Discurso durante a 53ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso dos 93 anos de fundação do jornal Alto Madeira, do Estado de Rondônia.

Autor
Acir Gurgacz (PDT - Partido Democrático Trabalhista/RO)
Nome completo: Acir Marcos Gurgacz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem pelo transcurso dos 93 anos de fundação do jornal Alto Madeira, do Estado de Rondônia.
Publicação
Publicação no DSF de 17/04/2010 - Página 14895
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, ALTO MADEIRA, ESTADO DE RONDONIA (RO), ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, IMPRENSA, ESPECIFICAÇÃO, VIGILANCIA, DEMOCRACIA, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, VALORIZAÇÃO, COMUNIDADE, REGISTRO, HISTORIA, EMPRESA JORNALISTICA, CUMPRIMENTO, DIRETOR, JORNALISTA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ACIR GURGACZ (PDT - RO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a imprensa é uma das mais importantes instituições deste país. Uma das que têm maior credibilidade perante o povo. A situação não é diferente em meu Estado, Rondônia. É a imprensa que vigia, que cuida, que está sempre atenta aos desmandos, à irresponsabilidade, à tirania e à corrupção. É a imprensa, também, que levanta casos de sucesso, de superação, exemplos de vida positivos. É o meio de comunicação que trata da crônica de uma comunidade, de uma cidade, de um estado e de um país.

            Atualmente, é senso comum que ingressar no setor da imprensa é uma ação relativamente fácil. A tecnologia digital facilitou em muito esse trabalho, seja dinamizando os processos gráficos, como aconteceu no final do século passado, seja com o advento da internet, que permite a produção e divulgação ininterrupta de conteúdo jornalístico em áudio, vídeo, fotografias e texto.

            Mas houve um tempo, senhor presidente, e o senhor sabe muito bem disso, que trabalhar com a imprensa, que fazer jornal, era uma atividade muito difícil, muito árdua, em batalhas diárias.

            Para fazer um jornal, meu povo de Rondônia que me acompanha agora, era preciso não apenas de pessoal e recursos, mas de uma grande força de vontade. Fazer um jornal, então, e mantê-lo ativo por quase um século, então, é a comprovação de uma força praticamente hercúlea; a comprovação de uma determinação obstinada e de um grande compromisso com a verdade.

            Por esses motivos é que sou conduzido a vir aqui hoje para fazer uma homenagem justa e acertada a uma iniciativa que completa este ano 93 anos de idade, e à pessoa que tomou a decisão de executar tal empreendimento, que é o jornal Alto Madeira.

            O jornal Alto Madeira é o mais antigo periódico jornalístico em circulação no nosso Estado. Foi fundado em 1917 pelo médico Joaquim Augusto Tanajura, que atuou na Comissão Rondon e que foi também o primeiro prefeito de Porto Velho. Com a morte de Joaquim Augusto, a viúva vendeu o jornal para Inácio de Castro, funcionário do alto escalão da histórica Ferrovia Madeira-Mamoré.

            Para se ter uma idéia das proporções de meu Estado na época, Porto Velho não tinha mais que 10 mil habitantes e o jornal tinha sua sede situada em Manaus, com dois escritórios atuantes em Porto Velho e no Rio Branco, capital do Acre.

            Nesta época o senhor Euro Tourinho era dono de um salão de bilhar na Rua Barão de Rio Branco, um local muito bem frequentado. Quando tinha folga do salão, Tourinho ia para a redação do jornal Alto Madeira, onde se reunia com vários intelectuais da época. Com o passar do tempo, Tourinho foi convidado a escrever como colaborador, mas declinava aos convites por considerar que não tinha o que chamava de “veia de jornalista”. No entanto, foram tantos os convites, tamanha a insistência, que Euro Tourinho começou a escrever para o jornal e gradativamente apaixonou-se pelo ofício.

            A paixão foi tanta que, após a morte de Inácio Castro e a compra do jornal por Assis Chateaubriand, e a subseqüente morte de Chateaubriand, Tourinho adquiriu o Alto Madeira junto com seu irmão, Luiz. Com isso, Tourinho adquiriu não apenas um jornal, mas principalmente um bilhete para garantir um lugar cativo na história de Rondônia.

            O senhor Euro Tourinho, com seus 88 anos de idade, suportou movimentos e ações contrários a essa imprensa. Mesmo passando por adversidades, inclusive financeira, superou todos os obstáculos.

            A empresa em questão, o jornal Alto Madeira, hoje, com 93 anos como “Patrimônio do Povo”, merece o destaque de tão relevante presença social. Todo estes anos levou à população de Rondônia notícias que se destacaram não por serem chocantes, mas, por trazerem em si sentimentos que só quem conhece o povo pode revelar com tanta compreensão e solidariedade.

            O Alto Madeira é um jornal que representa a história de Rondônia, como o Correio Braziliense aqui em Brasília, pois ele é muito anterior à criação do Território. Por ele passaram grandes jornalistas colaboradores, como Petrônio Gonçalves e Ari de Macedo. Hoje, EuroTourinho conta com a colaboração de João Tavares, Ciro Pinheiro e uma equipe de eficientes jornalistas.

            Teve como jornalista Lúcio Albuquerque, hoje, Pesquisador e pertencente a Academia de Letras do meu Estado, como também o Professor Abnael Machado de Lima, grande historiador de Porto Velho e do povoamento do Rio Madeira, e de um modo geral do povo de Rondônia. São ainda colaboradores o senhor Sílvio Persivo e inúmeros outros de grande expressão social de Rondônia.

            Sr. Presidente, nossos sentimentos de profunda gratidão vão diretamente para Euro Tourinho, por dar sustentabilidade, por quase um século, a um jornal que continua trazendo ao povo informações importantes e necessárias ao conhecimento da população rondoniense.

            Por esses motivos que considero tão justo, assim como importante e necessário, que a sociedade de Rondônia, seu governo, seu empresariado, olhem com carinho para esta instituição praticamente secular do Estado, para que ela possa não apenas chegar, brevemente, a seus 100 anos de história, mas para que possa, de forma economicamente saudável, ir mais além.

            Dentro desse espírito, cito aqui a declaração de Euro Tourinho publicada na edição do dia 19 de abril de 2008 do jornal Alto Madeira:

            “Digo a todos que vou vencer essa parada. Está terrível a situação. Mas, vou vencer esta parada com paciência! Quero apoio. Mas nada de graça! Simplesmente quero a recompensa pelo trabalho do jornal Alto Madeira. Sinceramente, não consigo entender a falta de visão dos governantes que viraram as costas para o jornal. Não vêem que este diário é um patrimônio da região. Não têm visão para entender que este poderia ser o maior laboratório para estudantes de jornalismo; para as universidades, a grande saída para melhorar a sua forma e maneira de capacitar. Este jornal não é mais meu! É da população de Rondônia.”

            Srªs e Srs. Senadores, povo de Rondônia que me acompanha agora pela TV Senado, reafirmo a honra que se deve dar à pessoa tão ilustre do senhor Euro Tourinho. Porque, conforme foi observada, sua visão em relação ao jornal é ampla e sustentável. Pode-se, no atual Governo rever novas edições e ampliações para que volte a circular de forma ímpar e inconfundível com notícias que devam chegar a todo povo rondoniense.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, reservo-me o direito de congratular com todo o povo e o meio de comunicação televisiva mais uma vez, o destaque da pessoa do Euro Tourinho e o jornal circundante.

            Desejo a todos um bom dia.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/04/2010 - Página 14895