Discurso durante a 60ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem pelo transcurso dos 119 anos do Jornal do Brasil. Registro do lançamento hoje, na Biblioteca do Senado Federal, de livro sobre o trabalho de pesquisa da Marinha brasileira no Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Homenagem aos servidores do Senado Federal, por ocasião do transcurso do Dia do Trabalho, no próximo dia primeiro de maio.

Autor
Paulo Duque (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RJ)
Nome completo: Paulo Hermínio Duque Costa
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. IMPRENSA. POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.:
  • Homenagem pelo transcurso dos 119 anos do Jornal do Brasil. Registro do lançamento hoje, na Biblioteca do Senado Federal, de livro sobre o trabalho de pesquisa da Marinha brasileira no Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Homenagem aos servidores do Senado Federal, por ocasião do transcurso do Dia do Trabalho, no próximo dia primeiro de maio.
Publicação
Publicação no DSF de 28/04/2010 - Página 16608
Assunto
Outros > HOMENAGEM. IMPRENSA. POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, JORNAL, JORNAL DO BRASIL, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, TRADIÇÃO, CONTRIBUIÇÃO, IMPRENSA, PAIS, REGISTRO, OCORRENCIA, CERIMONIA RELIGIOSA, CAPITAL DE ESTADO, PRESENÇA, CARDEAL, ARCEBISPO, BISPO, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMEMORAÇÃO, DATA.
  • DEPOIMENTO, NOME, CARACTERISTICA, DIVERSIDADE, JORNAL, ATUAÇÃO, HISTORIA, BRASIL, MAIORIA, EXTINÇÃO.
  • ELOGIO, MARCELO CRIVELLA, SENADOR, MOBILIZAÇÃO, SUPERIORIDADE, NUMERO, POPULAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • SAUDAÇÃO, INICIATIVA, BIBLIOTECA, SENADO, VALORIZAÇÃO, CULTURA, LANÇAMENTO, LIVRO, AUTORIA, MARINHA DE GUERRA, BRASIL, COMEMORAÇÃO, DECENIO, PESQUISA, GRUPO, ILHA OCEANICA, SUPERIORIDADE, DISTANCIA, MAR TERRITORIAL, IMPORTANCIA, PROTEÇÃO, SOBERANIA, ELOGIO, PRESENÇA, AUTORIDADE MILITAR.
  • COMENTARIO, HISTORIA, TENTATIVA, RETIRADA, SOBERANIA NACIONAL, REGIÃO AMAZONICA, INCORPORAÇÃO, ORGANISMO INTERNACIONAL, ELOGIO, ATUAÇÃO, RESISTENCIA, ARTHUR BERNARDES, EX PRESIDENTE DA REPUBLICA, EX-DEPUTADO.
  • DEFESA, MOBILIZAÇÃO, TRABALHO, FUNCIONARIOS, SENADO, ESPECIFICAÇÃO, HORARIO NOTURNO, SESSÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PAULO DUQUE (PMDB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, foi celebrada ontem, no Rio de Janeiro, numa das mais importantes igrejas do País, a Igreja da Candelária, uma missa ao meio-dia, celebrada pelos cardeais, bispos e arcebispos que estão lotados no Rio de Janeiro, estão ou estavam de passagem pelo Rio de Janeiro.

            Essa missa, cujo significado todos nós já sabemos, quis fixar uma data da maior importância para a imprensa, para os políticos e para os brasileiros: a celebração em homenagem aos 119 anos - 119 anos! - da fundação do Jornal do Brasil.

            Quem aqui já não lia no passado e não continua lendo no presente este grande jornal, o Jornal do Brasil, num momento tão especial em que os jornais estão diminuindo?

            Agora mesmo, fiz um rápido apanhado dos jornais que conheci na minha mocidade, no tempo de estudante, tempos de universitário no Rio de Janeiro; jornais que tiveram sua época e hoje desapareceram.

            Por exemplo: O Paiz, um jornal importantíssimo, na Primeira República, foi empastelado, incendiado. Matou-se um grande jornal.

            A Noite, um jornal disputado, fundado pelo Irineu Marinho - vejam V. Exªs, pai do Roberto Marinho, que depois fundou O Globo.

