Pronunciamento de Heráclito Fortes em 15/04/2010
Discurso durante a 52ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Denúncias dos elevados gastos do Governo do Estado do Piauí com aluguel de carros. Comentários à matéria intitulada "PT oferece ministério a JVC em troca de apoio a Wilson Martins".
- Autor
- Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
- Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL.
POLITICA PARTIDARIA.:
- Denúncias dos elevados gastos do Governo do Estado do Piauí com aluguel de carros. Comentários à matéria intitulada "PT oferece ministério a JVC em troca de apoio a Wilson Martins".
- Aparteantes
- Arthur Virgílio, José Agripino.
- Publicação
- Publicação no DSF de 16/04/2010 - Página 14828
- Assunto
- Outros > ESTADO DO PIAUI (PI), GOVERNO ESTADUAL. POLITICA PARTIDARIA.
- Indexação
-
- COMPARAÇÃO, PROBLEMA, ESTADO DO PARANA (PR), ESTADO DO PIAUI (PI), VENDA, BANCO ESTADUAL.
- CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, AUSENCIA, PRESTAÇÃO DE CONTAS, RECURSOS, PRIVATIZAÇÃO, BANCO ESTADUAL, ESTADO DO PIAUI (PI), OBRIGATORIEDADE, INVESTIMENTO, INFRAESTRUTURA, DESENVOLVIMENTO SOCIAL.
- DENUNCIA, SUPERIORIDADE, GASTOS PUBLICOS, ESTADO DO PIAUI (PI), ALUGUEL, CARRO OFICIAL, ATENDIMENTO, GOVERNO ESTADUAL, SOLICITAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, MINISTERIO PUBLICO ESTADUAL, CONTRATO, LOCAÇÃO, SUSPEIÇÃO, IRREGULARIDADE.
- LEITURA, TRECHO, NOTICIARIO, IMPRENSA, TENTATIVA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ALICIAMENTO, POLITICO, ESTADO DO PIAUI (PI), APOIO, REELEIÇÃO, WILSON MARTINS, GOVERNADOR, OFERTA, CARGO PUBLICO, MINISTRO DE ESTADO, RECUSA, JOÃO VICENTE CLAUDINO, SENADOR, SOLICITAÇÃO, ORADOR, ENCAMINHAMENTO, MINISTERIO PUBLICO.
- ELOGIO, DECISÃO, WILSON MARTINS, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), REDUÇÃO, GASTOS PUBLICOS, ALUGUEL, AUTOMOVEL.
SENADO FEDERAL SF -
SECRETARIA-GERAL DA MESA SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA |
O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ontem encontrava-me fora deste plenário. Estando fora da Casa, Senador Mozarildo, fico sempre antenado e ligado ao que aqui acontece. Sintonizei uma televisão no momento em que ouvi um extraordinário discurso que estava sendo proferido pelo Senador Osmar Dias. Naquele pronunciamento, ele falava sobre o prejuízo que o Governo do Paraná estava tendo com a venda do Banco do Estado do Paraná para um banco privado, no caso, o Banco Itaú. E mostrou dados, dados defendendo o erário paranaense. Ao que me parece, lá é uma questão que já vem de algum tempo. Mas o Senador mostrou o prejuízo que o Estado do Paraná vem tendo com essa transação.
E isso, Senador Mão Santa, remete-me a um fato semelhante que ocorreu no Estado do Piauí, onde nós tivemos o banco do Estado, o Banco do Estado do Piauí, federalizado e incorporado pelo Banco do Brasil. Naquela época, pedi esclarecimentos, voltei-me contra, não porque tivesse nada com a transferência do nosso banco para o Banco do Brasil, muito embora visse de antemão que graves prejuízos seriam estendidos não só aos funcionários mas também à comunidade do Piauí como um todo, aos clientes daquele banco.
Na época, o governador de então prometeu instalação de agências do Banco do Brasil em todo o Estado do Piauí e, ao que sabemos, de lá para cá nenhuma agência foi instalada. Mas o mais grave, Líder José Agripino, é que o Estado do Piauí recebeu R$180 milhões naquela transação, e os compromissos - aliás, assinados pelo representante do governador na Comissão de Assuntos Econômicos - eram para investimento em infraestrutura e área social. Entretanto, até hoje não se sabe o que foi feito desses R$180 milhões que o Estado do Piauí recebeu pela privatização.
