais experiente do que eu na área política. E saiba que quem está lhe falando é um cidadão que não está entrando em defesa aleatoriamente, por ser político, por ser seu par. Absolutamente! Estou entrando em defesa como cidadão, como político que faz política de maneira clara e definida e que não aceita que pessoas de bem sejam injustiçadas, que não aceita que a política deixe de contar com pessoas da grandeza de V. Exª. Tenha a minha solidariedade a V. Exª, à sua família e aos seus amigos. V. Exª é jovem, é um vitorioso e tem a nossa credibilidade, Senador Marconi Perillo. Muito obrigado.
O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO) - Agradeço ao querido colega Senador Papaléo Paes.
Antes de passar a palavra ao Senador Alvaro Dias, gostaria apenas de dizer, Senador Papaléo, que esse assunto, esse dossiê, apesar de falso, de nitidamente malfeito, dossiê de quinta categoria, apesar disso, um Promotor de Justiça do meu Estado já encaminhou o pedido de abertura de inquérito - com certeza, um promotor tendencioso, politicamente falando - ao Ministério da Justiça, para que o Ministério da Justiça possa rastrear e bloquear eventuais contas que eu pudesse ter no exterior. Isso é muito grave. Como é que uma pessoa, como é que uma autoridade não percebe tratar-se de um documento fajuto, de um documento de quinta categoria?
Com a palavra o querido Senador e colega Alvaro Dias, para um aparte.
O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Marconi Perillo, nem mesmo inauguramos ainda o calendário eleitoral, e o golpe baixo, o jogo sujo e rasteiro é a prática recorrente daqueles que buscam a desconstrução da imagem na esperança de obter resultados derrotando o adversário. São os especialistas em dossiês. Há uma seleção deles aí ao redor do atual Governo. Nós podemos lembrar os dossiês mais recentes: o dossiê da Casa Civil, fabricado na Casa Civil durante o episódio da CPI dos Cartões Corporativos; há um inquérito em curso na Polícia Federal ainda não concluído; o dossiê dos aloprados; V. Exª fez referência a ele, à mala com R$1,7 milhão, mostrada para todo o País, pelas emissoras de TV em São Paulo, na tentativa de desconstrução da imagem do candidato do PSDB, José Serra, ao Governo paulista. Recentemente, na semana passada, um dos aloprados foi preso no Mato Grosso, mas por outro crime praticado. A impunidade em relação a dossiê no Brasil é que faz com que a prática prospere. E V. Exª, circunstancialmente, está próximo de alguém que, no passado recente, esteve muito próximo desses dossiês. Há, portanto, indícios das impressões digitais dos eventuais marginais que trabalharam na formatação desse dossiê ridículo contra V. Exª. A estratégia delubiana de arrecadação de recursos, que tem sede no seu Estado, certamente é uma estratégia também utilizada para financiar os fabricantes de dossiês ao redor do Governo do Presidente Lula. O importante é que V. Exª está tomando as providências. V. Exª não se omitiu diante do fato. V. Exª veio ao Senado, pediu investigação, deve ir à Procuradoria-Geral da República...
O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO) - Já fui.
O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - ...pedir ao Ministério Público que investigue. Já foi. E certamente a Polícia Federal também haverá de investigar para colocar as mãos - quem sabe?- naqueles que fabricam dossiês neste País e ficam impunes. É a impunidade que estimula essa prática. Se estivessem na cadeia os que fabricaram o dossiê dos aloprados, certamente os atuais fabricantes não estariam tão encorajados a fazer o que fizeram para atingir a honra de V. Exª. Eu creio que V. Exª não deve se preocupar muito com isso. A preocupação é só a de defender sua própria honra, de ver seus seguidores livres do constrangimento. Mas V. Exª tem a confiança de seus colegas do Senado Federal, dos Senadores do PSDB. Nós sabemos da sua integridade, da sua dignidade. Estamos aqui solidários a V. Exª, porque temos absoluta confiança no seu comportamento irretocável. E queremos ser solidários também nesse trabalho que procura, através da investigação, alcançar os responsáveis por esse delito, a fim de que eles possam ser, exemplar e rigorosamente, punidos.
O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO) - Obrigado, Senador Alvaro Dias, velho amigo de tantas lutas e jornadas, um dos Senadores mais acreditados aqui nesta Casa. Obrigado pelas palavras de solidariedade e, principalmente, por continuar acreditando neste seu velho amigo e companheiro.
