Discurso durante a 81ª Sessão Especial, no Senado Federal

Comemoração do "Dia do Comerciário".

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. EXERCICIO PROFISSIONAL. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. PREVIDENCIA SOCIAL.:
  • Comemoração do "Dia do Comerciário".
Publicação
Publicação no DSF de 25/05/2010 - Página 22894
Assunto
Outros > HOMENAGEM. EXERCICIO PROFISSIONAL. POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. PREVIDENCIA SOCIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, COMERCIARIO, CUMPRIMENTO, REPRESENTANTE, CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NO COMERCIO (CNTC), CENTRAL SINDICAL, CENTRAL UNICA DOS TRABALHADORES (CUT), TRABALHADOR, PRESENÇA, SENADO, ANUNCIO, ENCONTRO, CATEGORIA PROFISSIONAL, REALIZAÇÃO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), PREVISÃO, ORADOR, ABERTURA.
  • JUSTIFICAÇÃO, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, REGULAMENTAÇÃO, ATIVIDADE PROFISSIONAL, COMERCIARIO, FIXAÇÃO, PISO SALARIAL, CONTRIBUIÇÃO, MERCADO INTERNO, CRESCIMENTO ECONOMICO, BRASIL.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, AUMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), CRIAÇÃO, EMPREGO, JUSTIFICAÇÃO, OPINIÃO, ORADOR, CAPACIDADE, TESOURO NACIONAL, PAGAMENTO, REAJUSTE, APOSENTADORIA, EXTINÇÃO, FATOR, NATUREZA PREVIDENCIARIA, MOTIVO, CRESCIMENTO ECONOMICO, CRESCIMENTO, SALARIO MINIMO, ARRECADAÇÃO, RECEITA FEDERAL.
  • REGISTRO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, ISTOE, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), SITUAÇÃO, SUPERAVIT, PREVIDENCIA SOCIAL, ELOGIO, ORADOR, EVOLUÇÃO.
  • REITERAÇÃO, COMPROMISSO, DEFESA, INTERESSE, POPULAÇÃO, REPRESENTAÇÃO, TRABALHADOR, REGISTRO, APRESENTAÇÃO, DIVERSIDADE, PROJETO DE LEI, AUTORIA, ORADOR, ATENDIMENTO, REIVINDICAÇÃO, CIDADÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Já colocaram!

            Olha, à medida que vamos envelhecendo - e eu não tenho problema nenhum de dizer que eu estou envelhecendo, que completei 60 agora, no dia 15 de março -, ficamos mais emotivos. Antes de eu falar, vocês levantaram e bateram palma de pé... Segurem o coração do velho aqui! O coração está batendo bem mais forte com essa homenagem que vocês fizeram aqui. (Palmas.)

            Mas me deixem primeiro dizer para vocês que estou muito feliz no dia de hoje. E é claro que eu vou controlar aqui a tal da emoção, porque, senão, vão dizer: “Poxa, Paim, pare de se emocionar; você faz com que nós nos emocionemos, e não fala no fim!” Mas por que isso? Confesso a vocês - o Senador Mão Santa sabe disso, bem como os outros Senadores que estão aqui - que, cada vez que eu venho à tribuna deste Senado, não importa para mim se há um Senador no plenário ou se há 30 ou 81, porque, cada vez que eu subo aqui, com todo o respeito aos Senadores, eu acabo sempre olhando mais para o horizonte. E sabem quem é que eu vejo? Vejo o povo gaúcho, vejo o povo brasileiro, e é para esse povo que tenho que prestar conta, cada vez que venho à tribuna. (Palmas.) E faço isso com amor, com a alma, com o coração, porque acredito naquilo que vocês fazem, e vocês me mandaram para cá.

            Às vezes, quando chego a um lugar, ouço: “chegou o Senador”. Sabe o que eu gosto de dizer? Chegou um empregado de vocês, porque vocês é que nos mantêm aqui, vocês é que pagam o nosso salário. (Palmas.) Vocês é que têm que dar a direção, e nós temos que responder para vocês, sim. E faço isso com o maior orgulho. Tenho orgulho de estar aqui representando os trabalhadores do campo, da cidade, da área pública, da área privada e de todos, indiscriminadamente.

