Discurso durante a 82ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comentários sobre a questão internacional envolvendo a política nuclear do Irã, com manifestação favorável à tese levantada pela diplomacia brasileira.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • Comentários sobre a questão internacional envolvendo a política nuclear do Irã, com manifestação favorável à tese levantada pela diplomacia brasileira.
Aparteantes
Mão Santa.
Publicação
Publicação no DSF de 25/05/2010 - Página 22913
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • ANALISE, APOIO, POLITICA EXTERNA, BRASIL, NEGOCIAÇÃO, ACORDO, PAIS ESTRANGEIRO, IRÃ, REGULAMENTAÇÃO, UTILIZAÇÃO, URANIO ENRIQUECIDO, QUESTIONAMENTO, ALTERAÇÃO, POSIÇÃO, GOVERNO ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), DESAPROVAÇÃO, ACORDO INTERNACIONAL, RISCOS, COMPROMETIMENTO, UTILIZAÇÃO PACIFICA, MUNDO.
  • REGISTRO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, O GLOBO, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ENCAMINHAMENTO, CARTA, AUTORIA, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), DESTINATARIO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, INCENTIVO, ACORDO, BRASIL, GOVERNO ESTRANGEIRO, IRÃ.
  • REGISTRO, DIVERSIDADE, OPINIÃO, IMPRENSA, BRASIL, MUNDO, RELAÇÕES INTERNACIONAIS, PAIS ESTRANGEIRO, IRÃ, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), DEFESA, ORADOR, NECESSIDADE, AMPLIAÇÃO, DEBATE, ARMAMENTO NUCLEAR, UTILIZAÇÃO PACIFICA, ENERGIA NUCLEAR, IMPORTANCIA, CONSOLIDAÇÃO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU).
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), ESPECIFICAÇÃO, INICIATIVA, PLANO, SAUDE, POPULAÇÃO, BAIXA RENDA, TRANSFORMAÇÃO, SISTEMA, NATUREZA FINANCEIRA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, dois temas me trazem a esta tribuna. O primeiro é que eu, sinceramente, li, reli, li de novo, reli de novo o texto de uma carta que o Presidente Obama teria escrito para o Presidente Lula, na qual ele estaria estimulando o Presidente Lula, junto com a Turquia, a achar uma fórmula por maio da qual o Irã aceitasse o enriquecimento de urânio em 20%, feito via Turquia, na Turquia, com a França e com a Rússia.

            Mas o texto é muito claro. Não me passa pela cabeça que o Itamaraty tenha distribuído um texto que não fosse real e concreto. Eu até sou muito sincero: eu estranho a divulgação do texto. Eu creio que os presidentes da república devem ter, muitas e muitas vezes, ou por texto escrito, mais vezes menos por texto escrito, mais por telefone, conversas que eles fazem e que devem ficar entre eles. Não sei o que teria levado esse texto a ser publicado. Também não vejo nada de mais em ele ser publicado, desde que, e eu acredito que sim, seja um texto real e objetivo que representa uma carta, uma missiva do Presidente Obama para o Presidente Lula.

            O Presidente Lula já disse e repetiu que o acordo proposto por Brasil e Turquia ao Irã tinha sido praticamente idêntico ao acordo que os Estados Unidos e as grandes nações propuseram ao Irã, e este não aceitou. Isso a imprensa já publicou várias vezes.

            Por isso, agora, a gente mais ou menos entende a euforia do Lula, a tranquilidade do Lula, quando, aceito o acordo, a fisionomia dele na televisão era de uma alegria imensa, dizendo, com convicção, que o assunto estava resolvido.

            É que, repito, o texto proposto por Turquia e Brasil ao Irã era o mesmo que os Estados Unidos propuseram em outubro. Dessa vez, aceito. As razões pelas quais não foi aceito em outubro e teria sido aceito agora, eu não sei. Talvez as pressões que o Irã tenha sofrido de outubro até agora, talvez a proposta de reunir o Conselho de Segurança e a proposta, apresentada ao Conselho, de uma moção dura em cima do Irã, é provável que tenha sido isso.

            O Irã disse “não” em outubro. Em cima disso, não apenas os Estados Unidos, não apenas a França, não apenas a Inglaterra, mas até pessoas mais ligadas a ele, como a China e a Rússia, também concordaram. E aí a mudança de posição do Presidente do Irã.

