Discurso durante a 51ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da realização da terceira Conferência Eleitoral Nacional do PSOL.

Autor
José Nery (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/PA)
Nome completo: José Nery Azevedo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.:
  • Registro da realização da terceira Conferência Eleitoral Nacional do PSOL.
Publicação
Publicação no DSF de 15/04/2010 - Página 14610
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. ELEIÇÕES.
Indexação
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, CONFERENCIA NACIONAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE (PSOL), DEFINIÇÃO, DIRETRIZ, CAMPANHA ELEITORAL, APROVAÇÃO, CANDIDATO, APOIO, ORADOR, MAIORIA, BANCADA, CONGRESSO NACIONAL, DISPUTA, CARGO ELETIVO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, REPRESENTANTE, LEGENDA, EX-DEPUTADO, FORMAÇÃO, ECONOMIA, UNIVERSIDADE, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), DEFENSOR, REFORMA AGRARIA, IMPORTANCIA, RENOVAÇÃO, GESTÃO, GOVERNO FEDERAL, COMPROMISSO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL.
  • APOIO, CANDIDATURA, SENADO, HELOISA HELENA, VEREADOR, MUNICIPIO, MACEIO (AL), ESTADO DE ALAGOAS (AL).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Geovani Borges, Srªs e Srs. Senadores, venho à tribuna para fazer uma breve referência à realização da III Conferência Eleitoral Nacional do PSOL.

            Nosso jovem Partido, desde sua fundação comprometido com o socialismo e a democracia, viveu, no último final de semana, mais um importante episódio de sua ainda breve existência. Com a decisão da nossa Presidente Nacional, ex-Senadora e atual Vereadora de Maceió, Heloisa Helena de concorrer a uma vaga ao Senado por Alagoas, coube ao Partido, de forma democrática e ouvindo o desejo de nossa militância, decidir, entre três pré-candidatos à Presidência da República, quem representará nosso projeto nas eleições deste ano. Além dessa decisão, nossa III Conferência Eleitoral Nacional também definiu as bases e diretrizes do programa do PSOL à disputa eleitoral de 2010.

            Entre os três pré-candidatos, estavam o ex-Deputado Federal João Batista, o Babá, paraense historicamente vinculado às lutas dos trabalhadores e trabalhadoras do meu querido Estado do Pará, o engenheiro Martiniano Cavalcanti, dirigente do Movimento Terra Trabalho e Liberdade - MTL, e o ex-Deputado Constituinte e Presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária, Plínio de Arruda Sampaio. Todos são nomes identificados com o programa do PSOL e que se confundem com a própria história da esquerda brasileira.

            Apoiado por mim, pela maioria da Bancada do PSOL na Câmara dos Deputados, pela maioria dos agrupamentos que se organizam no interior do Partido e por dezenas de intelectuais e lideranças políticas de esquerda, venceu o companheiro Plínio de Arruda Sampaio, com o voto de 89 dos 177 delegados aptos a participar da nossa III Conferência Eleitoral Nacional.

            Aos 79 anos de idade e mais de 50 anos de vida pública, Plínio de Arruda Sampaio é Promotor Público aposentado e Mestre em Desenvolvimento Econômico Internacional pela Universidade de Cornell, nos Estados Unidos. Com uma trajetória marcada com uma atuação junto à Igreja Católica é também um defensor da reforma agrária no País, sendo atualmente Presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária - Abra.

            Em seu primeiro mandato como Deputado Federal, entre 1963 e 1964, foi relator do Projeto de Reforma Agrária do Governo João Goulart. Com o Golpe Militar de 1964, engrossou a primeira lista de cassados e foi para o exílio. À época, o cargo de Promotor Público que exercia deste 1954 também foi cassado, só sendo reconhecido novamente em 1984, quando foi anistiado e aposentado.

            Plínio trabalhou na ONU, em programas de reforma agrária, desenvolvimento rural e desenvolvimento da pequena agricultura. Entre 1964 e 1970, atuou no Chile, no governo de Eduardo Frei. De 1965 a 1975, foi diretor de programas de desenvolvimento da FAO, órgão da ONU para agricultura e alimentação, trabalhando em todos os países da América Latina e Caribe. Desde 1975 atua como consultor da entidade.

            Plínio de Arruda Sampaio foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores, foi Deputado Federal Constituinte e candidato a Governador em 1990 e em 2006, já pelo PSOL. Com a crise do “mensalão”, que revelou as relações escusas entre Governo e parte da Base Aliada, rompeu com o Partido dos Trabalhadores e ingressou no PSOL, sendo uma entre as tantas lideranças que ingressaram no Partido, fundado pelos companheiros e companheiras, lideranças populares e parlamentares expulsas do PT em 2003.

            Não tenho dúvida de que Plínio é o nome que melhor representar todo o acúmulo da esquerda socialista e democrática em nosso País, sendo o único capaz de unificar outros partidos que, como o PSOL, também optaram por não participar do grande pacto que consumiu parte importante do projeto da esquerda brasileira. O PSOL, liderado pelo companheiro Plínio de Arruda Sampaio pode representar um projeto de ruptura com a dependência externa, de exclusão e miséria que assola o nosso País em seus quinhentos anos de história.

            O PSOL não aceitará uma eleição plebiscitária. O povo terá uma alternativa que não aceita o retrocesso nem os limites impostos pelo pacto entre capital e trabalho. Essa terceira via é o PSOL, é Plínio de Arruda Sampaio, é a via do socialismo e da democracia.

            Sr. Presidente, Senador Geovani Borges, o nosso jovem Partido, construído com a força dos que lutam e acreditam num Brasil renovado, num Brasil de transformações sociais profundas que alterem as condições fundamentais de cada cidadão e de cada cidadã, num Brasil que precisa de um projeto de mudanças de fato efetivo e consequente para garantir a cada brasileiro e brasileira as condições mínimas de dignidade, de sobrevivência, de liberdade e de justiça.

            Por isso, acredito no debate eleitoral que vai estar posto a partir de julho, quando inicia, efetivamente, a campanha eleitoral. Hoje nós assistimos aos pré-candidatos à Presidência, sobretudo os que representam os grandes blocos, que, a meu ver, não passam de uma falsa polarização entre grupos, concepções e práticas políticas que não representam, na verdade, mudanças substanciais na forma e no conteúdo de fazer política, como alternativa efetiva para o povo brasileiro.

            Creio que o povo brasileiro terá a opção de examinar, entre as diversas propostas, o projeto, a luta, o compromisso do PSOL e daqueles com quem estivermos aliados, para fazermos o bom debate sobre a realidade e os rumos do País, para fazermos o bom combate, e não nos contentarmos apenas com uma eleição como muitos querem, uma eleição plebiscitária entre os que estavam ontem e os que estão hoje. Na essência, eu diria que são mais do mesmo, porque não se alteraram, fundamentalmente, as condições de projeto político macroeconômico em que o grande capital, o latifúndio, os banqueiros acabam sendo os grande beneficiários desse conglomerado de Partidos que hoje se colocam como sendo as únicas alternativas para o povo brasileiro.

            O povo brasileiro terá opção para fazer boas escolhas. E esperamos, com o debate, com a apresentação de propostas, a afirmação de um projeto com transformações sociais profundas para alterar a realidade brasileira.

            Era a nossa mensagem, Sr. Presidente, anunciando, assim, as conclusões, orientações e os rumos com que o nosso jovem Partido participará do processo eleitoral de 2010.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/04/2010 - Página 14610