Discurso durante a 67ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Relato da conjuntura partidária que levou S.Exa. a não se candidatar às eleições para o Senado Federal em outubro do corrente ano.

Autor
Serys Slhessarenko (PT - Partido dos Trabalhadores/MT)
Nome completo: Serys Marly Slhessarenko
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Relato da conjuntura partidária que levou S.Exa. a não se candidatar às eleições para o Senado Federal em outubro do corrente ano.
Aparteantes
Edison Lobão, Eduardo Suplicy, Geraldo Mesquita Júnior, Jayme Campos, José Nery, José Sarney, Mozarildo Cavalcanti, Pedro Simon.
Publicação
Publicação no DSF de 07/05/2010 - Página 18717
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, POSSE, JORGE YANAI, SENADOR, CUMPRIMENTO, PRESENÇA, AUTORIDADE.
  • DEPOIMENTO, FRUSTRAÇÃO, DECISÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ESTADO DE MATO GROSSO (MT), IMPEDIMENTO, CANDIDATURA, ORADOR, REELEIÇÃO, SENADO, QUESTIONAMENTO, AVALIAÇÃO, ESTUDO PREVIO, ASSOCIADO, CRITICA, CONDUTA, PRESIDENTE, DIRETORIO ESTADUAL, CANDIDATO, LEITURA, TRECHO, MENSAGEM (MSG), CIDADÃO, AUTORIDADE, MANIFESTAÇÃO, APOIO, DETALHAMENTO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO REGIONAL, DEFESA, MEIO AMBIENTE, DIREITOS, MULHER, PARCERIA, BANCADA.
  • DENUNCIA, CONLUIO, GRUPO, DIRETORIO ESTADUAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), VINCULAÇÃO, FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAUDE, INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REFORMA AGRARIA (INCRA), FALTA, ETICA, POLITICA PARTIDARIA, DISCRIMINAÇÃO, MUNICIPIOS, BUSCA, FAVORECIMENTO PESSOAL.
  • REGISTRO, RECEBIMENTO, CARTA, APOIO, BANCADA, SENADOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, AGRADECIMENTO, SOLIDARIEDADE, COMUNIDADE, LIDER, ESTADO DE MATO GROSSO (MT).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, quero saudar aqui, mais uma vez, o Sr. Senador Jorge Yanai; seus familiares; o Sr. Embaixador Ken Shimanouchi; nossos Deputados por Mato Grosso - Deputado José Domingos, Deputado Dal'Bosco, Deputado Wellington Fagundes (Deputado Federal); o meu querido Vice-Prefeito de Sinop, Aumeri, professor de nossa Universidade e aqui representando o Prefeito atual; Deputado William Woo, Presidente do Grupo Parlamentar Brasil-Japão; os ex-Prefeitos, como já foram colocados aqui, Dal Maso, Contini e Nilson Leitão. Quero saudar a todos e a todas que estão aqui presentes.

            Hoje, Srs. Senadores, falarei sobre uma questão particular e vou começar lendo uma pequena história, quase uma frase.

            Conta-se que um escritor, certa vez, estava caminhando numa praia deserta, Sr. Presidente, quando avistou à distância um homem recolhendo algo das areias e jogando no mar. Curioso, aproximou-se para ver do que se tratava. O homem avistado recolhia estrelas do mar que as águas haviam arremessado na areia da praia e as devolvia ao mar.

            O escritor, perplexo ao ver aquilo, disse ao homem: “Mas o que você está fazendo? São muitas estrelas, e esta praia é enorme”. O homem, sorrindo, abaixou-se, pegou mais uma estrela e, mostrando-a para o escritor, disse: “Pode ser, mas, para esta aqui, eu fiz a diferença”. E devolveu novamente a estrela ao mar.

            O escritor, Senhoras e Senhores, passou a noite pensando no que o homem na praia havia lhe dito. No dia seguinte, o escritor acordou bem cedo e foi, sorrindo, pegar estrelas.

            Eu recebi um bilhete da vereadora do PDT de Alto Taquari, de Mato Grosso, que é a vereadora Cristine Bernini. Ela disse:

As mulheres brasileiras esperam que este momento de dificuldade seja ultrapassado pela esperança de um novo amanhã.

Senadora, continue sempre assim, decidida e forte. Fortaleça-se no Senhor Jesus e na força do seu poder.

Com carinho,

Christine Bernini.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como eu disse, hoje eu vou falar de uma questão particular, afeta ao meu Partido e a mim, pessoalmente. Dirijo-me a V. Exªs para me pronunciar nesse sentido; mas, ao mesmo tempo, rogo a atenção de todos e todas, os senhores e as senhoras, aqui presentes. Agradeço, mais uma vez, todos que estão presentes aqui no nosso plenário.

            Como transcrevi nos últimos dias, tenho recebido mensagens de apoio e muito carinho de homens e mulheres do meu Mato Grosso e até fora do meu Estado, desejando-me força. Me desejam sucesso e pedem resistência.

            Escolhi essa mensagem da Vereadora Cristine, de Alto Taquari, uma cidade linda e querida no extremo sul de Mato Grosso, por várias razões, entre as quais penso que ela sintetiza diversos sentimentos e traduz, com muita precisão, o que pensa o povo do meu Estado.

            Todos vocês devem saber que, a partir de fevereiro do ano que vem, infelizmente, não estarei nesta Casa. Não pela vontade do povo de Mato Grosso, não pela minha vontade, mas pela vontade e capricho de um grupo político do meu Partido, no meu Estado.

            Nas prévias que o meu Partido realizou, no último dia 18, venceu o meu adversário, por uma margem mínima. Venceu sob efeito de uma derrota política. Foi a conhecida vitória de Pirro. Explico: Pirro, um valente general grego, rei de Épiro, atualmente Albânia, que viveu no ano 272 A.C., declarou, logo após ter vencido uma batalha e perder a metade do seu exército ou mais: “Mais uma vitória como esta, e estou perdido”.

            Vejam, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, que, dos 131 Municípios em que houve a consulta aos filiados do PT, o meu Partido, para escolher o candidato ao Senado, vencemos em todas as cidades polos, vencemos no Município cujo eleitorado total representa 67% dos votos dos mato-grossenses. Por outro lado, o Presidente do PT de Mato Grosso, em vez de buscar o entendimento partidário e a defesa de um palanque consistente para a candidatura Dilma Rousseff, preferiu rachar o partido, numa disputa pessoal que sacrificou toda a nossa estrutura partidária.

            Na matemática precisa, o meu adversário, que é o Presidente do PT de Mato Grosso, somou mais votos nos pequenos colégios eleitorais. Vencemos nos grandes centros, onde se estabeleceu uma campanha coletiva de debates e de acesso à informação. Na matemática política, Senhoras e Senhores, sinto-me vitoriosa. Afinal, venci onde existe 1,3 milhão de eleitores do meu Estado, o que representa dois terços dos votos de Mato Grosso.