O mesmo agradecimento faço ao querido Líder Arthur Virgílio, mais uma vez, por acreditar sempre na minha luta, na minha história, agradecimento extensível aos colegas Papaléo, Cícero Lucena, que também já se pronunciaram.
Agradeço muito a solidariedade dos meus amigos, colegas Parlamentares de Goiás, que vieram comigo hoje aqui para as visitas ao Presidente do Senado, ao Procurador-Geral, ao Ministério da Justiça; já se pronunciaram na Câmara dos Deputados, a Deputada Raquel, o Deputado Leonardo, o Deputado João Campos, além da solidariedade do Deputado Carlos Alberto Leréia, do Deputado Jovair, do Deputado Sandes e de outros Parlamentares.
Concedo, com muito prazer, o aparte ao Senador Mário Couto.
O Sr. Mário Couto (PSDB - PA) - Nobre Senador Marconi Perillo, primeiro, vamos fazer uma lembrança aqui: caso Bancoop. Um dos envolvidos no caso Bancoop é o mesmo que elaborou e planejou o dossiê contra o Serra. Isso se tornou coisa muito normal neste País, tanto que foram identificadas as pessoas que fizeram o dossiê contra o Serra e nada aconteceu. O sujeito, seja crápula como V. Exª citou, está aí, fazendo uma fábrica de corrupção em todo o Brasil, roubando aqueles que depositaram seu dinheiro na Bancoop para ter uma vida melhor, ao conseguirem um apartamento. Agora, deixe-me falar algo com o que V. Exª precisa ter muito cuidado. V. Exª é um jovem bem-sucedido. V. Exª já foi Governador de Goiás; V. Exª foi um dos melhores Governadores deste País. Jovem, jovem! Semblante jovem, um homem competente, um homem de sorte, um homem de paz no espírito, um homem que vive com a alma cheia de Cristo, um homem bonito. Eu sou feio, maltratado, já velho, e o Pagot ainda está com ira de mim. Faço uma ideia V. Exª! Faço uma ideia V. Exª, que tem todos esses adjetivos que eu não tenho mais, que já me foram. Lá nos meus 20 anos, eu era até simpático, mas agora... E o Pagot tem uma ira desgraçada de mim. Faço uma ideia de quantos adversários tem V. Exª, irados, querendo acertá-lo, como diz o caboclo lá do meu Marajó. Quantos querem prejudicá-lo hoje? V. Exª quer que eu lhe conte uma história rápida? Vou lhe contar, até para que V. Exª possa já conversar com a sua esposa. Isso é importante. No meu primeiro mandato de Deputado Estadual, fizeram uma coisa semelhante a essa. Eu estava tranqüilo como V. Exª está, pois nada devia, graças a Deus. Minha vida é limpa. Posso ir à tribuna, bater no peito e dizer que a minha vida pública é limpa. Acusem-me quem quiser me acusar. Eu posso dizer isso. Muitos eu sei que não podem. Você pode dizer isso, tenho certeza disso. Então, causa inveja. Eu recebi umas denúncias contra a minha pessoa. Naquela época não se falava em dossiê. Várias denúncias era o termo aplicado. Hoje se coloca dossiê. E eu disse: Olha, duas coisas podem acontecer: ou ira ou amor, porque amor também causa isso. Pode ser de homem e pode ser de mulher, porque é natural, hoje em dia é natural. Quem é contra isso? Hoje em dia é natural, eu tenho o maior respeito pelo amor dos homens. Eu tenho o maior respeito. O mundo se curva a isso hoje. Então, pode ser o amor de homem, pode ser o amor de mulher. Eu quero lhe dar um conselho. No fim, eu fui apurar e era o amor de um homem. E eu chamei, disse que era casado, procurei explicar a situação, e graças a Deus foi entendida. V. Exª precisa se preocupar com isso. Comunique, imediatamente, ipsis litteris, o teor desse dossiê a sua esposa, pelo amor de Deus. Eu fiz isso, eu fiz isso. Faça isso porque V. Exª pode chegar a essa conclusão. Nada de mais. Eu tenho o maior respeito. Já lhe falei. E trato isso com o maior carinho. V. Exª não deve nada a ninguém. Faça assim para eles: quá-quá-quá-quá! Ache graça da cara dos invejosos que tentam prejudicá-lo. Dê o troco nas urnas. V. Exª vai dar! V. Exª vai ser o governador de Goiás! V. Exª vai bater recorde de votação. Sabe por quê, Senador? Porque V. Exª respeitou o povo quando foi Governador; porque V. Exª foi um governador jovem, um dos mais competentes deste País e o povo quer V. Exª de volta! É por isso que cria ira em alguns. Sorria daqueles que tentam fazer isso contra V. Exª. Os meus eternos parabéns pela sua postura! Esse jovem que me orgulha dizer: companheiro; esse jovem de que me orgulho ser parceiro de partido; esse jovem que tem um respeito profundo pela sua sociedade, que ama o seu Estado, que já mostrou isso muitas vezes! Isso é natural da vida pública, natural da vida pública. Eu quero dizer a V. Exª que eu não tenho a menor dúvida do amor e do carinho que o povo de Goiás tem por V. Exª. O resto, Senador, é o resto. Muito obrigado.