            Mas por que o Presidente Obama, dos Estados Unidos, mudou radicalmente de posição? Em outubro propõe, e não é aceito. Escreve uma carta para o Presidente Lula, felicitando o Presidente Lula, para fazer os entendimentos, Lula e Turquia, com o Irã. Com essa carta no bolso, o Presidente Lula, com o Presidente da Turquia, vai ao Irã e consegue o acordo. E os Estados Unidos propõem uma moção de protesto na ONU, fazem uma rebelião, faz a Rússia mudar, a China mudar, a França mudar. E, de repente, não mais que de repente, aparece a carta do Sr. Obama ao Lula felicitando o Lula e estimulando a que ele apresentasse a proposta ao Irã, que era igual a que ele havia apresentado em outubro.

            O que há em torno disso? Dizem alguns que, para os Estados Unidos e para as grandes potências, surgiu como se fosse algo inusitado, quase que uma bofetada. Mas quem é o Brasil? Aquele “Lulinha” lá, o Brasil e a Turquia querendo fazer uma proposta mundial! Mas desde quando o Brasil sai da sua insignificante posição para falar alto ao mundo inteiro, fazer uma proposta de paz mundial, de entendimento?

            É o que a imprensa mundial está dizendo. Se agora o Brasil e a Turquia se reúnem e fazem uma proposta para o Irã contra a fabricação de armas atômicas, daqui a seis meses será o país tal que fará uma outra proposta. No outro ano, será o país tal que fará outra proposta. E esses paísinhos, tipo o Brasil, esses anõesinhos, vão querer falar alto como se fossem Rússia ou Estados Unidos. É isso que dizem que teria acontecido. É isso que teria acontecido.

            Então, porque o Brasil teria tido a vaidade de fazer uma proposta e o Irã teria aceito, o americano diz não. E estimula e provoca as nações dele, principalmente Rússia e China, a também dizerem não.

            O que me impressiona, e é uma outra análise feita pela imprensa internacional, seria a força dos fabricantes de guerra.

            Nós sabemos que, à margem de tudo no mundo, existem as grandes indústrias que vivem em torno das guerras. Dizem que são elas que estimulam, lá pelas tantas, a guerra com a Coreia, a guerra com o Vietnã. Alguma coisa tem de haver, no mundo, de conflito para venderem arma e, mais do que para venderem arma, para fazerem experiência sobre armas determinadas para verem a sua eficácia, para verem até que ponto elas estão certas e até que ponto elas têm de ser aperfeiçoadas no seu exagero destrutivo.

            Essa manchete de O Globo, cá entre nós, é muito clara: “Obama incentivou Lula a fazer acordo com o Irã”. Está aqui. Estimulou como? De boca? Não, numa carta, escrita e assinada. Obama estimulou o Lula a fazer acordo com o Irã: “Em carta, Presidente disse que troca de urânio criaria confiança.”

            Mais adiante, na outra página, “Obama apoiou Lula a fazer o acordo”; “Carta enviada ao Brasil dizia que negociações com Irã trariam confiança e reduziriam tensão.”

            Eu não me lembro de um fato como esse, juro por Deus! Claro, há fatos que a imprensa tem noticiado. Um jornalista que considero extraordinário na sua competência, que é o Flávio Tavares, na sua coluna dominical, do Zero Hora, é muito duro e escreveu de tal maneira, que li, reli e guardei para ler de novo. Ele falou das pessoas em quem não se pode confiar e em acordos a que a gente não deve dar muito crédito. Então, ele lembra: Chamberlain, quando Hitler berrava, berrava, e o mundo inteiro e tal na expectativa, foi lá e fez um acordo com ele. A Alemanha assinou um acordo com Chamberlain de paz, de não invasão. Chamberlain chegou à Inglaterra herói. E, mal chegou à Inglaterra, a Alemanha estava invadindo a Áustria.

            Os russos fizeram um acordo, diz Flávio Tavares, com Hitler de que a Rússia não seria invadida. Quando menos se imaginava, sem dizer uma palavra, Hitler determinou a invasão da Rússia.

            Concordo que o artigo do Flávio Tavares é muito profundo, é muito sério. Vou enviar cópia desses jornais e dessa carta ao Flávio, para ver o que S. Sª acha dessa posição. Ele fala na ingenuidade do Lula em acreditar num homem como o Presidente do Irã. Mas será que Obama foi ingênuo, quando escreveu a carta ao Lula, para ele fazer o acordo com o Irã? Ou será que Obama quis fazer - agora tenho medo de usar a palavra - o Lula meio de bobo, para o Lula entrar na jogada, e acontecer o que aconteceu?