            Quero dizer a V. Exªs e ao povo brasileiro que o PT de Mato Grosso não apenas cassou o meu direito de perguntar aos eleitores do meu Estado se fiz um mandato à altura. O Presidente do Diretório Estadual, na certeza da construção do seu grupo, baseado nas políticas de gabinete, tirou do povo de Mato Grosso o direito de dizer: “Serys, nós te colocamos no Senado; Serys, nós vamos tirá-la”; ou: “Serys, nós gostamos do que você fez”; ou: “Nós queremos que você continue”. Não me deram a oportunidade de fazer, de forma direta, a defesa do trabalho político que fiz, de fazer, sobretudo, a defesa do fantástico Governo do Presidente Lula, que ajudei a construir. Sim, tive a honra de dignificar o nosso Partido nos mais distantes rincões por onde passei, como, por exemplo, o Vale do Araguaia, que era conhecido como o “vale dos esquecidos”, e hoje, graças ao prestígio e determinação deste mandato, passou a ser o vale dos sonhos e das oportunidades. Lá a BR-158, finalmente, está sendo asfaltada. Por causa da chegada do linhão de energia de Querência a Vila Rica, foi possível avançar o Programa Luz para Todos. Também quanto à telefonia celular, eram 53 municípios em Mato Grosso sem telefonia, e hoje, se os temos ainda, são dois ou três, em fase de implantação final.

            Em 2002, vencemos a mais alta hierarquia da política de Mato Grosso, enfrentando ex-Governadores e Senadores, enfrentando, enfim, toda a sorte de sacrifícios, pela falta de estrutura política, mas sempre coerente com a luta do dia a dia e sempre sintonizada com os interesses da sociedade. Foi assim que chegamos até aqui.

            Hoje, de maneira cruel, sob o ponto de vista de uma tática que não tem argumentos válidos e perceptíveis, esse grupo do PT tirou do povo de Mato Grosso, Srªs e Srs. Senadores, a oportunidade de me avaliar, de avaliar o meu trabalho, de avaliar a minha luta pela governabilidade deste País, a minha luta pela defesa do meio ambiente, com ênfase na questão climática, que preocupa o mundo, de avaliar a minha postura em especial na defesa dos direitos das mulheres do meu Estado, das mulheres do Brasil, das mulheres da América Latina, das mulheres do planeta Terra, em defesa das mães, das domésticas, da mulher do campo. Enfim, o PT do Presidente do Diretório Estadual tirou de mim a oportunidade ímpar de mostrar o quanto contribuí para o desenvolvimento econômico do meu Estado, carreando recursos para os municípios, levando verbas para os projetos sociais, brigando pela implantação do Luz para Todos, pela ampliação da exploração, da pesquisa do petróleo e do gás em solo mato-grossense; da federalização das rodovias, do transporte ferroviário. Tiraram de mim essa oportunidade. E, pior, retiraram o direito daqueles quase 30% dos eleitores do meu Estado que me colocaram aqui, em uma luta titânica, de avaliar o que eu fiz. Cassaram o meu direito e cassaram o direito do povo de Mato Grosso.

            Vejam, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que o PT do Deputado Carlos Abicalil teve contra mim o fato de ter sido eu a primeira mulher a chegar à Vice-Presidência do Congresso, a primeira Senadora de Mato Grosso, em sua história republicana. Ele desconheceu a minha biografia, de ter sido eleita pela Transparência Brasil entre os dez Senadores que têm os projetos que mais contribuem para a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro.

            Ressalto que, entre os dez, sou a única mulher. Além de chefiar o grupo junto ao G8+5, etc., etc., o fato é que usaram e abusaram da democracia do PT como instrumento para se fazer política de grupo. Isso é absolutamente condenável.

            O Sr. José Sarney (PMDB - AP) - Senadora, V. Exª me permite aparteá-la?

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Pois não, meu presidente.

            O Sr. José Sarney (PMDB - AP) - Queria me solidarizar com V. Exª e, ao mesmo tempo, mais do que apresentar essa solidariedade, oferecer meu testemunho. Estou há quase 40 anos nesta Casa, mas posso dizer que poucas vezes vi uma Senadora tão dedicada, tão aplicada aos seus trabalhos e na defesa da causa das mulheres quanto V. Exª. V. Exª tem sido um exemplo no exercício do seu mandato para todos nós. Posso testemunhar também que, na Comissão Diretora da Casa, como Vice-Presidente, V. Exª também tem honrado esse cargo, tem nos ajudado com seus conselhos, com seu trabalho e, ao mesmo tempo, se aprofundado na discussão dos problemas da Casa. Aqui no plenário, V. Exª tem se destacado na defesa e no debate dos grandes temas nacionais. A política tem seus momentos de amargura, coisas que a gente não entende realmente, coisas que a gente não compreende. Mas, que V. Exª foi vítima de uma injustiça, isso podemos dizer baseados no seu trabalho, na sua qualidade de parlamentar, na honradez com que tem se desempenhado nesta Casa e no respeito que merece de todos nós. Era esse testemunho que queria trazer e apresentar-lhe minha solidariedade. E gostaria de dizer que, tanto quanto V. Exª, estou me sentindo também injustiçado como Senador.

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Muito obrigada, Senador José Sarney, nosso Presidente do Senado, Presidente do Congresso Nacional. Muito obrigada pelas suas palavras carinhosas, sérias, neste momento.

            Como dizia, o fato é que usaram e abusaram da democracia do meu Partido, o PT, como instrumento para se fazer política de grupo. Isso, Senhores e Senhoras, é absolutamente condenável.

            Estive envolvida, durante as prévias, no projeto de governabilidade do nosso Presidente Lula. Não tenho dúvidas em afirmar que conquistamos uma grande vitória política, ganharmos nas localidades que envolvem 2/3 dos votos de Mato Grosso. A Direção Nacional do meu Partido já constatou esse absurdo.

            Esse é o PT de Carlos Abicalil, Srs. Senadores e Srªs Senadoras, que, em nome de uma tática eleitoral, não respeita a história de luta de uma companheira, uma história de mais de 20 anos de sacrifícios e de total dedicação às causas partidárias. Em nome do interesse do grupo que se estruturou à sombra da Fundação Nacional de Saúde - Funasa, Mato Grosso, dos aloprados, que se estruturou à sombra de um Incra, o órgão mais odiado de Mato Grosso, seja pelos latifundiários, seja pelos movimentos agrários como o MST, o MTA e o Via Campesina, entre outros, por sua inoperância e incapacidade técnica - assunto que voltarei a tratar oportunamente... Grupo que se aparelhou na Secretaria de Educação de Mato Grosso...

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Senadora, V. Exª me permite um aparte?

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Pois não, Senador Edison Lobão. Quanta honra! Obrigada.

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Senadora Serys, não devo manifestar-me sobre decisões internas dos partidos políticos. Posso apenas dizer a V. Exª que, para evitar coisas dessa natureza, houve um tempo em que os Senadores eram candidatos natos à sua própria reeleição. Com isso, impediam-se manobras internas não deste, mas de todos os partidos políticos. Essa disposição legal depois foi vencida, e agora verificamos que ela estava correta. V. Exª não passaria pelo dissabor de não poder ser candidata à sua própria reeleição, se aquela lei estivesse em plena vigência. A respeito de V. Exª, eu, aí sim, posso falar. Sou seu colega há cerca de oito anos aqui no Senado da República. Acompanhei diariamente o desempenho do seu mandato, todo ele traçado com competência, com dedicação e com espírito público. Dia a dia, eu, mais antigo, já no terceiro mandato de Senador, com dois outros mandatos de Deputado Federal e um de Governador, pude avaliar o seu desempenho. Em nenhum momento, eu observei sequer um desvio de conduta de V. Exª. Ao contrário, estava sempre dedicada aos melhores e mais legítimos interesses de sua gente de Mato Grosso e do Brasil. Eu lastimo profundamente não observar mais a sua presença aqui, sobretudo por uma razão que, a meu ver, não justifica tirar alguém da vida pública, que é impedi-la de ser candidata para a próxima reeleição. Esteja certa, Senadora Serys Slhessarenko, de que o povo brasileiro sentirá saudade de V. Exª aqui, profunda saudade, assim como eu estou sentido desde logo.