O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO) - Obrigado, querido Senador Mário Couto, amigo, companheiro, destemido Senador nesta Casa, por suas palavras carinhosas e de encorajamento. Eu vou levar muito em consideração essa sugestão. Vou conversar ainda hoje com a minha esposa, temendo que possa ocorrer comigo o que aconteceu com V. Exª. Isso também é possível!
Com a palavra, para um aparte, o querido Senador Paulo Duque.
O Sr. Paulo Duque (PMDB - RJ) - Eu sou um dos mais recentes Senadores que têm passado por aqui e tenho o maior respeito por todos os Senadores. Cada qual mereceu uma análise pessoal; analisei todos, antes de usar a tribuna pela primeira vez. Todos! E V. Exª me impressionou muito não só pela sua maneira de ser, a sua educação esmerada, a sua presença física agradável, como ainda o seu modo, vamos dizer assim, a sua seriedade no trato com a coisa pública. V. Exª não é desses políticos fáceis, de rir muito, de quebrar a palavra, tanto que chegou à 1ª vice-Presidência do Senado com uma votação sem restrições. Da minha parte e de todos os outros, eu tenho certeza disso! Eu quero lembrar aqui, neste momento em que o Senado está tão tranquilo, que houve uma fase no Brasil, de 1922 a 1930, uma fase de revolução exatamente por causa desse tipo de coisa.
Refiro-me às chamadas cartas falsas atribuídas ao então candidato a Presidente e Governador de Minas, Arthur Bernardes, no Governo Epitácio Pessoa. O Correio da Manhã, no Rio de Janeiro - eu gosto de fatos históricos e V. Ex.ª também, nessa fase, há um exemplo histórico -, que fazia oposição muito grande ao antigo Parlamentar e então Presidente da República, Arthur Bernardes, publicou essas cartas como sendo deles. E foi provado depois que eram cartas falsas, o próprio falsário, mais tarde, em carta ao ex-Presidente, confessou toda a trama. O falsário, o que se esconde, o que não tem coragem de falar, é sempre uma personalidade corrupta, ele não quer dinheiro às vezes, mas quer atazanar a honra de alguém. Soube do episódio pelo ilustre Senador Papaléo Paes, soube do episódio agora. Estou lhe dizendo, estou relembrando um passado em que cartas falsas, cartas, foram submetidas a juízo do Clube Militar do Rio de Janeiro e quase levaram o país a várias revoluções internas. Veja V. Exª como é terrivelmente grave uma coisa dessas, sobretudo quando se é inocente no caso. Se V. Exª estivesse em julgamento - e não está, de jeito nenhum -, poderia estar certo de que seria absolvido por unanimidade por este Senado. As palavras do Senador pelo Pará refletem bem o sentimento de todos os presentes aqui. São palavras de quem o conhece há mais tempo do que eu. V. Exª pode estar certo, venho de uma cidade que, no momento, está sob o manto da tristeza - Niterói, Rio de Janeiro -, sob o manto da desolação, do pranto, do cemitério, pelas desgraças que lá ocorreram. Mesmo assim, ao vê-lo nessa tribuna, senti a indignação de V. Exª. Mando aqui uma palavra do povo que represento, do Estado que represento, de integral solidariedade a V. Exª. V. Exª é testemunha do tiroteio que sofri de toda a imprensa há pouco tempo. Isso passa. Isso passa. Tenho certeza que V. Exª não vai guardar na alma isso, porque tem a segurança da sua conduta reta que todos nós admiramos. E pode estar certo: assino embaixo do que o Papaléo Paes disse, assino embaixo do que o Senador Alvaro Dias disse. Estou falando aqui com o futuro Governador do Estado de Goiás. V. Exª, na minha opinião, na minha percepção de homem vivido, é uma das pessoas mais sensatas, mais sérias e mais corretas deste Senado, desta legislatura. Queira aceitar o aperto de mão que lhe envio aqui neste momento em nome do meu Estado.
