Discurso durante a 61ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do centenário do Escotismo no Brasil.

Autor
Flávio Arns (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Flávio José Arns
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.:
  • Registro do centenário do Escotismo no Brasil.
Aparteantes
Eduardo Azeredo.
Publicação
Publicação no DSF de 29/04/2010 - Página 17079
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, ESCOTISMO, BRASIL, ELOGIO, ATIVIDADE, DESENVOLVIMENTO, CRIANÇA, ADOLESCENTE, COMPROMISSO, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE, NECESSIDADE, EMPENHO, GRUPO PARLAMENTAR, DISCUSSÃO, ASSUNTO, PRIORIDADE, CRIAÇÃO, POLITICA NACIONAL, JUVENTUDE.
  • SAUDAÇÃO, RESPONSAVEL, PARTICIPANTE, ENCONTRO, AMBITO NACIONAL, ESCOTISMO, REALIZAÇÃO, HOMENAGEM POSTUMA, ZILDA ARNS, MEDICO, PARENTE, ORADOR.
  • ANUNCIO, ENCONTRO, ESCOTISMO, AMBITO INTERNACIONAL, REALIZAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, SUECIA, ELOGIO, PARTICIPAÇÃO, REI.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. FLÁVIO ARNS (PSDB - PR. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço, Sr. Presidente.

            Eu quero dizer que, neste ano, comemoramos o centenário do Escotismo no Brasil. São cem anos do movimento escoteiro. Complementando o esforço da família e da escola, o Escotismo é o movimento de educação não formal que se ocupa com o desenvolvimento integral permanente de crianças e jovens, movimento que não está na escola, que está na comunidade, e que atende crianças e jovens.

            O Escotismo chegou ao país em 1910, quando um grupo de Suboficiais da Marinha, que estivera na Inglaterra no ano anterior, fundou o Centro de Boys Scouts. Iniciou-se, assim, o movimento nacional que considero como da maior importância de nossa juventude.

            Por algum tempo, os grupos de escoteiros foram surgindo de forma descoordenada, sem um órgão representativo que os agrupasse. Até que, em 1924, foi criada a União dos Escoteiros do Brasil (UEB), que hoje reúne cerca de 70 mil jovens participantes em nosso País.

            Para o Escotismo, a família é o elemento integrador da comunidade, centro de uma civilização baseada na fraternidade, na verdade e na justiça. O jovem é incentivado a viver a religiosidade e a busca de Deus, de acordo com a sua opção religiosa, estimulando-o a dar testemunho da sua fé.

            Com isso, afirmo que o Movimento Escoteiro busca a espiritualização, formando cidadãos responsáveis e com firmeza de propósitos, a bem da coletividade.

            Assimilando os valores positivos do trabalho cooperativo, o escoteiro busca servir a comunidade, engajando-se em seu desenvolvimento. Desse modo, o bem-estar resultante da realização comum e do trabalho em equipe imprime ao escotismo a sua grande identidade.

            Valores como a lealdade ao País, à terra natal, ao seu povo e a sua cultura, fomentados pelo Escotismo são de grande importância para a juventude brasileira, pois resultarão em cidadãos responsáveis, cientes da dimensão política da vida em sociedade.

            Em cem anos de Escotismo, 1910/ 2010, permanecem ilesos todos esses valores e compromissos. Sobretudo, permanece intocada a educação do escoteiro para a liberdade, com declarado compromisso para com a preservação do meio ambiente, privilegiando a vida ao ar livre como experiência educativa.

            Comemoramos neste mês, no Brasil, um século de um movimento para jovens, que promove privilegiado encontro de gerações, possibilitando a eles, às famílias e às comunidades a oportunidade de compartilhar o crescimento comum em uma relação que valoriza o diálogo, a compreensão e a participação.

            No dia de hoje, venho deixar minhas congratulações a todos que levam avante esse Movimento, segundo a harmonia que deve permear o relacionamento entre os povos, respeitando as tradições e os costumes nacionais.

            O Brasil é um país que ainda tem muito que avançar no campo da justiça social, e creio firmemente que o Escotismo cumpre com seu papel, pois desperta no jovem o anseio por uma nação melhor - e o que é mais importante - com sua participação.

