Discurso durante a 73ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Defesa da instituição familiar como base da sociedade. Homenagem à memória do pai de S.Exa., Joaz Ramiro de Souza, convidando para as festividades de comemoração dos 100 anos de seu nascimento, a serem realizadas em Parnaíba-PI, na próxima terça-feira, dia 18.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Defesa da instituição familiar como base da sociedade. Homenagem à memória do pai de S.Exa., Joaz Ramiro de Souza, convidando para as festividades de comemoração dos 100 anos de seu nascimento, a serem realizadas em Parnaíba-PI, na próxima terça-feira, dia 18.
Publicação
Publicação no DSF de 15/05/2010 - Página 21462
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, ANIVERSARIO DE NASCIMENTO, PAI, ORADOR, LEITURA, TRECHO, LIVRO, BIOGRAFIA, ANUNCIO, COMEMORAÇÃO, DATA, FESTA, MUNICIPIO, PARNAIBA (PI), ESTADO DO PIAUI (PI).

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senador Alvaro Dias, que preside esta sessão de sexta-feira, 14 de maio, parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros que nos assistem aqui no plenário do Senado da República e que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado, televisão, rádio AM, FM, ondas curtas, Agência Nacional, jornal diário, jornal semanário e tópicos que são levados para A Voz do Brasil, nós assistimos, há poucos meses, a tristeza do Senador Alvaro Dias quando perdeu seu pai.

            Senador Alvaro Dias, foi com quantos anos?

            O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - (Intervenção fora do Microfone.) Noventa e cinco anos.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Noventa e cinco. Foi esse ano que passou?

            O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - (Intervenção fora do Microfone..) Há dois anos.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Há dois anos. Então, daqui há três anos, teremos seu centenário... Como era o nome do seu pai?

            O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Silvino Fernandes Dias.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Silvino Fernandes Dias.

            Pois é com muita emoção que, no dia 18 de maio, vai ser o celebrado o centenário de meu pai. Quero dizer que sei, como também V. Exª e o Senador Osmar, que o discurso mais bonito, sem dúvida nenhuma, foi o de Cristo, o Pai-Nosso, em um minuto, e Ele me inspira neste momento a poder ampliar a mensagem de Cristo e dizer: “Pais nossos que estão no céu...”. Está ouvindo, Alvaro Dias? O seu era Silvino; o meu era Joaz. Então, no dia 18 de maio, meu pai fará o centenário de vida, e eu faltarei ao Senado, estarei na nossa cidade natal com meus familiares.

            Alvaro Dias, V. Exª tem mais anos de política do que eu, porque V. Exª entrou na alvorada da mocidade, bem novinho, o Vereador mais novo. Está ouvindo, ô Senador arquiduque, Paulo Duque? Arqui porque é superior. Então, V. Exª e eu já temos muitos quilômetros rodados. Tenho 67 anos. Paulo Duque, feliz do político como eu aqui, que quero homenagear o meu pai, que faria 100 anos.

            Alvaro Dias, a acusação que me fazem é a de que eu gosto da minha família. A minha suplente é a melhor suplente da história desse Brasil, é a minha amada companheira Adalgisa. Mas isso é claro, notório, e sempre foi. A única acusação que me fazem é a de que gosto da minha família.

            Atentai bem, Paulo Duque, é isto que os adversários, os aloprados, os despreparados... “Ele gosta da família dele, a família dele...” E eu gosto mesmo, está ouvindo, Paulo Duque? Sou réu confesso.

            Mas, vem cá: o Deus, depois de muitas tentativas, ô Senador AD, de melhorar este mundo, aí ele imaginou o filho, a confiança num filho. E mandou o filho dele. “Vai, ó Jesus”. E não desgarrou aí não, Paulo Duque; botou numa família, a Sagrada Família: Maria, José e Jesus. O Deus. A confiança, depois de muitas falhas e tentativas, como as Sagradas Escrituras nos mostram, muitas tentativas, o dilúvio, os profetas, Sodoma e Gomorra, os milagres, mostrar a presença, o próprio Deus apelou foi para o filho. Essa foi a confiança de Silvino, a confiança nos filhos brilhantes que estão aí. Ele confiava, ele vibrava, ele acreditava, e estão aí.