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Obrigada, Senador Lobão. Obrigada mesmo.

            O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Senadora Serys, permite-me?

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Senador Geraldo Mesquita, concedo-lhe um aparte.

            O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Querida amiga, Senadora Serys, o Senador Lobão é um diplomata: disse que não se mete nos assuntos internos dos partidos. Eu me meto. Eu me meto, Senadora Serys. O que está prestes a acontecer com V. Exª é uma violência que não é própria só do seu Partido, não. O seu Partido está botando pé nessa estrada que é trilhada, já, por muito tempo, por outros partidos que desenvolveram essa prática. Aliás, pode-se dizer que os partidos políticos hoje, no Brasil, Senadora Serys, são verdadeiros cartórios, bancas de negócios. E essa coisa tão exacerbada dá nisso. O Senador Sarney aqui se dirigiu à senhora, e acho que ele se dirigia menos à senhora e mais ao povo da sua terra, para dar o testemunho da sua presença aqui no Senado Federal. Digo que isso não é prática só do seu Partido, porque, pouco tempo atrás, como V. Exª sabe, um companheiro nosso do PMDB, por sorte, foi avisado a tempo de que o Partido iria negar-lhe legenda. O Senador Mão Santa, do Piauí, nosso querido companheiro, teve que migrar para um outro partido, porque o Partido iria negar-lhe legenda. Mão Santa! E quantos outros, Senadora Serys? Portanto, eu não sou diplomata, eu digo com todas as letras: a gente precisa pensar muito ao entrar para um partido político em nosso País. V. Exª tem esta responsabilidade, assim como todos nós, de rever o que está acontecendo. Partido no nosso País está virando cartório, está virando banca de negócio, igrejinha, com todo respeito às igrejas. Igrejinha no sentido que a gente usa sempre. E não chore. Não chore, Senadora. Esse povo não merece seu choro. Eu, como o Senador Sarney, como o Senador Lobão, quero aqui também me dirigir ao povo da sua terra e dar meu testemunho, Senadora Serys. E, algumas vezes, nós estivemos em campos opostos aqui. Mas acho que não tem uma pessoa neste Senado Federal - Parlamentar, servidor - que não tenha o dever, a necessidade de ter absoluto respeito por V. Exª e pelo seu mandato. Um mandato aguerrido, Senadora Serys, um mandato aguerrido. A senhora é uma guerreira, Senadora Serys. A senhora é uma guerreira, e foi assim que se comportou no Senado Federal. Eu acho uma indecência o que estão fazendo com a senhora. Acho até que o povo do Mato Grosso deveria dar uma resposta contundente a isso. Eu acho até que o povo do Mato Grosso deveria se mobilizar no sentido de impedir que isso se perpetre. É uma grande oportunidade. O povo brasileiro está adormecido, está muito acomodado, Senadora Serys. O povo brasileiro tem se conformado com coisas absurdas, com coisas com as quais a gente não pode se conformar. Há tempo ainda! O povo, quando quer... Há um ditado, Senadora Serys, que é mais ou menos assim: água morro abaixo... Como é, Senador Mozarildo?

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Fogo morro acima.

            O Sr. Geraldo Mesquita Júnior (PMDB - AC) - Fogo morro acima. E o povo, quando quer, faz qualquer coisa. Portanto, queria, além do testemunho da sua presença, da sua atuação... Digo uma coisa para a senhora: eu tenho muito orgulho de ter sido seu parceiro aqui no Senado Federal, muito orgulho. Tenho orgulho de ser seu parceiro. Acho que está chegando a hora, e este momento pode ser antecipado na sua terra. O povo brasileiro, o povo de Mato Grosso tem de pegar algumas coisas na mão, na munheca, e reverter, Senador Serys. Há tempo! A convenção vai ocorrer daqui a quase 60 dias. O povo tem de compreender que não se pode cometer uma arbitrariedade dessas. Isso é uma arbitrariedade. Se a senhora tivesse aqui uma passagem manchada por fatos desabonadores, eu, talvez, nem discutisse isso. Mas uma atuação irrepreensível como a da senhora, no Senado Federal, uma atuação que orgulha seus companheiros... Isso não é fácil acontecer no Senado, não, Senadora. Isto tem de ser objeto de reflexão do povo do Mato Grosso. Portanto, o meu abraço e a minha solidariedade. Não chore por esse povo porque ele não merece. Chore pelo povo da sua terra! Chore pelo povo da sua terra! Eu aqui faço um apelo ao povo do Mato Grosso: tome tento, pegue esse assunto nas mãos e tente reverter essa coisa. Ninguém é dono absoluto dessas coisas. Quem é dono absoluto do nosso destino político é o povo. O povo, quando quer, modifica uma situação como esta, não é? Esses títeresinhos, autoritários, que vestem uma capinha de democratas, têm de aprender uma lição cedo ou tarde, Senadora Serys. No seu caso, em Mato Grosso, talvez seja agora a oportunidade de o povo dar um não para esse tipo de comportamento e dar um basta a esse tipo de gente que assume funções e cargos públicos de forma autoritária e arbitrária, passando a ideia de que são, de fato, democratas. “Não! Realizamos uma prévia”. Que prévia? Que conversa é essa? Isso é uma falta de respeito com uma Parlamentar que honrou e honra o Senado Federal.

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Obrigada, Senador Geraldo Mesquita, pelo seu contundente e corajoso pronunciamento, como o senhor sempre se porta neste Parlamento.

            Alguns, senhores e senhoras, estarão se perguntando: “Por que esse grupo se estruturou dessa forma?” E eu digo: lamentavelmente, às vezes, é preciso fazer opções. Eu, senhores e senhoras, fiz opção pela governabilidade do nosso País, eu fiz a opção pela luta por verbas para o meu Mato Grosso. Fiz a opção por ser a Senadora não somente do PT, mas ser a Senadora de Mato Grosso, tratando o meu Estado por inteiro, sem discriminar prefeitos por serem de oposição, visitando anualmente todos os municípios, recebendo sempre, em meu gabinete, prefeitos, prefeitas, vereadores, vereadoras, sem nunca perguntar a que partido pertencem. Nunca. Eles entram e saem do meu gabinete. Sou meio devagar para prestar atenção nessas coisas. Nunca sei de que partido são, e não tenho a menor preocupação. Se trazem preocupações de nossos municípios, eu tenho de ouvi-los, tenho de atendê-los, tenho de correr atrás e ajudar na solução dos problemas. Não pergunto: “Ah, vai fazer emenda para tal Município?” Se o Município está precisando mais de tal coisa, é para lá que vai. Não sei se o prefeito é do partido x, y ou z. Eu não pergunto.

