Discurso durante a 52ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à Francisco Cândido Xavier - Chico Xavier.

Autor
José Nery (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/PA)
Nome completo: José Nery Azevedo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. RELIGIÃO.:
  • Homenagem à Francisco Cândido Xavier - Chico Xavier.
Publicação
Publicação no DSF de 16/04/2010 - Página 14662
Assunto
Outros > HOMENAGEM. RELIGIÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, LIDER, ASSISTENCIA ESPIRITUAL, ELOGIO, VIDA PUBLICA, AUXILIO, POPULAÇÃO, DIVULGAÇÃO, REGIÃO, DOUTRINA, PAZ, COMENTARIO, LANÇAMENTO, FILME NACIONAL, VALORIZAÇÃO, BIOGRAFIA, SUPERIORIDADE, ARRECADAÇÃO, COMPROVAÇÃO, INTERESSE, BRASILEIROS.
  • COMENTARIO, BIOGRAFIA, LIDER, VITIMA, DISCRIMINAÇÃO, CRENÇA RELIGIOSA, DENUNCIA, CONTINUAÇÃO, FALTA, TOLERANCIA, AVALIAÇÃO, ORADOR, IMPORTANCIA, RELIGIÃO, CRISTÃO, DEFESA, SOLIDARIEDADE, JUSTIÇA, HOMENAGEM, DIVERSIDADE, ENTIDADE, ESTADO DO PARA (PA), BRASIL, DIGNIDADE, PROMOÇÃO, ASSISTENCIA RELIGIOSA, ASSISTENCIA SOCIAL, AUSENCIA, DIVULGAÇÃO, MEIOS DE COMUNICAÇÃO, SAUDAÇÃO, PRESENÇA, SENADO, REPRESENTANTE, AMBITO NACIONAL, AMBITO INTERNACIONAL, ANUNCIO, OCORRENCIA, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), CONGRESSO BRASILEIRO, SETOR.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Marconi Perillo, autor, juntamente com outros Srs. Senadores e Srªs Senadoras, do requerimento para dedicar esta sessão especial do Senado Federal à memória e ao centenário de Francisco Cândido Xavier, Chico Xavier; Srªs e Srs. Senadores, Senador Mão Santa, Senador Heráclito Fortes, Senador Augusto Botelho, Senador Marco Maciel; Sr. Eurípedes Humberto Higino dos Reis, filho do homenageado; Exmª Srª Deputada Federal Raquel Teixeira, do Estado de Goiás; Sr. Nestor João Masotti, Presidente da Federação Espírita Brasileira; Sr. Jaime Ferreira Lopes, Diretor da Federação Espírita do Distrito Federal, representando o Presidente, Sr. César de Jesus Moutinho; representantes das entidades espíritas de todo o Brasil presentes aqui no plenário do Senado Federal, citando cada um de vocês, homenageamos e abraçamos a cada um e a cada uma que, lá no seu Estado, no seu Município se organizam e se dedicam à doutrina de Allan Kardec.

         Gostaria de externar neste momento minha emoção justamente por falar de um extraordinário cidadão brasileiro cuja vida foi dedicada integralmente à promoção da solidariedade e do bem-estar entre o nosso povo. Falo de Chico Xavier.

         Mineiro, nascido de uma família pobre de Pedro Leopoldo, bem na entrada dos grandes sertões de Minas Gerais, Chico Xavier dedicou sua vida aos estudos do espiritismo, doutrina difundida em nosso País a partir dos ensinamentos e da doutrina de Allan Kardec.

            Sua trajetória, em vida, deixou ensinamentos e práticas de solidariedade, de respeito ao próximo e, a seu modo, ajudou no combate à pobreza e à miséria, assistindo às famílias pobres e desamparadas que o procuravam e à Fundação que leva o seu nome.

            Neste momento, a película Chico Xavier - O Filme, em exibição nas diversas salas de cinema do nosso País, que conta sua vida e sua obra, já é recordista de bilheteria nos cinemas de todo o País, revelando que sua história desperta o interesse de amplas parcelas de nosso povo.

            Importante destacar que, apesar do sucesso e do interesse atual que sua biografia vem despertando, Chico Xavier também foi vítima de preconceito dos setores retrógrados e atrasados, dos setores abastados das elites conservadoras do nosso País.

            A doutrina espírita nunca foi vista com bons olhos pelos conservadores que integram as cúpulas dirigentes das principais religiões cristãs existentes em nosso País, seja por ignorância, seja por puro preconceito. Houve, e ainda há, de parte dos setores acima citados, ataques à doutrina espírita de todos os matizes em nosso País.

            Basta ligar as principais redes de televisão para assistirmos a pregações contra as diversas doutrinas espíritas, em particular contra os cultos de origem africana, como o candomblé, a umbanda, a macumba e também contra o espiritismo. É bem verdade que a pregação desses segmentos tem sido feita de forma dissimulada, mas o conteúdo da intolerância religiosa tem estado presente em muitos programas dos meios de comunicação do nosso País.

