Discurso durante a 61ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da realização, na próxima sexta-feira, do julgamento do principal acusado do assassinato da religiosa irmã Dorothy Stang. Apreciação hoje, no Supremo Tribunal Federal, da extensão da Lei de Anistia para alguns tipos de crimes comuns. Repúdio ao assassinato de José Maria Filho, solicitando providências às autoridades da segurança pública e ao Governador do Estado do Ceará, para que apurem esse crime e punam todos os criminosos.

Autor
José Nery (PSOL - Partido Socialismo e Liberdade/PA)
Nome completo: José Nery Azevedo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DIREITOS HUMANOS. SEGURANÇA PUBLICA.:
  • Registro da realização, na próxima sexta-feira, do julgamento do principal acusado do assassinato da religiosa irmã Dorothy Stang. Apreciação hoje, no Supremo Tribunal Federal, da extensão da Lei de Anistia para alguns tipos de crimes comuns. Repúdio ao assassinato de José Maria Filho, solicitando providências às autoridades da segurança pública e ao Governador do Estado do Ceará, para que apurem esse crime e punam todos os criminosos.
Aparteantes
Gilvam Borges.
Publicação
Publicação no DSF de 29/04/2010 - Página 16689
Assunto
Outros > DIREITOS HUMANOS. SEGURANÇA PUBLICA.
Indexação
  • ANUNCIO, JULGAMENTO, ACUSADO, MANDANTE, HOMICIDIO, IRMÃ DE CARIDADE, ESTADO DO PARA (PA), EMPENHO, DEFESA, AGRICULTOR, COMBATE, GRILAGEM, EXPECTATIVA, PUNIÇÃO, REU.
  • REGISTRO, REALIZAÇÃO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), JULGAMENTO, EXCLUSÃO, LEI DE ANISTIA, DIVERSIDADE, CRIME COMUM, DISCUSSÃO, CARACTERIZAÇÃO, CRIME POLITICO, TORTURA, PERIODO, REGIME MILITAR, EFEITO, CONCESSÃO, ANISTIA, AGENTE, RESPONSAVEL, LEITURA, TEXTO, JURISTA, COMENTARIO, PEDIDO, ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL (OAB), BUSCA, RECONHECIMENTO, ESTADO, VIOLAÇÃO, DIREITOS HUMANOS, LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
  • SOLICITAÇÃO, PROVIDENCIA, AUTORIDADE, SEGURANÇA PUBLICA, GOVERNADOR, ESTADO DO CEARA (CE), APURAÇÃO, CRIME, PUNIÇÃO, RESPONSAVEL, HOMICIDIO, LIDER, SEM-TERRA, REGIÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, Senador César Borges, Srªs e Srs. Senadores, venho à tribuna no dia de hoje para fazer o registro de dois importantes fatos, ambos relacionados com a violência e o descumprimento dos direitos humanos em nosso País.

            Primeiramente, quero registrar a realização, na próxima sexta-feira, do julgamento de Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como “Taradão”, principal acusado de ser o mandante do assassinato da missionária norte-americana naturalizada brasileira, Irmã Dorothy Stang, de 73 anos de idade, ocorrido em 2005.

            Dorothy vivia há 20 anos na região, atuando no trabalho com camponeses e na luta contra grileiros de terras. Em dezembro de 2005, a Justiça condenou Rayfran das Neves Sales, o “Fogoió”, e Clodoaldo Carlos Batista, o “Eduardo”, a 27 e 17 anos de prisão, respectivamente, por terem matado a missionária. Amair Feijoli da Cunha, o “Tato”, foi condenado a 27 anos de prisão como intermediário do assassinato, mas teve a pena reduzida por colaborar com o processo.

            Em maio de 2007, o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, conhecido como “Bida”, foi condenado a 30 anos de reclusão em regime fechado, sob a acusação de ser um dos mandantes do assassinato de Dorothy. Por ter sido condenado a uma pena superior a 20 anos de prisão, Rayfran Sales foi submetido a um novo julgamento, como previa a legislação brasileira na época.

            No dia 22 de outubro de 2007, Rayfran negou que tivesse sido contratado por fazendeiros e disse que se sentia ameaçado pela missionária.

            O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - Senador José Nery, só quero pedir a V. Exª um segundinho no seu pronunciamento, porque eu preciso atender a um Deputado Estadual, que está aqui na Casa com um Prefeito.

            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA) - Pois não. Escuto V. Exª.

            O Sr. Gilvam Borges (PMDB - AP) - É só para pedir à Mesa que me inscreva para uma comunicação inadiável, porque eu vou ter de me ausentar. Eu agradeço a V. Exª.

            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA) - Eu agradeço, Senador Gilvam. V. Exª, com certeza, terá o seu pedido deferido pelo nosso Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (César Borges. Bloco/PR - BA) - Com certeza, Senador José Nery. O Senador Gilvam já está inscrito, em terceiro lugar, para uma comunicação inadiável.