Mas o Senador Osmar Dias me chamava a atenção no seu pronunciamento, porque mostrava que o Paraná, um Estado rico, de orçamento várias vezes maior do que o do Estado do Piauí, estava gastando desnecessariamente cerca de R$5 milhões por mês para pagamento de dívidas e solução do problema do Banco do Estado do Paraná.
Eis que somos surpreendidos, Senador Mozarildo, com uma denúncia de que o Estado do Piauí está gastando, por mês, R$5 milhões com aluguel de carros. Aluguel de carros: R$5 milhões!
E aqui vejo uma matéria da jornalista Mayara Bastos que diz o seguinte: “Governador quer cortar pela metade gastos com aluguel”. E aqui reconhecem o gasto dos R$5 milhões. Descer, cair para R$2 milhões ainda é um absurdo, um exagero, em se tratando de um Estado pobre como o Piauí.
Num pronunciamento que fiz aqui há dois meses, eu dizia que, na Secretaria de Saúde, as pessoas se preocupavam menos com hospital do que com aluguéis de carro. E a ostentação é terrível. Para confirmar o que disse naquele momento, tenho aqui declaração do Governador Wilson Martins, que diz: “Podemos muito bem trocar o aluguel de um carro com tração 4x4 por um veículo de modelo mais popular e de tamanho menor”. Essa é uma boa alternativa.
Os senhores sabem o que é o carro 4x4? São esses carros asiáticos, SW4, essas Toyotas Hilux e derivadas, carros de alto luxo alugados a granel, a vontade, pelo Governo que saiu no último dia 2 de abril.
Aquilo que eu disse há dois meses e que achavam que era exagero de quem faz oposição está aqui comprovado, com reconhecimento do próprio Governador do Estado. Quero até parabenizá-lo pela coragem de furar esse tumor, essa vergonha, porque um Estado como o Piauí, carente, cheio de prioridades, Líder José Agripino, não se pode dar ao luxo de pagar R$5 milhões por mês de aluguel de carro.
Aliás, seria bom, e eu quero solicitar ao Ministério Público do Piauí - e peço a V. Exª, Sr. Presidente, que remeta essa minha solicitação ao Ministério Público do Piauí - que faça apuração sobre as condições de contrato dos aluguéis, sobre o destino dos carros que são substituídos: para onde é que eles vão? Tenho certeza de que o Ministério Público vai encontrar algo de estarrecedor, porque o que nós estamos vendo no Estado do Piauí é uma verdadeira orgia de carros terceirizados, de carros alugados para uso oficial.
Portanto, eu quero fazer essa denúncia.
O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Permita-me um aparte, rapidinho, Senador?
O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Pois não, Senador Agripino. Com o maior prazer!
O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Eu sugeriria, como forma de V. Exª completar o seu processo de zelo pelos interesses do Piauí na demanda ao Ministério Público, incluir a pergunta com a resposta: onde se encontra cada carro?
O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Cada carro que foi alugado e substituído. Ou cada carro alugado!
O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Porque são R$5 milhões.
O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Exatamente!
O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Será que esses carros estão todos, ou existe carro imaginário? É de se supor, porque R$5 milhões é muito dinheiro. A coisa mais fácil do mundo é você aumentar o aluguel de um veículo que não está alocado em canto nenhum. Quem atesta é beneficiário, e eu não estou aqui fazendo pré-julgamento.
O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - V. Exª tem razão!
O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Eu estou dando uma contribuição à legalidade.
O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Quantos quilômetros roda por mês?
O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Isso. Onde está?
O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Quem é o responsável?
Eu agradeço a V. Exª essa sugestão. Como é bom ter em plenário a experiência de um homem que governou, de um homem que administrou e que, como se diz no Nordeste, é passado na casca do alho com relação a um assunto dessa natureza. V. Exª tem inteira razão!
O Sr. José Agripino (DEM - RN) - É uma contribuição.
O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Eu agradeço! É um absurdo!
O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Com o elogio ao zelo de V. Exª aos interesses do Piauí. Porque é como V. Exª fala: é um Estado carente, de um orçamento magro e que não pode, nem de longe, se dar ao luxo de conviver com suspeita de improbidade. Cumprimentos a V. Exª.
O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - É verdade, isso é um absurdo. Nós não podemos, de maneira nenhuma, aceitar.
