Discurso durante a 52ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à Francisco Cândido Xavier - Chico Xavier.

Autor
Marconi Perillo (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Marconi Ferreira Perillo Júnior
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem à Francisco Cândido Xavier - Chico Xavier.
Publicação
Publicação no DSF de 16/04/2010 - Página 14660
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CONVITE, PLENARIO, ACOMPANHAMENTO, PRECE, CRISTÃO.
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, LIDER, ASSISTENCIA ESPIRITUAL, ELOGIO, VIDA PUBLICA, CONCESSÃO, DIREITO AUTORAL, VENDA, LIVRO, OBRAS, ASSISTENCIA SOCIAL, LEITURA, TRECHO, MENSAGEM (MSG), PAZ.
  • REGISTRO, HISTORIA, CRIAÇÃO, ENTIDADE, ESTADO DE GOIAS (GO), EXPANSÃO, RELIGIÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MARCONI PERILLO (PSDB - GO) - Foi providencial a decisão do Presidente Heráclito Fortes em solicitar que, primeiro, ouvíssemos as músicas Alma Gêmea e Hi-Lili, Hi-Lo, porque certamente me inspirarei um pouco mais a partir desse momento de emoção.

            Estou muito feliz, porque tive a honra de ter a iniciativa de apresentar esse requerimento para a realização de uma das sessões que, certamente, marcarão este Plenário, esta Casa.

            Este mesmo Senado, que passou por tantas turbulências no ano passado e em outros anos, vive hoje um dos melhores momentos da sua história. Esta Casa de Rui Barbosa precisa da luz de Chico Xavier e a merece, de tal sorte que, ao homenagearmos Chico Xavier nesta tarde, nós é que estamos sendo homenageados por ele, pela luz dele. Que a luz dele e de todos os que têm essa energia positiva, espiritual, possa prevalecer nesta Casa, iluminando a todos nós, para que esta Casa possa produzir sempre e cada vez mais leis que beneficiem o Brasil, a sociedade brasileira e principalmente os mais pobres.

            Lembro aqui as palavras de Divaldo Pereira Franco, a quem já tive a honra e o prazer de ouvir, para descrever um pouco da vida do nosso querido homenageado:

Chico Xavier é, sem qualquer possibilidade de dúvida, o apóstolo do Espiritismo, nos dois séculos: naquele em que nasceu e viveu, bem como no século em que desencarnou, respectivamente XX e XXI. (...) Ele se tornou a própria missão, sendo muito difícil separar o homem do apóstolo e o missionário do irmão de todas as criaturas: vegetais, animais e humanas.

            De fato, quando nos detemos um pouco na figura serena de Chico Xavier, percebemos que estava envolto por uma chama de luz representante das diversas formas de energias expressas no reino do Senhor.

            De sua aura emanava a paz, não a paz deste mundo, mas a paz de que falava Jesus, a paz de nossa alma, de nosso coração.

            É esse poder irradiador que inspirou espíritas no Brasil e no mundo a buscar a caridade como bandeira maior da existência humana.

            É esse poder catalisador que levou pessoas como José Leopoldo da Veiga Jardim, o nosso querido Juquinha, e Maria Antonieta Alessandri Figueiredo, queridíssima Dona Maria Antonieta, mãe de nossa Deputada Raquel Teixeira, a se tornarem fundadoras da Irradiação Espírita Cristã em 1948, no meu querido Estado de Goiás.

            Dona Antonieta, assim como Chico Xavier, já partiu para o plano espiritual, mas Juquinha, Presidente das Entidades Espíritas e Filantrópicas do Estado, hoje com mais de 600 casas filiadas; Aston Brian Leão, Presidente da Federação Espírita Goiana; Joaquim Tomé, Presidente da Associação Médica Espírita de Goiás; Weimar Muniz, Presidente da Associação Brasileira de Magistrados Espíritas; e a nossa querida Deputada Raquel Teixeira, Presidente da Academia Espírita de Letras do Estado de Goiás, continuam a fazer irradiar a mensagem de Kardec e a missão de Chico.

            A capacidade mediúnica de Chico Xavier foi comprovada em diversos episódios e evitou injustiças, como teria ocorrido caso o jovem José Divino, de apenas 18 anos, tivesse sido condenado pela morte do amigo Maurício Garcez Henrique, de 15 anos, irmão da ex-Vereadora Cida Garcez, aqui presente, na verdade um acidente ocorrido em maio de 1976, em Goiânia, mais precisamente em Campinas, na nossa querida Goiânia, Goiás.

            Foi a psicografia de Chico Xavier que inocentou o rapaz.

            Senhoras e senhores, Senadoras e Senadores, membros da comunidade espírita do Brasil, esse é apenas um entre centenas de relatos sobre o trabalho espiritual do amado Chico Xavier.

            Chico Xavier, se estivesse vivo, completaria, no dia 2 de abril, cem anos de existência. Enquanto esteve encarnado, orientado, na maioria das vezes, pelo espírito de Emmanuel, psicografou 451 livros, sendo 39 publicados após a sua morte.

            Não se via como autor de nenhum deles porque, nas suas próprias palavras, reproduzia apenas o que os espíritos lhe ditavam.

            Por isso, negava-se a receber o dinheiro arrecadado com os livros, embora tenha vendido mais de 50 milhões de exemplares em português, com traduções em inglês, espanhol, japonês, esperanto, italiano, russo, romeno, mandarim, sueco e braile.

