Pronunciamento de Gerson Camata em 13/05/2010
Discurso durante a 72ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Homenagem a Joaquim Nabuco pelo transcurso do centenário de sua morte.
- Autor
- Gerson Camata (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/ES)
- Nome completo: Gerson Camata
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Homenagem a Joaquim Nabuco pelo transcurso do centenário de sua morte.
- Publicação
- Publicação no DSF de 14/05/2010 - Página 20702
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
-
- HOMENAGEM, CENTENARIO, MORTE, JOAQUIM NABUCO (PE), DEPUTADO FEDERAL, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), LIDER, CAMPANHA, ABOLIÇÃO, ESCRAVATURA, DIPLOMATA, ESCRITOR, JORNALISTA, HISTORIADOR, ELOGIO, VIDA PUBLICA, CONTRIBUIÇÃO, HISTORIA, BRASIL, ESPECIFICAÇÃO, FUNÇÃO, EMBAIXADOR, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), DEFESA, INTEGRAÇÃO, AMERICA, SAUDAÇÃO, ANO NACIONAL, VULTO HISTORICO.
SENADO FEDERAL SF -
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O SR. GERSON CAMATA (PMDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o dia 17 de janeiro assinalou o centenário da morte de um homem notável, que se consagrou como estadista, líder abolicionista, diplomata e autor de livros que se tornaram clássicos do pensamento social. Nascido em 1849, Joaquim Nabuco morreu cedo, aos 60 anos, mas teve uma carreira invejável.
Pertencia a uma estirpe cada vez mais rara, a dos políticos que, pela integridade e pela firmeza de suas convicções e fidelidade a princípios, tornam-se ícones de um país, representativos daquilo que ele tem de melhor. E são justamente homens como ele que deixam um legado de realizações perenes, inscritas na história e capazes de mudar os rumos da nação.
Ainda jovem, foi adido diplomático em Washington, durante um ano, e de lá retornou, depois de passar pela legação brasileira em Londres, para assumir uma cadeira de deputado provincial por Pernambuco, durante o Segundo Reinado. Na Câmara, em 22 de abril de 1879, fez seu primeiro discurso abolicionista. Nele, afirmou: “Lembrai-vos de que uma grande desigualdade existe na nossa sociedade (...) deveis reconhecer que nesse sol há uma grande mancha que o tolda, pois ainda há escravos no Brasil”.
Surpreendeu seu partido, ao apresentar um projeto prevendo a extinção progressiva da escravidão até 1890, com indenização dos proprietários. Em 1880, juntou-se a André Rebouças, para criar a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão, e lançou o jornal O Abolicionista. Nos comícios que passou a promover em defesa da causa que abraçara, demonstrou ser um orador capaz de arrebatar o público.
Considerado “radical demais” pelos chefes políticos de então, Nabuco acabou perdendo o mandato nas eleições seguintes. Conseguiu uma vaga de correspondente em Londres do Jornal do Commercio, do Rio, e permaneceu na Inglaterra por 2 anos. Ao perceber que a causa abolicionista crescia, voltou para o Brasil.
Em 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel, recém-chegada de Petrópolis, dirigiu-se ao Palácio Imperial e assinou a lei que dizia: "É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil". Joaquim Nabuco estava ao seu lado. Beijou a mão da princesa e foi à janela, onde uma multidão o aclamou.
Ele tinha sido o mais convincente e o mais popular entre os líderes abolicionistas. Ganhara a simpatia do povo graças à paixão com que conduzira a campanha pelo fim da escravidão. Conseguiu fazer com que ela se tornasse uma vergonha nacional. Era tanta a sua popularidade que virou marca de cigarro, de cerveja e modelo de chapéu.
Monarquista, Nabuco acabou aceitando a República. Convidado por Campos Sales, que afastara os militares da política, aceitou o convite do então presidente para defender o Brasil na disputa com a Inglaterra a respeito da fronteira da Guiana. Não venceu a questão, mas assumiu o posto de chefe da legação brasileira em Londres, no qual permaneceu 5 anos, até 1905. Depois tornou-se o primeiro embaixador brasileiro nos Estados Unidos. Durante os 5 anos de permanência no cargo, criou um relacionamento estreito com o presidente Theodore Roosevelt e passou a ser um defensor da integração entre as Américas.
Joaquim Nabuco morreu em Washington. Lá, foi o primeiro estrangeiro a merecer um funeral com honras de chefe de Estado. Seu corpo foi trazido para o Brasil por um cruzador norte-americano, chegando ao Rio de Janeiro quase 3 meses depois de sua morte. As cerimônias fúnebres foram inéditas pela duração, de 4 dias. Velado no Palácio Monroe e na Catedral Metropolitana, foi transportado para o Recife, sua cidade natal.
Além da atuação política, Nabuco deixou uma extensa obra literária, na qual se destacam livros fundamentais para a compreensão do nosso país. “Um Estadista do Império”, a biografia que escreveu de seu pai, é indispensável a quem deseja conhecer o Segundo Reinado. “Balmaceda”, escrito em 1895, uma análise do governo do presidente chileno José Manuel Balmaceda, que levou o país a uma guerra civil e acabou se suicidando, permanece atual como estudo do sistema político latino-americano.
A lei federal 11.946 instituiu o ano de 2010 como Ano Nacional Joaquim Nabuco. São merecidas as homenagens que se prestam ao maior militante brasileiro pelo fim da escravidão e a um dos mais talentosos estadistas que este país produziu.
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