Discurso durante a 55ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato sobre as atividades desenvolvidas pela CPI da Pedofilia no Estado de Alagoas, durante o último fim de semana.

Autor
Magno Malta (PR - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EXPLORAÇÃO SEXUAL.:
  • Relato sobre as atividades desenvolvidas pela CPI da Pedofilia no Estado de Alagoas, durante o último fim de semana.
Aparteantes
Romeu Tuma.
Publicação
Publicação no DSF de 21/04/2010 - Página 15312
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EXPLORAÇÃO SEXUAL.
Indexação
  • BALANÇO, TRABALHO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), EXPLORAÇÃO SEXUAL, CRIANÇA, MUNICIPIO, ARAPIRACA (AL), ESTADO DE ALAGOAS (AL), INVESTIGAÇÃO, DENUNCIA, PARTICIPAÇÃO, CRIME, SACERDOTE, IGREJA CATOLICA, REGISTRO, DEPOIMENTO, VITIMA, CRIMINOSO, TESTEMUNHA, AGRADECIMENTO, APOIO, DELEGADO, POLICIA CIVIL, MINISTERIO PUBLICO.
  • IMPORTANCIA, PRESERVAÇÃO, REPUTAÇÃO, IGREJA CATOLICA, NECESSIDADE, SEPARAÇÃO, INSTITUIÇÃO RELIGIOSA, CONDUTA, MEMBROS.
  • SOLIDARIEDADE, POPULAÇÃO, MUNICIPIO, ARAPIRACA (AL), ESTADO DE ALAGOAS (AL), SOLICITAÇÃO, VOTO, CONGRATULAÇÕES, PAPA, APOIO, PUNIÇÃO, MEMBROS, IGREJA CATOLICA, PARTICIPAÇÃO, CRIME, EXPLORAÇÃO SEXUAL, DEFESA, ORADOR, NECESSIDADE, RESPEITO, HOMOSSEXUAL.
  • ANUNCIO, SOLICITAÇÃO, PRESENÇA, SENADO, SACERDOTE, ADVOGADO, DEFESA, ESTADO DE ALAGOAS (AL), OBJETIVO, ESCLARECIMENTOS, CRIME, TENTATIVA, INTIMIDAÇÃO, VITIMA.
  • SOLIDARIEDADE, DELEGADO, POLICIA CIVIL, SECRETARIO DE ESTADO, SEGURANÇA PUBLICA, EMPENHO, INVESTIGAÇÃO, HOMICIDIO, ADOLESCENTE, MUNICIPIO, LUZIANIA (GO), ESTADO DE GOIAS (GO), COMENTARIO, SUICIDIO, CRIMINOSO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Mão Santa, Srªs e Srs. Senadores, aqueles que nos ouvem pela Rádio Senado e que nos veem pela televisão na TV Senado, aqueles que nos acompanham pela Internet, inclusive os que estão fora do País.

            Senador Jefferson Praia, Senador lá do Amazonas, amigo de meu amigo Renê Terranova, que está em Porto Seguro, no Congresso, Profetizando às Nações. A informação que tenho, Senador Jefferson Praia, é que há milhares de pessoas lá preocupadas com o futuro deste País, preocupadas com o futuro das famílias, com o futuro das crianças.

            Senador Mão Santa, o que me traz à tribuna nesta tarde é repassar aos senhores o que ocorreu em Arapiraca, Alagoas, neste final de semana, com a passagem da CPI da Pedofilia por lá.

            Há 15 dias eu estive em Alagoas com as Drªs Angelita e Bárbara, duas Delegadas jovens, Senador Romeu Tuma, preparadas, acima de tudo corajosas, porque o processo que estava com elas, o inquérito a ser desenvolvido e investigado, não era algo fácil, por se tratar de denúncia que envolve padres, dois monsenhores e tantos outros que estão no processo investigativo, agora muito mais, e que nomes não vieram à tona, em que as pessoas ficam reticentes, outras não acreditam, os convocados não falam, portanto, é um inquérito absolutamente difícil de ser feito.

            Quero fazer um registro à Polícia Civil de Alagoas, à Delegada especial que designou essas duas delegadas, uma da Delegacia da Mulher e outra da Delegacia da Criança, a Bárbara e a Angelita, ao Ministério Público, ao Procurador-Geral e ao Promotor da Comarca de Alagoas, o Dr. Neto.

