Discurso durante a 50ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do Dia de Tiradentes e o Aniversário de 50 anos de Brasília.

Autor
Marisa Serrano (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MS)
Nome completo: Marisa Joaquina Monteiro Serrano
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do Dia de Tiradentes e o Aniversário de 50 anos de Brasília.
Publicação
Publicação no DSF de 14/04/2010 - Página 13800
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, VULTO HISTORICO, MUNICIPIO, OURO PRETO (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), LIDER, LUTA, INDEPENDENCIA, BRASIL, SIMBOLO, NACIONALIDADE, LIBERDADE.
  • HOMENAGEM, CINQUENTENARIO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), LEITURA, TRECHO, COMPOSIÇÃO, MUSICA, SAUDAÇÃO, CRIAÇÃO, CIDADE, COMENTARIO, HISTORIA, PROJETO, CONSTRUÇÃO, CAPITAL FEDERAL, INTERIOR, BRASIL, ESFORÇO, JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, EFETIVAÇÃO, PROPOSTA, INTEGRAÇÃO, MODERNIZAÇÃO, PAIS, EFEITO, CRESCIMENTO DEMOGRAFICO, DESENVOLVIMENTO, REGIÃO CENTRO OESTE, REGISTRO, RECONHECIMENTO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO A CIENCIA E A CULTURA (UNESCO), QUALIDADE, PATRIMONIO CULTURAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª MARISA SERRANO (PSDB - MS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Senador Mão Santa.

            Quero cumprimentar aqui o Senador Paulo Duque, o Senador Pedro Simon e todas as Srªs Senadoras e os Srs. Senadores aqui presentes.

            Como foi dito aqui - não quero ser repetitiva -, essa data 21 de abril há muito tempo é lembrada por todos os brasileiros numa homenagem ao mártir da Independência, Tiradentes. Mas também, como foi dito, em 1960, passou a ser comemorada a data da inauguração de Brasília, a nova Capital do Brasil, a nova capital de todos nós brasileiros que viemos de outros lugares, como eu, por exemplo. Mais recentemente, em 1985, também ficou marcada pelo falecimento do nosso primeiro Presidente civil, o político mineiro Tancredo Neves.

            Tiradentes, por onde passava - quero aqui me reportar, principalmente, a Ouro Preto, sua cidade em Minas Gerais -, lançava a semente da esperança. Essa era a capital da esperança, e Tiradentes também lançava sempre a ideia de esperança. Ele conclamou os brasileiros quando disse: “Se todos quiserem, poderemos fazer do Brasil uma grande nação”. Acabou, como todos sabem, por ser o único preso condenado à morte, que ocorreu no dia 21 de abril de 1792. Dessa forma, ele se transformou no grande símbolo, como disse o Senador Cristovam, da nossa nacionalidade e o grande mártir da Independência. E é o grande herói nacional.

            Tiradentes tornou-se um dos maiores nomes da história brasileira, pela associação do seu nome à ânsia de liberdade de um povo. Ele conseguiu fazer com que sua trajetória neste mundo fosse impregnada da liberdade, com que todo homem sonha. E Tiradentes foi isso, ele morreu pela liberdade e, principalmente, pelo direito de um povo definir seu próprio destino. São sentimentos e propostas que, até hoje, estão entranhados - e têm de estar entrados - na alma de todos nós brasileiros, a liberdade e a autodeterminação.

            Eu queria dizer aqui que a nossa cidade de Brasília foi construída no centro geográfico do Brasil para ser a capital prevista, como foi dito também, desde a Constituição de 1824. José Bonifácio, como Patriarca da Independência, disse: “A Capital do Reino tenha a denominação de Petrópole, Brasília ou outra qualquer”. Ele já dizia isso na época do reinado. E, no início de 1822, quando da elaboração da Constituição portuguesa, apresentou o seguinte artigo: “No centro do Brasil, entre as nascentes dos rios confluentes do Paraguai e do Amazonas, fundar-se-á a Capital deste Reino, com a denominação de Brasília, ou outra qualquer”. Formalmente, portanto, foi a primeira vez em que ouvimos falar na palavra “Brasília” como nome para a futura capital brasileira.

            Brasília foi, como todos sabemos, finalmente inaugurada no dia 21 de abril de 1960, graças ao descortino, à capacidade, à fé e à determinação empreendedora do Presidente Juscelino Kubitschek. Ninguém pode negar que a data foi muito bem escolhida. A execução do Mártir da Independência, que estava ligada à defesa das riquezas interiorizadas no século XVIII, serve de inspiração para a Capital, cuja missão é levar desenvolvimento e crescimento econômico a todo o vasto interior brasileiro. Se Tiradentes lutou pelas riquezas interioranas, pelo Brasil interior, Brasília também trouxe a mesma coisa, trouxe a garantia de desenvolvimento para o interior do Brasil.