            Chico Xavier preferiu ceder os direitos autorais para organizações espíritas e instituições de caridade, desde o primeiro livro.

            Parnaso de Além-Túmulo, com 256 poemas, foi atribuído a poetas mortos, entre eles os portugueses João de Deus, Antero de Quental e Guerra Junqueiro.

            Nosso Lar, publicado inicialmente no ano de 1944, pela mão do espírito André Luiz, tem atualmente mais de dois milhões de cópias vendidas.

            E Escada de Luz, de autoria de diversos espíritos, última obra psicografada por Chico Xavier, segue pelo mesmo rumo, tamanha a força das mensagens de paz e harmonia trazidas aos leitores, sejam estes espíritas ou não.

            Mas, temos certeza de que Francisco de Paula Cândido Xavier, nosso Chico Xavier, pela simplicidade e extrema dedicação ao próximo, provavelmente não desejaria ser lembrado apenas pela extraordinária capacidade mediúnica, que lhe possibilitou psicografar um acervo tão memorável.

            Como ele mesmo dizia, suas mensagens tinham o objetivo de reconfortar as pessoas, tão aflitas diante das adversidades da vida, como a perda de um ente querido, muitas das vezes, de forma trágica.

            Talvez por isso, parece-nos que o melhor de Chico Xavier era a sua capacidade de operar pelo exemplo de conduta, revelada no seu dia a dia, à frente do Grupo Espírita da Prece, hoje ainda em funcionamento na cidade de Uberaba.

            Chico Xavier era, decerto, um desses espíritos de extrema luz que encarnaram entre nós, como Madre Tereza de Calcutá, Irmã Dulce e Mahatma Gandhi.

            Esteve entre nós, mas não pertencia a este mundo material, governado pelo poder da força, orientado pelo ter em detrimento do ser. Não pertencia a este mundo que tanto nos esforçamos para aperfeiçoar no campo social e, principalmente, individual.

            Algumas passagens de Chico Xavier, pela profundidade e, ao mesmo tempo, singeleza, devem ser mencionadas nesta homenagem.

            Dizia Chico: “Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.

            “Como?”, certamente perguntam alguns. As palavras do próprio Chico Xavier têm a resposta:

Lembremo-nos de que o homem interior se renova sempre. A luta enriquece-o de experiência, a dor aprimora-lhe as emoções e o sacrifício tempera-lhe o caráter. O espírito encarnado sofre constantes transformações por fora, a fim de acrisolar-se e engrandecer-se por dentro.

            Nós poderíamos continuar por horas infindas lembrando os memoráveis ensinamentos de Chico Xavier, esse doutrinador kardecista que transformou o Brasil na Pátria do espiritismo e ganhou tamanha expressão que foi eleito, juntamente com os outros mineiros Santos Dumont e Juscelino Kubitschek, o mineiro do século XX.

            Mas Chico Xavier não era muito afeto às homenagens, porque tinha consciência plena de sua missão de doutrinador. Talvez nem quisesse esta sessão de hoje.

            Por isso, antes de passar a palavra aos demais, gostaria de lembrar um ensinamento sublime. “O Cristo não pediu muita coisa, não exigiu que as pessoas escalassem o Everest ou fizessem grandes sacrifícios. Ele só pediu que nos amássemos uns aos outros”.

            Gostaria de relembrar também a importância da missão de paz deixada por Chico Xavier, que nos faz relembrar, igualmente, as palavras de Mahatma Gandhi - aliás, Mahatma significa “alma grande”, que é exatamente o que Chico Xavier tinha de sobra:

            “Não há caminho para a paz; a paz é o caminho”, ensinou-nos Gandhi.

            De fato, o caminho é a paz, que é postura, que é atitude; a paz que Chico Xavier exemplificou a cada um dos dias dos seus 92 anos de doação, de amor infinito e de uma vida que serviu para ilustrar a doutrina codificada por Allan Kardec: “Fora da caridade não há salvação”.

            E é pelo caminho da paz e da caridade que resgatamos os mandamentos de fé cristã para propor o amor ao próximo e a solidariedade como instrumentos superiores de reflexão sobre a realidade do mundo de hoje e sobre a necessidade de nos dar as mãos e amar uns aos outros.

            Sem o amor a cada semelhante, impossível é acabar com as enormes diferenças sociais existentes em nosso País. Sem o amor a cada semelhante, impossível é acabar com a droga, com o crime, com a marginalidade.

            Os mandamentos da fé cristã resgatam também o fundamental papel da família nos dias de hoje, não só como núcleo de apoio à educação de nossas crianças, mas igualmente como abrigo onde se encontrem valores como a dignidade, a honra e a solidariedade.

            Somente quem consegue se despir do pensamento individualista e da autossuficiência, tão presentes na sociedade consumista, tecnológica, pós-moderna, consegue retomar o ensinamento propagado por Jesus, que nos viu como irmãos.

            A todos os senhores e a todas as senhoras que aqui comparecem, muito obrigado. Aos milhões de seguidores e admiradores de Chico Xavier, o meu profundo respeito, a minha profunda homenagem. E a Chico Xavier um apelo para que ele continue a encher de luz as nossas vidas e, principalmente, o Senado da República, a Casa de Rui Barbosa.

            Muito obrigado a todos.

            (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/04/2010 - Página 14660