Discurso durante a 54ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa da regulamentação da divulgação de pesquisas encomendadas por candidatos, partidos políticos ou sindicatos. Comentário sobre resultado da pesquisa Datafolha, do jornal Folha de S.Paulo, para o próximo pleito eleitoral, divulgada no último sábado, do candidato José Serra em primeiro lugar na disputa eleitoral para presidente. (como Líder)

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Defesa da regulamentação da divulgação de pesquisas encomendadas por candidatos, partidos políticos ou sindicatos. Comentário sobre resultado da pesquisa Datafolha, do jornal Folha de S.Paulo, para o próximo pleito eleitoral, divulgada no último sábado, do candidato José Serra em primeiro lugar na disputa eleitoral para presidente. (como Líder)
Aparteantes
Alvaro Dias, José Agripino, Marco Maciel, Marisa Serrano.
Publicação
Publicação no DSF de 20/04/2010 - Página 15088
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • COMENTARIO, CAMPEONATO REGIONAL, FUTEBOL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • QUESTIONAMENTO, CONDUTA, SINDICATO, PAGAMENTO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, AVALIAÇÃO, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, RISCOS, PERDA, CONFIANÇA, IMPARCIALIDADE, INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, COMENTARIO, INFERIORIDADE, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA.
  • CONFIANÇA, PREVISÃO, VITORIA, CANDIDATO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), SUCESSÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, ELOGIO, PREPARO, EXPERIENCIA, MANDATO, PREFEITO DE CAPITAL, GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), RESPEITO, LEGISLAÇÃO ELEITORAL, AUSENCIA, ANTECIPAÇÃO, CAMPANHA.
  • COMENTARIO, DIFERENÇA, ISENÇÃO, INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, EFEITO, AUMENTO, CONFIANÇA, AUSENCIA, ACOLHIMENTO, ENCOMENDA, PARTIDO POLITICO, AVALIAÇÃO, PREVISÃO, RESULTADO, CANDIDATURA, JOSE SERRA, DILMA ROUSSEFF, MARINA SILVA, CANDIDATO.
  • REGISTRO, IMPORTANCIA, APOIO, FERNANDO HENRIQUE CARDOSO, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, CANDIDATURA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Presidente Mão Santa, prezado e querido amigo.

            Quero, Senador Geraldo Mesquita, oferecer os meus sinceros parabéns a V. Exª, porque, de fato - e agora falando sem nenhum ironia, sem nenhuma brincadeira - não é bom para o futebol brasileiro que um clube - e esse estava sendo o caso do Flamengo no Rio de Janeiro - termine exercendo uma hegemonia muito demorada, muito longa. Isso não ajuda a renovação do futebol. E a festa do Botafogo foi merecida, jogou com mais garra, jogou melhor. O Flamengo perde aquele pênalti, ou seja, foi merecido o título do Botafogo. O Flamengo agora vai cuidar de ser campeão da Libertadores, que é o que lhe cabe e lhe resta fazer.

            Mas parabéns mesmo ao Botafogo!

            Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Presidente Marco Maciel, Senador Alvaro Dias, Senadora Marisa Serrano, eu quero chamar a atenção para o fato de que saiu, outro dia, uma pesquisa CNT/Sensus. Coincidiu, Senador Marco Maciel, com uma reunião de coordenação de campanha do pré-candidato José Serra, preparando o que seria a campanha.

            Eu saí daqui com o Presidente do seu Partido, Rodrigo Maia, e o com o Líder José Agripino. Durante a viagem, não fizemos qualquer comentário sobre a pesquisa Sensus que havia saído, até porque não conferimos a ela importância alguma. Nós só nos preocupamos com aquilo que nos toca ou para o bem ou para o mal.

            Depois, participamos de uma reunião, incluindo nós próprios, Senador Geraldo, com vinte pessoas. Ninguém, na reunião, fez nenhuma referência àquela pesquisa Sensus. Depois, surgiram as dúvidas: quem pagou foi o sindicato tal ou o sindicato qual? Trocaram o nome do pagador. Depois, vem a outra pergunta, a outra indagação: o que tem um sindicato de pagar uma pesquisa para avaliar uma candidata que, declaradamente, ele, sindicato, apóia? E mais: o que tem o instituto de pesquisa de aceitar esse tipo de barganha, esse tipo de jogo, que coloca em risco a credibilidade dele próprio, instituto de pesquisa? E credibilidade, Senadora Marisa, é algo que vai e não volta. Quando se fala em eleição, eu sempre digo que voto pode ir e voltar. A credibilidade vai, mas não retorna. Não há duas mãos, não há caminho de retorno.