O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO) - Agradeço de coração ao Senador Paulo Duque as palavras de carinho, de estímulo, de amizade, de reconhecimento, de apreço.
Aproveito, Senador Paulo Duque, para me solidarizar com V. Exª, com todas as autoridades do Estado do Rio de Janeiro e com o povo do Rio de Janeiro pelo sofrimento vivido nestes últimos dias. Quero me irmanar a V. Exª e a todos os irmãos cariocas, fluminenses, por tudo que o Rio de Janeiro tem passado nos últimas dias. Estou à disposição para colaborar e ajudar em qualquer momento. Conte com a minha amizade.
V. Exª, em seu aparte, ao se referir a esse episódio, envolvendo Arthur Bernardes e as chamadas cartas falsas, fez-me lembrar da utilização de um personagem muito conhecido para tirar vidas inocentes de outros, quando os verdadeiros autores intelectuais não tinham coragem de fazer isso. Eles se utilizavam-se dos chamados jagunços.
A mesma coisa aconteceu, e acontece, com relação a alguns políticos e alguns cidadãos que, não tendo a coragem para escrever artigos, denúncias contra cidadãos de bem, se utilizam dos chamados “jagunços da pena”, “jagunços da caneta” para conspurcar a honra de terceiros, principalmente de seus adversários.
Esse tipo de cafajeste, que se utiliza desse expediente de dossiê falso, é pobre de alma, pobre de espírito, fraco de espírito, é uma pessoa que não tem Deus no coração, na mente. Essas pessoas são jagunços contra a honra alheia, que buscam destruir a honra das pessoas.
Há o tipo de jagunço que procura matar, tirar a vida, e existem aqueles jagunços que buscam, a mando de outros, matar a honra alheia, a biografia de outras pessoas, a história.
Graças a Deus, tenho muita tranquilidade para vir aqui hoje para falar ao Brasil das minhas mãos limpas e da transparência com que agi, ao longo da minha vida, nas funções públicas que exerci.
Estou presidindo, aqui no Senado, o Conselho de Saúde dos funcionários do Senado. Em pouco mais de um ano, tomamos as maiores providências da história do SIS. É um fundo de quase 150 milhões de reais. Tomamos todas as atitudes necessárias para moralizar o SIS. Conto com o apoio de conselheiros sérios, idôneos, altamente capazes e profissionais, mas é mais um desafio que estou tendo a oportunidade de enfrentar e, com certeza, hei de vencê-lo.
Voltando a história do dossiê e já vou encerrar, Sr. Presidente Mão Santa.
Querem repetir comigo, a velha e malfadada estratégia do dossiê Cayman, do dossiê dos aloprados, entre outros, forjados próximos às eleições de 1998, depois a outra em 1996 com a idéia de difundir que membros do Governo Fernando Henrique e, depois que o próprio ex-Governador José Serra, seriam titulares de contas no exterior. O amadorismo de 1998 e o de 2006 se repetem agora, tendo em vista o que tentaram fazer comigo. O documento é precário: na primeira página há um pedido de transferência em inglês do Vancouver Bank para uma conta X, da empresa Aztec Group, que seria de minha propriedade, do Citibank de Nassau nas Bahamas.
Seguem-se diversos equívocos que impressionam pela torpeza. Nem sequer o meu próprio nome consta de forma correta no passaporte falsificado; eu me chamo Marconi Ferreira Perillo Júnior, o meu pai se chama Marconi Ferreira Perillo. Omitem no passaporte o nome Ferreira. Eu nunca vi isso. Eu tenho três passaportes, em todos eles constam o nome correto. Como é que uma autoridade faria um passaporte em que não constasse o nome correto que consta da certidão de nascimento? Apresenta a cópia de um passaporte com validade de 18 de junho de 1993 a 17 de junho de 2003. Esse passaporte vergonhosamente falso, é ridículo, teria sido emitido em São Paulo. Os meus passaportes são todos de Brasília.