            Eu quero dizer o seguinte, eu sei a história. Eu sempre disse, Paulo Duque: eu não sou mão santa. Mãos de um cirurgião guiadas por Deus, que salvava um aqui, outro acolá, numa Santa Casa de misericórdia da minha cidade, no meu templo de trabalho, na sala de cirurgia. Mas eu digo: eu sou filho de mãe santa.

            Minha mãe, Terceira Franciscana, o pai dela era um empresário vitorioso. Ô Paulo Duque, quis Deus V. Exª, que simboliza a história verdadeira deste País... E vejo o amor que V. Exª tem a Consuelo, sua bela mulher, amada, amante. Então, quero dizer que vitorioso o pai, o meu avô. Olha que ele saiu lá do Piauí, de uma fábrica que ele tinha e levou, ô Paulo Duque... Estou falando para o homem que mais representa a história do Rio de Janeiro, porque a conhece, porque a viveu, porque nunca a negou, e é seu representante. Ele levou a fábrica dele para a Ilha do Governador. Pegou o sabão, que tinha o nome da família, Moraes, e, orientado pelos marqueteiros, botou Sabão da Copa; pegou a gordura de coco, que era Moraes, o nome da família, e botou Dunorte.

            Meninos, eu vi I-Juca Pirama, em Gonçalves Dias, quando ele dizia: “Um covarde não pode ser filho de um forte; se chora, não é meu filho”. Não era isso no I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias? Meninos, eu vi aquela fabriqueta lá da minha cidade, Parnaíba, Piauí, na Ilha do Governador. Paulo Duque, ela venceu, a Gordura Dunorte, a Gordura de Coco Carioca nos anos 60.

            Então, a minha mãe era filha desse empresário, que tinha dois navios. E digo que sou filho de mãe santa, não sou mão santa. Ela foi ser Terceira Franciscana. Está aí o Congresso Eucarístico, com milhares e milhares...

            Ontem, inclusive, por solicitação da Igreja Católica, cristã, e aquiescência do Presidente Sarney, eu encerrava a sessão por volta das 17 horas, para o espetáculo de fé cristã.

            Ela foi ser Terceira Franciscana. Francisco é o meu nome, não é Mão Santa. É um nome cristão. Foi daquele que mais se aproximou de Cristo. Foi ele quem levou a igreja - que era dos ricos, dos poderosos, dos milionários -, aos pobres, mesmo sendo rico. E a minha mãe foi ser Terceira Franciscana, sendo filha do homem mais rico e poderoso do Estado do Piauí na sua época. Fez voto de pobreza.

            Pedro Simon... Essa admiração que ele tem por mim, essa amizade, esse apoio, essa solidariedade não são por mim, não, são por minha mãe, porque ele é Terceiro Franciscano. Então, eu fui educado em uma família cristã. Eu posso dizer, aqui: “Pais nossos que estão no céu.” E meu pai fará centenário no dia 18. E eu digo isso, mas a história está repleta disso. É a única condenação: “Ele gosta da família dele”. E eu digo: Deus mandou o filho dele, acreditou na família.

            Na história da liderança, ô Dias, Senador AD, dizem que Deus escolheu um líder: Davi, um guerreiro. Mas ele foi continuado pelo filho: Salomão, da paz e da sabedoria. E assim é. A história fala de Alexandre, o grande guerreiro, mas ele era filho de Filipe da Macedônia. E isso é comum aqui, na nossa política, como vemos.

            Então, é o seguinte: eu estarei ausente, na terça-feira, em virtude dessas comemorações simples, que eu entendo como um ato exemplar de valorização da família.

            Rui Barbosa está, ali, trepado. Cento e oitenta e quatro anos de Senado. Quantas pessoas já passaram por aqui? Cento e oitenta e quatro anos e só ele ali. Está acima e todos nós, que o olhamos. E, na sua sabedoria, ele disse, Senador Paulo “Arquiduque”: “A Pátria é a família amplificada”. Assim entendo, assim entendemos e iremos...

            Eu não vou cansá-los. Mas tenho um livro, aqui, escrito por minha irmã mais velha.

            Então, eu aproveito isso para convidar, na minha cidade, aqueles que conheceram o meu pai.

