Pronunciamento de Mão Santa em 25/05/2010
Fala da Presidência durante a 83ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Celebração do Dia Nacional da Defensoria Pública.
- Autor
- Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
- Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Fala da Presidência
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.
ESTADO DEMOCRATICO.:
- Celebração do Dia Nacional da Defensoria Pública.
- Publicação
- Publicação no DSF de 26/05/2010 - Página 23226
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM. ESTADO DEMOCRATICO.
- Indexação
-
- SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, ESPECIALISTA, ENTIDADE, ABERTURA, SESSÃO, DIA NACIONAL, DEFENSORIA PUBLICA.
- ANALISE, CONCEITO, ESTADO DE DIREITO, DEMOCRACIA, DESEQUILIBRIO, DESIGUALDADE SOCIAL, RISCOS, PRIVILEGIO, ACESSO, JUSTIÇA, IMPORTANCIA, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, GARANTIA, DEFENSORIA PUBLICA, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, DEFENSOR, ASSISTENCIA JURIDICA, DIREITO DE DEFESA, POPULAÇÃO, BAIXA RENDA.
- DEPOIMENTO, EXPERIENCIA, ORADOR, PREFEITO, GOVERNADOR, ESTADO DO PIAUI (PI), VALORIZAÇÃO, JUSTIÇA, DISTRIBUIÇÃO, DEFENSOR, TOTAL, MUNICIPIOS.
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) - A
Drª Claudia Lyra fará a inscrição.
Convido, agora, para compor a Mesa, como primeiro
membro, o Senador Mauro Benevides, a melhor figura
política que já passou por esta Casa. (Palmas.)
E quis Deus eu poder afirmar que votei em V. Exª
para Deputado Estadual, quando estudava Medicina
em Fortaleza. V. Exª conte lá nos seus alfarrábios o
meu voto para Deputado Estadual. Acho que foi um
dos melhores votos que eu dei na minha vida. E tinha
uma música também, depois, para Senador: “Aonde
o Mauro vai...”
A seguir, convidamos para compor a Mesa o primeiro
signatário do requerimento da presente sessão,
Exmo Sr. Antonio Carlos Valadares. (Palmas.) Um homem
casado com o Direito e com a verdade. Ele simboliza o
renascer de Rui Barbosa aqui, amante do Direito
O SR. ANTONIO CARLOS VALADARES (Bloco/
PSB - SE) - Obrigado, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) -
Convidamos agora o Sr. José Rômulo Plácido Sales.
(Palmas.) Ele é Defensor Público-Geral da União e Presidente
do Conselho Superior da Defensoria Pública.
O Vice-Governador do Estado de Sergipe e Defensor
Público Estadual, Exmº Sr. Dr. Belivaldo Chagas.
(Palmas.)
Agora está certo, porque vem uma mulher para
a Mesa. Esse negócio de só homem... Cristo fazia a
mesa dele, o Senadinho dele, e só tinha homem, e deu
no que deu. Então, estou aliviado porque está inscrita
aqui a Presidente do Conselho Nacional de Defensores
Públicos Gerais (Condege), Exmª Srª Tereza Cristina
Almeida Ferreira (Palmas.).
Convidamos o Sr. André Castro Paes, da Associação
Nacional dos Defensores Públicos (Anadep).
(Palmas.)
Parlamentares presentes, encantadoras senhoras,
meus senhores, o advento da Lei, como instrumento
da regulação da convivência entre os homens, figura
certamente entre as grandes conquistas do processo
civilizatório. A existência da Lei é a base do Estado de
Direito e representa a oportunidade para que se faça
justiça na vida em sociedade. Ela veio, portanto, substituir
a barbárie e a imposição da vontade de tiranos ou
déspotas sobre a sociedade, bem como o predomínio
de alguns indivíduos sobre os outros pela força.
A desigualdade é, no entanto, um fenômeno social
quase onipresente. Deve-se a ela uma das graves
doenças que acometeu a democracia grega. Quando
os sofistas passaram a ser remunerados para educar
os filhos dos mais abastados, ensinando-lhes a retórica
e o conhecimento das leis, a balança da justiça
pendeu rapidamente para eles. A sua enorme capacidade
de convencimento passou a levar os juízes da
Ágora a decidirem sempre em seu favor, deixando ao
desabrigo da justiça os menos afortunados.