            Por isso, quando os companheiros me procuraram para esta sessão sobre o congresso dos comerciários e comerciárias (3º Congresso Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços), eu disse que, com muito orgulho, eu pediria esta sessão. E eu perguntava, aqui na Mesa, Mota, e os companheiros me diziam: “Paim, aqui estão representados todos os Estados”. Sei que vocês que vieram de muito, muito longe, para este evento; e, do evento de hoje à noite, ficarão três dias.

            Olha, quero aqui assumir um compromisso, antes mesmo de citar a Mesa. Vou estar lá na abertura, mais o Senador Adelmir Santana e outros Senadores. Seria muito bom fazermos um acordo: no encerramento, na quarta-feira, ao meio-dia, vocês apresentariam lá uma proposta de acordo, e nós assumiríamos o compromisso de votá-la ainda este mês, no máximo em junho, antes do recesso, aqui no Congresso. (Palmas.) Porque sei da habilidade e da competência de vocês. É muito maior do que a nossa. Ficamos aqui naquela história de “não podemos abrir mão da posição original que apresentamos”... Mas vocês, com a sabedoria que foi colocada aqui por todos os que me antecederam, sabem que temos que negociar, porque a vida é assim.

            Vocês sabem, no reajuste dos 100%, meu amigo Guiomar, sabíamos que teríamos de migrar, e fomos para 80%. O Senado aprovou, a Câmara aprovou, o Senado aprovou novamente. E, por amor de Deus, por amor de Deus, eu digo: a diferença foi 0,7 entre aquilo que apresentaram na Mesa e aquilo que acordamos. Estou convencido, meus amigos e minhas amigas, de que não será vetado, e o índice de 7,72% será sancionado pelo Presidente Lula, retroativo a 1º de janeiro. (Palmas.) Não há sentido em não ser. Sabem qual a diferença? São seiscentos milhões. Seiscentos milhões, no orçamento da Seguridade, é menos do que uma gota d’água no oceano. É muito menos. Então, estou muito tranquilo nesse aspecto de que vamos chegar lá.

            Depois eu falo do fator. Quero falar do fator. Mas quero, Presidente Mão Santa, primeiro, dizer que sabia que V. Exª estaria aqui para presidir a sessão. E quero dizer a este Plenário que, no debate do fator previdenciário, eu precisava arrumar um Relator que, como nós dizemos, não dobrasse a espinha, que segurasse a pressão. Daí fui lá atrás do Senador Mão Santa. E disse: “Mão Santa, este aqui é para quem é de fibra, de raça, que não se entrega. É pau-ferro [eu não queria dizer, mas veio do plenário]. Esse é para quem é pau-ferro”. “Qual é o problema, Paim?” “É o tal do fator previdenciário.” “Explique-me bem o que é isso.” Eu expliquei que era uma lei de 1999... “Dê-me aqui.” Foi a todas as Comissões como Relator e trouxe-a para o plenário, pela aprovação do fim do fator previdenciário. Parabéns, Mão Santa! Você foi o Relator. Pouca gente sabe que você foi o Relator. (Palmas.)

            Porque, pessoal, temos posições claras e definidas. Claro que vocês sabem que sou da base do Governo e que fizemos um grande governo, um grande governo em que o PIB já está prevendo, para este ano, 8%; em que geramos 12 milhões de empregos com carteira assinada. Nunca, nunca a economia bombou tanto!

            Olha que, esta semana, houve um empresário lá no Sul, em Canoas - e podem ir lá que está lá a placa colocada -, dizendo: “Arrume-me 500 trabalhadores que eu coloco os 500!” Olhem o que ele pediu: 500 trabalhadores. E eu perguntei: “Têm de ser técnicos?” “Não, não; mande-os, que nós os formamos na própria empresa.” Quinhentos!

            Ora, se isso tudo é verdadeiro, se nós somos hoje uma referência perante o mundo... O Brasil hoje é um dos principais países do mundo. Eu vi - vocês que vieram no avião, muitos aqui vieram de avião, muitos vieram comigo lá do Rio Grande do Sul -, ali na poltrona do avião, uma frasezinha que diz: “Em dez anos, seremos a quinta economia do mundo”. Para mim, nós já somos a quinta economia do mundo! Se já somos ou estamos nos aproximando, significa o quê? Significa o quê? Que estamos arrecadando muito, muito, muito! A maior arrecadação da Receita Federal, nos últimos 20 anos, foi no mês de abril. Então, há dinheiro, sim, para acabar com o famigerado fator e pagar os aposentados e pensionistas! Há dinheiro, sim!