            No dia seguinte, por curiosidade, eu procurei saber que espaço os jornais dariam para a tal pesquisa, segundo a qual Dilma teria encostado em Serra, por uma diferença de milésimos, enfim; não era o que eu sentia, não é o que o Brasil percebe. Isso logo após uma sequência de atuações estapafúrdias da ex-Ministra da Casa Civil e num quadro em que o pré-candidato do PSDB, do DEM e do PPS só praticara acertos. Um discurso que comoveu o Brasil - como bem lembrou o Presidente Mão Santa -, em que ele retoma suas origens humildes e mostra que, apesar da sua origem humilde, conseguiu construir uma sólida formação acadêmica, uma sólida formação cultural, intelectual; professor, escritor, doutor em economia por Cornell, nos Estados Unidos.

            As pessoas dizem: mas o Serra não é bom de voto. Então, expliquem-me o que é ser bom de voto, porque ele foi Deputado Federal; foi Senador da República, com uma votação recorde; foi Prefeito de São Paulo; candidato à Presidência da República, teve 33 milhões de votos enfrentando um mito como o Presidente Lula - repito: 33 milhões de votos como candidato a Presidente da República; foi candidato a prefeito de São Paulo depois de presidir seu partido; foi Governador de São Paulo; fundamental na eleição desse bom prefeito de São Paulo que é Gilberto Kassab; nunca esteve atrás do próprio Presidente Lula nas pesquisas de 2005 e 2006. Perdeu uma - se não me engano no Datafolha - depois de ele ter dito que não era mais candidato. Aí ficou atrás 3 ou 4 pontos no 1º Turno e, no 2º Turno, ganhava por uma pequena margem; ele, que ganhava por boa margem no 1º Turno e que ganhava por larga margem no 2º Turno nas pesquisas anteriores. Depois, Lula reassume o seu mandato - é homem de inegável popularidade - e Serra lidera todas as pesquisas de opinião pública de 2007, 2008, 2009 e 2010 até o presente momento. Mesmo nessa última, da CNT, que os jornais não levaram a sério, porque deram um cantinho de página. Os jornais todos - essa mídia que o Presidente tanto critica - colocavam num cantinho de página e diziam assim: “pesquisa (vírgula), paga pelo sindicato tal, que, aliás, foi substituído pelo sindicato qual...” Ainda com um senão. Não ficou uma coisa bonita aquilo, não ficou uma fotografia boa, ficou uma foto ruim, chamuscada; não ficou boa.

            Percebi que, no nosso partido, Senadora Marisa e Senador Alvaro, fizemos, nesse período, talvez duas reuniões de bancada e não tocamos no assunto dessa pesquisa. Uma coisa engraçada. Não ocorreu dizermos: “o que houve?”, porque não levamos a sério essa pesquisa. Se tivéssemos levado a sério, teríamos, Senador Geraldo...

            O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Por bom senso, não é?

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - É, sem fazer trocadilho, por “bons sensos”.

            Enfim, acho horrível essa história de ficarmos criticando institutos de pesquisa. E não estou criticando, estou procurando chamar à razão esses pessoas que estão perdendo a razão no afã de se manterem no poder.

            Entendo que a boa lógica manda, Presidente Marco Maciel, que um instituto que trabalha para um candidato não possa divulgar pesquisa. Essa é a lógica boa e decente. Um instituto que não trabalha para ninguém pode fazer acordo com a TV Bandeirante, com a TV Globo, com a TV Record e, aí, divulgar suas pesquisas. Mas, se um instituto trabalha para mim e divulga uma pesquisa em que meu nome está no meio, que credibilidade tem isso? Qual a credibilidade desse instituto? E esses institutos devem preservar sua credibilidade, porque eles vivem de credibilidade, não vivem de brincadeira.

            Então, eu partiria da premissa - e já vou chegar ao Datafolha - de que esse Serra, que, longe de ser ruim de voto, é muito bom de voto... E estranhamente, Senadora Marisa, as pessoas fazem certas reclamações estéticas em relação ao nosso pré-candidato, mas ele é muito bem votado entre as mulheres, de forma bem superior à sua oponente, que é mulher, enfim, o que prova que mulher não vota em mulher automaticamente, só porque é mulher. Mulher vota em homem ou mulher que trabalhe pela mulher e pelo Brasil da melhor forma, segundo a visão da mulher. Exemplo disto - V. Exª falou isto bem outro dia - eu vou acrescentar: foi um homem feio e extremamente ligado à causa da mulher quem mais fez pela mulher, acima do trabalho de qualquer outra mulher neste País. Eu desafio a pegarmos qualquer legisladora e compararmos o trabalho de uma delas ou de todas juntas para vermos se realizaram mais do que Nelson Carneiro, o autor da Lei do Divórcio e o homem que alterou toda a legislação de família a favor da mulher e que nunca advogou contra a mulher, mesmo quando a mulher não tinha razão. Esse era um adepto efetivo da causa da mulher.

