Fala da Presidência durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem ao pensador, escritor, diplomata, político e abolicionista pernambucano Joaquim Nabuco, em reverência ao centenário de sua morte.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Homenagem ao pensador, escritor, diplomata, político e abolicionista pernambucano Joaquim Nabuco, em reverência ao centenário de sua morte.
Publicação
Publicação no DSF de 13/05/2010 - Página 20230
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • CONVITE, COMPOSIÇÃO, MESA DIRETORA, SENADO, DESCENDENTE, VULTO HISTORICO, MARCO MACIEL, SENADOR, HOMENAGEM, CENTENARIO, MORTE, JOAQUIM NABUCO (PE), ESCRITOR, POLITICO, DIPLOMATA, INTELECTUAL, ELOGIO, VIDA PUBLICA, IMPORTANCIA, LUTA, ABOLIÇÃO, ESCRAVATURA.

            O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - Convidamos também, para compor a mesa, o Senador Marco Maciel, autor do Projeto de Lei nº 561, que instituiu o Ano Nacional de Joaquim Nabuco, em homenagem ao centenário da morte do abolicionista, em 2010. (Pausa)

            Senador Marco Maciel, Deus soube fazer as coisas: mandou Joaquim Nabuco e, no outro século, mandou Marco Maciel, para a gente ter sempre um homem de virtude e vergonha na democracia brasileira.

            Convidamos os bisnetos do homenageado, Sr. Pedro Nabuco e Srª Isabel Nabuco, para representarem a família do ilustre Joaquim Nabuco. (Pausa)

            Representando o Presidente desta Casa, passo a ler a sua mensagem.

Srªs Senadoras e Srs. Senadores, minhas senhoras e meus senhores aqui presentes, no decorrer de 2010, instituído legalmente como Ano Nacional de Joaquim Nabuco, este Senado tem a honra e o privilégio de dar seguimento às homenagens pela passagem do centenário de falecimento desse grande abolicionista pernambucano.

A polivalência, de fato, era sua marca. Nabuco era escritor, político, diplomata, intelectual renomado e figura das mais brilhantes de sua época. Mas a sua luta maior, o combate que se transformou na marca profunda de sua trajetória foi a defesa intransigente, visceral e magnânima da extinção da escravidão em nosso País.

E essa luta, meus senhores e minhas senhoras, acabou por descortinar o verdadeiro Brasil, sangrar as suas feridas e expor as suas chagas. Da verve aguçada e precisa de Nabuco, surgiu um retrato bem acabado de nossa formação como Nação, com seus percalços, ambivalências e vicissitudes.

Das batalhas verbais protagonizadas pelo diplomata pernambucano, ninguém saía indiferente. Tampouco se era docilmente convencido. Suas palavras tinham o poder da demolição e impingiam a reflexão. A força de sua argumentação, respaldada não somente na retórica ilustrada de seu expoente, mas, sobretudo, na grandeza de seus princípios, era especialmente irresistível.

Nabuco era feroz, porém lírico. Voraz, porém refinado. Forte, porém sensível. Na dialética de suas contradições, evocava o próprio conceito de nação plural e multirracial, cuja servidão presente na sociedade manchava a rica origem de sua diversidade. Já era hora de o País libertar os seus habitantes adotivos e já nativos, e assim também alforriar-se.

Defensor e praticante ardoroso do debate público e da arena parlamentar, o discurso abolicionista de Nabuco era, em sua essência, um libelo à liberdade. E ser livre não era apenas fugir das algemas e do açoite do seu senhor, mas poder exercer as suas faculdades de maneira plena e soberana, com todos os meios para tanto.

Da leitura de seus escritos autobiográficos, dotados de uma força narrativa incomum, múltiplos sentimentos avançam sobre o leitor. A repulsa pela escravidão se mistura com a ternura de suas lembranças profundas. O amor pela liberdade alicia-se com a firmeza das convicções morais. A beleza de suas exaltações choca-se com a crueza dos seus vaticínios.

Assim era Joaquim Nabuco, Srªs Senadoras e Srs. Senadores. Um homem que simbolizou a força e grandiosidade de uma nação que estava por se descobrir e se desenhar. Uma consciência que se projetou sobre um povo e o moveu para os caminhos da liberdade. Uma referência intelectual e moral que temos o dever de cultuar e estudar. O suspiro indefinível que exalam ao luar as nossas noites do norte.

            Era o que tinha dizer.

            Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/05/2010 - Página 20230