Discurso durante a 51ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre obras listadas na cartilha do oitavo Balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Piauí.

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Comentários sobre obras listadas na cartilha do oitavo Balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Piauí.
Publicação
Publicação no DSF de 15/04/2010 - Página 14482
Assunto
Outros > GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, PROPAGANDA, GOVERNO FEDERAL, BALANÇO, PROGRAMA, ACELERAÇÃO, CRESCIMENTO, ESTADO DO PIAUI (PI), INEXISTENCIA, OBRAS, QUESTIONAMENTO, DECLARAÇÃO, EX MINISTRO DE ESTADO, CASA CIVIL, CAMPANHA ELEITORAL, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª.

            Sr. Presidente, esta semana, a imprensa traz, de maneira repetida, notícias sobre gafes cometidas pela candidata a Presidente da República. São gafes, felizmente, verbais e que, em princípio, não trazem prejuízo à Nação, mas exclusivamente à própria candidata.

            O que está ocorrendo - e não tenho nenhuma dúvida, Senador Geraldo Mesquita Júnior - dentro do comitê de campanha da ex-Ministra é o famoso sapato alto antes da hora.

            Se olharmos a entrevista dada ontem pelo Ministro Paulo Bernardo, vamos ver que ele chega a acusar que o plano de governo proposto por José Serra é um plano fantasma, fictício.

            Ora, pois, o candidato Serra sequer apresentou plano. O que o candidato tem é uma história de vida e de relacionamento com os problemas do País, por tudo aquilo que ocupou ao longo desta vida.

            Depois o Ministro do Planejamento diz que a Ministra candidata é a responsável pelo êxito das obras deste Governo.

            Acho que ela é uma componente, mas não podemos, nem os adversários têm o direito de tirar o mérito dessas obras do Presidente Lula. Eu acho que, no mínimo, o Ministro Paulo Renato está sendo descortês com o Chefe Maior da Nação Brasileira e com ele próprio. Eu achava que o Ministro Paulo Bernardo, um ex-parlamentar, um homem capaz, competente, tinha participação no sucesso administrativo - pouco sucesso - que este Governo vem alcançando. Mas não, neste momento, querem jogar os êxitos nas costas da Ministra. E aí, Senador João Tenório, é onde mora o perigo, porque, na realidade, Senador Jefferson Praia, tenta-se colocar sobre os ombros da Ministra os louros do famoso PAC. Mas o que nós estamos vendo aí são obras inauguradas de afogadilho sendo derrubadas, como lá, na Região Norte, onde um porto flutuante não resistiu a dois meses de serviço, e o Presidente tendo, a partir de agora, o cuidado de não permitir, Senador Gerson Camata, que de faça visitas a obras que não estejam de acordo com o cronograma e com o figurino administrativo.

            Já a Ministra comete gafes com seus correligionários, desatenções, descortesia, agride os seus companheiros que, por circunstâncias que não vêm ao caso aqui comentar, tiveram que optar pelo exílio, como foi o caso do próprio Serra, como foi o caso de João Goulart, como foi o caso de Arraes e de uma infinidade de brasileiros que, em um momento muito delicado da Nação brasileira, foram levados a deixar o nosso País. Evidentemente que essa voz não é uma voz isolada, ela segue a um artigo, a uma orientação de um dos seus mais íntimos interlocutores, que é o Sr. Sader.

            Mas, Senador Paulo Paim, acho que devemos ter mais cuidado neste momento em avaliar e analisar o PAC, que foi prometido durante quatro anos como redenção.

            E trago aqui, hoje, algo estarrecedor, desrespeitoso, Senador Antonio Carlos Valadares, e aí sim, acho que fatos dessa natureza comprometem a Ministra responsável pelo PAC. Vejamos aqui, Senador João Tenório.

            Oitavo balanço do PAC. Senador Mão Santa, preste atenção a isso. V. Exª, como meu colega de representação, não se vai calar, como eu não me vou calar. Veja bem: oitavo balanço do PAC no Estado do Piauí, maio a agosto de 2009. Senador Mário Couto, veja bem: é uma cartilha. Vejam a capa como é bonita, vistosa, mostrando um trabalhador, só que obra que está aqui é a transposição do rio São Francisco, que não tem nada a ver com obra do PAC nem com o Piauí. Veja, Senador Gerson Camata, esta sim é uma gafe grave.

            A capa da cartilha distribuída por S. Exª, a Srª Ministra, Senador Jefferson Praia, está aqui, é uma fotografia panorâmica das obras da transposição, Senador Arthur Virgílio, do PAC, no São Francisco, a pelo menos 400 km da fronteira com o Piauí.