            Mas eu dizia assim: puxa vida, o Presidente Lula tem 75% de aprovação; então, se houvesse um terceiro mandato, ele derrotaria o Serra por 75 a 25? Será isto? Não. O Partido faz uma pesquisa e a pesquisa deu - no meio das enchentes, Senador Geraldo Mesquita Júnior - que Serra não seria candidato, que não teria coragem de largar o certo pelo duvidoso e que ele perderia de Lula de 60 a 40. Ora, a partir dali, se declarasse: “Sou candidato”, já iria para 58 e 42. Depois, faz um movimento como aquele bonito e já iria para 55 e 45. Perderia para o Presidente, eu acredito. Numa luta dos dois, seria favorito o Presidente Lula, mas numa eleição apertada, de segundo turno - apertada: 52 a 48, 51 a 49, 53 a 47. seria esse o resultado final de uma luta entre Serra e Lula. Então, digamos que fosse - aquilo em que eu não creio - um escore largo demais: Lula, 55; Serra, 45. Eu não nego que seria favorito o Presidente Lula, até porque terceiro mandato, máquina na mão, figura querida do povo brasileiro - eu não vou negar isso... Dilma não vai disputar os 75% das pessoas que gostam do Presidente Lula, não! Ela vai disputar os 50 e pouquinhos que ele teria contra Serra, o máximo que ele teria contra Serra. E ela não é Lula; ela é Dilma; ela vai disputar dentro de uma faixa muito escassa. Ou seja, as possibilidades, a meu ver, se é que eu tenho alguma experiência de eleição - mais que ela, com toda a certeza -, ela vai disputar numa faixa em que muito dificilmente chegaria perto de 50%, muito dificilmente.

            Portanto, há um favoritismo claro de um candidato maduro, preparado intelectualmente, preparado no voto, testado no voto, testado na urna, testado na direção partidária, testado nas suas experiências administrativas, todas vitoriosas. O grande Ministro da Saúde que quebrou as patentes e barateou remédios para pobres, que viabilizou remédios contra a Aids e que fez uma gestão com base no saneamento básico, regenerando a Funasa - que eu vejo outra vez complicada -, promovendo investimentos sérios em saneamento básico, por meio da Funasa, que ele regenerou.

            Senador Marco Maciel, meu Presidente.

            O Sr. Marco Maciel (DEM - PE. Com revisão do aparteante.) - De fato, nobre Senador e líder Arthur Virgílio, V. Exª aludiu ao programa que ele fez, chamado Projeto Alvorada, que permitiu, no Norte e Nordeste, sobretudo, que grandes parcelas da população mais pobre pudessem ter acesso a água tratada, a saneamento, sem contar também o grande trabalho na melhoraria dos níveis de informação correta às mães, aos pais, enfim, para que as crianças se livrassem eventualmente de muitas doenças. Então, foi um trabalho extremamente exitoso, que todo o País reconheceu. É bom lembrar, como V. Exª já o fez, que o Governo brasileiro recebeu o prêmio da Organização das Nações Unidas, da ONU, pela política que adotara com relação à aids e à quebra das patentes. Tudo isso foi um salto muito expressivo, que não podemos deixar de considerar e elogiar. Daí por que não me surpreende o fato de que nem começou a campanha ainda, nem estamos em campanha, mas ninguém pode deixar de verificar que ele já sai com uma posição muito significativa em termos de intenção de voto. O que se espera é que, com o decorrer da campanha, a candidatura dele vá cada vez mais se consolidar, mercê do seu currículo, da sua vida pública, mercê também da sua dedicação integral aos problemas do País. Ele conhece os problemas do País e sabe como resolvê-los, o que é raro, e por isso está habilitado a fazer uma excelente campanha e, por que não dizer, a ter um desfecho extremamente positivo.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Muito obrigado, Presidente Marco Maciel; eu concordo plenamente. Se há um segmento da sociedade brasileira que adora o Serra é precisamente aquele formado pelos prefeitos e pelos ex-prefeitos. Muitos prefeitos da época são prefeitos hoje ou são ex-prefeitos que pretendem voltar em 2012 e que se sentiam muito bem com os projetos alvoradas da vida.

            No meu Estado, criaram uma crosta de rejeição ao Senador Serra, ao Governador Serra, ao presidenciável Serra, dizendo que ele era contra a Zona Franca de Manaus. Ele moralizou a Zona Franca de Manaus: tirou-a das páginas policiais e colocou-a nas páginas econômicas. E, de lá para cá, ela só prosperou. Mais: os recursos públicos, que hoje são contingenciados quase que 100% por este Governo, que serviam para infraestruturar obras estruturantes no Amapá, em Manaus, no interior do Amazonas, no interior do Amapá, em qualquer cidade da Amazônia Ocidental - Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima -, ele lutava para não haver contingenciamentos, as obras saíam. Hoje, a Suframa paga luz, água, telefone, e com muita luta nossa aqui. Desapareceram os recursos da Suframa: são contingenciados na inteireza. Apoiava os parlamentares na liberação das emendas, fosse de que partido fosse o parlamentar. A causa dele era a saúde quando ele era Ministro da Saúde. Ele inclusive dialogava com os parlamentares para tentar orientá-los no sentido estratégico de fazerem emendas boas, emendas que se enquadrassem num projeto nacional de saúde. Isso é o que eu prego para um orçamento moderno.