            O Diário de Notícias, que foi um jornal da maior tradição. Eu diria que o Diário de Notícias era um jornal tipicamente da família brasileira classe média: não era caro, nem barato, mas acessível e totalmente independente. Não existe mais, é um pena.

            O jornal O Mundo, por exemplo. O Mundo. Foi um baiano de sucesso, Geraldo Rocha, quem o fundou. Enquanto existiu, era muito atuante esse jornal, no tempo de Getúlio ainda, no segundo Governo.

            O Diário da Noite, a mesma coisa; era um jornal que tinha uma das suas folhas na cor verde para, vamos dizer assim, se distinguir dos outros jornais. O Diário da Noite era um jornal também mais feito para o trabalhador.

            A Tribuna da Imprensa lamentei muito não estar mais circulando. Foi fundada pelo maior tribuno parlamentar deste País que conheci, que foi o Sr. Carlos Lacerda, um grande Governador. Quando ele saiu do Correio da Manhã, que foi outro jornal também que deixou de circular, fundou a Tribuna da Imprensa. Depois que ele morreu, passou o jornal para o jornalista Helio Fernandes. Esse jornal hoje também está desaparecido. Era um jornal desassombrado, um jornal violento, polêmico, tipicamente um jornal político, Senador Jefferson Praia, tipicamente.

            Imagine que dificilmente se encontrava um anúncio no jornal Tribuna de Imprensa. Não tinha anúncio. Por quê? Seus proprietários nunca aceitaram colaboração de ninguém, para não ficarem presos. E aí vem a pergunta: e como é que ele subsistia, já que não é brincadeira manter um jornal funcionando, um jornal bom, bem lido? Não só pela vendagem, como ainda pela contribuição de pessoas interessadas em que o jornal continuasse com a sua fiscalização do governo, com a sua independência total. Um grande jornal. É uma pena que tenha desaparecido.

            O Folha Carioca também, um jornal antigo, independente, que formou uma série enorme de jornalistas inteligentes e expressivos, não está mais aí. E outros eu poderia aqui dizer.

            No Rio de Janeiro capital, no Rio de Janeiro ainda Guanabara, eu diria que pelo menos vinte jornais importantes não existem mais. Não existem mais. O Jornal dos Sports ainda permanece, mas com dificuldades.

            O Jornal do Brasil tem uma tradição enorme.

            Ele foi fundado há 119 anos, e essa data foi comemorada ontem, exatamente ontem, com a presença de quem? De vários políticos, inclusive do Vice-Presidente da República, representando o Presidente Lula. Esteve lá o Vice-Presidente José de Alencar, e muito bem de saúde, muito bem posto, muito resistente, na fila, sendo muito cumprimentado. Ele lá, Vice-Presidente.

            Então, não é nada demais que, neste momento, eu, como carioca, sinta-me na obrigação primeira de cumprimentar o novo condutor desse grande jornal, que é um empresário de sucesso, muito inteligente, Sr. Pedro Grossi, almejando que o jornal volte a crescer, que volte a ser aquele jornal admirável, que marcou uma presença muito forte na história política do Brasil, há muitos anos, 119 anos. Não é brincadeira. Ontem mesmo, nós celebramos aí os 50 anos da transferência da Capital.

            Durante muitos anos, o Jornal do Brasil comandou a opinião pública, sobretudo a classe média. Era um jornal com muito anúncio, muito anúncio, muito anúncio, que, aos poucos, foi-se transformando até que se tornou um órgão político igual, mais ou menos igual, da mesma tonalidade, vamos dizer assim, do Correio da Manhã, que, infelizmente, também desapareceu.