            E vejam, na minha fala, estou elogiando o meu Governo. Eu sou deste Governo. Por isso, acredito muito no diálogo, no entendimento. Sei que o Fórum Sindical dos Trabalhadores, que todas as centrais e confederações vão ter um diálogo com o Executivo para apontar o caminho.

            Acredito que é possível, sim, dizer para os nossos netos, nossos filhos e nossos bisnetos - tomara, um dia, já que eu digo que quero mais é envelhecer... Eu tenho 60 e, um dia, vocês me verão com 70, usando uma bengalinha; com 80, botando uma lente maior nos óculos, porque é assim; com 90, caminhando bem devagar, e poderão me chamar de velho que eu estarei bem feliz, estarei com 90 aninhos, e quero lembrar-me deste mês de maio. Este mês de maio é uma data histórica. Vocês podem crer que é uma data histórica, não só pelo fim do fator, não só pelo reajuste dos aposentados, mas pelo momento que a economia vive. Com certeza, vai ser no mês de maio que nós vamos fechar o acordo para aprovar, nem que seja em junho, mas antes do recesso, o PL nº 115, que regulamenta a profissão dos comerciários! É isso o que nós estamos pensando. (Palmas.)

            Quero cumprimentar o Levi, que é o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio, e dizer que, independentemente dessa história, vocês me conhecem. Eu não sou daqueles que dizem: “Não, porque o sindicalista tal e beltrano, esse é combativo, aquele não é”. Eu queria, na sua figura, pedir uma salva de palmas, Levi, para mais duas pessoas: para o Almeida, que está doente, e para o meu amigo Schulz, que está também doente. (Palmas.)

            Que fique uma grande salva de palmas para os dois e para tantos outros guerreiros que, ao longo da vida, fizeram a sua parte do seu jeito, talvez mais contundente ou menos contundente.

            Eu disse que sou meio rebelde, mas isso acho que é coisa do Zumbi lá, dos quilombolas, que tiveram que se rebelar sempre para conquistar a liberdade, a igualdade e combater a escravidão.

            E há o Décio de Freitas - sou metido e vou contar essa história. O Décio de Freitas já faleceu. Lembro-me lá do Sul, o Guiomar lembra. Era um escritor branco que tinha o maior carinho por nós, pelo nosso trabalho aqui, que me dizia, quando a gente se elegeu Senador - eu tenho o artigo em casa, numa parede -: “Agora vamos mandar o nosso Zumbi para o Senado”. Eu tenho o maior orgulho desse artigo e lá no meio escreve que o nome da esposa do Zumbi era Teresinha Paim, aí é demais. Era Teresinha Paim. (Palmas.) Obra dele.

            Então, talvez essa rebeldia minha, mas com muita convicção, vocês podem saber que tudo o que eu defendo aqui, eu tenho consciência de que está na linha certa. Quando eu falo em Previdência pode sentar comigo quem quiser. Até eu vi hoje, na IstoÉ - interessante -, um dos maiores críticos - em cima do meu trabalho em matéria de Previdência - não vou dizer o nome dele, mas está na Istoé, eu não gosto de dizer o nome dele. Ele sempre diz que a Previdência estava quebrada, falida, deficitária e que o Paim ia terminar de quebrar. Eu vi na IstoÉ, casualmente eu li hoje, pela manhã, o repórter entrevista ele e pergunta: “E a Previdência, está quebrada ou não está?” Ele disse que não, não está. Olha, você avançou, eu não disse o teu nome, você sabe que eu estou falando com você. Quando até você reconhece que não está quebrada mostra que, mais uma vez, os trabalhadores estão com a razão. (Palmas.) Pode escrever no editorial o que você quiser, mas eu li na IstoÉ deste fim de semana, você disse lá que não está quebrada. E eu sempre disse que não está quebrada. Sempre foi superavitária, sempre usaram o dinheiro da Previdência para outros fins, isso é histórico, eu não vou repetir aqui. Vocês sindicalistas, todos sabem disso, mas mostra que, mais uma vez, os trabalhadores estavam com a razão.