            E, aí, Senadora Marisa, chego a um outro ponto, ao ponto - e já concedo um aparte ao Senador Geraldo - da pesquisa Datafolha. Veja bem: saímos nós daquele episódio Sensus sem discutirmos o episódio, o que é uma lição: não façam mais pesquisas daquele tipo, porque aquilo ali, simplesmente, não repercutiu em nada na opinião pública. Em nada! Gastaram dinheiro à toa, tiraram credibilidade da candidata. Quanto aos sindicatos, não sei se estão preocupados com ter credibilidade ou não, mas o instituto perdeu. Eu, por exemplo, jamais contrataria esse instituto para mexer em qualquer campanha minha, porque, de repente, esse instituto vai dizer que eu tenho 350% e eu posso não ter nem 0,5%. Não vou. Esse eu não quero. Pronto! É um direito meu como contratante. Esse eu não contrato. Ele pode até dizer amanhã: “também eu não aceito que você me contrate”. Está bom. Então, você não aceita de lá, e eu também não quero de cá. Estamos quites.

            Agora, veja, antes de conceder o aparte a V. Exª, alguns números, Senador Alvaro Dias.

            A Srª Marisa Serrano (PSDB - MS) - Senador Arthur Virgílio.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Pois não.

            A Srª Marisa Serrano (PSDB - MS) - Além disso, gastou dinheiro de um sindicato, recursos dos sindicalizados, que pagaram a pesquisa. Acho que também temos de dizer que isso foi o absurdo dos absurdos.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Que interesse tem para os sindicalizados...

            A Srª Marisa Serrano (PSDB - MS) - E custaram a descobrir quem foi, não é Senador? Cada hora era um.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Foi um, foi outro. O famoso jogo de empurra.

            Que interesse tem para o sindicalizado pegarem dinheiro do caixa do sindicato para pagarem uma pesquisa eleitoral? A desculpa foi - aqui para nós, me perdoem - a mais cretina que já ouvi nos últimos tempos. “Nós queremos saber quem vai governar o Brasil”. O País todo quer saber quem vai governar o Brasil. O País vai ter uma eleição, que, se Deus quiser, vai ser limpa, pacífica, lisa, correta.

            Agora, veja bem: instituto Datafolha. O instituto Datafolha pode errar e pode acertar com qualquer um de nós, mas é um instituto de muita credibilidade, por uma razão bem simples: não faz pesquisa para partido, não faz pesquisa para candidato. Então, esse é, para mim, o instituto que deve causar preocupação em uns e alívio em outros, até pela forma... Não descredencio os demais. Tenho respeito por Ibope, por que qualquer um deles, tenho respeito pelo MCI, qualquer um deles. Só entendo que esses institutos particulares deveriam escolher: ou divulgam suas pesquisas, ou trabalham para candidatos. Trabalhar para candidatos e divulgar pesquisa não é uma coisa correta, não é uma coisa boa, não é bom para a democracia, não é justo. É preciso regulamentação nisso. Pode publicar pesquisa até na véspera da eleição, mas não trabalhe para um candidato e publique pesquisa porque você pode estar tentando obter uma visão favorável ao seu candidato, quem sabe, mexendo em margem de erro, praticando algum delito, enfim, num País que não é falto de delitos nem de quem delinque.

            Muito bem! Vamos para o Datafolha, Senador José Agripino. O Datafolha coloca: Serra, 38 pontos; Dilma, 28 pontos; Marina, 10 pontos.

            O Presidente Lula diz que vai ganhar no primeiro turno. Não sei como, mas eu acredito que vai haver segundo turno, até porque acredito muito no crescimento da Senadora Marina. Tenho muito respeito por ela. Não vou minimizar nem vou subestimar adversário nenhum. Entendo que a humildade deve nos pautar o tempo inteiro. Minimizar o potencial de votos da Senadora Marina já é uma forma arrogante de começar uma eleição. Nós não faremos isso, nós não minimizaremos a Senadora Marina porque a respeitamos.

            Mas ela ultrapassa por um ponto, na margem de erro, claro, o candidato Ciro Gomes, que está sendo duramente, doidamente sangrado a partir do fato de ter cometido um erro que, como eu disse à Senadora Marisa ainda há pouco, eu não cometeria jamais. Eu ganharia 1.200 eleições no meu Estado do Amazonas ou perderia 1.200 eleições no Estado do Amazonas, mas não trocaria meu título do Estado do Amazonas por nenhum Estado, ainda que V. Exª ou quem quer que fosse me mostrasse que tinha feita uma pesquisa - como já me mostraram uma vez - e que eu teria chance no Estado do Rio de Janeiro. Posso ter, que bom! Tomara que quando eu chegue a uma churrascaria paguem minha comida, de tanta simpatia que têm por mim. Mas não sou candidato pelo Rio de Janeiro porque sou candidato pelo Amazonas a vida inteira. É a minha definição, minha terra. É lá que decido o meu destino eleitoral, é lá que decido minha vida política. Quem vai prolongar minha vida política no momento em que quiser prolongá-la ou vai encerrar minha carreira política no momento em que quiser encerrá-la vai ser o povo do Amazonas; e ponto.