            Então, eu quero, neste momento, em meu nome pessoal... Esteve ontem, lá, o Senador Marcelo Crivella, do Rio de Janeiro; esse campeão de votos que é o Senador Marcelo Crivella. Eu acho que ele, há pouco tempo, colocou na rua, no Rio de Janeiro, na Zona Sul, 1,5 milhão de pessoas, criando o maior tumulto, de repente, chovendo. Quem consegue fazer isso hoje? Difícil. É uma questão até sociológica explicar isso. Como se consegue botar, numa cidade movimentada como o Rio de Janeiro, 1,5 milhão de pessoas na rua, sem churrasco, sem macarronada, sem atração, sem artista, sem coisa alguma? Como se consegue isso? Que milagre é esse? - vamos chamar assim. Que milagre é este? Eu vou perguntar ao Senador Marcelo Crivella quando estiver aí: 1,5 milhão de pessoas numa tarde chuvosa; pior ainda, chovendo; quem consegue fazer isso hoje? Eu não sei. Por isso, quando me perguntam “como vai essa eleição lá no Rio?”, eu respondo “ora, eleição lá no Rio é sempre complicada”, lembrando-me desse episódio. Na Zona Sul, 1,5 milhão de pessoas, e estava chovendo. A cidade parou, ninguém mais andava, porque havia quatro mil ônibus espalhados em Botafogo, Flamengo, Copacabana e por aí... Na Zona Sul, na Glória. De repente, imagine V. Exª, em sua cidade, Presidente, com quatro mil ônibus. É um negócio fantástico!

            Eu gostaria de fazer o registro de um espetáculo exemplar que nos deu o Senado hoje. Aqui, há uma biblioteca espetacular. Uma das maiores do País, cerca de 300 mil exemplares, que não podem ficar só como biblioteca. Tem de ser um ambiente de cultura dinâmica, como foi hoje. Foi lançado no Senado, às 18 horas, mais ou menos, esse livro, todo ele confeccionado pela equipe da Marinha de Guerra do Brasil. Ali estiveram presentes o Comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Júlio Soares de Moura Neto; o Contra-Almirante Francisco Carlos Ortiz de Holanda Chaves, o Capitão de Mar e Guerra Carlos Frederico Simões Serafim, o Capitão-Tenente Marco Antonio Carvalho de Souza, a equipe editorial, as pessoas que organizaram. Estou falando nas pessoas, sem falar ainda no livro. Livro da maior importância, Presidente, da maior importância.

            Você falou tanto no Amazonas hoje. Então, eu quero lhe dizer, Senador Jefferson Praia, que, distante mil quilômetros, em linha reta, do Estado do Rio Grande do Norte, nós temos o Brasil ali. É o arquipélago de São Pedro e São Paulo. Aqui, nós temos um Pedro, Pedro Simon; temos um Paulo, Paulo Duque. Pedro, Paulo... E esse livro narra o que é que se está fazendo, hoje e há alguns anos, naquele arquipélago de São Pedro e São Paulo, que foi descoberto acidentalmente no ano de 1511, por uma frota portuguesa composta de seis caravelas - naquela época, todo mundo era português; não havia brasileiro ainda, nascido no Brasil; e não havia essa sopa hoje de energia eólica, energia nuclear. Pois bem, essa caravela, com destino à Índia, registrou o seu primeiro naufrágio e combateu no arquipélago, que lá estava mais ou menos escondido e depois foi chamado de São Pedro e São Paulo.

            Eu soube hoje que esse arquipélago serve, há coisa de dez anos, de pesquisa científica, primeira estação científica, onde há um farol para evitar exatamente os acidentes com navios, porque esse arquipélago é composto de sete ilhas a mil quilômetros de distância e pertence ao Brasil. Olhe que conquista notável! Eu fiquei preocupado, porque imaginem se, de repente, disserem: “Olhe, foi descoberto petróleo lá, no arquipélago de São Pedro e São Paulo”. Olhe só que coisa estranha e que coisa atrativa: o Brasil tem sido objeto de cobiça há muitos anos, durante a colonização portuguesa, e até agora, em plena República!

            Imagine, Presidente, imagine, Senador Jefferson Praia, que houve uma fase em que se criou, em que se pretendeu criar no País um negócio que se chama de Hileia Amazônica. Hileia amazônica! “Não, o Amazonas é de todo o mundo, a Amazônia não é do Brasil, não; é de todo o mundo e tal, porque é um pulmão formidável.”

            Que é um pulmão notável aceitamos, mas é do Brasil, apesar das tentativas...