            É verdade que há parte da imprensa que já fala diferente. A diferença que houve, diz a imprensa, entre o momento em que Obama escreveu a carta ao Lula, estimulando o acordo com o Irã, e sua negativa em aprovar o acordo seria a pressão que Obama teria recebido de segmentos internos nos Estados Unidos, dos apaixonados pela luta, pela guerra, por aqueles que querem estimular esse sentido. Esses passaram a estimular uma onda em cima do Obama, para ele retirar a palavra dele.

            Qual é a verdade não sei, mas é um fato muito, muito sério.

            Reparem que a mesma manchete diz aqui do lado: “Rússia mantém a venda de mísseis a Teerã”. E a outra manchete: “China continua fazendo as negociações com Teerã”. Esses não mudaram, apenas assinaram junto com os Estados Unidos a solicitação da nova condenação ao Irã.

            Olha, eu não consigo entender. Há um antecedente muito negativo nessa questão: é o Iraque. O caso do Iraque foi ainda mais grave do que esse, porque o governo americano tinha convicção de que o Iraque fabricava armas nucleares e de destruição química. Tinha porque tinha convicção.

            E o Iraque não confiava nos Estados Unidos e não admitia que os americanos fossem fazer inspeção. Mas o Iraque concordava... O Presidente da Comissão de Fiscalização de Armas da ONU, o Bustani, hoje Embaixador do Brasil na França, dialogando com o Iraque, havia conseguido que o Iraque concordasse que essa entidade fosse lá fazer a fiscalização. Não haveria nenhum problema.

            Essa fiscalização, que hoje o americano quer que seja feita no Irã, o Bustani conseguiu com o Iraque que fosse feita a fiscalização. O americano não concordou: “Não, tem que ser a ONU e tem que ser os americanos. Essa entidade não pode.”

            Fizeram um dos papéis mais sujos da diplomacia internacional. O atual Embaixador do Brasil em Paris, que tinha sido eleito e reeleito, por unanimidade, presidente da entidade, os americanos, em uma época de recesso, pagaram passagem e estada e reuniram, lá pelas tantas, a entidade e destituíram o presidente brasileiro. Votaram a destituição do presidente brasileiro.

            E aí, mesmo contra o pensamento do Conselho da ONU, o americano invadiu e bombardeou o Iraque.

            O que aconteceu depois? O próprio governo americano reconheceu que tinha sido enganado pela CIA, pelos órgãos de segurança dele e que era mentira, que o Iraque não estava fabricando nenhum tipo de arma nuclear, com perigo de contaminação química; que era mentira e que a invasão, o bombardeio e que matar o Presidente, tudo que está acontecendo até agora teria sido desnecessário; porque o Presidente Bush baseou-se numa informação mentirosa. Ele é quem diz. Ninguém inventou. O governo americano reconheceu que era falsa, que era mentirosa a informação de que havia o fabrico de armas por parte do Iraque.

            Então, meu amigo Obama tem um triste antecedente: o triste antecedente do Iraque. E, cá entre nós, é melhor evitar que isso aconteça no Irã. A não ser que, é claro, o Vice-Presidente da República dos Estados Unidos do governo Bush, que é presidente de uma das maiores empreiteiras de construção do mundo... E é ele, Presidente, a empresa dele, que está reconstruindo o Iraque. O americano bombardeia, de um lado, e o Vice-Presidente vai lá reconstruir, do outro lado. Isso está acontecendo. Muita gente está ganhando dinheiro. Quem controla o petróleo do Iraque, como é vendido, como não é vendido, qual é a fiscalização: o americano é o dono.

            Eu digo que tudo foi desgraça no Iraque, mas para alguns não; muitos estão enriquecendo, e muito, com a desgraça do povo do Iraque.

            Essa gente mentiu, falsificou e disse que estavam fazendo armas químicas no Iraque. E era mentira. Agora obrigaram o Obama, que tinha escrito uma carta de incentivo ao Lula para que o Lula fizesse o entendimento, para voltar atrás e dizer que é contra.

