Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao pensador, escritor, diplomata, político e abolicionista pernambucano Joaquim Nabuco, em reverência ao centenário de sua morte.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao pensador, escritor, diplomata, político e abolicionista pernambucano Joaquim Nabuco, em reverência ao centenário de sua morte.
Publicação
Publicação no DSF de 13/05/2010 - Página 20253
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, MORTE, JOAQUIM NABUCO (PE), VULTO HISTORICO, EX-DEPUTADO, ELOGIO, VIDA PUBLICA, IMPORTANCIA, LUTA, ABOLIÇÃO, ESCRAVATURA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, além de ter muita coisa no gabinete, eu estou saindo de uma crise de asma, que V. Exª presenciou, que já está melhor um pouco, mas eu não podia deixar de - eu havia preparado um discurso, enfim -, mesmo quebrando o protocolo e abusando da paciência de V. Exª, prestar uma homenagem a Nabuco, que para mim é uma das figuras mais fascinantes que o Segundo Império legou à República, inclusive. Exemplo para todos nós, figura extremamente culta, um privilegiado, um membro da elite brasileira da época, da elite econômica e, portanto, da elite cultural, já que tinha os meios de estudar e que teve uma sensibilidade enorme, ao longo de toda a sua vida, para todas as questões sociais e se notabilizou como o grande campeão da luta contra a escravidão.

            Eu não deixaria nunca de exaltar José do Patrocínio, que lutava por ele e pelos seus.

            Exalto, de maneira muito forte, Joaquim Nabuco que, de certa forma, rompia com os preconceitos da sua época e percebia, para mim, algumas coisas muito relevantes. Ele percebia que era hora de se começar a brigar por igualdade neste País. E percebia, meu prezado Ministro, que até do ponto de vista econômico, era um lucro perverso, cruel, de curto prazo, e era uma grande perspectiva de prosperidade econômica para o futuro, nós tirarmos os escravos daquela situação de absoluta desumanidade e os colocarmos na disputa pela educação, pelo desemprego, pelas vagas no mercado de trabalho. Ou seja, para mim, ele anteviu. 

            Eu debati com minha Assessoria - Dr. Manoel Vilela, meu assessor, um grande jornalista, foi Diretor-Geral do Senado - que procurou uma frase que eu queria me recordar dela e que eu li muito jovem, de Nabuco, e ele não encontrou. Eu digo: Mas que a frase existe, existe, porque senão quem inventou fui eu; e eu não tenho capacidade inventar uma frase de Nabuco. Então, existe a frase. Eu pensei que estava em minha formação, mas ele revirou minha formação de cabo a rabo e não localizou a frase. Quando ele denuncia a escravidão - essa escravidão maldita - alguma coisa do tipo é o parricídio de uma raça, o fratricídio de uma nação. É uma frase que eu li não sei em que livro. Pesquisamos muito porque essa frase sintetizava, de maneira muito retórica, uma luta que era muito prática de Nabuco contra a escravidão. Foi o grande estadista do Império. Não tenho nenhuma dúvida disso. E mais: ao longo do primeiro período republicano, mostrou como o Império tinha legado o homem de Estado - Rio Branco era outro -, capaz de participar da implantação da nova forma de Governo, que terminou sendo aquela que nós consagramos.

            Tenho uma profunda admiração por Joaquim Nabuco e uma profunda fascinação por sua obra, mas me deu vontade inclusive de escrever um artigo sobre ele e, por essas coisas do destino, não tive como. Disseram-me: “Olha, está acabando a sessão de Joaquim Nabuco. Está falando o Ministro”. Eu disse: Eu vou pedir ao Presidente que quebre o protocolo para que eu possa dizer que, se não deu para formalmente ler o discurso que foi tão bem elaborado com toda a cronologia da vida dele, com todos os passos que ele encetou, com toda a carreira que desenvolveu, com todas as lutas que travou, pelo menos aqui não passei em branco. E, mesmo interrompendo V. Exª, pude dizer que era um grande vulto, aliás uma figura conhecida como Quincas, o Belo, porque tinha 1,86m, o que devia fazer dele um gigante naquela época. Quincas, o Belo, uma figura bastante cortejada pelas moçoilas da época, sempre muito elegante, poliglota, mas com uma sensibilidade capaz de perceber que, como as pessoas nascem iguais, devem ter oportunidades iguais para disputar as oportunidades da vida.

            Então, eu considero que essas adesões das pessoas que nasceram privilegiadas e que repudiaram o egoísmo, sejam, não sei se tão ou talvez até mais meritórias do que a das outras que sintam necessidade lutar, porque precisam lutar mesmo para firmar os seus direitos, ele rompeu com os seus para abraçar uma causa. E a causa que ele abraçou era correta do ponto de vista histórico, era correta do ponto de vista humano, era correta do ponto de vista social, era correta do ponto de vista econômico, era correta, pura e simplesmente, era redonda, sem arestas, era correta a tese que ele esposou e que, portanto, faz com que o Senado hoje, cumprindo a sua obrigação, se recorde do grande estadista do Império.

            Obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/05/2010 - Página 20253