            No dia 18 de maio, haverá uma crônica, pela minha irmã mais velha, professora Maria Christina de Moraes Souza, sobre - aqui eu tenho em mão - Joaz na família, no trabalho e na sociedade, na rádio de nossa família, a emissora Igaraçu/Globo. De tarde, visitaremos o cemitério e, às 17 horas e 30 minutos, uma missão em ação de graças - eu tive pai e o perdi aos 72 anos -, em que personagens que o conheceram, como o Dr. Valdir Aragão, usarão da palavra e, evidentemente, um familiar, que deve ser minha irmã mais velha, Christina.

            Mas eu daria, aqui, uns dados e, depois do que ouvi, um decálogo. Sei da gratidão. Tive e tenho de ter gratidão. Convivi e sou o que sou, e os erros foram meus mesmo, mas o que eu fiz de acerto foi exemplo de meu pai.

            E oferecerei como gratidão, como graças dadas a Deus, para os jovens que não tiveram a felicidade de ter um pai e para os jovens que estão começando a ser pais, como uma luz.

            Sei que cada um tem sua vida, o nosso próprio Presidente Luiz Inácio, com todo respeito, parece não ter sido muito feliz, mas Deus compensa, Deus é bom, Deus é pai e mãe de todos e lhe deu uma mãe que ele retrata como extraordinária mulher de luta e guerreira, como são as mulheres brasileiras. Agora, eu tive, e eu gostaria que os futuros pais fossem como o meu pai. O mundo seria melhor.

Joaz Rabelo de Souza.

“A vida não deve ser medida, efetivamente, pela extensão, mas pela intensidade.” (Sêneca)

Joaz Rabelo de Souza foi um maranhense nascido a 18 de maio de 1910. Seus pais eram José Couto de Souza, comerciante, e Luisa Rabelo de Souza, conhecida como Dona Nhazinha, dotada de muita capacidade de trabalho, principalmente nas lides domésticas, costurava, bordava e fazia saborosos quitutes.

Joaz falava sempre muito bem de seus pais e de seus irmãos: Maria José, Maria de Lourdes, Jayme, Jair e Joab.

Os seus padrinhos eram o Sr. Antonio Tavares e Dona Maria Clara, irmã de Dona Christina Tavares que desde cedo conquistara o coração de Joaz, tornando-o filho adotivo, educando-o com muito amor e carinho.

Em maio de 2010, se estivesse vivo, completava 100 anos. Nem todos têm o privilégio de comemorar em vida esta data. Mas, àqueles que amam e admiram um ente querido, sua memória fica nítida no coração e na mente com o bom exemplo de suas ações.

Assim, Joaz Rabelo de Souza, por sua vida, sua história familiar e de trabalho, deixa para a sociedade maranhense, seu berço familiar, e para Parnaíba, onde viveu a maior parte de sua vida, o seu exemplo de homem forte, bravo, corajoso e vencedor.

Iniciou seus estudos na sua terra natal, São Luis (Maranhão), onde concluiu o seu ensino fundamental na Escola Benedito Leite.

Depois, prosseguiu os estudos em Fortaleza (CE), no Colégio Militar, onde em 1929 concluiu o curso de Agrimensura.

Em 1930, passa a residir em Parnaíba, onde viveu até o seu falecimento em 1982.

Sentia desde cedo inclinações para a vida empresarial e por ligações afetivas motiva-se a residir em Parnaíba.

Casa-se em 24 de fevereiro de 1934 com Joana de Moraes Souza (Jeanete), filha de Josias Benedito de Moraes e Alvina de Moares Correia. Teve os seguintes filhos: Maria Christina (professora), Antonio José (empresário, político), Yeda (assistente social), Paulo de Tasso (bacharel em Direito, professor universitário, procurador da Sudene), Francisco de Assis [eu, aqui] (médico).

Notava que a cidade, embora de um bom nível cultural, não possuía casas especializadas para a venda de livros e artigos escolares.

Assim, instalou, em 1930, a primeira livraria da cidade, onde atendia estudantes, professores e amigos das letras, sempre com muito cavalheirismo e atenção.

A Livraria Rabelo localizava-se numa sala alugada, à Praça da Graça. Depois foi transferida para uma sala térrea do sobrado de Dona Angelquinha Correia e, mais tarde, foi instalada à rua Riachuelo e, finalmente, conseguindo local mais amplo, foi transferida para a rua Duque de Caxias, 586, onde ficou até 1936.