            Olha, meu ilustre jornalista Flávio Tavares, eu sei. O que tem de gente me procurando, falando comigo: “Mas Simon, tu acreditas naquele Presidente do Irã? Aquele é um homem falso, é um homem...” Quando ele diz que não houve holocausto, é uma estupidez. Hoje isso é o mesmo que dizer que não existiu Cristo ou Moisés. São fatos que estão aí. Aliás mais: seis milhões de pessoas foram torturadas e mortas. O mundo inteiro assistiu. Isso é de um ridículo atroz. O que a gente vê é que o Brasil também tem certo interesse na questão. Qual é o interesse que o Brasil tem nessa questão? O Brasil é o único país no mundo que na sua Constituição existe a proibição de fabricar armas atômicas.

            Nenhuma Constituição, nem de um país índio, nem de um país ultra-retrógrado, de nenhum país, tem uma disposição como essa que nós pusemos na nossa Constituição.

            Não há país mais pacifista do que o Brasil. O Presidente brasileiro foi lá, convidou o Presidente da Argentina, e o Presidente da Argentina veio aqui e conheceu tudo referente a energia nuclear, tudo referente a urânio do Brasil, tudo. E, depois, o Brasil foi lá e conheceu o que existiaa Argentina. Isso foi interessante para não “fazerem onda”: “Não, porque a Argentina, porque não sei o quê”. Tudo o que o Brasil faz em termos de enriquecimento de urânio a Argentina acompanha passo a passo, e a recíproca é verdadeira.

            Não passa pela cabeça do Brasil fabricar arma nuclear. Mas hoje, Sr. Presidente, algo muito importante e muito significativo é a energia nuclear usada para fins pacíficos. Eles falam até na energia nuclear geográfica. Então,o exemplo do Brasil... O que vai acontecer um dia - já vai tempo, já devia ter começado - é nós unirmos a bacia amazônica com a bacia do Prata, fazermos uma ligação no meio da América do Sul, norte a sul, de um extremo ao outro. Isso envolve fortuna, envolve remoção de montanha. E aí é que se diz: o que, com a energia nuclear pode ser feito num espaço de tempo dois, usando a maquinaria de hoje é o espaço mil. Então, o Brasil tem interesse no aperfeiçoamento dessa teoria nuclear. Num país continente do tamanho do Brasil, transposição de rios e tanta coisa mais podem ser feitas.

            E os senhores me perguntarão: “E daí? O que o senhor quer dizer com isso?” O que eu quero dizer com isso é que, na medida em que o americano quer proibir o Irã de desenvolver doutrina nuclear de qualquer jeito, o Brasil certamente está envolvido. Uma coisa é proibir a utilização de estudo nuclear para fabricar armas nucleares. Outra coisa é permitir que um país como o Brasil aperfeiçoe a sua tecnologia para seu desenvolvimento, para fins pacíficos.

            E mais: dizem, Mão Santa, que essas grandes nações já pensam, em primeiro lugar, em ter o controle e o comando da política nuclear, da bomba atômica, só eles têm Também vão querer ter logo adiante o controle do uso da política nuclear para fins pacíficos. Há grandes e extraordinárias empresas com enorme tecnologia. O Brasil quer fazer a união da bacia amazônica com a bacia do Prata? Quer. Então,vai pegar uma empresa dessas porque ela tem a tecnologia que nós não podemos ter. Isso o Brasil não aceita. O Brasil acha que ele tem direito a sonhar, a lutar para chegar lá. Essas são as discussões que estão sendo travadas.

            Digo com toda sinceridade: eu acho que nós temos que debater com mais profundidade essa matéria. De um lado, a imprensa brasileira, os grandes colunistas brasileiros e grandes segmentos da política são contra a posição do Itamaraty. Acham que nós estamos nos metendo em briga que não é nossa. Estamos nos metendo em briga de cachorro grande. “O Brasil que fique na sua posição. Pra que vai se meter nisso?”

            Eu não sei... Acho que o Brasil levantou uma grande tese.

            Não é à toa que o Presidente Lula tem essa credibilidade em âmbito internacional. Tem e merece tê-la, independentemente das nossas discussões internas...

            O Sr. Mão Santa (PSC - PI) - Senador Pedro Simon.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - ... independentemente das nossas discussões internas, independentemente dos nossos problemas com relação ao Lula. Essa é outra questão. Essa é outra questão, repito. Acho que merece uma análise profunda essa matéria.

            Pois não, querido Senador.

