Discurso durante a 50ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do Dia de Tiradentes e o Aniversário de 50 anos de Brasília.

Autor
Eduardo Azeredo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/MG)
Nome completo: Eduardo Brandão de Azeredo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração do Dia de Tiradentes e o Aniversário de 50 anos de Brasília.
Publicação
Publicação no DSF de 14/04/2010 - Página 13804
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, VULTO HISTORICO, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), LIDER, LUTA, INDEPENDENCIA, NATUREZA POLITICA, BRASIL.
  • HOMENAGEM, CINQUENTENARIO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), COMENTARIO, CARACTERISTICA, MISTURA, DIVERSIDADE, CULTURA, BRASIL, CRESCIMENTO, CIDADE SATELITE, CONTINUAÇÃO, TRANSFERENCIA, NOVA CAPITAL, DESENVOLVIMENTO, INTERIOR, PAIS, ESPECIFICAÇÃO, MUNICIPIO, UBERLANDIA (MG), ESTADO DE MINAS GERAIS (MG), IMPORTANCIA, DESCENTRALIZAÇÃO, DISTRIBUIÇÃO, POPULAÇÃO.
  • LEITURA, TRECHO, MENSAGEM (MSG), JUSCELINO KUBITSCHEK, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, HOMENAGEM, CONSTRUÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), ELOGIO, INICIATIVA, MODERNIZAÇÃO, PAIS, SUPERIORIDADE, ABERTURA, RELAÇÕES INTERNACIONAIS.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. EDUARDO AZEREDO (PSDB - MG. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Mão Santa, que preside esta sessão, Srªs e Srs. Senadores, senhoras e senhores, represento, no Senado Federal, meu querido Estado de Minas Gerais, onde tive a honra de ser Governador. Minas Gerais deu ao Brasil vultos da maior significância, como Tiradentes, um grande sonhador, um homem que buscou em seus sonhos o que seria o Brasil do futuro. Assim, já naquela época, Tiradentes buscava um Brasil descentralizado, um Brasil mais igual.

            Sr. Presidente Mão Santa, quero ater-me especialmente a dois pontos. O primeiro é esta homenagem a Tiradentes, que é uma homenagem a todos os mineiros, passando por Tancredo, passando por Juscelino Kubitschek. Mas quero também pensar e me expressar especialmente sobre essa questão da mistura de culturas, da mistura que Brasília significa em relação a todo o Brasil.

            Aqui, há pessoas de todos os lados. Em Brasília, realmente, existe um resumo do que é a Nação brasileira. Basta verificarmos que, desde seu princípio, desde sua construção, ou até mesmo muito antes, desde seu planejamento, Brasília teve a colaboração de pessoas de todas as regiões do País. Hoje, é simples vermos que, em Brasília, há muitos bons restaurantes de comida mineira, de comida nordestina, de comida carioca e de comida paulista e vários outros. Seja na gastronomia, seja nas questões mais ligadas aos costumes, aqui existe uma fusão do Brasil real. Digo Brasil real porque, às vezes, critica-se muito Brasília, como se esta fosse uma cidade artificial, uma cidade fora do que é o País como um todo. E isso não é verdade, Sr. Presidente. Brasília tem, evidentemente, suas mazelas, que são naturais do processo democrático, do processo político, em que a representação popular se faz a partir dessa multiplicidade de pessoas que escolhem seus representantes. Brasília tem a centralização das decisões do Poder Executivo; Brasília tem a centralização das decisões finais do Poder Judiciário. Assim, é um centro de decisões. Sendo um centro de decisões, não seria jamais uma cidade artificial. Sua criação veio, realmente, do planejamento, das ideias, da coragem de Juscelino Kubitscheck, mas a Brasília de hoje é uma Brasília real, é uma Brasília que mostra a beleza da cultura brasileira.

            Juscelino Kubitscheck, no princípio da construção de Brasília, escolheu Lúcio Costa e Niemeyer. Em concurso público, Lúcio Costa venceu. E Niemeyer foi convidado por Juscelino para que fizesse os traços principais desta cidade. Esta era uma cidade para 600 mil habitantes. Hoje, são 2,6 milhões de habitantes no Distrito Federal. Brasília já tem mais habitantes do que Belo Horizonte, a capital do meu Estado. Brasília cresceu muito. Na televisão, um dia desses, foi mostrado: “Em Brasília, há favelas”. Sim, Brasília faz parte do Brasil. Brasília não é artificial. Brasília é real. Se Brasília é real, Brasília tem também setores que precisam de uma atenção pública, como, de resto, o País todo. Brasília cresceu nas suas cidades satélites. Brasília tem uma necessidade permanente de que os olhares públicos estejam atentos. Para cá, vieram migrantes de todas as regiões do País, repito, fazendo essa mistura tão importante de culturas. Brasília é parte da nossa história, faz cinquenta anos da sua inauguração.