            O Presidente Juscelino Kubitschek estava coberto de razão em declarar que esta cidade não é uma improvisação, mas um amadurecimento”.

            Quero aqui citar um trecho de uma composição de Vinícius de Moraes e de Tom Jobim chamada Sinfonia da Alvorada, homenagem àqueles que tornaram Brasília realidade. Eis um trecho da poesia de Vinícius de Moraes:

[...]

Sim, era o homem.

Era, finalmente e definitivamente, o homem.

Viera para ficar.

Tinha nos olhos a força de um propósito:

Permanecer, vencer as solidões e os horizontes

Desbravar e criar

Fundar e erguer.

Suas mãos já não traziam outras armas

Que as do trabalho em paz.

Sim, era finalmente o homem, o fundador.

[...]

            Sr. Presidente, senhores e senhoras, agora, a Capital completa meio século de existência com grandes festividades, com extensa programação. A festa ocorrerá, apesar da crise que se abateu sobre nossa cidade. Mas deve ser uma festa popular, sem grande conotação política. É notório, e todos sabem, que, em breve, essa cidade terá novo governador, eleito de forma indireta, para preencher o período que ainda resta de mandato. Mas Brasília é muito maior do que tudo isso, é muito maior do que tudo aquilo que vimos nesses últimos tempos na nossa cidade. E falo sempre nossa cidade porque é nossa Capital. Brasília, como eu disse, é muito mais do que isso, é a Capital do Brasil, é a capital de duzentos milhões de brasileiros, que a têm como o símbolo da sua terra. Portanto, Brasília - e temos de lutar por isto - tem de superar todos esses momentos por que está passando, pelo bem dos seus filhos, pelo bem de todos os brasileiros.

            Quero lembrar que, até a metade do século XX, predominava sempre a ideia de dois Brasis: um litorâneo, e a nossa capital era o Rio de Janeiro, produtivo, moderno; e outro interiorano, atrasado, estagnado social e economicamente. O desenvolvimento do Centro-Oeste, com a instalação da Capital da República na Região, foi evidente. Só o Distrito Federal tem hoje 2,6 milhões de habitantes. O impulso da Capital do País é inegável no crescimento de diversas outras cidades do Estado de Goiás, como Catalão, Anápolis e Goiânia. Esta última já tem mais de 1 milhão de habitantes, 1,3 milhão de habitantes. Meu Estado, o Mato Grosso do Sul, que também faz parte do Centro-Oeste, tem como capital Campo Grande, que tem hoje mais de 700 mil habitantes, e, nele, há cidades conhecidas nacionalmente, como Corumbá, Três Lagoas, Dourados. Já o Mato Grosso, também na Região Centro-Oeste, Estado que foi desmembrado em 1977, gerando o Mato Grosso do Sul, apresenta como capital Cuiabá, que tem mais de 600 mil habitantes. Cidades desse Estado têm mais de 100 mil habitantes, como Várzea Grande e Rondonópolis.

            Quis mostrar essa questão, Sr. Presidente, para dizer que, para o Centro-Oeste e para todo o Brasil, é inquestionável que a construção de Brasília deu outra fisionomia ao País e impulsionou o Centro-Oeste a criar, para todo o vasto interior brasileiro, condições sobejas de desenvolvimento.

            Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores, temos de reconhecer a importância desta maravilhosa cidade, apesar de sua modernidade, declarada como pertencente ao Patrimônio Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Aliás, trata-se do único caso de concessão dessa honraria, desse status, para um bem contemporâneo. É o único bem contemporâneo que tem o título de Patrimônio da Humanidade.

            Nossas homenagens, portanto, a Brasília, pela passagem do seu cinquentenário e nossos votos de que ela realmente engrandeça o País com uma existência digna e exemplar, para receber honradamente as representações das nações amigas de tantas e tantas embaixadas que aqui existem e para servir de coração a este nosso grande País.

            Esta terra recebeu brasileiros de todas as partes, quando da sua construção, e continua a recebê-los. Aqui estão todos os sotaques, as culturas, os costumes do nosso imenso Brasil. A cidade administrativa é, antes de tudo, formada por gente comum, que luta honestamente por seu dia a dia. E é daqui que deve partir a energia que impulsionará o País para o desenvolvimento econômico e social.

            Finalizo com outro trecho da Sinfonia da Alvorada, de Vinícius de Moraes e de Tom Jobim, que diz assim:

[...]

Terra de sol

Terra de luz

Terra que guarda no céu

A brilhar o sinal de uma cruz

Terra de luz

Terra-esperança, promessa

De um mundo de paz e de amor

Terra de irmãos

Ó alma brasileira...

...Alma brasileira...

[...]

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/04/2010 - Página 13800