Mas essa peça de ficção de quinta categoria, esse dossiê de canalhas, como eu já disse, segue adiante na falta de escrúpulos. Tenta incriminar meu segundo suplente, Paulo de Jesus - aliás, eles não chamam de Paulo Jesus, eles colocam Paulo S. Jusus; nem o nome dele é colocado corretamente na fajuta procuração - como diretor da Aztec Group, e mostra um documento concedendo plenos poderes para mim, novamente com o nome equivocado, suposto Director of Special Projects desse grupo de que eu nunca tinha ouvido falar.
Quando eu soube disso, Senador Paulo Duque, a primeira providência foi ligar para o Paulinho de Jesus, meu segundo suplente, na semana passada. Eu perguntei a ele: escuta, você tem alguma conta no exterior, algum grupo? Ele me disse: “Eu não conheço nem o Paraguai. Nunca saí nem de Goiânia. Mal conheço o Brasil”.
Com o intuito torpe de me difamar, segue um documento apócrifo, que fala de extratos de movimentação financeira e de possíveis imóveis nos Estados Unidos, tudo em nome desse Aztec Group, de que eu seria o titular.
Não, Sr. Presidente, não é possível ficar calado diante de tamanha infâmia, não é possível não se indignar, ficar inerte diante de tamanha pilantragem, ato de salafrário, perverso e cretino. Não é por esse caminho que irão ganhar as eleições em Goiás, não é por esse ato ordinário e chinfrim que me atingirão. Os que me conhecem sabem o quanto procuro ser honrado e honrar a atividade pública.
Meu guia é este aqui, Senador Mão Santa. Meu guia é Rui Barbosa, patrono do Senado, patrono da República brasileira.
Muito pelo contrário, Srªs e Srs Senadores, atitudes dessa natureza alimentam em mim o desejo sublime de continuar a servir ao povo, em nome de propostas voltadas para o progresso duradouro, para a modernidade, para a inserção do meu Estado num contexto cada vez melhor e mais respeitável no País e no mundo.
Goiás e o Brasil podem mais, como já disse Serra, e, como goiano e brasileiro, não me curvarei à cretinice, à cafajestagem, nem à molecagem de quem quer que seja. Seguimos adiante, forte, firme e altaneiro! Sob a proteção de Deus e com o apoio do cidadãos de Goiás, de todos os cantos do meu Estado, queremos continuar a ter e a merecer a credibilidade de todos.
Foi por isto que decidi subir à tribuna desta alta Casa, no dia de hoje, na tarde de hoje, para, de forma tranquila, serena, coerente como sempre foi a minha vida, corajosa como sempre foi a minha vida, digna, trazer aqui essas explicações e, ao mesmo tempo, essa minha indignação ao Brasil, aos meus Pares e, principalmente, ao meu Estado.
Antes de encerrar, tenho a honra de conceder a palavra para um aparte a um grande brasileiro, de quem tive a satisfação e a felicidade de ter sido parceiro, como Governador, como candidato, Senador Cristovam Buarque.
O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador Marconi, é uma pena que um Senador como o senhor tenha que gastar tempo na tribuna falando disso. Mas, lamentavelmente, o senhor fez o correto. Essa é a melhor maneira de enfrentar esses problemas. Eu lamento muito porque quem lhe conhece sabe que isso é de uma torpeza muito grande. É de uma infantilidade tão grande o que colocam, que não merecia que as pessoas dessem atenção. Mas o melhor caminho, quando acontece isso, é vir aqui e dizer: “Olha, saiu isso, isso e isso. E está aqui a minha vida para mostrar que tudo isso é uma mentira grosseira.” Eu o parabenizo por ter vindo aqui, ter subido à tribuna e ter enfrentado esse assunto. E não tenha dúvida de que qualquer pessoa que tenha assistido a sua fala, vendo seus olhos, além de nós que aqui estamos, tem certeza de que essa é uma acusação de que ninguém vai falar mais daqui a alguns dias, se é que há gente falando nela. Parabéns por ter tratado o assunto com essa grandeza que o assunto nem merecia. Mas a pessoa grande trata com grandeza todos os assuntos. Parabéns!