            Senador Mão Santa, nós todos estamos ficando mais velhos. Estive em Brasília em 1960. Há 50 anos, pude conhecer, não na inauguração, mas um pouco antes, o que era o movimento de criação de Brasília, o entusiasmo dos candangos, o entusiasmo de todos aqueles que viam o nascimento de um Brasil diferente, um Brasil que não começou em 2003, um Brasil que começou muito antes.

            Ainda há alguns dias, estávamos lembrando que, até mesmo do ponto de vista internacional, o Brasil deu uma abertura maior para as relações internacionais com Juscelino Kubitschek, com a Organização Pan-Americana. O Brasil tem um dever com Juscelino, pela sua visão fundamental. Ele é, seguramente, o maior Presidente da História brasileira até os dias de hoje. Juscelino Kubitschek não foi igualado, e dificilmente o será, pelo que ele significou ao acordar o Brasil e ao mostrar nossa capacidade de industrialização, gerando nossa própria tecnologia, valorizando nossa cultura, construindo nossas estradas, deixando de lado o litoral.

            Outro dia, vi uma estatística que dizia que Uberlândia, no Estado de Minas, no Triângulo, é a segunda maior cidade do interior de Minas Gerais, do interior do Brasil. É a segunda maior cidade do interior do Brasil, com 600 mil habitantes, depois de Campinas, excetuadas as capitais. Aí é que fui ver. Uai, não é que é verdade? As nossas grandes cidades estão concentradas como capitais no interior do Brasil. Uberlândia é a segunda, depois de Campinas. E qual foi o motivo fundamental para o crescimento de Uberlândia? Foi a interiorização do Brasil. Se não houvesse Brasília, provavelmente o Triângulo Mineiro não teria crescido tanto como cresceu, sendo hoje uma das regiões mais pujantes do nosso Estado.

            Assim também, há pouco tempo, a Senadora Marisa Serrano lembrou seu Estado de Mato Grosso do Sul. Goiás e Tocantins são outros exemplos, assim como Mato Grosso. Este Centro-Oeste cresceu muito. Não estamos mais agarrados ao Rio, tão bonito, do Senador Paulo Duque, ao Rio que precisa sempre das nossas atenções também, como nossa grande ex-capital. Como estaria o Rio hoje - já tem lá seus dez milhões de habitantes - se tivesse continuado como capital?

            Foi importante para o Brasil essa descentralização, essa distribuição da população brasileira. Não seria possível que continuássemos todos morando só no litoral. Daí Brasília hoje ser o centro de decisões, uma mistura de culturas. E é, do ponto de vista dos transportes, o centro nevrálgico. Como se gosta de dizer nos termos da aeronáutica, Brasília é um hub, Brasília é o ponto para o qual todos convergem. Aqui, temos ligações com todo o País.

            Niemeyer está vivo. Niemeyer está aí como testemunho da grandeza de Brasília, que comemora esses 50 anos de inauguração. Há outros bravos pioneiros que ainda estão conosco. Queria lembrar o Coronel Affonso Heliodoro, fiel amigo e companheiro de Juscelino Kubitschek. Há pouco tempo, perdemos Ernesto Silva, que estava também vivenciando, mostrando o dia a dia do que foi Brasília.

            Senador Mão Santa, eu me orgulho muito mesmo de ser da nossa Minas Gerais, de ser do Estado que deu ao Brasil Juscelino e Tiradentes. É um Estado que está ao lado de Brasília. Aqui, em Brasília, seguramente, há mais nordestinos, mas há também mais de um milhão de mineiros, que aqui moram e que contribuem para o crescimento de Brasília.

            Senador Mão Santa eu me lembro de um época em que, em Brasília, não havia Deputados. Brasília votava nos Deputados dos outros Estados. Quem queria inscrever-se aqui se inscrevia para votar nos Deputados dos outros Estados. E meu pai, Renato Azeredo, que foi Deputado Federal por seis legislaturas, tinha em Brasília uma grande votação. Os mineiros que aqui estavam votavam nele lá em Minas, para que ele representasse nosso Estado e, evidentemente, de quebra, um pedaço de Brasília.

            Portanto, são cinquenta anos, que devem ser comemorados, sim, de uma cidade que tem coração, de uma cidade que é real, de uma cidade que tem problemas, mas que é fundamentalmente um exemplo do Brasil, um resumo do Brasil.

            Termino, Sr. Presidente Mão Santa, lendo aqui aquela frase magistral de Juscelino Kubitschek que está gravada nas paredes do Palácio da Alvorada:

Deste planalto central, desta solidão em que breve se transformará em cérebro das mais altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com uma fé inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino.

            Essa é uma frase antológica de Juscelino Kubitschek.

            Muito obrigado. (Palmas.)


Modelo1 12/22/246:55



Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/04/2010 - Página 13804