Discurso durante a 54ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa da criação de um fundo da União para uniformizar os salários de policiais e bombeiros, viabilizando um piso nacional para a categoria. (como Líder)

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SALARIAL. SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Defesa da criação de um fundo da União para uniformizar os salários de policiais e bombeiros, viabilizando um piso nacional para a categoria. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2010 - Página 15074
Assunto
Outros > POLITICA SALARIAL. SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • ELOGIO, SENADO, APROVAÇÃO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, FIXAÇÃO, PISO SALARIAL, POLICIAL CIVIL, POLICIAL MILITAR, BOMBEIRO MILITAR, JUSTIFICAÇÃO, VALORIZAÇÃO, CARREIRA, DIGNIDADE, COMBATE, CRIME, CRIAÇÃO, FUNDO ESPECIAL, UNIÃO FEDERAL, AUXILIO, ESTADOS, COMPLEMENTAÇÃO, DIFERENÇA, SALARIO, NECESSIDADE, DEFINIÇÃO, VALOR, LEI COMPLEMENTAR, DISCORDANCIA, AGREGAÇÃO, EMENDA, CAMARA DOS DEPUTADOS, APREENSÃO, PARALISAÇÃO, TRAMITAÇÃO, CRITICA, ALEGAÇÕES, SUPERIORIDADE, CUSTO, PROVIDENCIA.
  • QUALIDADE, EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), DEFESA, DEFINIÇÃO, FINANCIAMENTO, SEGURANÇA PUBLICA, IMPORTANCIA, CORREÇÃO, SALARIO, SAUDAÇÃO, PROXIMIDADE, INCLUSÃO, PAUTA, VOTAÇÃO, PROPOSTA, EMENDA CONSTITUCIONAL, AUTORIA, ORADOR, OBRIGATORIEDADE, INVESTIMENTO, PERCENTAGEM, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), SETOR.

                          SENADO FEDERAL SF -

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            O SR. RENAN CALHEIROS (PMDB - AL. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, quando o assunto é recorrente e a providência é nossa responsabilidade, nada mais coerente do que persistir e insistir.

            O Senado Federal, permeável às apreensões da sociedade, aprovou rapidamente, em dois turnos, o projeto de emenda constitucional que fixa nacionalmente o piso salarial para as Polícias Civis e Militares e o Corpo de Bombeiros Militares. A proposta, Sr. Presidente, Srs. Senadores, teve uma tramitação célere, porque o Senado, como eu dizia, compreendeu a urgência da PEC e deu a ela uma dinâmica diferenciada. Demos um passo importante para que o Brasil valorize seus policiais e, de certa maneira, Sr. Presidente, contribua para combater nossos índices de criminalidade.

            A proposta originada aqui no Senado criou o piso nacional de salários, mas, Sr. Presidente, não avançou para fixar valores. Propusemos, com a colaboração dos ilustres Senadores, a criação de um Fundo da União que será utilizado para complementar diferenças salariais de forma gradual, a fim de não sobrecarregar nem comprometer o planejamento orçamentário de Estados e da União. Há, Sr. Presidente, Srs. Senadores, Estados que nem mesmo necessitam da complementação, como o Estado de Sergipe, que já paga salários de R$3.200,00 aos seus policiais.

            A fixação de valores na Constituição, incorporada em uma emenda aglutinativa na Câmara dos Deputados, parece-me ser, Sr. Presidente, totalmente imprópria e não pode, de forma nenhuma, servir de argumento para paralisar a tramitação, ou melhor, a votação da PEC 300 na Câmara dos Deputados. Por isso, Sr. Presidente, é juridicamente acertado e constitucionalmente defensável que o valor do piso nacional seja fixado por uma lei complementar, sob o risco de decepções posteriores. Além disso, quantificar salários na Constituição, ainda que nas Disposições Transitórias, é congelar esses salários, Sr. Presidente. Ao se fixar um valor, a cada ano que ele tiver, por exemplo, só a reposição da inflação, implicaria uma nova PEC, que, sabemos, tem uma tramitação verdadeiramente complexa.

            Quando apresentei a emenda, a intenção, Sr. Presidente, era de inserir na Constituição Federal um mecanismo que garantisse um padrão mínimo nacional de remuneração para esses profissionais, cuja importância para o Estado e para a sociedade é inquestionável.

            Os servidores policiais desempenham a mais típica das funções de Estado, que é a de cuidar da segurança das pessoas, da segurança das relações sociais. E isso, Sr. Presidente, é condição sem a qual não podemos, jamais, falar em democracia, liberdades individuais e liberdades públicas. E, por exercerem atividade típica de Estado, os policiais merecem o amparo de mecanismos constitucionais, como o que foi aprovado aqui, no Senado Federal.