            V. Exª está com a palavra.

            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA) - Rayfran foi condenado a 27 anos de prisão, mas o julgamento foi anulado em dezembro. Nos dias 5 e 6 de maio de 2008, Rayfran e “Bida” foram submetidos a novo julgamento. O acusado de matar a missionária foi condenado novamente e teve a pena acrescida em um ano. Durante o depoimento, ele inocentou o fazendeiro de mandar matar a missionária, assumindo sozinho a autoria do crime. Vitalmiro Bastos de Moura, o “Bida”, foi absolvido por cinco votos a dois. Porém, com fortes indícios de irregularidades, esse julgamento também foi anulado e, em 12 de abril deste ano, em júri popular, o fazendeiro “Bida” foi condenado a 30 anos de prisão em regime fechado.

            O julgamento de Regivaldo Pereira Galvão, que acontece nesta sexta-feira, dia 30 de abril, em Belém, é mais um capítulo da luta pela punição dos responsáveis por esse crime hediondo, necessário para servir de exemplo aos que perseguem e matam os lutadores do povo no interior do País. O julgamento chama a atenção da imprensa nacional e internacional e deve mobilizar diversos movimentos sociais em Belém, onde acontecerá.

            Com as presenças confirmadas, na assistência da Promotoria, dos Drs. Nilo Batista e Aton Fon Filho, o julgamento contará, ainda, com a participação de Dom Erwin Krautler, Bispo do Xingu e Presidente do CIMI, com representantes da CPT, do MST e da Contag, além da presença do Promotor Público e ex-Deputado Federal, Presidente da Associação de Reforma Agrária Brasileira (Abra) e atual pré-candidato à Presidência da República pelo PSOL, Dr. Plínio de Arruda Sampaio.

            Esperamos contar, também, com a presença de várias lideranças sindicais e populares do Estado do Pará, coordenadas pelo Comitê Dorothy, que vem lutando, incansavelmente, para que todos os envolvidos nesse crime hediondo sejam julgados e condenados.

            Esperamos que esse julgamento possa marcar mais um episódio na luta contra a impunidade e a criminalização dos movimentos sociais em nosso País, dando passos firmes para que possa ser superada a situação de insegurança que persegue aqueles que lutam por seus direitos.

            Outro assunto...

(Interrupção do som.)

            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA) - ... que eu gostaria de registrar nesta tribuna e que guarda profunda relação com o caso envolvendo a Irmã Dorothy Stang, e que não é menos importante, diz respeito ao julgamento, nesta quarta-feira, pelo Supremo Tribunal Federal, da extensão da Lei de Anistia a alguns tipos de crimes comuns. Discute-se se é possível caracterizarem-se os atos de tortura cometidos por agentes do regime militar como “crimes políticos” e, diante disso, anistiarem-se tais atos.

            O STF já decidiu o que são crimes políticos: são delitos praticados contra a ordem estabelecida, com finalidade ideológica. O caráter político do crime não é caracterizado apenas por sua motivação política, mas pelo fato de lesionar a organização vigente...

(Interrupção do som.)

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA) - Se o crime político é aquele que lesiona a ordem instituída, ficam evidentemente excluídos dessa definição os delitos praticados por agentes dessa mesma ordem para garantir sua manutenção.

            A OAB, Ordem dos Advogados, e a Associação dos Juízes pela Democracia, que postulam no STF a interpretação restritiva da Lei de Anistia, não buscam punição, vingança ou revanche. Como bem observou o brilhante jurista Dalmo de Abreu Dallari:

Não se acredita que a incidência do direito penal terá o condão de reparar o sofrimento das vítimas, seus familiares, amigos e de toda a comunidade que acompanhou tais atrocidades. Buscam apenas o reconhecimento histórico de que a sociedade brasileira jamais compactuou com as práticas de um regime que limitou criminosamente a oposição e a liberdade de expressão, mesmo que tais práticas não possam mais ser punidas pela prescrição.

            (O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA) - Sr. Presidente, solicito que o texto completo do meu pronunciamento seja acolhido nos Anais da Casa.

         Ainda, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero, na condição de Senador e de cidadão oriundo do Estado do Ceará, dizer da minha tristeza, porque mais uma vez fiquei profundamente chocado e abalado com o bárbaro e covarde assassinato de uma das principais lideranças populares da região do Jaguaribe, no Estado do Ceará. Trata-se de José Maria Filho, que tinha 44 anos de idade e foi covardemente assassinado, executado, por pistoleiros e jagunços a mando do latifúndio no meu Estado natal, o Ceará.