            Aproximando esse Movimento do Parlamento, afirmo que, neste Poder, aqui no Parlamento, devemos estabelecer um diálogo com a juventude, com ênfase para os assuntos legislativos que lhes digam respeito, especialmente aqueles concernentes à educação, saúde, emprego e proteção ambiental, além da promoção da educação não formal e, por fim, o emprego dos instrumentos legislativos existentes para garantir que uma política nacional para a juventude se converta em prioridade no Brasil. Pensemos nisto: em contribuir com o Escotismo brasileiro!

            Esse é o propósito que nós, da União Parlamentar Escoteira do Brasil (Upeb), abraçamos.

            Por fim, parabenizo os realizadores e todos que estiveram presentes no Congresso Nacional dos Escoteiros, no qual também estive presente, no Rio de Janeiro, dias 23 e 24 de abril. A nova marca da flor de lis, símbolo dos escoteiros, foi lançada: uma nova marca, mas com o mesmo espírito de solidariedade, cidadania e respeito ao próximo.

            Como sempre, o que se viu foi uma organização admirável. Diversas oficinas foram oferecidas aos participantes. Houve a divulgação das publicações a respeito do programa de modernização implementado em 2001, e o público pôde apreciar os trabalhos de grande qualidade selecionados no Concurso de Fotografia e na I Feira Nacional de Projetos Escoteiros, exibidos ao longo do Congresso.

            Concluo, Sr. Presidente, que devemos nos empenhar...

            O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador.

            O SR. FLÁVIO ARNS (PSDB - PR) - Pois não, Senador Eduardo Azeredo.

            O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Antes da sua conclusão, quero também me manifestar solidarizando-me com seu pronunciamento. Eu também, na época em que era Prefeito de Belo Horizonte, recebi lá um título de Escoteiro Honorário e acompanho, desde aquela época ou até muito antes, a função e a atuação dos escoteiros. É uma questão ainda atual. É evidente que houve uma época em que se ouvia falar mais dos escoteiros, mas o fato é que permanece. É um movimento com números, que foram mostrados por V. Exª aqui, que são muito expressivos no mundo todo. O fato é que a questão dos escoteiros permanece ativa, prestando serviços importantes na formação dos jovens brasileiros, como foi bem explanado. É importante que isso continue acontecendo. Temos visto as pragas do mundo moderno, especialmente as drogas. A criança, o jovem que tem uma linha de formação que prevê exatamente essas regras básicas de convivência, de civilidade, de respeito, essa criança, esse adolescente tem um caminho mais reto que aqueles que ficam com tempo perdido, com tempo à toa, acabando por se deixarem levar pelas tentações das drogas.

            O SR. FLÁVIO ARNS (PSDB - PR) - Eu quero agradecer o aparte de V. Exª, Senador Eduardo Azeredo, e ressaltar, mais uma vez, a importância do movimento escoteiro nos dias de hoje. É um processo, de fato, de educação, educação não formal, educação não na escola, mas na comunidade, cultivando valores fundamentais para a vida, entre eles os de solidariedade, de respeito, de admiração, de conservação da natureza, de vida ao ar livre. Uma das coisas mais fundamentais do movimento escoteiro e que eu considero que falta para tantos jovens é a oportunidade de estar num grupo sadio, bom, como V. Exª colocou, fazendo amigos, tendo amizades, fazendo, sob orientação, um conjunto de atividades e levando essa experiência pelo resto da vida.

            Outro dia, fomos falar com o Vice-Presidente da República, José Alencar, para o apoio ao Congresso Escoteiro Internacional, que vai acontecer em Curitiba, no ano que vem, em janeiro, e ele disse: “Eu fui escoteiro e tenho as melhores lembranças”. Se nós falarmos com vários Senadores, vamos ver que vários Senadores e várias Senadoras foram escoteiros e escoteiras. Então, nós, através da União Parlamentar Escoteira do Brasil, mesmo que não tenhamos sido escoteiros, podemos colaborar para a expansão do movimento.

            Então, eu convido, novamente, já fiz isso em outras ocasiões, para que Vereadores, Vereadoras, Deputados Estaduais, Federais e Senadores formemos juntos a União Parlamentar Escoteira. para termos como grande objetivo pelo menos um grupo de escoteiro em cada Município do Brasil. Podemos ter mais grupos, mas pelo menos um.

            Faço um apelo a prefeitos e vereadores para que, sob a orientação da União dos Escoteiros do Brasil, tenhamos pelo menos um grupo escoteiro em cada um dos Municípios, para não termos só 70 mil escoteiros, o que já é uma quantidade enorme, mas 700 mil escoteiros no Brasil. Por que não? Temos toda a condição de termos uma política para a juventude que priorize o movimento escoteiro em nosso País.