            Senador Romeu Tuma, Senadora Marisa Serrano, Senadora Lúcia Vânia, a denúncia é de ex-coroinhas que não aguentavam mais o fardo do abuso, da imposição e, mais que isso, do império do medo sobre suas cabeças. E o império do medo inclui: “Olha, se você falar alguma coisa, quem vai acreditar em você? Eu tenho poder. Aqui, todo mundo beija a minha mão. Veja os políticos. Eles passam por aqui, tiram fotos comigo para ter o voto dos fiéis. Ninguém vai acreditar em vocês.” É claro! Jovens sonhadores com um sonho sacerdotal, querendo servir a Deus, o sonho das suas mães de que se tornem padres também. Esses coroinhas, debaixo do fardo, sem ter saída, abusados a partir de doze anos de idade e em lugares que Deus duvida que eles fossem abusados, gravam um vídeo, e, contra a imagem, não tem argumento. Um caso absolutamente emblemático.

            Eu fui a Alagoas ouvir as figuras envolvidas quinze dias depois. Cheguei quinta-feira à noite, Senador Mão Santa, e fiquei lendo os inquéritos, trabalhando, reunido com a assessoria da CPI, com as promotoras, com os promotores, com o Ministério Público local, com aqueles que foram, com a assessoria do Senado - agradeço os servidores do Senado, capazes, preparados.

            É um caso emblemático e difícil de uma cidade sofrida, a segunda maior cidade de importância depois da capital, de um Estado de gente religiosa, gente católica, um mosaico, um misto de medo, um misto de descrença, de decepção, de choro, de nojo, de rejeição à CPI, de angústia com a presença da CPI. Mas nós precisávamos estar lá.

            A mídia estourou, no Conexão Repórter, com uma reportagem muito bem feita pelo Roberto Cabrini - quero parabenizá-lo, pois acho que esse é o grande serviço que a mídia presta -, que exibe o Monsenhor Luiz Marques. Recebi a informação agora de que a Justiça relaxou a prisão dele para que ele seja preso em casa. Ele já não está mais preso no batalhão. Ele foi Capelão da Polícia em São Paulo, Senador Tuma, e, então, tem patente de Coronel e é aposentado. Parabéns a São Paulo, que pediu para rever a patente dele, porque já dá conta de que houve abusos quando ele era Capelão em São Paulo.

            Um homem de 84 anos! Imagine que coisa difícil. Para mim mesmo, um misto, em mim, de emoção, não de medo, porque esse sentimento eu não conheço, mas sentindo a dor daquela sociedade. Nós nos instalamos no fórum lotado, quinhentas pessoas sentadas e, penso, mais quinhentas em pé e, lá fora, gente sem poder entrar. E nós começamos aquilo tudo.

            Comecei ouvindo as autoridades, as delegadas, examinando o inquérito reservadamente, ouvindo o Ministério Público, depois os denunciantes. Eram depoimentos muito tristes, muito duros, de meninos de 12, 13 anos de idade, que eram bolinados, que tinham seus órgãos genitais tocados dentro da própria missa, no altar; meninos que iam fazer massagens nas pernas do Monsenhor. Na verdade, não era massagem coisa nenhuma. Era em outro lugar. Eram subjugados a fazer sexo oral. Tinham sua sexualidade mexida. Tinham conjunção carnal com o Monsenhor e com o Padre Edilson, com o Monsenhor Raimundo. Por aí vai. Antes de ouvir os Monsenhores fui ouvir o Padre Edilson.

            Quero ressaltar, Senador Tuma, que precisamos separar a instituição dos indivíduos. A instituição é maior do que os indivíduos. A instituição é maior do que o homem. Senador Pedro Simon, a CPI da Pedofilia não está investigando a Igreja Católica. A Igreja, a Instituição, é maior do que o homem. Estamos investigando indivíduos que, travestidos de religiosos, abusam de crianças, como, em novembro, investiguei no Maranhão, do Senador Sarney, da Senadora Roseana. Em novembro estive lá. Para minha vergonha, no mesmo dia, prendi quatro pastores, juntamente com o Ministério Público. A instituição é maior do que o indivíduo. Indivíduos se travestem de religiosos e, em nome da sua tara, da sua lascívia pessoal... Sabem que lá naquele ambiente estarão acima de qualquer suspeita e vão encontrar sempre quem os defenda. E é verdade que uma criança com um sonho de servir a Deus, achando a coisa mais bonita do mundo vestir paramentos de religioso e celebrar missa ou dirigir culto...