            Esse homicídio ocorreu na última quarta-feira, quando foram disparados 19 tiros contra José Maria, todos na região do abdômen e da cabeça, mostrando a crueldade e a covardia dos assassinos.

            Igualmente, solicito providências às autoridades da segurança pública e ao Governador do Ceará, para que possam apurar e punir exemplarmente todos os criminosos.

            Solicito também a V. Exª, Senador César Borges, que o texto do meu pronunciamento relativo ao assassinato de José Maria Filho, liderança popular do Ceará, seja igualmente acolhido pela Mesa e incluso nos Anais do Senado Federal.

            Muito obrigado a V. Exª. E obrigado também aos que me permitiram falar com a cessão do tempo.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR JOSÉ NERY.

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            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo esta tribuna no dia de hoje para fazer o registro de dois importantes fatos, ambos relacionados com a violência e o descumprimento dos direitos humanos em nosso país.

            Primeiramente, quero registrar a realização, na próxima sexta-feira, do julgamento de Regivaldo Pereira Galvão, conhecido como “Taradão”, principal acusado de ser o mandante do assassinato da missionária norte-americana Irmã Dorothy Stang, de 73 anos de idade, ocorrido em 2005.

            Dorothy vivia a 20 anos na região, atuando no trabalho com camponeses e na luta contra grileiros de terras. Em dezembro de 2005 a Justiça condenou Rayfran das Neves Sales, o "Fogoió", e Clodoaldo Carlos Batista, o "Eduardo", a 27 e 17 anos de prisão, respectivamente, por terem matado a missionária. Amair Feijoli da Cunha, o "Tato", foi condenado a 27 anos de prisão como intermediário do assassinato, mas teve a pena reduzida por colaborar com o processo.

            Em maio de 2007 o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, conhecido como "Bida", foi condenado a 30 anos de reclusão em regime fechado sob acusação de ser um dos mandantes do assassinato de Dorothy. Por ter sido condenado a uma pena superior a 20 anos de prisão, Rayfran Sales foi submetido a um novo julgamento, como previa a legislação brasileira na época. No dia 22 de outubro de 2007, Rayfran negou que tivesse sido contratado por fazendeiros e disse que se sentia ameaçado pela missionária. Ele foi condenado a 27 anos de prisão, mas o julgamento foi anulado em dezembro. Nos dias 5 e 6 de maio de 2008, Rayfran e Bida foram submetidos a novo julgamento. O acusado de matar a missionária foi condenado novamente e teve a pena acrescida em um ano. Durante o depoimento, ele inocentou o fazendeiro de mandar matar a missionária, assumindo sozinho a autoria do crime. Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, foi absolvido por cinco votos a dois. Porém, com fortes indícios de irregularidades, este julgamento também foi anulado e em 12 de abril deste ano, em júri popular, o fazendeiro foi condenado a 30 anos de prisão em regime fechado.

            O julgamento de Regivaldo Pereira Galvão, o “Taradão”, que acontece nesta sexta-feira é mais um capítulo da luta pela punição dos responsáveis por este crime hediondo e necessário para servir de exemplo aos que perseguem e matam os lutadores do povo no interior do país. O julgamento chama a atenção da imprensa internacional e nacional e deve mobilizar diversos movimentos sociais em Belém, onde acontecerá. Com as presenças confirmadas na assistência da promotoria dos Doutores Nilo Batista e Aton Fon Filho, o julgamento contará ainda com a participação de Dom Erwin Krautler, Bispo de Xingu e presidente do CIMI; representantes da CPT, do MST e da CONTAG, além da presença do promotor público e ex-deputado federal, atual pré-candidato à Presidência da República pelo PSOL, Plínio de Arruda Sampaio.

            Esperamos que este julgamento possa marcar mais um episódio na luta contra a impunidade e a criminalização dos movimentos sociais em nosso país, dando passos firmes para que possa ser superada a situação de insegurança que persegue aqueles que lutam por seus direitos.

            Outro assunto que gostaria de registrar nesta tribuna e que guarda profunda relação com o caso envolvendo Irmã Dorothy Stang, e que não é menos importante, diz respeito ao julgamento nesta quarta-feira pelo STF da extensão da Lei de Anistia a alguns tipos de crimes comuns. Discute-se se é possível caracterizar os atos de tortura cometidos por agentes do regime militar como "crimes políticos" e, diante disso, anistiar tais atos.

            O STF já decidiu o que são crimes políticos: são delitos praticados contra a ordem estabelecida, com finalidade ideológica. O caráter político do crime não é caracterizado apenas por sua motivação política, mas pelo fato de lesionar a organização vigente do Estado. Ora, se crime político é aquele que lesiona a ordem instituída, ficam evidentemente excluídos dessa definição os delitos praticados por agentes dessa mesma ordem para garantir sua manutenção. Assim, os atos de tortura e outros praticados pelos agentes de repressão não são crimes políticos nem crimes conexos, mas crimes comuns, que não comportam a anistia. Qualquer entendimento contrário impediria o STF de extraditar agentes de repressão de governos ditatoriais do mesmo período, de outros países, que buscassem refúgio no Brasil.