Como se sabe, o direito à ampla defesa é uma
das condições imprescindíveis à existência da justiça,
sem a qual a Lei não se cumpre, a sua existência
torna-se inócua. Não por outra razão, a Constituição
brasileira o acolhe no inciso LV do seu art. 5º, inserido-
o no capítulo que trata dos Direitos e Garantias
Fundamentais.
Um dos meios inerentes à ampla defesa é, nas
palavras de Vicente Greco Filho, “a defesa técnica
por advogado, cuja função, aliás, agora, é essencial à
Administração da Justiça”. Preocupa-se o jurista com
que não se cometa o mesmo erro dos gregos: o de
deixar ao desamparo aqueles que não sabem, por si,
defender-se.
Ocorre, com freqüência, que os que não sabem
se defender não têm também os recursos materiais necessários
para contratar quem os defenda. Enfrenta-se
aqui, de novo, o problema do desamparo, que a nossa
sociedade procurou sabiamente resolver por meio da
instituição da Defensoria Pública.
É o trabalho altamente meritório, desenvolvido
pela Defensoria Pública, que estamos homenageando
hoje, nesta sessão, a requerimento do eminente
Senador Antonio Carlos Valadares e de outros Srs.
Senadores. Trata-se de homenagem merecida, que
desejo estender a todos os Defensores Públicos do
Brasil por intermédio do Defensor Público-Geral Federal,
Dr. José Rômulo Plácido Sales.
A Defensoria Pública é, no Brasil,uma das mais
novas instituições do mundo do Direito. A mais antiga
das Defensorias Públicas do País, a do Rio de Janeiro,
data de 1954. A grande maioria, no entanto, somente
foi instituída após a Constituição Cidadã de 1988,
que a considera função essencial à Justiça, ao lado
das que são exercidas pelo Ministério Público e pela
Advocacia Pública.
Ainda que jovem, a Defensoria Pública brasileira
vem prestando serviços extraordinários aos menos favorecidos
em todo o País. A título de ilustração, apenas
a Defensoria Pública da União prestou, em 2009, mais
de 808 mil atendimentos, acompanhando mais de 243
mil processos, em defesa de mais de 330 mil cidadãos,
que de outra forma não teriam a defesa técnica por
advogado, essencial à Administração da Justiça.
Assim, ao abrir esta sessão de homenagem, desejo
saudar todos os Defensores Públicos do Brasil.
São eles que, com seu trabalho incansável, prestam
a imprescindível assistência jurídica àqueles que, de
outra forma, não teriam meios de exercitar o seu sagrado
direito de defesa. São esses bravos advogados
que não apenas amparam os mais pobres, mas também
contribuem para elevar a Justiça no Brasil aos
patamares mais altos da conquista civilizatória que
todos buscamos.
Todos nós sabemos que a Justiça é uma inspiração
divina. Todo mundo sabe que Deus chamou o
seu líder predileto e entregou-lhe as leis. Todo mundo
sabe que a Bíblia tem capítulos de juízes. Todo mundo
sabe que o filho de Deus subia às montanhas e
bradava: “Bem-aventurados os que têm fome e sede
de justiça, porque eles serão saciados”. Mais adiante,
atentai bem, Brasil: “Bem-aventurados os que sofrem
perseguição por causa da justiça, porque deles é o
reino dos Céus”.
Quer dizer, a Justiça é divina, mas ela é feita por
homens, muitas vezes falhos, fracos - poucas vezes,
corruptos; mas os temos. E é isso que temos que ter
em mente.
Entendo - eu que sou do Partido Social Cristão
- que não deverá haver nunca mais... Eu votei no
Mauro Benevides, porque ele era candidato lá. Qual
era o partido? Qual era o seu partido naquela época?
Deputado Estadual?
O SR. MAURO BENEVIDES (PMDB - CE) - PSD,
Partido Social Democrático.
O SR. PRESIDENTE (Mão Santa. PSC - PI) -
Partido Social Democrático.
Então, quero crer que nunca mais, na história do
mundo, devemos ter um julgamento como o de Cristo:
sem defesa. Ninguém o defendeu. Nem os amigos, nem
Pedro, nem os apóstolos, ninguém. Ninguém apareceu.
Só as mulheres que ainda... A mulher de Pilatos
disse: “Não faça isso!”, e foi aquele drama. Então, que
nunca mais isso ocorra.
E digo isso porque aqui é o Senado da República.
Nós devemos ser os pais da pátria. É assim que
o mundo civilizado criou isso. O Senado é uma inspiração
também de Deus. Moisés, quando viu que não
conseguia manter a ordem, quebrou a lei, ia desistir
e ouviu a voz de Deus: “Busque os mais velhos, os
mais sábios, os mais experientes e eles irão ajudálo
a carregar o fardo do povo”. Essa é a concepção.