            Desafio qualquer político federal do meu Estado de Mato Grosso a mostrar ao Brasil se realmente não sou uma política que mais anda naquele Estado. O Senador Jayme Campos costuma até brincar comigo, e diz que ando muito. Ele não está nem na metade do mandato dele aqui, por isso ele pensa assim. O Senador Jonas Pinheiro, de saudosíssima memória, sentado ali, do meu lado, brincava sempre comigo. Ele dizia: “Senadora, para com isso, o mundo não vai se acabar. A senhora trabalha demais”. E brincava, dizendo: “Eu não preciso mais trabalhar”. Ele trabalhava muito também. Mas ele brincava comigo de que não precisava mais trabalhar. Dizia que eu trabalhava por mim e por ele. A gente trabalhou em muitas proposições juntos, com certeza.

            O Sr. Jayme Campos (DEM - MT) - V. Exª me concede um aparte?

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Pois não, Senador. Concedido um aparte ao Senador Jayme Campos.

            O Sr. Jayme Campos (DEM - MT) - Senadora Serys, eu confesso que até agora não entendi e não entendo essa forma de fazer política do seu Partido. Na medida em que, aqui, de público, eu posso confessar que eu fui um dos seus eleitores em 2002.

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Obrigada.

            O Sr. Jayme Campos (DEM - MT) - Votei em Jonas Pinheiro para Senador da República. Não só votei como trabalhei, sabendo perfeitamente que a senhora seria uma grande Senadora pelo nosso Estado e pelo Brasil. Isso está indiscutível diante do testemunho dos nossos Senadores que estão aqui, realmente, aparteando V. Exª. O PT está cometendo o maior erro da política do Mato Grosso, na medida em que a senhora é fundadora do PT, mulher que esteve na trincheira, lá atrás, na fundação do pequeno PT que existia. E isso eu posso falar com muita clarividência, que eu mesmo sou adversário da senhora, lá atrás. Como Governador do Estado, a senhora era Deputada Estadual, e eu via a sua luta incessante não só defendendo os interesses da sociedade mato-grossense, mas, sobretudo, defendendo o Partido dos Trabalhadores. E, de uma forma traiçoeira, covarde, que eu posso dizer assim, eu vejo que o PT contrariou toda a maneira, a forma, na história republicana deste País, de se fazer política partidária. Na medida em que eu tenho acompanhado a discussão partidária, por intermédio da imprensa de Mato Grosso, vi que o PT traiu até a sua história, traiu a sua forma de fazer política. Aqui, de público, eu posso confessar que eu sei da maneira, do exercício não condizente com o momento brasileiro, como foi feita a política do PT do Mato Grosso, usando instrumentos não condizentes com a nossa realidade. E eu não tenho dúvida alguma de que quem vai perder é o PT. Quem vai perder é a própria candidata do PT, Dilma Rousseff. Pergunto: quando se fala hoje dos espaços que tem que ganhar a mulher brasileira no campo político, qual o discurso que o PT, sobretudo a Dilma, vai ter em Mato Grosso para falar para as mulheres mato-grossenses, pois não lhe dão oportunidade, cortam o seu direito de pleitear uma reeleição? A senhora está pleiteando aquilo que é direito líquido e certo. Lamentavelmente, a legislação eleitoral acabou com o voto, ou seja, a eleição nata, a candidatura à reeleição nata. Mas, neste caso, eu tenho certeza absoluta, a sua história é que vai valer, a história que a senhora construiu como Deputada, como líder sindical, como Senadora da República. Eu não tenho dúvida alguma de que o povo do Mato Grosso hoje está triste. Não tenho dúvida alguma de que nós vamos pagar caro por não deixar a Senadora Serys Slhessarenko ser reeleita por nossa sociedade. Eu, Senador Mozarildo Cavalcanti, já tenho um candidato a Senador, que é o Senador Antero Paes de Barros. Quanto ao segundo voto meu, de Jayme Campos, do meu Partido, aqui mesmo está comigo aqui o Deputado Dilceu Dal’Bosco, Líder da nossa bancada, e nós já tínhamos compromisso firmado de ajudar a reeleição da Senadora Serys Slhessarenko. Votaria, de fato, com o coração, realmente sabedor que sou de sua competência, do trabalho que tem exercido aqui neste Senado. Votaríamos conscientemente, porque sei perfeitamente que V. Exª seria novamente eleita, por ser uma grande Senadora, que defende os interesses da sociedade brasileira. Portanto, Senador Eduardo Suplicy, acho que é a maior injustiça que o PT do Brasil está cometendo com essa Senadora da República. Vão pagar caro. Lá, no Mato Grosso, pode ter certeza de que, dificilmente, o PT terá oportunidade de ter aqui um Senador da República! A falta de Serys não dá para nós aferirmos! Não dá para mensurar o tamanho do rombo que fez o seu Partido lá em Mato Grosso. Entretanto, é pena que a legislação eleitoral não permita, Serys, que V. Exª mude de partido hoje e venha para o Democratas e seja a nossa candidata a Senadora da República. (Palmas.) Seria bem-vinda! Seria bem-vinda e seria Senadora da República, até porque o meu Partido, lamentavelmente, não tem um candidato a Senador. Mas vamos votar em Antero Paes de Barros, e votaríamos na senhora novamente, conscientemente. Mesmo estando em lados opostos, a senhora apoiando a candidata de seu Partido, eu apoiando José Serra, mas o Democratas de Mato Grosso ia novamente lhe dar essa confiança, essa procuração para bem representar o meu querido Estado do Mato Grosso. Portanto, eu quero, nesta oportunidade, manifestar a minha solidariedade, na certeza absoluta de que quem perde é o povo do Mato Grosso por não ter o momento ímpar novamente nas eleições de 2010 de reconduzi-la como Senadora da República pelo Mato Grosso e pelo Brasil. Parabéns e sucesso! Mas eu tenho certeza de que essa decisão vai custar muito caro para aqueles que, lamentavelmente, usaram instrumentos e meios para que a senhora não vencesse as prévias. Eu imagino que vai custar caro para aqueles que esperam que o povo do Mato Grosso não tenha entendido o jogo, a traquinagem que foi feita para que a senhora não voltasse a ser Senadora por Mato Grosso. Parabéns e conte com o Senador Jayme Campos!

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Obrigada, Senador Jayme Campos. Apesar de sermos de Partidos opositores, como o senhor muito bem colocou, temos trabalhado muito juntos, como sei que vamos trabalhar com o Senador Jorge Yanai, pelas causas de Mato Grosso, porque Mato Grosso é muito maior que muitas divergências políticas.

            Em determinados momentos, é claro, temos divergências e precisamos nos postar em campos diferenciados, aqui dentro, mas na maioria das situações nós estamos muito juntos. Estamos juntos eu e o Senador Jayme Campos em praticamente todas as Comissões: é na CCJ, é na de Infraestrutura, sempre votando juntos, ajudando.