            Eu quero separar. Eu acho que a instituição só erra, Senador Tuma, quando descobre que o indivíduo é criminoso, abusador de criança e, ao invés de puni-lo e entregá-lo às autoridades, cortar na carne, promove-o, coloca-o numa outra paróquia para que continue abusando num outro lugar. Esse padre mesmo, de Franca, há um número extenso de denúncias sobre ele naquela cidade. As delegadas já fizeram a denúncia ao Ministério Público, é uma coisa assombrosa a investigação dele. E nós vamos entrar no caso, porque é preciso entrar. Porque há um rastro de sangue em todos os lugares onde ele passou. Esse é um novelo muito grande e não sabemos onde está a ponta do último fio.

            Então, eu queria dizer que aquele Monsenhor, que estava na minha frente no domingo, ele podia ser um lavador de carro, podia ser um milionário, podia ser um detentor de mandato, como nós fizemos com o Sr. Luiz Sefer, lá em Belém; podia ser um Procurador, como foi feito lá em Roraima com o Procurador; podia ser qualquer um, como aconteceu em Catanduva, Senador Tuma, ou um pai-de-santo, como nós fizemos na Assembleia Legislativa de São Paulo, ou o Sr. Eugênio Chipkevitch, o famoso pediatra que nós mandamos tirar da prisão, e isso rendeu um processo para mim e para o senhor. Pode ser qualquer um, pode ter todo o dinheiro do mundo ou pode ser aquele com mais cara de santo e uma auréola na cabeça, mas abusou de criança é bandido da mesma forma.

            Não há que se tolerar qualquer tipo de crime. E crime de abuso ainda mais, de criança, de maus-tratos... E criança pobre, vulnerável, de quem eles se tornam benfeitores. Aqueles que aceitavam a condição subjugada de manter sexo com o Monsenhor ganhavam bolsa de estudo em colégio particular. E quando acabava a relação sexual o Monsenhor pagava a eles com dinheiro do dízimo, Senador Pedro Simon. Em alguns casos, dava o dinheiro num envelope da paróquia e ria, dizendo: “Pobre só dá dinheiro pequeno”.

            Eu quero louvar a posição do Papa. Tinha que ter sido votado na semana passada, não sei se foi, um voto de aplauso meu, da CPI da Pedofilia, ao Papa, pela posição que está tomando; uma posição triste para ele nesse momento da sua vida como Papa. Aonde ele chega, é para defender e falar dessa mazela, desse sofrimento, dessa ferida. E calhou que ele estava em Malta, quando Malta estava em Arapiraca, quando ele fez seu primeiro discurso pedindo perdão às vítimas de abuso. Quarenta padres, os mais recentes, abusando de crianças em abrigos e orfanatos, Senador Tuma!

            Então não é a figura da instituição. Tirem a instituição disso! Eu quero me solidarizar com todos os católicos e dizer: não abalem a sua fé, não abram mão de sua fé; a decepção é com homens, não é com Deus; Deus nunca decepciona.

            Nós prendemos um pai-de-santo, na Assembleia Legislativa de São Paulo, naquela noite, Senador Tuma, mas também prendemos um líder de louvor de uma Igreja Batista - não foi isso? - que estava abusando das duas sobrinhas.

            Então, separe-se a instituição. A instituição não pode ser conivente. Isso não pode! Mas nosso respeito à instituição o tempo inteiro; o tempo inteiro e vai ser assim.

            Senador Tuma, quando eu vi, o Padre Edilson não suportou e começou a falar. O Padre Edilson é um homossexual que foi abusado na infância. Uma outra coisa: eu não tenho nada a ver com a opção sexual de ninguém.

            Eu sou cristão; não concordo, mas respeito. Se Deus deu o livre arbítrio, quem sou eu para tirar o livre arbítrio? Eu respeito. Penso que nós precisamos respeitar os homossexuais - uma campanha de conscientização. Ninguém tem que agredir, ninguém tem que debochar de homossexual. É preciso respeitar. É a opção do indivíduo. Eu não concordo.