O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO) - Muito obrigado, Senador Cristovam. O aparte de V. Exª engrandece muito este meu modesto pronunciamento.
Por último, antes de encerrar, eu queria manifestar aqui uma outra indignação: a indignação em relação ao ocorrido na cidade de Luziânia, aqui no Entorno de Brasília, no meu querido Estado de Goiás. Eu me refiro ao chamado maníaco de Luziânia, que vitimou seis crianças, por atos covardes de pedofilia, culminando com crimes atrozes.
Ao longo desses três últimos meses, Senador Mão Santa, nós todos, goianos e brasileiros, sentimo-nos angustiados, indignados, preocupados em relação ao sumiço daquelas seis crianças.
Eu fui, no iniciozinho, a Luziânia para me encontrar com as mães, com as seis mães. Todas elas carregavam na camiseta a foto com a face de seus filhos. Todas elas, apesar do sofrimento, ainda acreditavam na possibilidade de ter de volta vivos, sãos, saudáveis suas crianças, seus filhos que haviam sido retirados do convívio de suas famílias.
Lamentavelmente, agora, depois de uma apuração de mais de três meses, descobre-se o autor dos crimes: um maníaco que acabara de deixar a Papuda para o indulto de Natal e cometeu esses crimes em série, jogando as crianças todas numa vala, num precipício ali nos arredores de Luziânia.
Quero cumprimentar a Polícia Civil do meu Estado, uma das melhores polícias investigativas do País. Tive oportunidade de conviver com a Polícia Civil e também com a Polícia Militar, com bombeiros militares do meu Estado.
O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Marconi Perillo.
O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO) - Um instante, Senador Arthur.
Conheço os homens e as mulheres que integram as nossas corporações. Mas a Polícia Civil nunca se furtou a cumprir uma solicitação minha como Governador de Estado, por sete anos e três meses, em relação a todas as investigações que foram solicitadas.
Quando cheguei ao Governo, havia um sequestro em curso e eu convidei o Senador Demóstenes para ser o nosso Secretário de Segurança Pública. João Campos já era Delegado de Polícia e Presidente da Associação dos Delegados. Havia um sequestro em curso, que era o do irmão dos cantores Zezé Di Camargo e Luciano, sequestro que vitimou o seu irmão Wellington Camargo. Nós conseguimos desvendar aquele caso, trazendo de volta ao nosso convívio Wellington Camargo vivo. Depois disso, Senador Cristovam, nunca mais houve um sequestro durante os anos em que fui Governador.
Mas todos os casos que surgiram, todos os casos ocorridos em relação a crimes, assaltos, roubos foram elucidados pela Polícia Civil do meu Estado, com o apoio sempre profissional e competente da Polícia Militar e, quando necessário, dos bombeiros militares.
Então, quero transmitir à Polícia do meu Estado, que engrandece a todos nós, os meus cumprimentos pela competência na investigação, embora, lamentavelmente, com a conclusão de que todos os meninos haviam sido assassinados.
Às mães, ao povo de Luziânia, ao povo do meu Estado e ao povo brasileiro a minha mais imorredoura e irrestrita solidariedade.
Espero que esse tipo de pessoa com distúrbios parafílicos possa ter, no Brasil, uma atenção maior, para que, preventivamente, evitemos a ocorrência de novos casos como esse.
Concedo um aparte, com muito prazer, mais uma vez, ao querido amigo e irmão Arthur Virgílio.
O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Marconi Perillo, antes de mais nada, voltando ao assunto básico de seu pronunciamento, que era rebater um dossiê tão ridículo que lhe permitiu partir para outros temas, transmito a V. Exª solidariedade da Senadora Lúcia Vânia, que mandou me avisar que está voando para cá - ela não sabia do seu pronunciamento -, com muito desejo - como Goiânia é um pulo, é do outro lado, está a um grito de Brasília - de ainda pegá-lo na tribuna. Como eu percebi que o discurso de V. Exª estava se encerrando, eu aqui a represento na solidariedade a V. Exª. Em relação ao segundo tema, as coisas sempre têm uma causa. Igualmente, parabenizo a Polícia do seu Estado pela atitude correta que tomou. Entendo que seis vidas preciosas foram ceifadas pela doença de uma figura que jamais poderia estar solta. E entendo que esse juiz que o soltou deveria ser levado ao Conselho Nacional de Justiça, para, num processo que imagino bem rápido, ser afastado de toda e qualquer atividade judicante, porque ele nunca poderia, depois dos antecedentes que ele conhecia, ter simplesmente permitido a liberação desse tarado, desse anormal. De novo, a minha solidariedade a V. Exª.