            Todos sabem que sou católico, que tenho profundas ligações com as Comunidades Eclesiais de Base e com uma Igreja que milita e defende os interesses do povo pobre e trabalhador, enfim, uma Igreja que defende os interesses dos empobrecidos e dos oprimidos. Associo-me aos ensinamentos do inesquecível Dom Antonio Batista Fragoso, bispo católico de Crateús, no Ceará, onde iniciei a minha militância nas Comunidades de Base, na Pastoral da Juventude e nas lutas sociais. Militância essa que continua há 34 anos, desde que, guiado pelos ensinamentos de Dom Antonio Batista Fragoso, aprendi conceitos, orientações que são verdadeiras lições de cristianismo.

            Aprendi ainda cedo, no Estado do Ceará, que ser cristão é ser tolerante, amar as pessoas independente de seu credo religioso e construir sempre, com honestidade e coerência, um mundo solidário, sem guerras, sem miséria e sem fome, onde a terra seja distribuída a todos que queiram nela trabalhar e produzir, onde todos os homens e mulheres possam trabalhar e ganhar seu sustento com dignidade e salários justos. Assim eu acho que deve ser todo cristão verdadeiro: um amante e praticante da solidariedade e da justiça.

            Quero, Sr. Presidente, homenagear nesta sessão a União Espírita Paraense, dirigida por Najda Oliveira, e todos os membros de seu conselho diretor. Quero homenagear a Nágila Viana, integrante da Diretoria do Centro Espírita Allan Kardec, de Abaetetuba, no Estado do Pará, que, juntamente com o Presidente do Centro Espírita Allan Kardec, Sr. Antonio Carlos Pinheiro Faro, desenvolve um trabalho de assistência social de solidariedade com os mais pobres.  
Tenho a honra de dizer ao Senado e ao Brasil que tenho a honra de ser testemunha do trabalho que realizam em prol das pessoas mais pobres.

            E o que é mais importante é a prática dos grupos dos centros espíritas em nosso País, a forma, Sr. Presidente, o método com que trabalham. Não há exposição midiática para anunciar o trabalho que realizam. Há uma forma de realizar o bem, de praticar a justiça, de exercitar a solidariedade, que, com certeza, deveria fazer - não que queiramos, até vou usar uma palavra inadequada - inveja a muitos cristãos que, às vezes, ao fazerem um ato de caridade, ao fazerem um ato de garantia da promoção humana, ao realizarem um gesto de solidariedade, preocupam-se, primeiro, muitas vezes, em dizer o que estão fazendo. E a comunidade espírita brasileira, em todas as suas dimensões, em todas as suas organizações, centros, federações, entidades, notabilizam-se justamente por trabalhar de forma silenciosa, buscando, muitas vezes, junto à própria comunidade, o reforço e o apoio, para realizar suas ações, mas de maneira muito digna, serena, o que constitui um verdadeiro exemplo de trabalho social e de dedicação às pessoas.

            Quero também homenagear todas as representações de outros países, que nos honram com suas presenças, seja aqui no Senado Federal, seja vindo ao nosso País, para, junto com os espíritas brasileiros, participarem do III Congresso Espírita Brasileiro, que se realiza de amanhã, 16 de abril, até domingo, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

            Por isso, homenageamos a representação do Canadá, do Uruguai, da França, e a direção, inclusive, do Conselho Espírita Internacional, aqui representada pela Srª Vanessa Anseloni. Sintam-se todos homenageados, sejam os brasileiros e brasileiras que se organizam sob as orientações de Allan Kardec e que seguem os ensinamentos de Chico Xavier. Recebam todos os nossos cumprimentos e a nossa palavra de incentivo, de estímulo, para que continuem onde quer que estejam, em qualquer parte do nosso País ou do planeta, porque a solidariedade, a fé, a crença, a doutrina espírita manifestada sob as mais variadas formas não tem limites e não tem fronteiras.

            Portanto, o que deve nos unir é o sentimento de que todos nós podemos fazer algo, para que o mundo, a sociedade, o planeta seja melhor, não importa de que religião sejamos praticantes, não importa em que partido ou doutrina política exerçamos a nossa missão política, não importam a função ou cargo que exerçamos em qualquer das instituições da sociedade, o que deve importar mesmo é a certeza de que, em qualquer lugar, em qualquer parte, em qualquer religião, em qualquer doutrina, podemos praticar a solidariedade, viver a justiça, lutar por liberdade, para que o mundo seja verdadeiramente justo e igual. É isso que nos deve mover.

            Portanto, mesmo sendo católico, como faço questão de dizer, creio que o caminho das religiões, das diversas crenças, das diversas doutrinas deve ser sempre o do ecumenismo, da unidade e da união, para transformar e melhorar o mundo. Conforta-me saber, Sr. Presidente, que, em vida, o médium Chico Xavier praticou e difundiu todos os ensinamentos deixados por Cristo. Isso engrandece a história de sua vida e serve como exemplo para toda a humanidade.

            Muito obrigado. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/04/2010 - Página 14662