            O Sr. Mão Santa (PSC - PI) - Senador Pedro Simon, o tema é oportuno, engrandece e é universal. Isso veio à tona depois da Segunda Guerra Mundial, que foi aquela catástrofe. O holocausto varreu, arrasou a Europa, o Japão. Aí surgiu, fortaleceu-se a ONU. Aqueles grandes discursos pós-guerra de Franklin Delano Roosevelt, aqueles de Winston Churchill, derrotado no Senado. É um dos discursos mais belos. E a ONU surgiu para a inspiração dos que vieram. Ninguém pode negar que Nikita Khruschev foi um dos melhores homens do mundo. Então, tudo isso visava ao fortalecimento da antiga Liga das Nações, da ONU, para a paz, porque a guerra foi aterrorizante. Então, a ONU surgiu para isso. A ONU é o palco. E Nikita Khruschev pagou até... No fim, ele foi deposto e esteve, nos seis últimos anos de sua vida, numa prisão domiciliar. Ele sempre dizia que nós temos que desarmar. Se não nos desarmarmos, vem a guerra, e a guerra foi aquilo ali tudo que se viu. A ONU, por inspiração dos homens que fizeram a guerra, era fortalecida para evitar. Pronunciamentos belos como o de V. Exª vimos em Franklin Delano Roosevelt, vimos em Winston Churchill, derrotado. Depois da guerra, ele foi derrotado. Depois a Inglaterra. Mas foi uma página de encaminhar o mundo para a paz, que serviu de inspiração para o americano John Fitzgerald Kennedy dialogar e conviver com Kruschev, Nikita Kruschev. E a base era desarmar. Eu já acredito que, se deixarmos a construção armamentista, ninguém sabe para onde vamos não. Porque, quanto à Síria, o passado dela é bélico. Desde Xerxes, Dario, é confusão muita. Está intrinsecamente a sua história ligada a grandes guerras. Então, eu acho que o esforço do nosso Presidente Luiz Inácio foi... Mas eu acho que todos nós, todo mundo... Não é país nenhum que vai controlar este mundão. Está lá o Oriente Médio, está a Ásia, está... Tem que fortalecer a ONU. E eu acho que o País tinha que pensar em o Brasil entrar, mas o homem indicado seria Pedro Simon, para fortalecer a ONU. Era um grande passo. E eu acho que a repercussão de V. Exª.... Já seria uma grandeza de Luiz Inácio apresentar o nome de V. Exª para sentar na ONU e chamar isso, isso que V. Exª tem. V. Exª não é mais um cidadão ali de Caxias do Sul, do Rio Grande do Sul, do Brasil, não. Essas são as idéias que eu vi no discurso de Winston Churchill. Um dos mais belos discursos dele. E ele fez 8.648. Esse foi o dos mais bonitos dos que li. Após a guerra, ele que foi o vencedor, Papaléo, e não conseguiu ser Primeiro-Ministro, falou de paz. E era a ONU. Então, aquele é estadista. E ele pregava que ela fortalecesse seu organismo. E Kruschev bateu na tecla: a guerra fria. Nós a vivemos. Desarmar. Ele, mais maduro e mais experiente do que Kennedy, arrancou John Fitzgerald Kennedy para a paz, que ainda hoje estamos vivendo. Mas, de uma hora para outra, pode estourar. Então, acho que o caminho não é também aplaudir nem pela história dos persas de Xerxes, de Dario e desse de nome enrolado. (Pausa.) Pronto, Mozarildo sabe o nome, mas não vou aprender. É isso. São pronunciamentos que engrandecem esta Casa. Acho que o Presidente Luiz Inácio deve ter humildade. O Brasil engrandeceu. O Brasil tem sua tradição pacifista constitucional, como V. Exª está dizendo. Então, nós já deveríamos ter lá uma cadeira. Mas o homem ideal cuja candidatura deve ser anunciada, Luiz Inácio, é Pedro Simon, nosso delegado na ONU.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª tem razão. Calma, telespectador! Não é o fim, não.

            V. Exª tem razão quando diz que temos de fortalecer a ONU. E, quanto a isto, V. Exª tem razão: a ONU tem de ser fortalecida. E a ONU tem sido muito desmoralizada. A posição da ONU como ONU tem sido muito esvaziada.

