Discurso durante a 62ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Apreensão com o aumento do consumo do crack, em Goiás. Sugestão de medidas e ação integrada para combater o tráfico de drogas.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
DROGA.:
  • Apreensão com o aumento do consumo do crack, em Goiás. Sugestão de medidas e ação integrada para combater o tráfico de drogas.
Publicação
Publicação no DSF de 30/04/2010 - Página 17562
Assunto
Outros > DROGA.
Indexação
  • REITERAÇÃO, DEBATE, GRAVIDADE, CRESCIMENTO, CONSUMO, ENTORPECENTE, BRASIL, MUNDO, REGISTRO, OCORRENCIA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), CONFERENCIA INTERNACIONAL, REPRESSÃO, DROGA, ORGANIZAÇÃO, POLICIA FEDERAL, AGENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
  • REGISTRO, HISTORIA, CONVENÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), DEFINIÇÃO, PRAZO, COMBATE, COMPROVAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL, LAVAGEM DE DINHEIRO, TRAFICO, DROGA, ESPECIFICAÇÃO, MOVIMENTAÇÃO, PERIODO, CRISE, ECONOMIA INTERNACIONAL, ANALISE, SITUAÇÃO, BRASIL, CARACTERIZAÇÃO, MERCADO, SUPERIORIDADE, CONSUMO, APRESENTAÇÃO, DADOS, CRESCIMENTO, PROBLEMA, ESTADO DE GOIAS (GO).
  • COMENTARIO, CAMPANHA, MINISTERIO DA SAUDE (MS), PREVENÇÃO, DROGA, NECESSIDADE, CONTINUAÇÃO, PROVIDENCIA, OPINIÃO, ORADOR, IMPORTANCIA, PARCERIA, AREA, SEGURANÇA, SAUDE, POLITICA, UNIÃO FEDERAL, ESTADOS, MUNICIPIOS, MINISTERIO PUBLICO, JUDICIARIO, SOCIEDADE, AMPLIAÇÃO, ACESSO, INFORMAÇÃO, CAMPANHA EDUCACIONAL, ESCLARECIMENTOS, EFEITO, DESTRUIÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, CRIANÇA, ADOLESCENTE, CONCLAMAÇÃO, MOBILIZAÇÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente. Concordo inteiramente com as lembranças que V. Exª externa neste momento. E é muito bom que seja lembrado neste momento, uma vez que vamos comemorar o aniversário da Lei de Responsabilidade Fiscal nos próximos dias.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, no dia 13 de novembro do ano passado, ocupei esta tribuna para falar sobre o consumo de drogas e entorpecentes, em especial o uso do crack, que causa dependência química e destrói vidas e famílias inteiras. Lamentavelmente, hoje, volto ao assunto.

            O consumo desenfreado de drogas no mundo tem gerado inúmeros problemas à sociedade. Um simples usuário que se rende às drogas a cada dia não imagina o efeito dominó que ele produz aguçando os traficantes a se organizarem cada vez mais em um universo paralelo.

            Este não é um problema exclusivo do Brasil, mas do mundo inteiro, independentemente de desenvolvimento econômico ou populacional de uma nação.

            Tanto é que acontece, desde terça e vai até hoje, no Rio de Janeiro, a Conferência Internacional de Repressão às Drogas. Trata-se da maior conferência mundial antidrogas, organizada pela Polícia Federal brasileira e pela Agência Antidrogas dos Estados Unidos da América.

            Os meios de comunicação têm insistido na cobertura ao tema e do crescimento do consumo do crack, que se entende para as classes mais altas e não só aos moradores de rua das grandes e pequenas cidades.

            É preciso evidenciar aqui que, em meu Estado, víamos essa dependência química principalmente na capital; hoje, temos o desprazer, a tristeza de ver esse mal se alastrando por todas as cidades do Estado de Goiás.

            A Convenção Única sobre Drogas Ilícitas da ONU, em 1961, em vigor desde 1964, estabeleceu o prazo de 25 anos para colocar fim ao problema das drogas. O prazo findou em 1989 e o problema agravou-se com o aumento da oferta, do consumo e da dependência de países cujos Produtos Internos Brutos ficaram também dependentes do mercado de drogas proibidas.

            Já a Convenção de Viena, de 1988, sobre o tráfico ilícito, concluiu que os sistemas bancário e financeiro internacionais eram utilizados para lavagem do dinheiro sujo das drogas ilícitas.

            O italiano Antonio Costa, do escritório da ONU para enfrentamento das drogas e prevenção ao crime e ao terrorismo, declarou recentemente que, durante a crise econômica mundial, milhões e milhões de dólares provenientes do mercado ilegal de drogas circulavam pelo sistema financeiro.

            Segundo Costa, “os proventos da criminalidade internacional foram para os bancos, em muitos momentos o único capital de investimento líquido (em papel-moeda) disponível”.