Mas, antes de finalizar, Senador Agripino, Senador Arthur Virgílio, eu pediria a V. Exª meio minuto da sua atenção. Veja como estão as coisas no Governo Federal e, de uma maneira especial, como andam as coisas no Piauí.
Jornais de hoje: “PT oferece ministério a JVC em troca de apoio a Wilson Martins”. O Partido dos Trabalhadores, em nível nacional, por intermédio do Sr. Alexandre Padilha, está oferecendo Ministério para que haja retirada de candidaturas e com isso se apoie a candidatura da base do Governo, Senador Arthur Virgílio.
Quem anuncia é o Presidente do PT no Estado do Piauí, e já tem a declaração do Senador João Vicente dizendo que não aceita. Mas essa coisa está sendo feita de maneira escancarada.
O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Permite-me, Senador?
O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Pois não, com o maior prazer.
O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Veja, é claro que isso estarrece, isso espanta, mas a mim me estarrece mais e me espanta mais justamente eles não verem nada de anormal nisso. Na sua cidade, devem ter assim, na cidade do Senador José Agripino e na do Senador Mozarildo certamente também, certos tipos. Em Manaus, há algumas pessoas que andam nuas nas ruas. São pessoas que saem do manicômio por algumas horas, inofensivas. Eu conheço dois ou três tipos assim. Há uma mulher que é muito conhecida, ela anda nua e as pessoas encaram com a maior naturalidade, porque está ali a própria imagem da inocência do alienado; no caso dela, do alienado mental. Eles, com essa prática e com essa onipotência, com essa popularidade toda do Presidente, que está gerando uma arrogância muito grave, que os põe a perder, eles estão encarando como normal. Tudo é natural, tudo pode; sequer escondem. Ou seja, essa é uma prática que talvez outros governos tenham praticado. Duvido que tenham dito isso, duvido que tenham declarado isso dessa maneira tão pueril, como se fosse uma coisa legítima. Não conheço o outro candidato, mas está mais para nome de cano, aquele PVC. Vai ser uma coisa interessante essa eleição. Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Vou ler aqui apenas o que um dos jornais transcreve:
O Presidente estadual do PT, Fábio Novo, afirmou nesta quinta-feira, dia 15, ao desembarcar em Teresina, vindo de Brasília, onde teve uma audiência [presta atenção, Senador Alvaro Dias!] com o Ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que está sendo negociado, em nível federal, o apoio do Senador João Vicente Claudino à candidatura à reeleição do Governador Wilson Martins [veja bem!]. Em troca, o Senador assumiria um Ministério em um eventual governo da Ministra Dilma Rousseff (PT) à frente da Presidência da República.
‘Isso pode acontecer, está em aberto em Brasília e tratamos isso com o Ministro Padilha [quero chamar a atenção da imprensa para este fato] ontem em audiência. Quem ganha com isso é o Piauí. Essa possibilidade se fortalece no plano nacional a partir da conversa que tivemos com o Ministro Padilha’, afirmou Fábio Novo [o Presidente do Partido].
Quero fazer esse registro e pedir também a V. Exª, Senador Mão Santa, que determine o encaminhamento ao Ministério Público dessas afirmações, com a devida recusa do nosso colega Senador João Vicente, que diz aqui que “esse não é assunto para ser tratado agora”. E disse, inclusive, que seu Partido tem dificuldades, no momento, de garantir apoiou unidade de apoio à Srª Dilma Rousseff e que esse é assunto que tem de ser tratado no âmbito do Governo Federal.
Senador José Agripino, vou finalizar meu pronunciamento, lembrando um fato muito interessante, Senador Demóstenes, que aconteceu na eleição em que eram candidatos à Presidência da República os Srs. Jânio Quadros, Henrique Dutra e Teixeira Lott. Faltavam quinze dias para o final da campanha, e o Sr. Jânio reúne o seu comitê em um gabinete e pergunta: “Os senhores podem me informar quais as cidades que o Sr. Lott vai visitar até o final da campanha?”. Meia hora depois, a assessoria disse para ele: “São dez cidades”. Naquela época, os candidatos só iam a cidades grandes, por dificuldade de locomoção, pela falta de estradas. E, então, apontou dez cidades: “São estas”. Aí Jânio deu uma sonora risada e disse: “Pois bem, a essas eu não preciso ir, porque o Lott pede votos para mim”. Parece que a história está se repetindo e que existe um Lott de saia na praça.
Muito obrigado.
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