Chegou à Grécia.
Mas aqui tem que ser, e é. Eu fui prefeitinho e
tem que ter bom senso. Eu acredito nos prefeitos. São
os personagens mais importantes do organograma do
mundo democrático, os prefeitos. Está na Bíblia: “muitos
são os chamados e poucos os escolhidos”. Eles
são os escolhidos. Um ou outro... É como quando cai
um avião. O meu negócio é o avião: quando cai, é uma
confusão. Mas a maioria dos prefeitos é de obstinados.
Eles administram seus filhos, sua mães... Todos
moram em uma cidade.
E eu digo aqui e confesso: aprendi aí. Quando
prefeito, eu tinha três da justiça. O melhor, o mais velho
era Paes Landim, tinha sido juiz, era o meu... O meu
que eu digo era da prefeitura, para defender os meus
erros, que são muitos. Outro eu coloquei lá, Reinaldo
Santos, para esse negócio que vocês chamam no comum,
o advogado da porta da prisão, da delegacia.
Que dá confusão, dá mesmo! E outro, vendo isso, o
direito familiar, uma mulher, porque eu sempre acredito
na mulher.
Depois, quando governei o Estado do Piauí, vi
como são importantes, são os mais importantes. E olho,
olho para vocês... Eu entreguei o Estado com o Palácio
da Defensoria Pública do Piauí. Para dar o exemplo.
Um quadro vale... No Piauí, há um Palácio da Defensoria
Pública, um prédio e tudo. Adaptei-os.
Mas, então, aqui está o reconhecimento. Entendo
a Justiça como a de Montaigne, que disse: “É o pão de
que mais a humanidade precisa”. O Aristóteles disse:
“Que a coroa da Justiça esteja mais alta do que a coroa
dos santos, brilhe mais do que a dos reis...” Mas,
no meu entender, ela deveria ser como o sol, igual
para todos. E ela só será uma Justiça igual ao sol se
entendermos o valor das Defensorias Públicas.
Aliás, confesso, agora... Tenho o direito de dar opinião.
Todo mundo não dá sobre futebol? Eu dou sobre
a democracia: simpatizo mais com a Defensoria Pública
do que com o Ministério Público. O Ministério Público
está gostando muito é da mídia, fazer e não sei o quê.
Vocês, eu os vi, eu os conheço, milhares e milhares.
Não deixei, no Piauí, uma cidade sem um defensor. E
como fiz? Sei que é caro, não podia, o ordenado de
vocês lá é igual ao do Ministério Público. Daí o Piauí
avançar, daí o Piauí dar a esta Casa o melhor dos seus
Presidentes, Petrônio Portella; daí o Piauí dar ao Brasil
o melhor dos seus juristas, Evandro Lins e Silva. Então,
é isso, eu fiz e assumo, porque fui criticado, mas estou
aqui representando o Hino do Piauí, que diz:
Piauí, terra querida,
Filha do sol do equador,
Pertencem-te a nossa vida,
Nosso sonho, nosso amor!
[..]
O primeiro que luta é o Piauí
Eu pegava e dava esses DAS que existem aí. Vocês
estão acostumados a ouvir falar em DAS. Só havia
30. O Piauí tinha 145 cidades, eu criei 78, ficaram 223.
“Não pode! Não tem dinheiro.” Mas eu pegava um de
vocês, concursado, apaixonado, devotado, e dava DAS
para a pequena cidade para aqueles advogados, mas
sempre supervisionados por um defensor público concursado.
Então, era Cadena Neto... E eu quero dizer que
foi um avanço. Eu não vi ninguém... Porque a Justiça é
cara. É muito cara, é caríssima! É impossível!
Então, vocês... Não, não tem nenhum, no meu
entender... Daí estar aqui, com muito entusiasmo, manifestando
isso. O resto, o mais é cada um querendo a
valorização de si e não a justiça, porque a justiça que
não chega para todos e não seja igual não é justiça.
Rui Barbosa disse que justiça tardia é injustiça manifesta.
E justiça que não chega a nossos irmãos pobres
não tem sentido Então, continuando a sessão, concedo a palavra
ao Senador Antonio Carlos Valadares, primeiro subscritor
do requerimento.
Convidamos para fazer parte da Mesa o Presidente
da Associação dos Defensores Públicos da União,
Sr. Luciano Borges. (Palmas.)