Em 1932, o Joaz recebe do Chefe de Governo da República do Brasil, Dr. Getúlio Dornelles Vargas, a nomeação para Suplente de Juiz Federal do Município de Parnaíba, cargo que confirmava o seu prestígio na sociedade parnaibana.

No ano seguinte, em 1937, Joaz realiza uma viagem ao sul do País e entusiasma-se pela venda a varejo de relógios-pulseiras. E, ao chegar em Parnaíba, registra nova firma com esse gênero de negócio, que logo amplia para mercadorias de utilidade doméstica, percebendo que na cidade havia escassez do gênero desses produtos. Foi o primeiro a vender a prestação. [Lembro-me de que ele dizia: “Casas dos Móveis vende à vista e a prestação, sem a menor complicação”.]

Nessa época, instala o sistema de vendas a crediário, sendo pioneiro em Parnaíba e no Estado nesse sistema de vendas.

Em 1939, foi nomeado pelo Presidente da República, Getúlio Vargas, Inspetor Federal do Ensino da Cidade de Parnaíba, iniciando suas atividades no Ginásio São Luiz Gonzaga e depois se estendendo aos demais ginásios da cidade de Parnaíba - Parnaibano, Nossa Senhora da Graça, Ginásio Nossa Senhora de Lourdes, além da Escola Técnica da União Caixeiral.

Viajava anualmente ao sul do país, para participar de feiras de negócio, de onde trazia sempre novas ideias para a empresa. Outras vezes participava de seminários e encontros pedagógicos para Inspetores Federais de Ensino, inclusive cursos intensivos na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro.

Joaz demonstrou acentuada tendência para as lides jornalísticas, tendo arrendado o jornal O Norte, do Sr. Raul Primo e, depois, participado como correspondente do jornal Aljava, conforme sua Carteira Profissional sob o nº 40.126, série 48-A - Associação dos Jornalistas Profissionais de Parnaíba. Participou do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Parnaíba com o nº 68.

Em 1952, percebendo os bons resultados financeiros de sua firma comercial, estimula seu filho Antônio José de Moraes Souza a fazer o curso técnico em contabilidade, em São Luís do Maranhão, para posteriormente ajudá-lo na empresa, o que, de fato, aconteceu.

Nessa época, Joaz já havia ampliado seus negócios comerciais, abrangendo também a indústria de móveis, tipo popular: camas, guarda-roupas, mesas, cadeiras, cristaleiras. Sua clientela era não só de Parnaíba, mas das cidades vizinhas do Piauí e do Maranhão.

Em 1953, com a expansão dos negócios da firma, convida seu filho Antônio José de Moraes Souza a vir concluir o curso de contabilidade em Parnaíba, na Escola Técnica União Caixeiral, [onde foi professor João Paulo Reis Veloso - meu irmão foi aluno dele], para ajudá-lo mais diretamente nos negócios, já que sempre demonstrava muito bom relacionamento com clientes e outros comerciantes.

Em 1957, Joaz extingue a firma que tinha seu nome e cria outra com o nome Moraes Souza Ltda., cujos sócios foram sua esposa e filhos, ficando como Sócio-Diretor Antônio José de Moraes Souza. A partir daí exerceu o cargo de Inspetor Itinerante da Delegacia Regional do MEC no Piauí e, depois, em Fortaleza, até a sua aposentadoria. [Paulo Sarasati, ex-Governador do Ceará, também era Inspetor de Ensino como meu pai].

Em 1959, aposentado pelo INSS, passou a residir em Fortaleza, tendo sido representante da firma Moraes S.A. para as operações de câmbio junto ao London Bank e vendendo produtos industrializados pela firma, como sabão Moraes, sabonete glicerol e óleo Moraes.

Sua vida era sempre voltada ao trabalho. Gostava de lidar com as camadas sociais mais humildes, às quais denominava bons pagadores e, ao mesmo tempo, tinha grandes amigos nas classes altas da sociedade. Saber fazer amigos e conservá-los era uma marca de sua personalidade.

Era um homem de fé, cumpridor de suas obrigações e sempre disposto a servir o próximo. Amava o Piauí mais do que o seu próprio Estado, o Maranhão, pois aqui constituiu família e desenvolveu sua vida profissional.