            A proposta que aprovamos no Senado, Sr. Presidente, é equilibrada e estabelece a complementação de recursos pela União, de maneira que os Estados possam efetivamente oferecer uma remuneração mais adequada e digna para os servidores policiais. A remuneração inadequada é um fator que potencializa o abandono da carreira, a dedicação a outras atividades distintas da segurança pública e o constante assédio dos criminosos, que acenam com vantagens financeiras e até materiais. É impossível, Sr. Presidente, estruturar uma carreira policial sem a adequada remuneração.

            Em todos os encontros com entidades sindicais e lideranças, afirmei que o fundamental seria garantir a aprovação do piso este ano e não permitir personalizações e demagogia eleitoral. Mais do que uma conquista salarial para as categorias, Sr. Presidente, o piso significa mais dignidade para os policiais, suas famílias e mais segurança nas ruas. A polícia enfrenta uma guerra diária e desleal com a criminalidade, e os salários, todos sabem, não estão à altura da sua responsabilidade.

            Naturalmente, Sr. Presidente, Srs. Senadores, existem aqueles que estão politizando, e a delonga, ela sim, é eleitoreira. Falam até em números absurdos de um custo de 30 milhões, e isso, Sr. Presidente, é a mais pura mentira.

            Como já disse antes, há unidades da Federação que já remuneram dignamente suas polícias com recursos próprios e não entrarão no Fundo, e outras, Sr. Presidente, não precisarão da complementação, que será regulamentada por lei, por iniciativa do Executivo, por iniciativa do Excelentíssimo Senhor Presidente da República.

            Infelizmente, há interesses menores, sombras de peleguismo rondando a proposta. Alguns poucos segmentos querem faturar politicamente em cima da PEC e estão se lixando se ela vai se tornar realidade ou não. Querem só o discurso de campanha. Quero, Sr. Presidente, torná-la uma realidade já. Tem gente que enxerga na procrastinação horizontes políticos. Quero apenas, Sr. Presidente, Srs. Senadores, criar logo o piso para as categorias. Por isso, a PEC não pode ficar paralisada na Câmara dos Deputados.

            Sabemos que esse é mais um importante passo no capítulo da segurança pública no Brasil. Ao fixarmos o piso salarial, estamos corrigindo uma ponta do sistema, restando, ainda, apontar, Sr. Presidente, uma fonte de financiamento permanente da segurança pública.

            Quando tive a honra de ocupar o Ministério da Justiça, pude constatar que melhores salários e condições materiais adequadas de trabalho refletem instantaneamente na redução das estatísticas de criminalidade e de violência. Naquela oportunidade, Sr. Presidente, Srs. Senadores, corrigimos salários e modernizamos os equipamentos da Polícia Federal e Rodoviária Federal. Os resultados, todos acompanharam, foram muito positivos.

            Essa correção nos salários dos policiais e bombeiros vai abranger mais de 650 mil profissionais de segurança em todo o Brasil, mas ela, Sr. Presidente, Srs. Senadores, é apenas um primeiro passo, e temos ciência do trabalho que vem a seguir.

            Nesse aspecto, já está pronta para ser votada no Senado Federal outra emenda constitucional, de minha autoria, que obriga a União, Estados e Municípios a investir percentuais mínimos em segurança pública. Aprovada a proposta, coloca na segurança R$1 bilhão ao ano, em novas viaturas, armamentos modernos, operações de inteligência e construção de presídios.

            O Brasil, Sr. Presidente, não pode mais adiar a discussão sobre segurança pública. Não podemos reagir mais por espasmos, por tragédias recorrentes. Temos obrigação de encarar o problema da insegurança de frente. Não devemos enfrentar esse grave desafio tratando-o como colunas contábeis. São problemas reais, Sr. Presidente, Srs. Senadores, perdas de vidas humanas que testemunhamos diariamente.

            O Estado precisa recuperar seu protagonismo nessa guerra. Acabamos de presenciar um episódio emblemático da falência do atual modelo, o que envolveu o maníaco de Luziânia. O Estado, Sr. Presidente, falhou ao soltar o monstro, falhou ao não monitorá-lo adequadamente e falhou, de novo, na morte de um preso sob sua custódia. Até quando vamos assistir impassíveis à repetição dessas falhas? Espero, Sr. Presidente, Srs. Senadores, que a última tenha sido eloquente e faça com que todos cumpram a sua parte nessa tarefa.

            Era, por enquanto, Sr. Presidente, o que eu tinha a dizer.


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