            Eu só queria, antes de concluir, dizer que, no ano que vem, acontecerá, na Suécia, o Jamboree, o grande acampamento escoteiro mundial. O último aconteceu em Londres, com a participação de 45 mil jovens. Lado a lado, estavam cristãos, muçulmanos, judeus, de todas as religiões, de todos os países, construindo uma postura de paz, que já vem sendo alimentada desde a infância e desde a juventude.

            O Rei Gustavo e a Rainha Silvia, da Suécia, que estiveram aqui no Congresso Nacional, quando vieram ao Brasil, receberam, em audiência, o Movimento Escoteiro do Brasil. E a audiência aqui no Brasil para os escoteiros do País - eu tive a oportunidade de estar na audiência como Presidente da União Parlamentar Escoteira do Brasil - foi marcada pelos escoteiros da Suécia. O Rei Gustavo é chefe escoteiro de um grupo escoteiro na Suécia. Ele dialogou com os escoteiros e com as escoteiras do Brasil perguntando exatamente quais eram as atividades. Ele vai estar acampado, no ano que vem, na Suécia, junto com o grupo de escoteiros dele, recebendo milhares de escoteiros de todo o Brasil. Então, isso mostra a importância que se dá a esse movimento. E ele próprio estaria visitando vários países para conseguir fundos. Não é apenas o governo sueco que vai destinar os fundos. Ele vai ajudar e dar a infraestrutura, porque, afinal, receber de 40 a 45 mil pessoas durante 15 dias também é um custo. Mas o Rei Gustavo vai passar por países para captar recursos a favor do Fundo Escoteiro para a realização desse evento.

            Quero destacar, inclusive, um aspecto pessoal. No Rio de Janeiro, no Congresso Escoteiro Nacional, o movimento escoteiro prestou uma belíssima homenagem à Drª Zilda Arns, minha tia - como costumo dizer, Tia Zilda -, enaltecendo o trabalho dela pelo exemplo de solidariedade, que também é uma marca do movimento escoteiro. Ela recebeu a mais alta honraria escoteira post mortem. Essa homenagem foi, então, levada para seus filhos e netos. Somos também extremamente agradecidos ao movimento escoteiro em razão disso. Então, há uma possibilidade bastante grande de as pessoas se envolverem.

            Quero destacar, ainda, que o Embaixador do Brasil no Haiti, Igor Kipman, e sua esposa, Roseana Kipman, foram escoteiros no Brasil, sendo que o Embaixador Igor Kipman chegou a ser Presidente da União dos Escoteiros do Brasil. São admirados no Haiti. Costumo até brincar dizendo que a Roseana, esposa do Embaixador, seria eleita Presidente do Haiti caso houvesse essa possibilidade, porque o povo a ama, a admira e muitas dessas virtudes foram, sem dúvida, desenvolvidas durante o período de escotismo no Brasil.

            Eu, inclusive, presenciei gestos de solidariedade de fato profundos quando a própria esposa do Embaixador se deitava no chão, na base brasileira de soldados, com mulheres haitianas feridas, com crianças feridas, que estavam recebendo o apoio médico possível naquele momento. Ela estava junto, deitada, consolando, ajudando, com gestos de solidariedade importantes, que mostram o espírito dessas pessoas, particularmente naquela tragédia pela qual o país estava passando naquele momento. Minha homenagem nesse sentido ao ex-presidente escoteiro do Brasil, Igor Kipman, e a sua esposa, Roseana.

            Quero concluir, Sr. Presidente, dizendo que devemos todos nos empenhar pelo crescimento desse movimento, que, no Brasil, deve contar com um efetivo muito superior ao dos atuais setenta mil jovens. Devem eles ser centenas de milhares, milhões de jovens, todos embasados nos nobres propósitos do escotismo nacional.

            Portanto, os parabéns, da nossa parte, aos 100 anos do escotismo no Brasil e o apelo que faço a todos que nos acompanham pelos meios de comunicação no Senado: vamos caprichar para ter um grupo escoteiro - qual é o objetivo? - um grupo escoteiro, no mínimo, em cada um dos Municípios do Brasil. E a União dos Escoteiros do Brasil (UEB) tem toda a condição de auxiliar nessa tarefa por meio da qualificação, orientação, discussão para que a gente possa fazer uma revolução no Brasil também pelo Escotismo.

            Obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 29/04/2010 - Página 17079