Em 1972, já aposentado e despreocupado de sua antiga firma, entregue à direção de seu filho Antonio José de Moraes Souza, visitou, com sua esposa Jeanete, pertencente à Academia Parnaibana de Letras, 13 países da Europa.

Joaz amava o trabalho, mas sentia-se feliz em dedicar-se à família, aos amigos e a todos que o procuravam.

Nunca aparentou ansiedade por lucros excessivos nem desejos de riquezas; queria o necessário para o sustento e a educação de nossa família.

Faleceu a 11 de novembro de 1982, vítima de doença cardíaca. Ele, que amava tanto a vida, foi heróico em aceitar a morte.

Joaz viveu em Parnaíba por mais de 50 anos e, durante sua existência, foi uma pessoa atuante e muito participativa. Embora nunca tenha esquecido suas raízes familiares em São Luís, Maranhão, pois visitava aquela cidade anualmente e sempre levava os filhos em temporadas de férias para verem a beleza da terra de Gonçalves Dias e visitarem os familiares e amigos.

Em Parnaíba, sempre foi respeitado como pai exemplar, amigo leal, cidadão solidário e participativo nas campanhas da cidade, além de comerciante e industrial inovador, ao lado de sua atuação marcante na educação como Inspetor Federal do Ensino.

Após seu falecimento, em 1982, no Governo do Dr. Lucídio Portela Nunes, no Piauí, quando seu filho Francisco de Moraes Souza era Deputado Estadual e Líder do Governo na Assembleia Legislativa, Joaz foi homenageado pelo Governo Estadual, tendo seu nome no Conjunto Residencial Joaz Souza, hoje importante bairro de nossa cidade.

Houve grande movimentação e festa da inauguração das casas construídas pela Cohab, localizada nas proximidades do Bairro Rosápolis. O conjunto deu nome a um novo bairro na cidade, chamado Joaz Souza. Este bairro cresceu e hoje é uma minicidade, com comércio, escolas, praças, quadras esportivas e igrejas. Uma das escolas estaduais construídas recebeu o nome de sua esposa, Janete de Moraes Souza, ocasião em que o seu filho era Deputado Estadual.

No bairro Rodoviário, em outro conjunto residencial da Cohab, o nome de Joaz Rabelo de Souza surge como patrono de uma unidade educacional do Estado, no Governo de Hugo Napoleão. Grande festividade e exaltação à personalidade do homenageado foi realizada, com a presença da população e autoridades. No mesmo bairro, o Departamento Regional do Sesi instalou o Centro Comunitário Educacional e Profissional Joaz Souza, beneficiando, qualificando profissionais pelo Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).

Em Teresina, a Junta Comercial do Piauí homenageou Joaz Rabelo de Souza, denominando uma sala com seu nome pelos relevantes serviços prestados à classe empresarial do Piauí. Na ocasião, Dr. Paulo Nunes, da Academia Piauiense de Letras e amigo do homenageado, na Delegacia Regional do MEC, ressaltou a sua personalidade de cidadão cheio de iniciativa, amor ao trabalho, dinâmico e empreendedor.

“Os homens vão, mas suas ideias, suas realizações e, sobretudo, sua personalidade deixam exemplo às futuras gerações.”

Assim foi Joaz, deixando aos familiares, amigos e a todos que o conheceram o seu reconhecimento e gratidão nesta festa centenária de seu nascimento.

Sempre a figura exemplar de Joaz Rabelo de Souza será exaltada com carinho e saudade pelos parnaibanos, especialmente pelos familiares e amigos. 

            Senador Paulo Duque, V. Exª que vive a história da política do Brasil, fui Prefeito de Parnaíba. E, de repente, saindo da prefeitura, voltando à Santa Casa e ao meu consultório, fui eleito Governador do Estado do Piauí.

            O maior líder do Estado, Wall Ferraz, desejava ser governador do Estado e me convidou para ser seu vice. Seria o nome que mais, segundo pesquisa, somaria. Mas ele desistiu de deixar a prefeitura e me apoiou. E eu quero dizer o que significa ser um bom pai.