            Não estou investigando homossexual, mas, eventualmente, estarei quando o homossexual abusar de criança, que era o caso do Padre Edilson. O Padre Edilson e o Monsenhor são homossexuais, que abusam de crianças, Senador Jefferson Praia.

            Mas o Padre Edilson, Senador Mão Santa, ele assumiu o abuso. Nós temos um documento pesado, que eu estou enviando ao Molina para periciar, do Padre Edilson, filmado, gravado, falando coisas bárbaras e terríveis que envolvem de drogas a planejamento de morte. E eu disse ao Padre Edilson: eu tenho um telão aqui. O que você quer: falar ou quer que eu ponha as suas imagens no ar? Ele disse: eu falo, eu assumo.

            Então, nós temos o Ministério Público presente, Dr. Neto. Parabéns ao Dr. Neto. Um homem capaz, absolutamente preparado, um homem decente e ético. O Dr. Neto deu a ele a delação premiada, querido Senador Jefferson Praia. Senador Hélio Costa, para mim a grife da notícia é você. Acho que o Datena errou.

            E ele resolve receber a delação e começa a falar. E aí ele começa a contar uma série de coisas. Ele diz que a coisa é tão suja que o apelido do Bispo é Vera Fischer. O apelido do Monsenhor é Mônica.

            Eu fui ouvir o Monsenhor e dei a ele o tempo que ele precisava, Senador Tuma. Antes, estive lá dentro com ele e o advogado dele; fui lá ver um ser humano, um homem de 84 anos de idade e disse: o senhor terá os seus direitos constitucionais garantidos; o senhor pode não responder nada; fique calado se o senhor quiser. O senhor não precisa criar provas contra o senhor e vou lhe dar o tempo que o senhor quiser, porque até agora o senhor não teve oportunidade de falar. E ele fez uma homilia. Mas, no final, ele passou do limite porque se comparou a Jesus Cristo: “Estou no meu calvário, sendo crucificado. Mas Jesus ressuscitou, eu também ressuscitarei”.

            Mas Jesus não foi para o calvário porque levou criança para cama para abusar.

            Perguntei ao Monsenhor: O senhor é homossexual como falam por aí? Ele disse: “Não”. O senhor é abusador de criança? Ele disse: “Não”. Eu disse: Faça entrar o Padre Edilson. O Padre Edilson entrou.

            Padre, o senhor conhece o Monsenhor? “Conheço. É homossexual”. Ele abusa de criança? “Abusa”.

            Esses meninos que ele está dizendo que estão mentindo, que os meninos fizeram o vídeo para extorquir, estão mentindo? Ele disse: “Não”. Os meninos estão falando a verdade? “Estão falando a verdade”.

            Pode tirar o padre.

            Eu ia trazendo - e V. Exª conhece a investigação - conforme a necessidade. Num determinado momento, Senador Mão Santa, eu tive que colocar as imagens do Monsenhor no telão. Com 84 anos, o Monsenhor tem saúde que é de se admirar. Na cama com um garoto, ele tem um jogo de perna que os melhores lutadores de jiu-jitsu não conseguem entender aquele tipo de golpe: arm-lock invertido, Arthur Virgílio - V. Exª que é do jiu-jitsu. Eu perguntei ao Monsenhor: o senhor é lutador de jiu-jitsu? Porque esse mata leão, Arthur você sabe, o cara põe o grampo nas costas e dá uma mata leão com o braço, com o cara grampeado, com as costas na barriga.

            O Monsenhor faz isso com uma perna. Nunca vi antes um Silva fazer isso. Com 84 anos! Eu digo: meu Deus! Eu faço academia, tenho a metade da idade do Monsenhor. Quem dera eu tivesse essa saúde! A minha mulher seria a mulher mais feliz do mundo! Não tem!

            Sabe o que entristece aquela população que chorava, Senador? É porque, ao longo de décadas, ouviram aquele homem dando comunhão, falando do que nunca viveu. Uma máscara!

            As pessoas choravam, lembrando que os filhos foram coroinhas ali. E tantos coroinhas, adultos, que denunciam hoje o abuso!