            Quero cumprimentar o Ricardo Patah e permita-me, você que é Presidente da União Geral dos Trabalhadores, antes mesmo de pedir palmas para você, eu queria que, antes de eu concluir aqui, déssemos uma salva de palmas não só a você, Patah, pelo trabalho que vem fazendo, mas uma salva de palmas, porque eu sei que neste plenário estão todas as centrais, de uma forma ou de outra representadas. Todas, porque todas têm compromisso com essa causa.

            Eu me permito dizer aqui.

            Quero cumprimentar o Luiz Carlos Mota, aqui representando a Força Sindical. (Palmas.) Quero cumprimentar a Geralda, que aqui representa a CUT, ou os seus representantes, que estão lá na galeria, para que dessem uma salva de palmas. (Palmas.) Quero cumprimentar o Alves pela Nova Central. (Palmas.) O Guiomar, da CTB, sempre na linha de frente com a gente - a CTB está aqui representada, porque ele falou somente como comerciário. (Palmas.) O Vicente, da UGT - além de estar na Mesa com o Patah. (Palmas.) O José Augusto, que representa aqui todas as confederações, que é o fórum sindical dos trabalhadores, e não só como comerciário aqui. (Palmas.)

            Enfim, cumprimento a todos, porque sempre estiveram conosco nos embates, tanto a Conlutas como a CGTB. Também uma salva de palmas para os companheiros. (Palmas.)

            Se eu não citei alguma central sindical, peço a vocês que me lembrem, que eu citarei com muito orgulho. Nós temos tido aqui no Congresso um trabalho, e vocês são testemunhas, de conversar com todas as centrais e confederações, em um caminho de unificar cada vez mais, como aqui foi dito, os interesses dos trabalhadores. Isso porque eles estão acima na minha avaliação. Sinceramente, eu vou dizer aqui - depois, se eu me incomodar aqui azar o meu - que, para mim, os interesses dos trabalhadores, do nosso povo, da nossa gente ultrapassa qualquer vaidade particular dessa ou daquela central, desse ou daquele Deputado, desse ou daquele Senador, e até dos Partidos políticos.

            Vocês estão acima! Os trabalhadores, os aposentados, os discriminados, que são o povo brasileiro, é isso que norteia a nossa atuação.

            Tomara que, cada vez mais, centrais e partidos assumam um compromisso com vocês. É isso que me interessa e mais nada. (Palmas.)

            Quero cumprimentar aqui, depois do Patah, o 1º Secretário da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio José Augusto da Silva Filho, que já falou, é companheiro, estamos sempre juntos. Não é novidade que eu estarei hoje de novo. Uma salva de palmas especial para você. (Palmas.)

            O Valmir, que é da mesma confederação e fez esse belo pronunciamento... Parabéns, Valmir!

            Cumprimento também o Guiomar, que é parceiro lá do meu Rio Grande, de quatro costados. Ele está em todas, na linha de frente. Não tem uma vez em que eu ligo para o Guiomar e o Guiomar diz: “Onde é Paim? Se eu não for, mandarei sicrano e beltrano. Quantos companheiros têm de estar lá?”.

            Ó Guiomar, tu tens sido um parceiro de luta lá no Rio Grande. Quero que nas palmas para você, estejamos dando uma salva de palmas a todos os guerreiros que travam uma batalha conosco de forma permanente.

            Vou dizer para vocês que no dia em que aprovamos o fim do fator e o reajuste integral, eles estavam todos no aeroporto de Porto Alegre. Os companheiros que estão aqui sabem: estavam lá algo em torno de 500 companheiros no aeroporto de Porto Alegre para fazer um agrado, um carinho, aquele carinho que faz bem para a alma, o que eu chamo de acariciar a alma da gente, acariciar o coração da gente.

            Então, uma salva de palmas também a todo esse povo do Rio Grande, que tem feito conosco essa caminhada. (Palmas.)

            E digo a vocês que eu não queria falar muito hoje. Só quero, rapidamente, dizer que essa questão dos comerciários, que é o motivo desta sessão de homenagem - a gente usa como uma sessão de homenagem -, é mais para trazer ao debate os temas que interessam à classe trabalhadora.