            A federalização das estradas de Mato Grosso, a ampliação de praticamente mais cinco mil quilômetros de estradas federalizadas, porque só estrada federalizada entra no PAC e só estrada que entra no PAC é asfaltada.... Eu estava lá meio que patinando, sozinha, o Senador Jonas Pinheiro me ajudando, quando o Senador Jayme Campos chegou, eleito. Sentamos os três juntos. Saiu uma foto, pelo Mato Grosso, e as pessoas diziam: “Mas como, Serys? Você sentada com os dois Senadores do DEM?” Sentada, e quantas vezes for preciso sentar por Mato Grosso nós vamos sentar juntos.

            Fizemos o mapa dos desenhos das estradas que precisavam ser federalizadas de imediato, por estudos já feitos, e, juntos, os três, assinamos todas as proposições. Em 15 dias - não é, Senador? -, a gente conseguiu aprovar no Senado e foi lá para a Câmara. Quer dizer que foi um trabalho realmente dos maiores o que juntos nós fizemos.

            Fizemos muitos outros, mas esse foi um dos maiores, e Mato Grosso é que ganha. Mato Grosso tinha em torno de sete mil quilômetros de estradas federalizadas. Poderá ir para 12 mil, agora, com esse trabalho que nós fizemos. Agora, é claro, o Senador Gilberto Goellner vem ajudando e o Senador Jorge Yanai vai dar continuidade.

            Eu diria que por onde eu ando, nos Municípios, discuto programas e projetos para beneficiar o cidadão, beneficiar o pai de família, o filho do trabalhador, o filho do homem do campo, as futuras gerações de um Estado rico e que ainda busca a sua própria identidade.

            Fiz essa opção pelo meu Brasil, ao passo que esse grupo fez a opção para dominar e privatizar o PT.

            Que fique muito claro que hoje, em Mato Grosso, existem dois PTs: um PT que é esse que não pensa duas vezes em buscar facilidades e outro que está na luta coletiva em busca de dias melhores para o povo do meu Estado. E eu, a Senadora Serys, faço parte desse segundo PT. Eu sou do grupo dos companheiros que me apoiaram, que fizeram com que a diferença fosse realmente muito pequena, porque muitos companheiros e companheiras do Partido dos Trabalhadores nos deram muito apoio nesse momento, e continuam nos dando.

            Admito, senhores e senhoras: sinto-me vilipendiada. Enquanto me dedicava ao mandato por inteiro ao meu Estado e ao meu País e também na busca de um mundo melhor, lá nos rincões mato-grossenses alguns tramavam a queda da Senadora Serys.

            Em nome do interesse de um grupo, é lamentável, meus senhores e senhoras, constatar que o poder pelo poder exige irresponsabilidade. Poderia estar eu, aqui, comemorando a vitória, numa prévia do meu Partido, se tivesse feito como eles. Bastaria ter deixado as responsabilidades de lado, aqui, para construir somente a vitória naquela prévia. Não precisava mais do que dois ou três dias.

            Aliás, quero dizer que sempre atuei pelo meu Partido. A minha história de fidelidade partidária jamais poderá ser questionada, colocada sob questionamento, mas fiz a política de um PT voltado aos interesses coletivos e não apenas de interesses de um grupelho.

            Se errei por esse comportamento, vou continuar errando, porque não acredito nessa política do toma-lá-dá-cá. Penso o meu Brasil e o meu Mato Grosso por inteiro, fortes e vigorosos.

            Seria eu hipócrita se não dissesse que a tática escolhida pelo PT de Carlos Abicalil foi equivocada. Ela é equivocada. Eu diria mais: uma tática oportunista e desleal.

            Querendo se aproveitar da popularidade do ex-Governador Blairo Maggi, que é do Partido da República, um dos grandes apoiadores do nosso Presidente Lula, esse grupo partiu em busca dessa vaga ao Senado, em desespero. Abriu uma cisão dentro do Partido para tentar fazer prevalecer seus objetivos. Tentaram rasgar uma história, a minha história, a história da primeira mulher eleita Senadora no meu Estado, em toda a história republicana. Esse PT do dirigente estadual solapou a dignidade de nós, mato-grossenses.

            Temo, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pela resposta que virá das urnas, mas vamos esperar. O tempo é o senhor da razão e a sabedoria popular sempre prevalece sobre as espertezas.

            O Sr. José Nery (PSOL - PA) - Senadora Serys, a senhora me concede um aparte?

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Concedo um aparte ao Senador José Nery.

            O Sr. José Nery (PSOL - PA) - Senadora Serys, eu gostaria de dizer a V. Exª e ao povo de Mato Grosso que não podemos nos calar diante do que consideramos uma grave injustiça: impedir a candidatura de V. Exª, a quem aprendi a respeitar na convivência que aqui tivemos nos últimos anos, debatendo e lutando por causas de interesse da população, dos excluídos, dos mais pobres do nosso País. Encontramo-nos muitas vezes neste plenário ou nas Comissões para defender a causa dos direitos humanos, a causa de crianças e adolescentes, dos direitos das mulheres e a causa específica das empregadas domésticas, a que V. Exª tão bem se dedicou nesta Casa. Há poucos dias, testemunhamos um evento em que ficaram demonstradas as iniciativas do seu mandato em relação a essas pessoas que, hoje, são escravizadas em milhares de residências, em nosso País. A Senadora Serys é defensora dos agricultores familiares, dos sem-terra, da causa da reforma agrária. A Senadora Serys luta contra o trabalho escravo. Ainda como Deputada, temos um relato, em certa oportunidade, alguns escravagistas e latifundiários do seu Estado encomendaram e tramaram a possibilidade de colocar V. Exª num tacho quente de caldo de cana, porque era assim que eles reagiam ao seu trabalho, à sua luta em defesa do direito dos trabalhadores. A Senadora Serys sempre pautou a sua vida pela defesa da ética na política. Ontem, quando reunimos o conjunto de entidades da sociedade civil, da CNBB, da OAB, de vários movimentos sociais para discutir a tramitação, aqui no Senado, do projeto Ficha Limpa, cuja votação a Câmara dos Deputados está concluindo, lá estava Serys presente, junto com outros Srs. Senadores e Senadoras, para demonstrar o seu compromisso com a política de coerência, de ética, do qual o seu próprio mandato é o maior exemplo. A Senadora Serys tem enfrentado, ao longo da sua trajetória, sempre as maiores dificuldades para fazer valer o sonho de que podemos, no Brasil, construir um País justo e digno para todos. Eu acho que essa é a grande lição do seu trabalho e a grande mensagem que você... Digo “você” porque, além de tudo, nos tornamos amigos aqui, compartilhando, com certeza, em muitos momentos difíceis, pensamentos, ideias, lutas, enfrentamentos, porque não somos daqueles que recusam desafios para fazer valer princípios, para fazer valer valores que muitos já abandonaram. O que ocorreu no Mato Grosso, em especial o debate interno feito no Partido dos Trabalhadores, sem dúvida, leva a muitas preocupações, porque, pelo que a senhora relatou, a própria democracia interna foi solapada quando interesses maiores prevaleceram em detrimento da referência do trabalho, da luta incessante por ética na política, pelo direito dos trabalhadores e, sobretudo, pelos direitos do povo de Mato Grosso. Eu poderia dizer a V. Exª que um partido como o PSOL não teria nenhum problema em convidá-la também para ingressar em suas fileiras, mas acho que isso não é correto, até porque V. Exª tem a grandeza e a clareza dos projetos que defende e em que acredita. Comparativamente, do ponto de vista político ideológico, como disse há pouco ao Senador Jayme Campos, V. Exª com certeza ficaria muito mais à vontade em um partido como o PSOL do que no DEM, porque as suas convicções estão muito nesse campo. Porém, não quero me aproveitar dessa oportunidade para dizer isso a V. Exª, porque acho que ainda há tempo para se corrigir a injustiça que lhe fizeram. Mas não fizeram à Senadora Serys, fizeram ao povo de Mato Grosso, que pode ser privado da possibilidade de ter aqui, no Senado, uma voz e o destemor, a luta e o compromisso de Serys Slhessarenko. Portanto, eu diria que ainda é tempo de corrigir essa grave injustiça, e os mato-grossenses têm a tarefa de ajudar nisso. Parece-me que V. Exª chegou a anunciar que não seria candidata a nenhum cargo nessas eleições, e comentava com o Senador Cristovam Buarque essa semana que, pelo seu trabalho, pela sua luta, o correto é V. Exª continuar na batalha, na disputa. E disse a ele: era bom que os mato-grossenses e nós pudéssemos nos somar, dizendo “Serys candidata”, porque em qualquer cargo que V. Exª venha a disputar sempre honrará o seu Estado, o seu povo e, principalmente, honrará qualquer Casa do Legislativo de que venha a ser membro, porque já foi Deputada Estadual e depois veio para o Senado. Então, V. Exª conta com a minha solidariedade e o meu apoio. A senhora e a sua equipe, que é tão dedicada quanto a própria, sem dúvida, aqui são exemplos de trabalho e dignidade. Desejo que V. Exª, ao final desse processo, tome a melhor direção e o melhor caminho, que sem dúvida é aquele caminho de continuar lutando e organizando o povo por seus direitos. Eu tenho certeza de que a sua grandeza, o seu espírito de luta jamais fenecerá. É por isso que Serys deve continuar na lida política: em qualquer função que esteja, V. Exª saberá muito honrar o cargo que o povo lhe confiar. Portanto, integro-me à ideia que o Cristovam anunciou. Acho que o movimento “Serys candidata” é o que Mato Grosso precisa fazer para que a senhora continue bem representando o povo de Mato Grosso. Um grande abraço, sucesso e êxito. Não ao desânimo e sim à persistência, à determinação, à coerência e à luta, que são marcas da sua brilhante trajetória. Muito obrigado.