            O Papa chorou em Malta, no domingo, quando um abusado, 34 anos atrás - olhem só! - fez o relato do abuso a ele. O Papa chorou.

            Tem que ficar claro que nenhum tipo de abuso...

            O Monsenhor Raimundo, arrogante, e eu disse: “Monsenhor, a arrogância precede à ruína”. Arrogante, começou com uma arrogância tremenda, de quem era o dono da bola. Ele não era o dono da bola nada, porque CPI não vai a lugar nenhum sem ter elementos na mão, nós não nos deslocamos no processo investigativo por informação de jornal.

            E aquele Monsenhor...

            O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Senador, rapidamente.

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Fique à vontade.

            O Sr. Romeu Tuma (PTB - SP) - Tem aqui a notícia que eu trouxe ontem, publicada sobre o que V. Exª fala, da visita do Papa a Malta, em que ele chorou ao conversar com os que foram violentados por clérigos com respeito à pedofilia. Ele disse que sentia vergonha. Eu li também, e vou trazer a matéria para colocar na CPI, um artigo escrito por Dom Odilo Scherer, Arcebispo de São Paulo, em que ele fala de Arapiraca, que cobre de vergonha os companheiros da Igreja. V. Exª está demonstrando claramente que a Igreja tem que ser respeitada, porque o crime é individual. Quem o cometeu terá de pagar como um criminoso comum. Tem que ser despido da batina como um soldado quando é expulso do Exército: ele retira a farda para ser expulso com os companheiros de costas para ele. V. Exª está correto na separação da Igreja da prática de crime por membros, por clérigos que não mais merecem lá permanecer. Obrigado. Desculpe, Senador.

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Agradeço o aparte de V. Exª, lembrando que a instituição só não pode errar premiando o cara, transferindo-o de paróquia...

(Interrupção do som.)

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - ...sabendo que ele é abusador.

            Coloquei o Monsenhor Raimundo junto com o Monsenhor Luiz Marques e trouxe o Padre novamente.

            Eu perguntei: Eles dois sabiam de tudo?

            Ele disse: “Sabiam”. Como é o nome desse? Ele disse: “Mônica”. O nome do outro? Não sei se é Pâmela, Cristina ou sei lá o quê. É assim que eles se tratam? “É assim que eles se tratam”. E o menino Fabiano, que fez a denúncia, na gravação do Padre, ele diz: “O corpo desse está encomendado. E nós vamos velar o corpo dele lindas e maravilhosas no altar”. Olha só! “Lindas e maravilhosas no altar”.

            E eu encontrei no Ministério Público um grande companheiro da sociedade, não da CPI. Encontrei naqueles dois Juízes de Arapiraca companheiros da sociedade; não da CPI, porque a empregada do Monsenhor mentiu à CPI quando eu perguntei: “Lá tem bebida?”. Ela disse: “Não”. E eu mandei fazer uma busca e apreensão com o Ministério Público e peguei as bebidas do Monsenhor. E o Monsenhor lá, na CPI, fez uma defesa da bebida. Como é que um líder religioso - um País ardendo em alcoolismo e droga -, um homem bebe e faz defesa de bebida!? Mas o pior é que ele botava o pênis dos meninos dentro do copo de uísque para poder fazer sexo oral.

            Não é nenhuma inverdade. CPI não é tribunal de exceção. Sei muito bem separar as coisas e reitero que a investigação agora vai mais fundo, Senador Mão Santa, por conta da delação premiada do Edilson, e se o Monsenhor Raimundo tem juízo ele também deve pedir a delação premiada, porque a situação dele é do fim do mundo.

(Interrupção do som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - V. Exª me dê mais três minutos, porque não consigo acabar em um minuto.

            Na próxima semana, vou trazer o Bispo para ser ouvido aqui. Não tenho elementos de prova contra o Bispo, provas materiais, mas tenho citações diversas e muitas que o indicam para investigação. Não o convoquei, convidei-o, e ele se colocou à disposição e estará aqui, como estarei trazendo o advogado que fez todo o imbróglio; e gravado ele fala: “Estou com o mandado de prisão e mandado de busca e apreensão contra vocês!”, intimidando os meninos. Nunca vi advogado viver com mandado de prisão na mão, mandado de busca e apreensão. Qual é o juiz do mundo que manda um mandado de prisão e entrega na mão do advogado? Isso nem existe. E eu vou ouvir esse advogado.