            Eu quero dizer também que a profissão de comerciário, como já foi dito, e eu repito, é a mais antiga do mundo. Quem não foi uma vez comerciário? Eu fui. Com oito anos, eu vendia banana, com orgulho. E não digo isso com demérito. Eu estou contando isso aqui porque estou orgulhoso. Eu vendia laranja, banana e frutas na feira livre em Porto Alegre. Eu morava em Caxias. Tinha um tio meu, que tinha uma banca, eu ia lá, ficava na casa do meu tio, e acabava vendendo. Depois, voltei e comecei a vender quadros. Em cada região, eu botava um quadro diferente. Quando eu chegava numa área que me diziam que era só torcida do Grêmio, lá eu botava fotografia do Grêmio. Era bom vendedor. Chegava numa área que era só Inter, lá ia a fotografia do Inter e vendia muito, muito quadro. Vendia muito quadro. Isso com 11 anos eu era vendedor de quadros e ia de casa em casa. Eu me lembro de um, que tinha uma luzinha dentro. Então, conforme a área que eu entendia mais adequada, eu mudava a figura como era a luzinha ali dentro. E vendia muito quadro iluminado. Talvez, esses quadros iluminados é que iluminaram a minha vida.

            Então, eu tenho a dizer a vocês que, graças ao comércio, eu aprendi muito na vida. E hoje estou aqui.

            E, por fim, somente dizer a vocês que muitos desafios nós travamos, aqui, neste Congresso Nacional. Eu estou aqui há 24 anos: quatro mandatos de Deputado Federal e um de Senador. Para o azar daqueles que sempre dizem que tudo que nós apresentamos - porque é nós que apresentamos. Quando eu digo que apresento em torno de 1.300 projetos, eles acham que eu invento projetos. Eu não invento. São vocês que me mandam. Se eu apresento, os culpados são vocês; são vocês que me mandam as ideias.

            O Estatuto do Idoso, sou obrigado a reconhecer, foi de um velhinho, do Rio de Janeiro, ele me mandou uma minuta. Disse: “Paim, te mandei para uns quantos...” Tu encaminhas? Eu encaminhei, é lei há seis anos. É uma bela obra. Claro, que foi aprimorada na Câmara e no Senado. A própria proposta de 40 horas que apresentei junto com o Senador Inácio Arruda, na Câmara, é uma demanda do movimento sindical. A própria contribuição assistencial, que no meu entendimento, a Câmara já devia ter votado, o Senado votou, por unanimidade... (Palmas.) Não sei por que está parada, ainda, lá na Câmara dos Deputados. Não sei por que alguém está obstruindo. Nós aprovamos, aqui, e disseram: olha, isso não aprova. Aprovou. A estabilidade do dirigente fiscal. Que história é essa de querer demitir o dirigente do Conselho Fiscal ou o suplente? (Palmas.) O que é isso? Onde é que nós estamos? Como é que tu vais fazer política se já te ameaçam com a demissão? Aprovamos aqui, a Câmara que faça lá com a sua parte.

            Voltando ao passado, lembro-me da história dos 147%. No tempo em que a inflação estava lá em cima. Ah, esse Paim é demagogo, os 147% vão quebrar o País! Que loucura absoluta!

            Fomos ao Supremo, um projeto que nós fizemos aqui, naquela época, nós aprovamos, e, baseado na relação que nós demos, o Supremo mandou pagar e pagou, e a Previdência não quebrou. Depois foram os 42%, foi a mesma coisa; depois foi a PEC paralela. Lembram-se daquele embate que eu tive aqui com a reforma da Previdência? Eu disse: Só voto se vocês se comprometerem também com a PEC paralela. Disseram que eu tinha enganado e que a PEC paralela não seria aprovada.

            A PEC paralela foi aprovada sim. Demorei um ano peleando, foi aprovada e é lei. E hoje aqueles que duvidaram estão vendo.

            Na questão da Previdência eu não vou repetir o fator. Não vou falar do salário mínimo de US$100,00. O que eu ouvi, meu Deus do céu, vocês não imaginam! “Esse cara é louco. Acha que no Brasil o salário mínimo pode passar de US$100,00.”

            Eu sou teimoso, eu acho que é coisa dos quilombolas de novo. E teima, e teima, e teima, e o salário mínimo foi para 50, para 80, para 90, foi para 100 e hoje é quase US$300,00 e ninguém fala nada. Mostrou que, mais uma vez, os trabalhadores estavam certos. (Palmas.) Quem salvou a economia nessa crise econômica e financeira, a partir da crise imobiliária nos EUA, foi a questão das finanças no Brasil e também o salário mínimo. O salário mínimo injetou na economia, na época da crise, em torno de US$21 bilhões; é claro que isso foi fundamental para o mercado interno.