            A OAB e a Associação dos Juízes pela Democracia, que postulam no STF a interpretação restritiva da Lei de Anistia, não buscam punição, vingança ou revanche. Como bem observou o brilhante jurista Dalmo de Abreu Dallari: “não se acredita que a incidência do direito penal terá o condão de reparar o sofrimento das vítimas, seus familiares, amigos e de toda a comunidade que acompanhou tais atrocidades. Buscam apenas o reconhecimento histórico de que a sociedade brasileira jamais compactuou com as práticas de um regime que limitou criminosamente a oposição e a liberdade de expressão, mesmo que tais práticas não possam mais ser punidas pela prescrição”.

            Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, que possamos, através da ação isenta no poder judiciário, tendo em vista a plena garantia dos direitos da pessoa humana, derrotar definitivamente a impunidade em nosso país, condenando os responsáveis pelos crimes hediondos que abatem aqueles que lutam pela justiça, pela igualdade e pela democracia no Brasil.

            Muito obrigado!

 

            O SR. JOSÉ NERY (PSOL - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como Senador da República e cidadão cearense estou muito triste, chocado e profundamente abalado com o bárbaro e covarde crime que levou à morte uma das principais lideranças populares da região do Jaguaribe, no Estado do Ceará. José Maria Filho, tinha 44 anos de idade, e foi covardemente executado por pistoleiros e jagunços a mando do latifúndio em meu estado natal. Esse hediondo crime ocorreu na última quarta feira, quando foram disparados 19 tiros contra o Zé Maria, todos na região do abdômen e da cabeça, mostrando a crueldade e a covardia do(s) assassino(s).

            Espero, Senhores Senadores e Senhoras Senadoras, que esse crime e todos os demais crimes cometidos contra os trabalhadores rurais sem terra e o povo pobre que lutam pela reforma agrária, por melhores condições de vida e de trabalho em todos os rincões de nosso país, inclusive no Estado do Pará, que represento nesta Casa, sejam exemplarmente punidos pela justiça.

            Registro a fala do Padre Júnior Aquino, da paróquia de Limoeiro do Norte, onde afirmou em missa realizada na capela de Nossa Senhora de Fátima que “ hoje é um dia muito triste para a família do Zé Maria, mas também para as comunidades da Chapada do Apodi porque morreu aquele que estava todos os dias denunciando a concentração de terras, as injustiças, o uso indiscriminado de agrotóxicos na região. Mas se pensavam que matando o Zé Maria iam acabar com a luta, estão enganados. A luta continua. A comunidade de Tomé não está sozinha. A Igreja está junto. Vamos todos dizer agora: José Maria, a luta continua !”

            Zé Maria, como era conhecido, tinha 44 anos, era casado com Maria Lucinda Xavier e deixou três filhos. Presidia a Associação dos Desapropriados Trabalhadores Rurais Sem Terra - Chapada do Apodi, sendo uma das mais respeitadas lideranças sociais da região. Sempre foi ligado à Igreja Católica e às pastorais sociais, à Cáritas, e iniciou sua luta e militância ainda na década de 90.

            Quero somar minha voz às vozes dos agricultores e trabalhadores rurais da Chapada do Apodi e região, e a todas as pessoas que lutam por reforma agrária e contra o agronegócio que expulsam os trabalhadores de suas terras, além de os envenenarem com os chamados defensivos agrícolas. Manifesto minha solidariedade a todos os familiares de Zé Maria, aos amigos e a todos os lutadores sociais da Igreja Católica naquela região do Estado do Ceará, ao mesmo tempo que faço um apelo dessa Tribuna ao Sr. Ministro da Justiça e à Polícia Federal, para que entrem nas investigações e prendam o(s) assassino(s) e os mandantes desse bárbaro crime.

            Associo-me a todas as entidades e pessoas do Ceará, do Brasil e de todo o mundo que querem ver apuradas todas as denúncias contra os latifundiários e pistoleiros que perseguem e matam todos que ousam lutar por uma sociedade mais justa e igualitária, no campo e na cidade.

            Repito aqui as palavras de ordem entoadas pelos manifestantes que realizaram o Ato Público logo após o sepultamento do companheiro Zé Maria em Quixeré, que sintetizou em vida a luta de nosso companheiro que pregava a justiça e o direito à vida para os trabalhadores e o povo da região:

            Cadeia para todos os pistoleiros da região !

            Fim da pulverização aérea de agrotóxicos !

            Abaixo todas as empresas do Agronegócio !

            Muito Obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/04/2010 - Página 16689