            Houve esse erro do presidenciável Ciro Gomes, que poderia perfeitamente ser candidato a Presidente no Estado dele, jamais deixando o seu domicílio eleitoral. Talvez o Ciro não tenha percebido a importância de ser Deputado. Talvez, mesmo brilhante como é, não tenha entendido que não houve Deputado mais brilhante do que Carlos Lacerda, que não foi Senador nem foi Presidente. Houve poucos Deputados tão influentes na República Brasileira inteira, Velha República, Nova República, quanto Ulysses Guimarães, que jamais foi outra coisa a não ser Deputado Federal.

            Ciro Gomes vai para São Paulo, não sei por que cargas d’água. E não é um problema que diga respeito a mim. Depois, começa essa massacre ao moço. Esse massacre verdadeiro. Todos os dias ele é sangrado, pagando, com certeza, algum preço alto no Estado do Ceará. E com certeza pagando um preço nacional, que é o de inviabilizar a cada momento a sua pretensão presidencial.

            Agora, 38%, 28%, 10% e 9%.

            Isso significa, em votos válidos, 43,5% dos votos para Serra. Isso significa que, quando Ciro sai do páreo, e se faz um cenário sem Ciro, Serra atinge exatamente metade dos 76% de Marina, Ciro e Dilma, somados, ou seja, Serra atinge, quando Ciro sai, 50% dos votos válidos. E, quando se faz a projeção do segundo turno e se vai aos votos válidos, que é o que se interessa ao fim, ao cabo de uma eleição, Serra atinge 56% dos votos válidos contra 44% de Dilma, ou seja, 12% de vantagem, antes de ter feito qualquer atitude de campanha. Meramente, começa, agora, a fazer uma visita aqui, outra visita acolá, com todos os cuidados a que um homem respeitador da lei, como ele é, obriga-se. Então, é uma candidatura muito forte, muito expressiva.

            E quero ressaltar que o castigo vem mesmo a cavalo. Sai aquela pesquisa Sensus, e em seguida sai uma pesquisa Datafolha, que coloca nos devidos lugares, nos devidos pesos cada candidatura. E o que é engraçado: a pesquisa Sensus não repercutiu em lugar nenhum - lá vai o pessoal ficar com mais raiva da imprensa - e, quando saiu em algum jornal, foi com senão: vírgula, paga pelo sindicato; vírgula, que foi trocado por outro sindicato; vírgula, que queria não sei o quê; vírgula... Não sei se foi Disraeli que dizia: “Em política evite explicar, porque seu adversário não quer ouvir suas razões e para o seu aliado não precisa explicar, se ele confia em você”. Do not complain, do not explain: não reclame e não explique. Mas muito bem! Essa pesquisa teve de ser muito explicada.

         Aí vem, Senador Alvaro Dias - já lhe concedo o aparte -, a pesquisa Datafolha e repõe tudo isso. E o candidato está aí. Enfim, o pré-candidato está aí muito forte, muito sólido, preparado - sabemos que é um homem preparado para governar o País -; muito sólido e cercado de pessoas muito fiéis, com o partido unido, como há muito tempo eu não via, com as oposições unidas, como há muito tempo eu não via. Tudo diferente de 2002. Lula em 2002 foi melhor do que Serra em 2002. Errou menos. Serra errou muito. Lula em 2010 é melhor do que Serra em 2002 e bem melhor do que Dilma em 2002. Serra não está errando. Tudo indica que é a vez dele até por isto: numa eleição majoritária, meu querido Senador Pedro Simon, V. Exª, que é um mestre de todos nós, ganha aquele que não erra. Não é tanto aquele que acerta muito, é o que não erra. Serra errou muito em 2002, não mereceu vencer. Vamos ser claros: mereceu vencer Lula. Em 2010, ele merece vencer, porque não está errando: está acertando. Ele fez as devidas mudanças que o sofrimento da derrota lhe impôs, em termos de humildade, de abertura para seus companheiros, de reflexão sobre o que ele era e o que deveria ser. E creio que Serra será um passo à frente neste País.

            Senador Alvaro Dias.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - Senador Arthur, V. Exª faz análise com a competência de sempre. Eu até dispensaria o aparte, mas aproveito para registrar um fato: a pesquisa Datafolha restabelece a verdade e premia a correção, porque ninguém foi mais correto do que José Serra nesse período em que, como Governador, recusou-se a assumir uma pré-candidatura. Por mais pressionado que tenha sido, ele resistiu às pressões e não se antecipou. Ficou mudo em relação à possibilidade de disputar a Presidência da República durante todo aquele tempo, até a sua desincompatibilização. Portanto, ele foi sábio, foi competente...

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Foi correto.