            O que nós, trabalhadores, dissemos toda a vida? Invistam no mercado interno. Eu me lembro de que eu usava, tempos atrás, uma frase que é de um dos pais do capitalismo, Henry Ford, que dizia: “O empresário inteligente é aquele que paga bem a seus trabalhadores, porque são os trabalhadores consumidores em potencial”. Quanto mais nós recebemos, mais a gente bomba o mercado interno.

            E aí eu olho de novo para os idosos, que estão assistindo, com certeza, a esta sessão, porque eles sabem que tem que falar desse tema. Ora, quando a gente fala em acabar com o fator e dar o reajuste, nós estamos falando num universo de pessoas que ganham - vamos pegar o exagero - até R$3.500,00, na verdade R$3.445,00. Estamos falando desse universo. A ampla maioria fica entre dois e três salários mínimos. Dado o reajuste e acabando o fator, é um povo que vai fazer o quê? Vai gastar. Mas não vai gastar com viagem para o exterior, que nem dá. Vai comprar o remedinho, vai comprar roupa, muitas vezes vai ajudar o neto numa prestaçãozinha de uma coisa e de outra. Então, investir no mercado interno é uma obrigação.

            Por isso eu quero dizer que no Projeto de Lei nº 115 a gente quer fixar um piso decente a nível nacional para os comerciários. Vão querer pagar agora R$600,00? Não chega bem a um salário mínimo, com os descontos. Se aplicar, com os descontos, sobre os R$600,00, não paga o mesmo salário mínimo. Não dá.

            Então, meus amigos, eu concluo dizendo da minha alegria de mais este evento. E gostaria, vocês podem crer, que todos usassem a tribuna. Foi a partir do momento - não é, Senador Mão Santa? - que nós assumimos, eu como Vice do Senado, naquela época, essa possibilidade de todos falarem aqui, desde que não fosse de forma exagerada.

            Só falavam na tribuna, em sessão de honra, os Parlamentares. Felizmente, quebramos esse tabu. De fato, eu não sou daqueles que dizem que a Câmara é a Casa do povo. A Casa do povo tem que ser o Congresso, tanto o Senado como a Câmara têm que ser a Casa do povo. Tudo bem que a gente olhe para o interesse do Estado, que é legítimo, por isso três Senadores. Mas, para mim, acima da figura do Estado estão as pessoas, e as pessoas estão aqui e são vocês e é para vocês que a gente tem que prestar contas todos os dias, se possível. Todos os dias.

            Eu tenho claro o compromisso de cada Senador, mas não posso olhar o mapa do Rio Grande do Sul, ou o mapa da Paraíba, ou o mapa de Brasília ou o mapa do Espírito Santo sem ver lá como estão as pessoas vivendo em cada Estado, como está cada homem, cada mulher, como foi tão falado aqui. Só para lembrar que a maioria é de comerciários - e volto de novo ao fator -, sabem quem mais apanha, quem é mais agredida na história do fator? São as mulheres, elas é que perdem até 50%, o homem perde 30%. Homenagear as mulheres é acabar com o fator. E vocês, mulheres, são as mais prejudicadas com o tal fator.

            Termino, pessoal, dizendo que eu recebo muitas correspondências e não vou ler os e-mails, mas vou dizer uma frase curtinha de um e-mail que eu recebi esta semana, pois todo ele não vou conseguir lembrar, que diz o seguinte: “Olha, Senador, muita gente que adora as borboletas corre atrás das borboletas. Que bom é ver que o senhor não corre atrás das borboletas; o senhor cuida do jardim, molha o jardim, aduba o jardim, e as borboletas vão estar sempre junto do senhor”.

            Eu quero dizer isso a todos vocês e não só para mim. Nós cumprimos essa caminhada, e vocês, que vieram dos seus Estados não para esta sessão somente, mas também para o grande congresso durante três dias, estão fazendo a sua parte e, com certeza, não estão correndo atrás das borboletas. As borboletas vão, no jardim iluminado da vida de cada um de vocês, fazer com que este momento mágico aconteça, e o PL nº 115 vai ser regulamentado.

            Viva os comerciários do Brasil! Essa luta é nossa!

            Um abraço a todos vocês. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/05/2010 - Página 22894