            Aconteceu, por exemplo, no caso do Iraque. O Conselho da ONU disse “não”. Não ligaram para a decisão do Conselho da ONU e bombardearam. Essa é uma posição em relação à qual a ONU deveria tomar uma decisão tranquila e serena. Lula defende a entrada do Brasil no Conselho de Segurança. Com toda a sinceridade, defendo a extinção do Conselho de Segurança. Acho que as votações do mundo deveriam ser pela Assembléia Geral das Nações Unidas. Mas a ONU tem de ser fortalecida, e o que está acontecendo é o contrário. O que está acontecendo é que, de repente, a ONU se abriu.

            Havia, num mundo bipolar, a Rússia e os Estados Unidos. A Rússia, com apoio da China e da Índia; e o americano com o resto. Implodiu-se a União Soviética. A única potência que se fala que é da China é a de armas atômicas. E, cá entre nós, quando vejo o americano Obama e o Presidente da Rússia fazerem um grande acordo, de que cada um vai destruir mil mísseis atômicos, digo: “Que maravilha! Vão destruir mil mísseis atômicos!” Mas, com toda a sinceridade, olho isso com restrição. Para mim, eles vão destruir mil mísseis como mil carros velhos, que não servem mais para nada. A coisa modernizou-se de tal maneira e a tecnologia avançou de tal maneira - desse tamanhinho resolve - que aqueles mísseis, aquela coisa fantástica, estão lá ocupando espaço; e não se resolve nada. Por exemplo, o russo tem três mil mísseis a mais do que os Estados Unidos. Na parte moderna, muda. Quando desapareceu o bipolarismo, houve um momento. E agora o americano está querendo ser dono, e dono exclusivo. Isso não é fácil.

            É verdade que houve a crise nos Estados Unidos, e a coitada da Europa está pagando. Está aí essa crise que vive a Europa e que é bastante dolorosa, dura e difícil. Em meio a essa crise dolorosa, dramática e difícil, nem a França, nem a Alemanha, nem a Inglaterra tiveram a coragem de dizer “não” aos Estados Unidos na hora de reunir o Conselho de Segurança. Todos concordaram, porque tinham de concordar. Nessa hora, se o americano puxar uma pequena linha em prol do euro, que já está balançando, balançando...

            Nesse sentido, acho a posição do Obama importante. Não estou aqui, por exemplo, para bater no Obama, no sentido de que ele estimulou o Lula e agora voltou atrás: Que barbaridade! É um homem falso! Não! Vejo nisso a dificuldade da vida do Obama. Ele está tendo lutas dramáticas e vitórias espetaculares. V. Exª, Senador Mão Santa, que é um grande médico sabe que a vitória da questão da saúde resolve um problema que vem há quase 100 anos. O americano, os Estados Unidos, no mundo, eram um país que tinha a política médica e social mais vergonhosa. Quarenta milhões de americanos viviam à margem, não tinham nada. Não tinham dinheiro para pagar um plano de saúde, e quem não tinha dinheiro para pagar um plano de saúde estava ralado, não tinham o que fazer. Pois ele conseguiu. Conseguiu o que parecia impossível. Tirou dinheiro dos ricos, para criar um plano de saúde para os pobres.

            Agora, ele está fazendo um plano revolucionário. Acho que devíamos - há tanta gente indo aos Estados Unidos, para olhar, para conhecer - conhecer o plano da reforma financeira que ele está fazendo nos Estados Unidos. Pela primeira vez, agora, os bancos estão sendo responsáveis, e o cidadão diz: “Eu tenho no governo um aliado meu para me defender no banco”. Não como é no Brasil. Não é como é no mundo inteiro, em que o Governo está do lado do banco, e o cidadão que usa o banco que se dane. Ele revolucionou com o plano do sistema financeiro. Mas, lá pelas tantas, ele baqueia. E aqui ele baqueou, voltou atrás, foi obrigado a entregar os pontos.

            E trago a minha solidariedade ao Governo brasileiro e meu apelo para que se encontre uma fórmula pela qual o Brasil possa ajudar, e os países possam estar presentes para isso ser levado adiante.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Está aqui o outro pronunciamento, Sr. Presidente. Era pequenino, mas vou deixar para outro dia. Acho que eu estaria abusando demais da paciência de V. Exª.

            O SR. PRESIDENTE (Papaléo Paes. PSDB - AP) - V. Exª tem o tempo à sua disposição.

            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Não, muito obrigado. Mas eu estaria abusando demais da paciência de V. Exª.

            Despeço-me, agradecendo a tolerância de V. Exª.

            Muito obrigado.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/05/2010 - Página 22913