            O Sr. Alvaro Dias (PSDB - PR) - ... foi correto, acima de tudo, respeitou a lei e teve a noção de timing. Ele aceitou a sua candidatura no momento adequado, quando devia aceitar, porque não afrontava a legislação do País. Foi um exemplo, e a pesquisa Datafolha o premia por isso. Como diz V. Exª, agora é a hora do debate com qualidade, do debate sobre a agenda de futuro para o País - aqueles que querem voltar-se tanto para o passado acabam esquecendo-se de construir o futuro. E o que se espera é exatamente que os candidatos apresentem a agenda de futuro, e aquele que demonstrar estar mais preparado, possuindo uma estratégica visão de futuro certamente levará vantagem, porque o povo brasileiro também aprendeu. Como Serra aprendeu, certamente o nosso povo vai aprendendo a cada processo eleitoral, a cada eleição. E temos certeza de que teremos uma bela campanha, com um debate elegante. Nosso candidato, José Serra, não aceita provocações, é outro exemplo que está oferecendo. Tem sido provocado. Não aceita a provocação e mantém-se com a postura de elegância que a população do País exige para alguém que quer ser Presidente da República. Parabéns a V. Exª pela análise que faz.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Obrigado, Senador Alvaro Dias. V. Exª tem absoluta razão. Entendo que é essa a postura do candidato Serra. O nosso pré-candidato não deve mesmo aceitar provocações, porque seria sair do seu jogo e ir para a agenda dos adversários, que gostam disso. Por outro lado, eu queria responder a V. Exª, dizendo que nós chegamos, talvez nós todos aqui, a duvidar: “Ele está certo?”, “Ele não está certo?”. Ele disse: “Certo ou errado, vou ficar no Governo até o final”.

            Eu queria analisar dois aspectos: o ético - ele agiu corretamente sob esse aspecto, não há o que duvidar - e o eleitoral até. Ele caía nas pesquisas, mas estava enfrentando as chuvas em São Paulo, as enchentes; estava governando o seu povo. Ele perdia ponto nas pesquisas, e a sua adversária avançava, mas ele estava exercendo o dever para o qual se elegeu, que era o de permanecer à testa, liderando seu povo, liderando sua gente, à testa do Governo de São Paulo, até o último minuto, tocando suas obras, visitando suas obras, enfrentando lá as greves encomendadas da Apeoesp, enfim. E o que restou no final? No final, ele volta para o normal, não perdeu nada, está aí a pesquisa do Datafolha. Não adiantou - ele estava certo -, não adiantaria ter ficado borboleteando de galho em galho, de cidade em cidade, enquanto São Paulo explodia de crises causadas pelas chuvas.

            Engraçado que os adversários queriam culpar Serra pelas chuvas. No Rio de Janeiro, a culpa já é da chuva. Tudo que aconteceu não tinha nada a ver com a demagogia política criminosa que sempre trocou barraco por voto, como disse muito bem a revista Veja. Aí a culpa já não era do Governador atual, enfim, mas era do Serra. Ou seja, essa maldade, essa malícia, tudo isso ele enfrentou com serenidade.

            E o que sinto é que o povo paulista está muito orgulhoso do Governador que teve, está muito pronto para dar a ele uma votação consagradora. Está muito pronto para dar a ele uma votação com uma margem, talvez, nunca vista em uma eleição de Presidente da República, porque o povo sabe o quanto deve a ele. Sabe que a opção que ele teria, em vez de governar São Paulo até o último minuto, seria sair por aí, largando São Paulo de mão - nas mãos do Vice, que é competente e que hoje é um Governador preparado, competente, experimentado: Alberto Goldman. Mas era o Vice. O titular tinha de ficar ali, e ele ficou ali. No final, ele não perdeu votos, porque os votos voltaram todos. E, com certeza, ganhou até votos em São Paulo, porque São Paulo sabe o tipo de Governador que teve. E São Paulo vai recomendar ao Brasil, com muita fortaleza, com muita força, que acate o Presidente que teve como Governador: aquele que não abandona seu posto nas horas mais difíceis.

            Senador José Agripino.

            O Sr. José Agripino (DEM - RN) - Senador Arthur Virgílio, V. Exª, como eu, esteve na festa de lançamento da candidatura do Governador Serra à Presidência da República. Deu gosto - seguramente, a V. Exª também - ouvir o discurso de Serra: discurso conceitual, discurso denso, discurso consciente. Não caiu uma palavra no chão. Discurso de quem sabe o que está falando e que fala o que está querendo fazer. Eu senti que o Governador Serra está pronto para ser Presidente, honestamente. Eu me confesso completamente satisfeito com o candidato que vou apoiar. Completamente satisfeito...

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Eu também.

            O Sr. José Agripino (DEM - RN) - ... confortável, porque é um homem probo, é um homem com história. É um homem preparado para ser Presidente.