            Ninguém entende por que a Prefeitura de Teresina é há quase 20 anos dominada pelo partido do Wall Ferraz, o PSDB. Um quadro extraordinário. Prefeitos que o sucederam: Francisco Gerardo, Firmino Filho e, hoje, Silvio Mendes, com perspectivas invejáveis na política piauiense e do Brasil. Um quadro daquele, de repente, Wall Ferraz desiste e me aponta como seu candidato. Dizia-se em Teresina: “O Mão Santa é o Wall Ferraz de Parnaíba”.

            Eleito governador, ele morreu logo em seguida, Wall Ferraz. Mas eu o ouvi dizer assim: “Meu pai era amigo do seu pai”. Então, entendi aí a escolha do meu nome por Wall Ferraz para substituí-lo e ser eleito governador do Estado do Piauí. E estou hoje aqui representando a grandeza daquele povo. Ele me disse: “Meu pai, Mundico Ferraz, era muito amigo do seu pai, gostava dele.” Aí eu entendi por que essa preferência diante de um quadro administrativo extraordinário que ele tem na capital, no PSDB.

            Mas eu queria deixar como objetivo, porque sou médico-cirurgião, um decálogo. Isso eu não digo com soberba, trata-se daquilo que foi importante para mim, ensinamentos, para que os pais transmitam aos seus filhos, àqueles filhos que não tiveram a felicidade de ter um pai como eu, que sem dúvida nenhuma este mundo será melhorado.

            Então, ontem à noite, eu revivi a verdade de meu pai. Cheguei a ler o livro de Humberto de Campos, Irmão X, Meu Pai. Eu me lembro de que naquele tempo havia exame de admissão, meu pai era inspetor federal. Nunca deviam ter acabado com o inspetor de ensino de educação. V. Exª se lembra. Tinha exame de admissão, Alvaro Dias. Você chegou a fazer exame de admissão? Oh! Rapaz! Mas que tempo! Era um vestibular! Tinha ditado, tinha dissertação.

            Meu pai chegou para fiscalizar, e o Prof. José Rodrigues da Silva, que foi professor do nosso João Paulo dos Reis Velloso, o melhor Ministro deste País, ao qual ele expressa gratidão... Na hora o professor pegou o livro e mandou por distinção... Eu estava fazendo o exame de admissão no Ginásio São Luiz Gonzaga, hoje Diocesano, e aí o professor, como uma distinção, mandou que ele escolhesse o ditado. Aí ele escolheu “Meu Pai”, um escrito de Humberto de Campos, escritor maranhense que hoje está voltando à tona, com Chico Xavier. Há um cajueiro que ele plantou em Parnaíba, Piauí, e, segundo dizem, ele psicografava livros, como Moisés. O primeiro escrito psicografado foi de Moisés, porque Deus baixou nele e ele escreveu aquela lei. Assim também Chico Xavier e Humberto de Campos. Então, eu me lembro e ontem eu reli Humberto de Campos, aquele ditado que eu fiz, em que ele descrevia o pai dele.

            Então, resumindo, eu ofereço aos que não tiveram a felicidade de ter um pai, como eu, aos que são pai, como a luz de meu pai. E eu imaginei ontem, a noite toda, Paulo Duque, resumindo, para oferecer aquilo que meu pai mais marcou na minha personalidade, porque eu sou o mais novo, o menos importante dos filhos. Os outros são mais brilhantes do que eu. Eu sou o mais novo, o caçula.

            Primeiro, olha o que ele repetia: a vida é dura, difícil, confusa e complicada. Eu acho que ele era da terra de Gonçalves Dias, que diz:

“Não chores, meu filho;

não chores, que a vida é luta renhida:

viver é lutar.

A vida é um combate, que os fracos abate,

que os fortes, os bravos só pode exaltar”.

            Eu acho que isso o inspirou: a vida é dura, difícil, confusa e complicada. Dois: para vencer na vida é preciso - isso ele repetia aos filhos - estudar, trabalhar e fazer boas amizades.

            Paulo Duque, uma das perplexidades que eu tive na minha vida foi ao ler o livro - você já leu AD? - Breviário dos Políticos, do Cardeal Mazarino. Richelieu era Ministro forte de Luiz XIII, que tinha poucos dotes intelectuais - o forte era Luiz XIV, L’Etat c’est moi -, tinha 17 anos e deixou o Cardeal Mazarino, seu sucessor, por 18 anos liderar a França. Então, no livro ele diz: “amigo não se tem”. Fiquei perplexo. Meu pai, não; ele tinha crença em amigos. Ele dizia: “Mais vale amigo na praça do que dinheiro no banco. Para se vencer na vida é preciso estudar, trabalhar e fazer boas amizades”.