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Obrigada, Senador José Nery, realmente, pelo seu grandioso pronunciamento neste aparte que muito me emociona. Quero dizer, Senador, que eu saio da política eleitoral em 2010, mas estarei na luta de todos os companheiros e companheiras de meu Mato Grosso, em todos os sentidos que se faz necessário estarmos na luta pela melhoria da qualidade de vida da nossa população. Com certeza, todos têm suas necessidades. Eu digo sempre que Mato Grosso é o Estado do agronegócio. Queremos que o agronegócio vá muito bem, obrigada, e exporte para trazer divisas. Mas nós queremos uma agricultura familiar forte, uma agricultura familiar que realmente traga, com dignidade, para a sua família, o pão nosso de cada dia, a melhoria da qualidade de vida; que tenham trabalho os trabalhadores da área urbana; que tenham terras os do meio rural; que tenham condições de crédito; que tenham condições de produzir realmente, para um melhor sustento e para a melhoria da qualidade de vida, porque as pessoas também não podem trabalhar só para sobreviver.

            Mas, continuando, eu saio, senhores e senhoras, de cabeça erguida. E não é uma simples retórica de quem perdeu, mas na verdade da representatividade dos votos. Saio de cabeça erguida na verdade dos números, principalmente dos apoios que recebi nas prévias ou pelos honrosos apoios dos Srs. Senadores do meu Partido: Senador Suplicy, Senador Mercadante, Senador Paulo Paim, Senador Delcídio Amaral, Senadora Fátima Cleide, Senador Augusto Botelho, Senador Tião Viana, Senadores e Senadoras que nos apoiaram com uma profunda carta escrita pelo Senador Suplicy e assinada por todos os Senadores da nossa Bancada.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite ?

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Pois não, Senador Suplicy.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senadora Serys Slhessarenko, eu justamente iria sugerir-lhe que a carta que escrevemos pudesse ser parte do pronunciamento de V. Exª, que pudesse ser inserida. V. Exª citou os Senadores da Bancada que assinaram essa carta, dando testemunho. Pelo trabalho que V. Exª aqui realizou ao longo desses oito anos, fizemos questão de dar o nosso testemunho e dizer como V. Exª tanto se empenhou para dignificar e bem representar o povo do Estado do Mato Grosso e como V. Exª aqui se distinguiu tanto nas Comissões que citou, como a de Constituição e Justiça, de Infraestrutura, de Agricultura e Reforma Agrária e outras, onde eu, com V. Exª, tenho trabalhado conjuntamente. V. Exª, também na Mesa, como 2ª Vice-Presidente do Senado, tem...

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - E do Congresso.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Perdão?

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Do Senado e do Congresso. Hoje, mesmo, pela manhã, presidi o Congresso.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Do Senado e do Congresso. Hoje V. Exª presidiu...

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - O Congresso.

            O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - ...o Congresso. Tantas vezes tem presidido aqui as nossas sessões e sempre o tem feito da forma mais digna. Quero dizer que, pelo conteúdo dos seus pronunciamentos, pela forma como V. Exª visita Mato Grosso praticamente toda semana, sai daqui para verificar quais são os problemas de seu Estado tão grande, o que lhe exige enorme esforço com deslocamentos e com dificuldades até para que V. Exª possa estar na companhia de familiares, fica claro que V. Exª sempre realiza isso com grande determinação e vontade e tão bem dignifica o trabalho como mulher. V. Exª é uma Senadora que colocou a causa da participação da mulher na vida política com grandeza, que aqui apresentou projeto importante, segundo o qual toda pessoa, em sendo mulher, deve receber uma remuneração semelhante à do homem que exerce a mesma função, projeto abraçado pelo Presidente Barack Obama, conforme V. Exª diversas vezes ressaltou logo que assumiu o seu Governo. E V. Exª também está sempre atenta aos anseios dos movimentos sociais, seja do Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra no Mato Grosso, onde isso é muito importante, seja dos trabalhadores de todos os segmentos, sempre atenta a observar os anseios e projetos dos prefeitos de seus municípios, não importando os partidos aos quais pertençam. Enfim, quero aqui transmitir a V. Exª que acho que seria muito bom, conforme dizemos na sua carta, que pudesse o Partido dos Trabalhadores outra vez colocá-la como candidata ao Senado. Se, por uma decisão do partido, isso não aconteceu, como V. Exª aqui nos diz, ou seja, que nesta ocasião não vai ser candidata, quero dizer da minha convicção de que, em breve, o próprio Partido dos Trabalhadores ou o povo do Mato Grosso, muito provavelmente, vai lhe chamar para novas missões. Quero aqui transmitir a minha convicção a V. Exª de que, onde V. Exª estiver, será uma pessoa que muito vai contribuir para que as coisas melhorem. Então, meu abraço e um beijo carinhoso para V. Exª.