            Conhece o Brasil, é sensível à argumentação do bom argumento e tem, como contraponto à candidatura dele, uma senhora, que é competente, evidente, não vamos negar a competência da Ministra Dilma, tem as suas virtudes, tem os seus defeitos, mas ela é a própria essência do PT. A população brasileira, eu não tenho dúvida, gosta muito do Presidente Lula, que interpreta os sentimentos do povo, do mais humilde, com maestria. Agora, o povo brasileiro faz a diferença, a distinção perfeita entre Lula e PT. Senador Arthur Virgílio, eu estava sábado, às 9 horas da noite, no Município de Rio do Fogo, na praia de Zumbi - um distrito para onde levei energia elétrica quando fui governador lá atrás. Fui convidado - eu e a Senadora Rosalba -, para uma reunião com pastores evangélicos, e o pastor chefe de 60 igrejas teve a oportunidade de dirigir a palavra, fazer observações sobre política - eu não sabia, mas eles fazem abertamente nas reuniões deles observações sobre política. E, lá para as tantas, o pastor declarou a intenção de voto dele, votar para governador em fulano, para senador, em fulano e, “para Presidente da República, vou votar em Serra, e vou pedir o apoio para Serra, porque tenho medo da guerrilheira”. Disse claramente: “Tenho medo da guerrilheira, do que uma guerrilheira pode fazer na Presidência da República”. Quem está falando não sou eu. Estou interpretando, estou repetindo o que ouvi anteontem. Muitos brasileiros têm medo da guerrilheira; outros, identificam a candidata do PT, uma senhora que pode ser competente, mas que acolhe gostosamente o apoio de figuras díspares, como José Dirceu, Fernando Collor, Sarney, Renan e etc. São todas figuras políticas, que têm méritos e não têm méritos, mas ela os reúne todos. Não quero aqui fazer nenhum reparo individual à liderança de “a”, de ‘b” ou de “c”, mas a população brasileira faz; essa faz. Eu não! Eu não! Mas a população brasileira faz! Então, a população brasileira identifica a candidata Dilma como a candidata do PT do mensalão, do mensalão que produziu a impunidade, que é o pior dos males. Além do mensalão, há a impunidade decorrente do mensalão. É a candidata das invasões do MST, assistidas pacificamente; as invasões violentas, aquelas em que os tratores destroem os laranjais, destroem as estações de experimento agrícola. Identificam ela claramente: aquilo é a essência do PT, que ela interpreta. Ela está acorde com Chávez, com Armadinejad. Então, por isso tudo é que nas pesquisas, como V. Exª está colocando com muita propriedade, vê-se Serra, “x”; Dilma, “y”; Marina, “z”, e Ciro, qualquer coisa. Muito bem, Marina e Ciro são pessoas que têm algum tipo de ligação com o Governo; o PSB, claramente e o PV, uma dissidência. Mas tem algum tipo de relação. Quando você vai para o segundo turno, você observa que o eleitor que preferiu votar em Marina e em Ciro era o eleitor que não quer votar no PT; por isso tudo, pelos mensalões, pela guerrilheira, por isso tudo. No segundo turno, essas pessoas migram todas para Serra, que já ganha logo no ranking inicial. Mas, no segundo turno, fica evidente que agora, nas preferências preliminares, o eleitor se inclina para alguém que não o candidato do PT. Então, o PT que tem Lula, que é um conciliador, sim, tem carimbos indeléveis, que vai ter de carregar e responder por eles na campanha eleitoral. E nós vamos ficar muito confortáveis com o nosso candidato, que não tem grandes explicações a dar com relação a malfeitos que possa eventualmente ter praticado na sua vida. Não conheço malfeitos de Serra. Agora, o PT, sim. E ela é a candidata do PT. Eu digo isso a V. Exª, porque V. Exª está fazendo uma análise competente da pesquisa. São pesquisas preliminares. Estamos distantes ainda. E o que está acontecendo na minha avaliação é que o eleitor brasileiro pode até não estar antenado o tempo todo em política, mas ele tem a percepção completa, global dos fatos e sabe escolher. A escolha que está colocando agora é a avant-première do que ele vai colocar no dia 3 de outubro, quando ele vai reconhecer, sim, os méritos de Lula, mas vai, sim, querer afastar os deméritos do PT, que tem uma interprete que coonesta isso tudo e que o eleitor sabe que não interessa ao futuro de um País como o Brasil, que merece coisa melhor e pode conseguir coisa a mais. Quero cumprimentar V. Exª pelo discurso, pela oportunidade, nesta tarde de segunda-feira, quando temos tempo para fazer esse tipo de análise. Meus cumprimentos, Senador Arthur Virgílio.

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Obrigado, Senador José Agripino.

            Eu chamo a atenção, Senadora Marisa, Senador Alvaro, Senador José Agripino para este fato. Não sei se V. Exªs tiveram a felicidade de assistir à entrevista do Presidente Fernando Henrique Cardoso ao Canal Livre, da Bandeirantes. Foi uma peça brilhante. Setenta e nove anos de idade - uma jovialidade enorme; muita lucidez; respondeu a todas as perguntas. Fez justiça a muitos acertos do Presidente Lula, criticou aquilo que lhe parecia equivocado.