O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO) - Obrigado, Senador Arthur Virgílio. Essa solidariedade é estendida a todos os goianos.
Quero agradecer muito e de coração à Senadora Lúcia Vânia a gentileza de ligar para V. Exª pedindo para incorporar também aquele que seria o aparte dela a este nosso pronunciamento.
Concedo, mais uma vez, com prazer, um aparte ao ilustre Senador Cristovam Buarque, que foi muito solidário aos goianos, como Presidente da Comissão de Direitos Humanos, e a esses garotos, às suas famílias e ao povo de Luziânia durante todo esse episódio.
O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Obrigado, Senador. Eu realmente estive lá nesse tempo todo, porque está muito mais perto de nós aqui de Brasília do que de Goiânia. Então, é natural que eu estivesse em contato maior. Hoje, ligou-me a mãe de um dos meninos, a mãe do Paulo Victor. É claro que todas as mães estão chorando muito por conta da situação, mas todas agradecidas à Polícia Civil e à Polícia Federal, que conseguiram desvendar o assunto. Entretanto, quero transmitir e pedir que o senhor transmita à Polícia Civil de Goiás uma preocupação delas: elas não estão convencidas de que esse bandido tenha agido sozinho. Elas acham que, pelo próprio tamanho dele, pelo físico dele e pelo dos meninos, é possível que ele tenha contado com alguém mais para auxiliá-lo nessa ação macabra, bárbara, que o levou a matar os seis meninos. Então, eu queria que V. Exª levasse isso a Goiás, para que essas mães fiquem seguras, de fato, com a prisão desse bandido, como a Polícia Civil conseguiu, e para que os outros meninos de Luziânia fiquem tranquilos, porque nem eles nem as mães estão ainda tranquilos, já que estão duvidando se foi uma só pessoa ou se ele contou com comparsas para fazer isso. De qualquer maneira, é preciso dar os parabéns, porque o crime foi elucidado, como V. Exª disse, e usando realmente exercícios muito bons de polícia para chegar a ele. Ele não deixou tantos rastros. Não fosse usar aquele telefone, ia ser muito difícil. Então, a polícia teve competência. Para terem descoberto o telefone devem ter analisado outras centenas de pistas que poderia haver. Então, a polícia merece o nosso reconhecimento. Eu mesmo, que reclamei aqui da demora, hoje venho, aproveitando o seu discurso, para dar os meus cumprimentos. Mas que a polícia comprove que realmente esse bandido agiu sozinho, não contou com nenhum comparsa. Ou, se contou, que eles sejam presos o mais rapidamente possível também.
O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO) - Senador Cristovam, é muito oportuna a preocupação expressada por V. Exª. Eu também compartilho dessa preocupação. Existem seriíssimas dúvidas de que esses crimes praticados por esse monstro tenham sido cometidos apenas por ele. Estamos aqui diante de um dos delegados mais profissionais e mais competentes de polícia do nosso Estado, o Deputado Federal João Campos. Ele já foi presidente da Associação dos Delegados, é um perito muito competente. Com certeza ele vai transmitir essa nossa preocupação à Polícia Civil de Goiás, e eu farei o mesmo ligando para o diretor de Polícia Civil, que nesta altura deve estar nos ouvindo aqui ou nos assistindo pela TV Senado.
Mais uma vez, muito obrigado a todos os colegas pelos apartes, que me confortam e que me estimulam a prosseguir nessa luta. Muito obrigado aos Deputados João Campos, Leonardo, Raquel, que vieram se solidarizar comigo durante o dia de hoje. E muito obrigado ao meu querido amigo, Governador dos piauienses, grande Senador da República, 1º Secretário desta Casa, Mão Santa, pela tolerância, por ter-me permitido completar aqui o meu raciocínio e o meu discurso.
Muito obrigado a todos.
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