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Obrigada, meu querido Senador Suplicy. Muito obrigada.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Permite-me, Senadora?

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Um aparte ao nosso querido Senador Pedro Simon.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Parece, de certa forma, que estamos assistindo a uma cena surrealista. Eu imaginava ver muitos fatos aqui no Senado, mas V. Exª fazer esse pronunciamento para nos trazer essa notícia, sinceramente, eu não entendi. Fala-se muito em ficha suja, em ficha limpa. Muita gente diz - e tenho até um projeto neste sentido - que desse problema de ficha quem devia cuidar primeiro era o próprio partido. O partido devia, na hora de escolher, de selecionar seus candidatos, fazer a seleção. Se o cidadão está sendo processado, se o cidadão está marcado, se ele é isso, se ele é aquilo, não entra na chapa. E não como a gente faz hoje, muitas vezes: buscar o cidadão porque ele pode trazer voto. Pode ser até um bicheiro, mas que tenha fama; pode ser não sei o quê. Agora, eu não entendo: V. Exª não é candidata. Em primeiro lugar, é uma coisa que me parece agora interessante. Uma das invejas que eu tinha do PT - e são muitas - era o número de mulheres que tinha na bancada. Quando começou a legislatura, era V. Exª aqui, era a nossa querida Senadora Heloísa, era a nossa querida Senadora Marina, que por enquanto, ainda é do Acre. Mas eu não estou entendendo. Ô Suplicy, de um lado, escolhe uma mulher como candidata; do outro lado, as mulheres são meio que postas para fora do PT. A Heloísa foi expulsa. A Heloísa, pura e simplesmente, foi expulsa porque votou um artigo que é do Estatuto do PT, da organização do PT, da história de vida do PT. Foi expulsa. A Ministra, a Senadora Marina, foi posta para a rua do Ministério, assim, com um chutão, sem dizer nem por quê. Agora, vem V. Exª dizer que não é candidata. Mas não é candidata por quê, meu Deus do céu? Em primeiro lugar, eu quero me dirigir ao meu amigo Suplicy. Com todo o respeito, eu acho que não seria o caso de apenas dizer - e V. Exª está certo - que outras missões lhe são reservadas. Eu concordo. Até porque, se não for no PT, tem... Eu só não ofereço o PMDB porque eu não mando no PMDB. Quer dizer, eu sou figura mal vista no PMDB. Se eu já falar, a senhora vai ser mal recebida pelo PMDB. Mas muitos partidos receberão muito, muito, muito bem V. Exª. Agora, V. Exª poderia falar com a direção nacional do PT. Lula não está se metendo em tudo o que é lugar? Fizeram uma convenção lá em Minas Gerais. A convenção de Minas Gerais indicou um candidato a governador, e o PT está dizendo que esse candidato a governador não vai ser candidato a governador porque eles vão apoiar o PMDB. Por que não pode intervir lá no Mato Grosso para saber o que está acontecendo? Acho, com toda a sinceridade, que esse fato é muito mais importante, é muito mais lógico, é muito mais racional do que o outro. Porque, no outro, eram dois grandes candidatos que o PT tinha: o Ministro da Fome, que é um homem espetacular, Patrus Ananias, e o outro, que foi um grande Prefeito. Fizeram uma convenção de mentirinha, uma prévia de mentirinha, porque quem ganhou não pode ser candidato. Vai ser candidato ao Senado porque eles vão apoiar o PMDB. Porque o Lula está mandando. O Lula que vá mandar lá em Mato Grosso. A Serys é que tem que ser candidata. Eu vou com V. Exª falar com o Lula.

           O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Mas São Paulo... Eu não sei. Agora, eu digo a V. Exª que não entendo. Não entendo. Qual é o motivo, qual é o argumento pelo qual o Mato Grosso não permite que uma pessoa da sua categoria, da sua competência, da sua seriedade, da sua integridade... V. Exª é uma Senadora na acepção da palavra. É brilhante, é competente, discute os problemas do seu partido, do PT, os problemas sociais, discute os problemas da sociedade brasileira, discute os problemas da mulher, discute os problemas da sua região, do Mato Grosso. V. Exª é um dos grandes nomes deste Congresso. Não dá para entender. Sinceramente, eu faço um apelo. Sr. Presidente, vamos iniciar um ofício, endereçado à direção do PT do Mato Grosso, dizendo que nós, cidadãos brasileiros aqui do Senado, gostaríamos de saber qual é o motivo, o que V. Exª tem que a gente não sabe, qual é o mistério, qual é a causa disso. Não dá para entender. Olha, e não dá para perder por ser o PT. No PMDB até dá, porque é uma legião estrangeira que está no comando do PMDB e que lá faz o que quer. Quer dizer, nós temos um candidato a Presidente da República, que é o Requião, e, no entanto, estamos oferecendo o vice para a Dilma, para o Serra, para quem paga mais. Quer dizer, o PMDB, infelizmente, com a morte do Dr. Ulysses, do Dr. Tancredo, do Teotônio... Esse grupo que assumiu é um grupo que humilha, que espezinha. Mas o PT não. O PT... Cá entre nós, o Lula está sendo um grande Presidente. Eu acho que a Ministra Dilma, é uma grande candidata. Eu acho que não tem explicação.

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - É verdade.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Não tem. Não tem explicação. Eu dou a minha solidariedade a V. Exª Eu digo que a vida, talvez, seja isto: para V. Exª as coisas deram certo, é uma mulher formidável, grande líder, Deputada, Senadora, mas, às vezes, uma paulada é necessário para a gente se recolocar. Deus sabe o que faz.

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Com certeza.

            O Sr. Pedro Simon (PMDB - RS) - Quer dizer, olhando a curto prazo, a gente pode dizer: “Não, Deus sabe o que faz”. Mas fez uma bobagem, não poderia fazer isso. Mas eu acho que deve ter o passo seguinte. Vamos esperar o passo seguinte, que, tenho certeza, tem que ser a favor de V. Exª.

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Senador Pedro Simon, honra-me muito, muito, muito o seu aparte, pelo respeito que todos nós temos, todos nós Senadores e Senadoras, que o Rio Grande do Sul tem pelo senhor, que o Brasil e que muitos setores internacionais têm. Em sua fala, V. Exª realmente diz: “Eu não entendo, eu não sei”. Eu também não sei, Senador. Por quê? Porque isso já foi dito por muitas pessoas, inclusive de esferas maiores, em âmbito nacional, que não conseguem entender. Porque se fosse... Foram até palavras de um Líder nosso, do PT, de Liderança nacional. Ele disse: “Não dá para entender. Porque se fosse um mandato pífio, um mandato isso, um mandato aquilo” - teceu uma série de pejorativos - “tudo bem. Mas um mandato” - e aí teceu uma série de qualificativos ao meu mandato - “não pode ser tratado dessa forma”.

            Mas é aquela história: as pessoas se tornam donas. Tem algumas que se tornam proprietárias, proprietárias do partido. Quando o senhor é proprietário de alguma coisa, o senhor faz o que quer dessa coisa, não é? Foi isso que aconteceu.

            Eu saio de cabeça erguida. E não é uma simples retórica de quem perdeu, mas na verdade da representatividade dos votos. Saio de cabeça erguida na verdade dos números e principalmente dos apoios que recebi, seja nas prévias, como eu disse, ou pelos Srs. Senadores aqui.