            E percebi, de certa forma, dois estilos. Fernando Henrique mais atento à administração, uma figura que enfrentou aquelas crises sistêmicas todas, sofria aquela oposição dura, insensata que o PT contra ele movia. E nós aqui fazendo o jogo da oposição que aponta equívocos, mas não é odienta. Por exemplo, certamente V. Exª e eu, Senador José Agripino, comandamos votações aqui que resultaram em 86%, talvez, de aprovação dos projetos que interessavam ao Presidente Lula. Modificamos alguns, aprovamos outros na inteireza, porque eram projetos bons, e derrotamos alguns e fomos derrotados em alguns tantos confrontos. Nada parecido com aquele não, não, não, pavloviano do PT.

            Mas eu olhava para o Presidente Fernando Henrique como olho para o Presidente Lula e vejo que são dois estilos. Agrada-me mais o do Presidente Fernando Henrique, mas reconheço que o outro tem um estilo, tem uma liderança, enfim. Consideraria alguém dizer ter encerrado essa tese estúpida de que o PSDB esconderia o Presidente Fernando Henrique. O PSDB teria de ser um partido de pessoas de mau-caráter para esconder um homem daquela estirpe. E são pessoas de caráter duvidoso aquelas que veiculam, as que passam a notícia de que teríamos interesse em esconder Fernando Henrique. Ao contrário. O que dizemos e repetimos é que não vai haver eleição, Senador José Agripino, entre Fernando Henrique e Lula. Já houve essa eleição e, nas duas vezes, Fernando Henrique ganhou no primeiro turno. Essa eleição já houve e faz parte do passado. Não adianta eu ficar chorando a derrota do meu Flamengo, porque o Botafogo ganhou ontem.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Já concluo, Sr. Presidente.

            Não adianta. A eleição vai ser entre Serra, uma pessoa que tem as suas referências, amigo de Fernando Henrique, herdeiro político de Franco Montoro, na linha do que propunha para São Paulo, Mário Covas, Ministro duas vezes, Presidente do seu partido, Prefeito de São Paulo, Governador de São Paulo, fundamental da eleição desse bom Prefeito que é Gilberto Kassab; um homem autônomo, que responde por si, que, quando sai candidato, as pessoas não estão querendo saber exatamente o peso do vice, ou o não peso do vice dele, mas, sim, estão preocupadas com o peso político dele, que é grande neste País, que faz parte, sem dúvida, do imaginário das pessoas, tanto que tem essa votação toda que, seguidamente, o povo brasileiro a ele concede: 33 milhões de votos para Presidente da República, 50% dos votos válidos quando Ciro não está na contagem,...

(Interrupção do som.)

            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - ... 56% dos votos válidos, quando estão somente ele e Dilma, num eventual segundo turno. É uma personalidade política que vai se chocar com alguém que se arrima numa grande personalidade política, que é o Presidente Lula. Ora, se tem uma coisa em que o Presidente Lula e o Presidente Fernando Henrique concordam, é que o Brasil cresceu, nos últimos dezesseis anos, bastante de peso internacional. Vamos entregar o poder para alguém que tem personalidade própria e que é capaz de impor um aumento dessa liderança do Brasil no mundo, ou vamos apoiar quem se arrima? Alguém que, numa crise, vai ligar: “Lula, o que eu faço? Presidente Lula, o que eu faço?”. Inexperiência política completa.

            E peço um minuto mais para concluir, Sr. Presidente, e dizer que, das gafes todas, eu vou ficar com duas: no Rio de Janeiro, ela diz: “Garotinho, nós fomos colegas e velhos amigos de PDT”. Obviamente, despertou a ira do apoiador dela que é Sérgio Cabral. “Vamos fazer a chapa “Dilmasia”. Aí, Anastazia diz: “Não, eu não quero saber de “Dilmasia”, nem “Anastadilma” não. Eu quero é o Serra.”. E o nosso colega, Senador Hélio Costa, diz: “Mas não ficaria mal uma chapa “Serrelio”.

            Eu estou me referindo à inexperiência, mas estou me referindo, também, à falta de peso político específico - que não falta a Lula, que não falta a Fernando Henrique, que não faltou a Juscelino Kubitschek, e que falta à Ministra Dilma, que se arrima em alguém para tentar chegar a algum lugar. Sem ele, não teria esses votos. Tem 30% dos votos, 28% dos votos? Todos do Lula. Dela não tem nenhum, a não ser o dela. Jamais disputou eleição para se dizer que ela tenha formado, em algum lugar, algum tipo de cacife político. O Brasil está maduro demais! O Brasil amadureceu demais, demasiadamente, para agir diferentemente daquilo para que a lógica aponta.

            Por isso, eu confio demais em José Serra como o futuro Presidente deste País.

            Muito obrigado. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/04/2010 - Página 15088