            Bom, e aí, Senador Mão Santa, vamos ver - copiei, o original está comigo - e aí, Senador Mão Santa... Senador Mão Santa, eu queria que V. Exª compartilhasse comigo isso, infraestrutura logística no Piauí, aí vêm as obras: aeroporto de Parnaíba; sabe V. Exª que foi inaugurado de maneira remendada, e nada está funcionando, o aeroporto internacional não tem alfândega, não tem Ministério da Saúde, não tem absolutamente nada. Porto de Luís Correia, estivemos lá recentemente.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Eu só queria dizer que, chegando a Parnaíba... Ele sabe a data, aquilo foi inaugurado em 19 de outubro, que é no Dia do Piauí, em 1971...

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - É evidente.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - ...pelo Ministro Reis Velloso. Ele aumentou apenas 400 metros de pista.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - É uma reforma. Agora, aumento de pista não significa que o aeroporto é internacional. Temos aqui, no interior de São Paulo, uma pista da Embraer de quase cinco quilômetros, que é para treinamento de avião, e a pista não é, de maneira nenhuma, uma pista internacional. É uma pista grande, uma pista larga, uma pista...

            Bom, aí, Senador Mão Santa, vem mais. Aeroporto de Teresina, projeto do terminal de passageiros. Os piauienses que estão me ouvindo, os teresinenses que estão me ouvindo, sabem que não tem absolutamente nada, nada, nada naquele aeroporto. Vem lá, conexão da Ferrovia Nova Transnordestina com a Norte-Sul, ligando Eliseu Martins/PI a Estreito/MA. Vai dar briga com o Ibama... Início de obra... Muito blablablá e nenhuma obra efetiva, Senador João Tenório.

            E aí eles falam novamente... Vejam bem! Eles não começaram sequer, Senador Gerson Camata, o trecho original, que é a Ferrovia Transnordestina, ligando Eliseu Martins/PI a Salgueiro/PE e, de lá, a Suape/PE... E já falam aqui em outra, ligando o Maranhão. Não existe absolutamente nada, nada, nada, nada! E, aí nós temos outra parte: energia! Hidrelétrica, Senador Mão Santa: Hidrelétrica do Castelhano, Hidrelétrica do Estreito do Parnaíba, Hidrelétrica do Cachoeiro, Hidrelétrica do Uruçuí, Hidrelétrica de Ribeiro Gonçalves, aquelas cinco que V. Exª assistiu ao Governador anunciar no primeiro ano de governo, não é isso?

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - A primeira vez em São José do Peixe.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Em São José do Peixe.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Estava do meu lado o Deputado Marcelo Castro. Estava do meu lado como testemunha.

            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI) - Nada! Nada, nada, nada! Está aqui! Eu quero deixar como documento para que fique nos Anais do Congresso Nacional, do Senado da República, esta cartilha do PAC com relação ao Piauí. E não vou detalhar porque há várias estradas que não existem. Promessas aqui de “Luz para Todos”, que V. Exª sabe da situação do “Luz para Todos” lá no Piauí... E “tapa-buracos”. Os tapa-buracos no Piauí são feitos à base de sonrisal. São como são conhecidas as estradas: não resistem às primeiras chuvas e nós pagamos um preço muito alto por conta da falta de estrutura para o escoamento da produção de grãos no Estado do Piauí. V. Exª, Senador João Tenório, que é um profundo conhecedor da área, sabe que, sem estradas, há frustrações de produções, e o Piauí está perdendo fortunas.

            Alie-se a isso a falta de energia. Nós temos instalado, no Piauí, uma grande unidade da Bunge - de processamento de soja. Existem dias em que, pela queda de energia, a fábrica tem que ser paralisada por até 11 vezes. Se V. Exª abrir esta cartilha do PAC destinada ao Piauí, vai ficar impressionado, mas esta fotografia que está aqui é triste, Senador Mão Santa, e na contracapa uma fotografia ainda mais bonita e maior. É um deboche para com o Piauí, Senador Mão Santa. É a transcrição fotográfica da transposição do rio São Francisco. Por que fazem isto com o Piauí? Se queriam colocar algo que eles prometem que vão construir, que colocassem a Barragem do Castelo, que colocassem uma imagem da Transnordestina, mas não isto.

            Portanto, eu quero dizer que essas são gafes verbais que a Ministra vem cometendo. E é natural que cometa porque não é do ramo, mas a Presidência da República tem que ser exercida por quem tem experiência, por quem tem vivência política, por quem tem vivência administrativa. Mas isso é um problema do PT e nós não temos nada a ver com isto. Essas gafes são mínimas diante dessas gafes grosseiras que se cometem contra Estados brasileiros, e a cometida contra o Estado do Piauí é este exemplo. Aqui, portanto, quero deixar registrado nos Anais da Casa para que o Brasil tome conhecimento da maneira leviana e irresponsável como vem sendo tratado o meu Estado pelo atual Governo.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR HERÁCLITO FORTES EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do inciso I, § 2º, art. 210, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“8º Balanço. Maio a agosto de 2009 (Piauí - PAC).”


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/04/2010 - Página 14482