            E quero pedir ao Dr. Ofir que mande um representante da Ordem para ouvir a bagunça que esse advogado fez, porque isso não é próprio. A Ordem dos Advogados, quando acontece alguma coisa no Parlamento, pronuncia-se logo.

(Interrupção do som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Isso é importante. Ela se pronuncia e, algumas vezes, pronuncia-se de modo tão forte que condena antes de a Justiça condenar, mas precisa vir aqui para ver o comportamento desse advogado que estamos trazendo aqui.

            Vamos trazer de volta o Padre Edilson, porque essa investigação é longa. Essa investigação é longa. É um processo depurativo muito ruim, mas é importante. Nem um carnegão de tumor vai embora sem que saia pus e esteja doendo e fedendo muito. É assim mesmo, para que um problema tenha a sua solução.

            Senador Mão Santa, em havendo a necessidade, por conta do que está se desenrolando, nós voltaremos a Alagoas, com as donas do inquérito, juntamente com o Ministério Público, as Delegadas e o Dr. Neto, para darmos continuidade a um trabalho que, infelizmente,...

(Interrupção do som.)

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - ...tem ramificações em todos os lugares.

            Precisava dar esse relatório a esta Casa.

            Encerro, falando sobre a morte - um registro só - do serial killer que matou as crianças de Luziânia, até porque ele confessou para mim e para o Senador Demóstenes, de forma reservada, filmada pela Polícia, que ele havia abusado de todos. Na minha visão - não sou perito, mas não sou louco -, ele também era necrófilo: ele primeiro matava para, depois, abusar. Ele disse a mim que ouvia vozes que o mandavam ter tara pelos adolescentes e que, depois da relação sexual, mandavam matar. E ele matava! Quem sabe foi essa mesma voz que o mandou se matar?

            Agora, sabem o que me intriga? É que a Polícia de Goiás, que fez um grande trabalho, a Polícia de Goiás, que não foi ineficiente em nenhum momento, porque acompanhei...

(Interrupção do som.)

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Um minuto para concluir.

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Como Presidente dessa CPI, todos os dias era informado - 90 dias calada, apanhando, sendo exposta. “Ah, não tem informação.” Como dar informação, Senador Tuma? Para acabar com a investigação? Investigação difícil, no começo sem elementos, chega a 90 dias e prende o serial killer. Não trouxe a vida dos garotos porque ele foi muito ligeiro: com sete dias, ele já havia matado um. Depois, prende, cumpre seu papel, e agora ele virou mocinho depois de morto, porque a culpa agora é da polícia.

            Isso é o fim do mundo! Receba a Polícia de Goiás a minha solidariedade, os delegados, o secretário de segurança... A polícia do Brasil, mal paga, faz um trabalho desses, e que estímulo têm os policiais para trabalhar? Prendem um criminoso dessa periculosidade, depois ele vira mocinho, e a polícia agora é que está na berlinda, apanhando todo dia. Não tem o menor sentido isso, não tem o menor sentido isso! O sujeito tirou a sua própria vida, saiu de circulação, fez mal a famílias, destruiu sonhos...

(Interrupção do som.)

            O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PR - ES) - Já encerro, Sr. Presidente, só um minuto. Sou aluno de V. Exª.

            Destruiu sonhos, e agora a Polícia, que fez o trabalho, é que é irresponsável.

            Senador Tuma, isso, para mim, é o fim do mundo. É o fim do mundo.

            E eu quero dizer do alto de quem acompanhou, e fico vendo quem não acompanhou, quem estava nos seus gabinetes no ar condicionado, emitindo juízo sobre a Polícia, sem ter participado. Mas tem a Polícia Civil de Goiás a minha solidariedade pelo trabalho que fez. O Secretário de Segurança, o Roller, o ex-Secretário, Deputado Estadual que hoje está na Assembleia, tem a minha solidariedade.

            Senador, nós vamos prosseguir nessa cruzada, independente de quem seja, independente do dinheiro que tem ou que deixa de ter, se tem anel, se é analfabeto, se tem dente de porcelana ou se é banguela: abusou de criança, tolerância zero.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/04/2010 - Página 15312