            O especialista afirma, ainda, que, depois da quebra do Lehman Brothers, em setembro de 2008, o mercado interbancário, pelo qual as instituições se abastecem reciprocamente, foi drasticamente reduzido: “Aí entraram os US$300 bilhões, justamente o dinheiro movimentado pela droga”.

            O mercado das drogas divide as nações em três tipos: países produtores, países de trânsito e países consumidores. O Brasil tem sido usado como rota de passagem da droga produzida nos países vizinhos rumo aos grandes mercados consumidores da Europa e dos Estados Unidos.

            Hoje, porém, o Brasil se destaca mais como mercado consumidor do que de trânsito. Isso porque tem uma população grande, a quinta maior do mundo, uma economia em expansão, com aumento expressivo da renda média, e situa-se próximo dos maiores produtores mundiais de maconha (no caso, o Paraguai) e de cocaína, sendo a Colômbia, Bolívia e Peru.

            O crack surgiu nos Estados Unidos no ano de 1980. Segundo o Ministério da Saúde, o primeiro registro do uso da droga no Brasil é de 1989 e, atualmente, o território nacional serve de rota para o tráfico internacional, um dos motivos para o crescimento do vício no País.

            Em Goiás, como eu disse aqui, a situação não é diferente. A epidemia do crack já é um problema em todo o Estado. Os hospitais especializados em dependentes químicos viram triplicar, nos últimos três anos, o número de pacientes dependentes do crack. Antes, eles representavam 20% das internações; hoje são mais de 60%. Isso se deu pelo fato de o crack ter-se tornado a droga mais consumida atualmente no meu Estado de Goiás.

            A Polícia Civil estadual informa que, somente em Goiânia, de cada dez prisões efetuadas, sete são por associação com a venda do crack.

            O Ministério da Saúde, no final do mês passado, lançou uma campanha nacional de combate ao crack, que foi veiculada em diversos meios de comunicação até 31 de janeiro de 2010.

            A mensagem principal da campanha era “Nunca experimente o crack” e representou um apelo do Ministério para tentar impedir o crescimento do uso da droga no Brasil, principalmente entre jovens de 15 a 29 anos de idade, o público-alvo da ação. A campanha terminou e nada mais foi feito.

            Sr. Presidente, o drama dos consumidores dessa droga barata, que é traficada, vendida e distribuída a milhares de pessoas, principalmente aos jovens do nosso País, deve ser encarado com muita responsabilidade e com muita preocupação.

            Lidar com as drogas, em especial o crack, exige uma solução intersetorial. Este não é problema apenas de polícia, mas de uma ação integrada entre segurança, saúde, políticas antidrogas, o Governo Federal, gestores municipais e estaduais, Ministério Público, Poder Judiciário e sociedade.

            Para combater, de forma contundente e eficaz, a problemática do crack em todo o território brasileiro é preciso separar a política de combate em: prevenção, tratamento, reabilitação e repressão.

            É imperioso fazer uso de veículos de comunicação para difundir uma campanha publicitária sobre os perigos que as drogas representam.

            Iniciar uma campanha pelas escolas é de fundamental importância, pois a disseminação das informações sobre os efeitos degradantes dessa droga torna-se uma ferramenta imprescindível para que o jovem possa dizer “não” quando tem contato com ela.

            Precisamos abraçar essa causa e lutar para afastar as drogas dos nossos jovens. Acredito que medidas como a que sugeri podem-se tornar essenciais para não deixarmos os nossos jovens se perderem no mundo das drogas e da marginalidade. Para aqueles que já são usuários, vamos lutar para conseguir trazê-los de volta ao convívio familiar e social.

            Para concluir, Sr. Presidente, quero aqui relatar uma experiência dolorida de uma pessoa com quem eu tenho contato no trabalho. Seu filho é usuário do crack. Quando ela chega em casa, tudo que tinha comprado de necessidade para a casa é vendido pelo filho. Quando não tem mais nada para vender, ele arranca as portas, quebra toda a casa, e, quando ela chega do trabalho, cansada, tem ali aquele quadro deprimente e não tem nada para fazer nesse caso.

            Por isso, é preciso que o Poder Público se sensibilize e que a sociedade também se una ao Governo e não espere que apenas o Governo resolva esse problema. Esse não é um problema simples, não é um problema de governo apenas, mas é um problema de todos aqueles que têm a responsabilidade de ajudar a construir um país mais justo e, principalmente, um país onde a juventude seja respeitada, tendo seu emprego, o lazer na hora necessária.

            Portanto, precisamos fazer desta Casa uma corrente forte e denunciar a omissão daqueles que passam indiferentes a um caso como este que citei aqui no meu discurso.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

            Agradeço a V. Exª a tolerância do tempo e agradeço mais uma vez as suas palavras elogiosas em relação ao ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/04/2010 - Página 17562