O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Senador Paulo Paim, V. Exª está encerrando e presidindo esta sessão do dia 19 de maio, histórica para o Parlamento, para o Congresso, para a democracia.

            V. Exª foi o agente causador da vitória que a democracia do Brasil conseguiu hoje. E eu quero dar este testemunho, porque V. Exª me convidou, e só isto justifica a minha presença nesta legislatura no Senado: ser o Relator da lei do Paulo Paim que enterrava, de vez, o fator previdenciário, que reduzia os salários dos que trabalharam, dos aposentados que sofriam.

            Foi muita luta. Nós saímos defendendo a lei de Paim em todas as Comissões - Comissão de Assuntos Econômicos, Comissão de Constituição e Justiça, de Assuntos Sociais, de Direitos Humanos - e no plenário, onde conquistamos a unanimidade. Isso para a Câmara Federal. As vigílias, as lutas, que não se restringiram a esta Casa. V. Exª e nós, em várias cidades brasileiras, fizemos debates com os aposentados. E a nossa presença na Câmara Federal, com diálogos, com apelos, com pronunciamentos duros, até que o Presidente Michel Temer deixasse que se votasse. E, hoje, conseguimos essa vitória. Justiça. Nada mais bonito do que justiça.

            Não vou dizer, Paulo Paim, mas um dos maiores filósofos, Montaigne, disse que a justiça é o pão de que mais necessita a humanidade. E V. Exª deu esse pão, hoje, para essa humanidade, para os nossos aposentados, resgatando-os, enterrando, aqui, o ignominioso fator redutor da aposentadoria, como também aquele que nasceu da sua experiência, que é o reajuste salarial das perdas.

            Nunca antes sofreram tanto os trabalhadores e os aposentados.

            Como disse o Padre Antônio Vieira, um bem nunca vem só. Nesse mesmo dia, veio outro bem: aprova-se, aqui, mostrando-se que esta é uma Casa de trabalho... Não vou falar que sempre cheguei e participei de Comissões que funcionam pela manhã, mas, às 14 horas, atendendo a determinação do Presidente Sarney, que me telefonou na segunda-feira, Paulo Paim... Sempre estamos presentes, aqui, às segundas-feiras, abrindo essa sessão, presidindo essa sessão de segunda e participando, ainda, da reunião de Infraestrutura, do Presidente Collor. Então, o Presidente José Sarney me telefonou e perguntou onde eu estava. Eu disse que estava no Piauí, na minha cidade. “Eu quero viajar para os Estados Unidos, mas quero você aqui, presente, representando a minha pessoa e a Mesa Diretora.” Eu disse: “Não, amanhã, comemoraremos o centenário do meu pai”.

            Realmente, participei de uma festa bonita. É o valor da família.

            Paul Paim, a sociedade da minha cidade, Parnaíba, o homenageou, à tarde, visitando o cemitério, com aquelas coisas, cânticos, com banda, com flores e com uma missa na catedral de Nossa Senhora da Graça, em nossa cidade, onde a sociedade fez ação de graças pelos anos que meu pai viveu na cidade de Parnaíba. Ele, maranhense, apaixonou-se pela minha mãe, Jeanete, e viveu lá por 52 anos, sendo exemplo de pai, exemplo de homem e de professor. Foi inspetor federal de ensino secundário e empresário, passando suas empresas ao filho mais velho, Antônio José de Moraes Souza, que hoje preside a Federação das Indústrias do nosso Estado.

            Mas eu quero dizer, então, que o Presidente Sarney, hoje, mostrando a grandeza do Senado... Estou aqui, desde as 14 horas, ou presidindo, ou secretariando esta sessão, e já são 21 horas e 55 minutos... Só saí por instantes para dar uma presença na Câmara Federal. Liderados pelo presidente da Associação de Prefeitos do Piauí, Dr. Francisco Macedo, que reuniu os parlamentares, a bancada do Piauí com os prefeitos piauienses... Fui lá rapidamente, justificando a minha ausência e pedindo que o Dr. Francisco Macedo nos representasse, porque estávamos aqui acompanhando, apoiando, presidindo, secretariando ou fazendo pronunciamento em defesa dos aposentados e em defesa dessa medida que leva ética à política brasileira, que o povo chama de Projeto Ficha Limpa.

            Mas estivemos aqui e queremos dizer que as nossas palavras finais, Senador Paulo Paim, são as seguintes: hoje foi um dia grandioso. Sabemos que o Regimento não permite, mas aplausos houve, cânticos houve, alegria houve, esperança e tudo.

            Sou daqueles que, como V. Exª... Comungamos da mesma coisa: não acredito que o Presidente Luiz Inácio, o nosso Presidente do Brasil, o querido Presidente do Brasil, vá vetar. Pelo contrário, ele vai receber esse projeto que foi sancionado. Eu secretariei o documento, a elaboração, e vi a assinatura do Presidente, que já mandou para a sanção presidencial.

            Não, eu acho que o Presidente Luiz Inácio vai receber como o maior prêmio, ele, a quem Deus permitiu e o povo do Brasil permitiu ser Presidente da nossa República por oito anos.

            Então, é a oportunidade de ele resgatar aquilo que esse fator previdenciário fez. Como V. Exª disse: já tinha feito todas as maldades possíveis, não era mais, não existe em lugar nenhum, é imoral, é indecente. Então, eu acho que, pelo contrário, o Presidente Luiz Inácio vai ficar agradecido a nós, agradecido a V. Exª, que é do Partido dele, que tem uma origem política como a dele: sindicalista.

            Eu quero dizer, então, as minhas palavras finais. Eu represento, aqui, o Partido Social Cristão e lá no Livro de Deus, nas Sagradas Escrituras, tem: “Pedi e dar-se-vos-á”.

            Rio Grande do Sul, orgulho da nossa História, da nossa grandeza política, dos heróis da Revolução Farroupilha, que antecedeu a libertação dos escravos pelos heróis negros. Como se chamavam os heróis?

            O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - Lanceiros Negros.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Os Lanceiros Negros foram os precursores da liberdade dos escravos no Brasil e da própria formação da República, que era o anseio de Bento Gonçalves.

            Então, esses gaúchos de bravura, com quem todos nós vibramos, de quem somos orgulhosos, com os maiores políticos trabalhistas, líderes e Presidentes deste País... Então, eu abro o Livro de Deus, como Líder do Partido, que diz: “Pedi e dar-se-vos-á”.

            O Brasil todo pede que Paim volte como Senador da República. Esse Rio Grande do Sul, que imitou os baianos que deram 32 anos de Senado para Rui Barbosa, deu 32 anos para Pedro Simon. Como não vai dar, agora, a oportunidade de 16 anos para Paulo Paim?

            Então, temos a convicção de que o Rio Grande do Sul jamais decepcionará o Brasil. O Brasil quer! O Brasil exige! Os aposentados agradecidos, os indefesos. E é uma motivação até para que voltemos aqui, tendo a certeza de que teremos a companhia e a luz de Paulo Paim.