            Três: para se ter é necessário economizar, gastando só o necessário, evitando o supérfluo e o desperdício. Isso ele incutiu na nossa cabeça.

            Quatro: só se pode gastar o que já se ganhou; nada de usar do dinheiro que ainda não chegou. Era a intuição de um pai de família, inspirado talvez em Abraham Lincoln, que disse: “Não baseie a sua prosperidade em dinheiro emprestado”. Daí eu ser duro quanto a esses empréstimos consignados que atolaram os idosos e velhinhos do nosso País.

            Cinco: a família é para viver unida, fortificando-a todos os seus membros, evitando-se briga e desavença. Ele valorizava a família.

            Seis: ele era um homem de fé. Minha mãe era terceira franciscana e ele tinha fé em Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Ainda não tinha a música do Roberto Carlos que diz que toda Nossa Senhora é uma só. Sei que de vez em quando ele dizia: “Ai, minha Nossa Senhora do Perpétuo Socorro”. E confiava na Divina Providência.

            Sete: amor filial.

            Atentai bem, Paulo Duque, o quanto isto é bonito! Nunca faltou de dar mesada a sua mãe, viúva. Nunca! Mãe viúva era sagrado. E ele morreu aos 72 anos; a mãe dele, aos 100 anos. Eu vi essa mesada ser continuada pela nossa mãe, Jeanete, até o falecimento de sua sogra, aos 100 anos. Isso eu vi, que beleza! Minha mãe, depois que morreu meu pai, ela, como esposa, cumpriu isso fielmente. Todo mês, uma quantia para a mãe de meu pai, a sogra dela, que viveu 100 anos com dignidade.

            Oito: educação enérgica dos filhos. Apanhei muitas vezes de cinturão, Senador. Ô Senador Alvaro Dias, você não apanhou não? Eu apanhei de cinturão. Essa pedagogia aí que não sei o quê... Está ouvindo, Pedro Simon? Estou aqui comemorando o centenário de meu pai e V. Exª já foi citado. Mas eu apanhei de cinturão, e essas pedagogias, não sei o quê, não era com amor, não. E quase sempre era por mentiras poucas. Era o negócio do dentista, que eu tinha medo de ir. Era uma tal de uma broca - só os mais velhos me entendem - do pedal. Metiam uma broca... Você ia ao dentista, Paulo Duque? Era aquela broca do pedal, com que a gente ficava arrepiado: não havia anestesia. Eu faltava, Senador AD, e ele perguntava:“Quede o Francisco?”. “Ih! Nunca mais foi.” “Mas menino!” Surra. Apanhei. Eu tenho um irmão, Paulo, que apanhava mais do que eu. Foi meu irmão, Secretário de Fazenda, o homem mais honrado e honesto que conheço.

            Disciplina como força da vida. Era disciplinado. Seu comércio nunca abriu depois das sete horas. E ele nos ensinava.

            No 18 de maio, Pedro Simon, o almoço era com o operariado, os peões da fábrica, os marceneiros, na nossa casa. Feijoada, churrasco. O povo, os funcionários humildes. Era cheia. E, à noite, ele recebia os seus amigos, lembrando Cândido Almeida Ataíde, Dr. Mariano de Souza, João Correia, José Marcial. Agora, o que ele nos ensinou, Pedro Simon... Nós morávamos em Parnaíba, uma cidade do pobre Piauí; era a cidade mais rica, mas pobre. Ele não nos deixava encantar com as vaidades, ouviu Pedro Simon? E o último, que passo ao meu País, aos pais, aos filhos: levar a nossa vidinha, evitando a vaidade, que tudo estraga. Acho que ele se inspirou na Sagrada Escritura, que diz: “Tudo é vaidade, vaidade sobre vaidades”.

            Então, esta é a homenagem que faço a meu pai, que, no dia 18 de maio, faria um centenário. E, lembrando-me do maior discurso da humanidade, me permitam, agora, como filho de Deus - não especial, porque Ele mandou Jesus -, rezar. Eu posso dizer, com convicção, com crença e fé cristã: Pais nossos que estão no céu, rogai por nós! (Palmas.)


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