            Aliás, eu peço que seja feita a transcrição da carta assinada pelos nossos Senadores, por toda a Bancada do Partido dos Trabalhadores. Que ela seja transcrita.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senadora Serys, permite-me um aparte?

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Senador Mozarildo, pois não.

            O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Olhe, eu me contive um pouco para fazer este aparte, mas depois de tantas manifestações, e principalmente porque, como conversei com a senhora em particular, eu realmente, não só como disse o Senador Pedro Simon, não entendo. Aliás, quero dizer que entendo sim. Eu entendo muito bem. Eu entendo muito bem, porque, depois de ter visto o que foi feito com o Senador Flávio Arns, com a Senadora Heloísa, com a Senadora Marina, de maneira suave, mas foi também - suave vírgula, porque a forma como a tiraram do Ministério não foi nada de suave... Então, não é de admirar. Agora, considerando a pessoa que a senhora é, a história que tem dentro do PT: vinte anos de mandato, uma militância firme, uma postura aqui no Senado, pelo que nós vimos aqui pelo depoimento de Senadores de diversos partidos, uma postura admirável. Não é uma pessoa que tenha radicalismos. Tem as suas ideias mas as defende com elegância. Então, eu só posso entender, até para usar a palavra que o Presidente Lula gosta muito, é que foi um gesto aloprado, porque aloprado, segundo o dicionário, é amalucado. Exatamente, só pode ser um gesto aloprado, porque não é possível que um partido possa, seja lá qual for a matemática ou o artifício, deixar de escanteio uma pessoa como V. Exª. Mas olhe, já citei o Senador Flávio Arns, a Senadora Heloísa, a Senadora Marina, mas estão fazendo coisa parecida com o Senador Augusto Botelho lá em Roraima. O Senador Augusto Botelho não tem história no PT que a senhora tem. O Senador foi eleito pelo PDT e foi para o PT convencido por uma série de coisas importantes nas quais ele acredita. No entanto, o PT de Roraima está fritando o Senador Augusto Botelho também. Então, eu compreendo muito bem realmente essa postura do PT. Eles não estão preocupados de fato com as pessoas sérias, que trabalham, que querem realmente um Brasil mais justo e melhor. Portanto, fazem mesmo jus ao nome que o Presidente Lula inventou de aloprados, são aloprados mesmo.

            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Obrigada, Senador Mozarildo.

            Eu dizia do apoio que recebi dos Srs. Senadores e Srªs Senadoras, do apoio em massa, senhores e senhoras, do movimento comunitário do meu Estado, das mulheres que se organizam a cada dia, dos segmentos diversos de luta, segmentos ligados à terra, como a Via Campesina, o MST, dos peritos, das mulheres da magistratura. Enfim, eu não me recordo aqui, mas são tantos os abaixo-assinados que eu tenho recebido de tantas categorias: dos vigilantes, de todas as categorias, de todos os patamares, de todos os setores da sociedade, de todos os cidadãos de bem, porque antes de tudo, eu sou uma cidadã do bem; a minha família, os meus amigos, os políticos de modo geral, a população mato-grossense, sempre presente ao meu mandato, com entusiasmo.

            Realmente eu digo que, como disse o Senador Pedro Simon, é difícil de entender. Para mim está sendo difícil de entender.

            Mas eu quero também agradecer a cada petista que me entendeu, que entendeu a minha mensagem e a minha luta. Acreditem, senhores e senhoras do Partido dos Trabalhadores que me apoiam, acreditem: a resistência prossegue! Posso não estar voltando para esta Casa, mas estarei na luta junto aos que me apoiaram pelo engrandecimento dos que consideram o PT um partido voltado para os interesses do povo e não apenas um instrumento de um grupo político.

            Meus próximos meses não alterarão o curso da minha vida política. Estou fortalecida para seguir na luta pelos grandes ideais. Continuarei minha rebeldia por mais espaço para as mulheres. Continuarei uma revolucionária sonhadora das boas causas, assim como definiu Paulo Cavalcanti, esse grande brasileiro de Pernambuco:

Não fazem mal ao revolucionário o devaneio e o sonho, porque a luta, em si mesma, é sempre um projeto de esperança, nunca o refúgio de ilusões e fracassos.

            São palavras de Paulo Cavalcanti, esse grande brasileiro pernambucano.

            Meu sonho de hoje, senhoras e senhores, será eleger Dilma Presidente. E, independente desse resultado em Mato Grosso, estarei me dedicando, sim, 100% a essa vitória para fazer dessa companheira a primeira mulher Presidente do Brasil. Como sempre afirmei, me sentirei presidente do Brasil com ela Presidente.

            Como militante do PT de Mato Grosso, cobrarei coerência e ética na política e ficha limpa. Ficha limpa especialmente dos petistas que terão suas candidaturas registradas. Não a nenhuma candidatura que tenha caixa dois, especialmente no meu partido.

            Repito o que já postei em meu Twitter:

A possibilidade de disputar a reeleição não me entristece, não me tornará uma pessoa amarga. Não busco o poder pelo poder, pois “uma revolucionária pode perder tudo: a família, a liberdade, até a vida. Menos a moral.

            Não sou de mandar recados, mas estou zangada e recorro, para finalizar, a Aristóteles.

            Aristóteles diz: “Qualquer pessoa pode zangar-se. Isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa; isso não é fácil”

            E eles conseguiram fazer isso comigo de forma rasteira e desleal!

            São muitas as mensagens de carinho e afeto que tenho recebido. Quero dizer ainda que continuarei dando minha parcela de contribuição política e humana por um Brasil cada vez melhor.

            Quero repetir a mensagem da Vereadora Cristine Bernini, como se fosse uma mensagem de todas as mulheres mato-grossenses, sejam elas vereadoras, prefeitas, vice-prefeitas, mulheres do povo, mulheres da área urbana, trabalhadoras rurais, mulheres da área urbana e rural. Quero repetir, Cristine Bernini, o bilhete que você me mandou.

            Disse ela:

As mulheres brasileiras esperam que este momento de dificuldade seja ultrapassado pela esperança de um novo amanhã! Continue sempre assim Senadora, decidida e forte. Fortaleça-se no Senhor Jesus e na força do seu poder.

Com carinho, Cristine Bernini, Vereadora do PDT de Alto Taquari, Mato Grosso.

            Recebi aqui também um bilhete dos companheiros e das companheiras que trabalham comigo, tanto os que trabalham no meu gabinete aqui em Brasília como aqueles do meu escritório, lá em Mato Grosso. É um bilhete de quatro linhas. Eles dizem o seguinte:

Senadora, para o povo de Mato Grosso, para o Brasil, o seu mandato tem sido assim como essa história; tente não chorar ao fazer seu discurso [já chorei!] e se chorar que seja pela diferença que representas na vida e na história de cada um de nós todos e, especialmente, dos homens e mulheres no nosso Estado de Mato Grosso.

            Muito obrigada. (Palmas.)

            Obrigada, Presidente, pela sua paciência.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE A SRª SENADORA SERYS SLHESSARENKO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e §2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

- Carta dos Srs. Senadores


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/05/2010 - Página 18717