            As Guianas Francesa, Inglesa e Holandesa não nasceram ali por acaso. Foram piratas que conquistaram aquela região. Felizmente foi apenas um pedacinho, mas poderia ter sido muito maior. Eu já li aqui, na presença do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, de oficiais, um livro de pesquisa de um oficial do Exército brasileiro, que conseguiu localizar 350 fortins, fortes e fortificações em todo o País. Era o estrangeiro que vinha, tentava entrar, fazia o fortim, o forte ou a fortaleza até e depois era expulso. Mas o Brasil é sempre vítima de cobiça. Essa Hileia Amazônica, pelo planejamento da época, nos idos de 1950, Senador - V. Exª não era nascido ainda -, mas, nessa época, já se queria pegar toda aquela região e colocar sob administração da Unesco, onde teriam representantes da Inglaterra, da França, dos Estados Unidos, de todo o mundo, até mesmo do Brasil, tinha uma representante que chegou a ser cogitada. Com todo o respeito, a Professora Heloísa Torres, seria a representante do Brasil. Mas os nacionalistas da época, Sr. Presidente, os liderados - eu tenho que fazer aqui até uma justiça pelas forças da esquerda um pouco, mas sobretudo pelo ex-Presidente, Arthur Bernardes, que naquela época era deputado, foi Presidente do Brasil, de 22 a 26, porque era Deputado Federal. Eles se levantaram, se uniram, fizeram uma campanha no Rio muito grande, no Clube Militar, no Clube Naval e o Congresso Brasileiro atendeu a esses anseios nacionalistas e a acabou com essa ideia. Acabou na prática, mas muitos sonham ainda em conquistar uma fatiazinha da Região Amazônica. Nós sabemos disso e V. Exª, Senador Jefferson Praia, mais do que ninguém.

            Então, é de justiça fazer esse anúncio, esse livro é importante, o Arquipélago de São Pedro e São Paulo é uma coisa importante pelas pesquisas científicas que ali se realizam, a Marinha quase toda ela esteve aqui na biblioteca distribuindo esse livro, este ano comemorando, prestigiando, consequentemente, o Senado Federal. O que deve ser sempre prestigiado, tem que ser prestigiado. Pena que o Senador Mão Santa não esteja aqui vendo. Ele diz que somos os pais da Pátria. É possível. Quem sabe lá? É possível. Olhem a Marinha aqui dentro, amigavelmente, culturalmente, aqui dentro, na Biblioteca, para mostrar aos Senadores do Brasil que, a mil quilômetros do Rio Grande do Norte, existe um arquipélago com sete ilhas e que essas ilhas são do Brasil. Estão sendo feitas pesquisas, pesquisas e pesquisas. Aqui, eles trouxeram os resultados das pesquisas. Muitos dos senhores não puderam comparecer lá - tenho certeza -, mas o livro estará na Biblioteca, para onde os interessados poderão se dirigir. Vale a pena. Foi uma boa confraternização.

            Por último, Sr. Presidente, por uma questão até de justiça, são vinte e uma horas e pouco e os funcionários todos estão funcionando aqui, estão trabalhando, não estão vadiando, não estão jogando bolinha de gude. Eles estão trabalhando e merecem o nosso reconhecimento. Daqui a pouco, é 1º de maio, Sr. Presidente. É 1º de maio! Os Senadores aguardam, com uma certa ansiedade, que a Mesa Diretora, com a sua diretriz, com a sua inteligência, com a sua cultura, com a sua sensibilidade política, afinal, reconheça que eles até fazem vigília, sem ser obrigatório a fazer vigília mas fazem, e que precisam ter o reconhecimento disso. O mínimo que se faz, o mínimo que eu peço, o mínimo que eu lembro e todos os Senhores lembram é que, no mínimo, deem o reajuste de 1º de maio, porque há muitos e muitos anos esses funcionários são 100% capacitados, a grande maioria por concurso público e merecem ser olhados com a consideração devida.

            Sei que há outros oradores inscritos, motivo pelo qual despeço-me hoje às 21 horas, esperando, reafirmo, que a Mesa Diretora lembre-se, em 1º de maio, de seus dedicados funcionários.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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