Discurso durante a 86ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Lembrança do Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. Histórico de tragédias ambientais no Brasil e no mundo e das ações do governo para preveni-las.

Autor
Serys Slhessarenko (PT - Partido dos Trabalhadores/MT)
Nome completo: Serys Marly Slhessarenko
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Lembrança do Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. Histórico de tragédias ambientais no Brasil e no mundo e das ações do governo para preveni-las.
Aparteantes
Mozarildo Cavalcanti.
Publicação
Publicação no DSF de 29/05/2010 - Página 24877
Assunto
Outros > SAUDE. POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • OPORTUNIDADE, DIA NACIONAL, REDUÇÃO, MORTE, MÃE, ANALISE, DADOS, EVOLUÇÃO, BRASIL, IMPORTANCIA, ATENÇÃO, AUTORIDADE, SAUDE, MULHER, ESPECIFICAÇÃO, BAIXA RENDA, REGISTRO, MANUAL, MINISTERIO DA SAUDE (MS), RECOMENDAÇÃO, MELHORIA, ATENDIMENTO, GRAVIDEZ, PARTO, IMPLEMENTAÇÃO, PROGRAMA, PLANEJAMENTO FAMILIAR, AMPLIAÇÃO, MEDICINA PREVENTIVA, SUPERIORIDADE, EXISTENCIA, DESIGUALDADE REGIONAL, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, CONCLAMAÇÃO, COMPROMISSO, PROBLEMA.
  • ELOGIO, MEMBROS, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ASSEMBLEIA LEGISLATIVA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), BUSCA, VIABILIDADE, MELHORIA, SAUDE PUBLICA, VISITA, BANCADA, CONGRESSISTA, COBRANÇA, APROVAÇÃO, MATERIA, REGULAMENTAÇÃO, EMENDA CONSTITUCIONAL, APLICAÇÃO DE RECURSOS, GESTÃO, SETOR.
  • COMENTARIO, VISITA, CENTRO DE SAUDE, BAIRRO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), COMPROVAÇÃO, ESFORÇO, ATENDIMENTO, SAUDE PUBLICA.
  • GRAVIDADE, ACIDENTES, EXPLOSÃO, PETROLEO, PLATAFORMA SUBMARINA, TERRITORIO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), APRESENTAÇÃO, DADOS, POLUIÇÃO, DESTRUIÇÃO, ECOSSISTEMA, FAUNA, FLORA, MAR.
  • APREENSÃO, POLUIÇÃO, ESGOTO, BAIA DE GUANABARA, EXPECTATIVA, IMPLEMENTAÇÃO, PROGRAMA, RECUPERAÇÃO, LOBBY, PROXIMIDADE, OLIMPIADAS, PREVISÃO, AMPLIAÇÃO, COLETA, TRATAMENTO.
  • DEFESA, MELHORIA, ATENÇÃO, ECOSSISTEMA, LITORAL, BRASIL, CUMPRIMENTO, PLANO NACIONAL, PROTEÇÃO, AREA, COMPROMISSO, CONFERENCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO (ECO-92).
  • ANUNCIO, PARTICIPAÇÃO, REUNIÃO, PROGRAMA, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), MEIO AMBIENTE, DEBATE, LEGISLATIVO, RECUPERAÇÃO, ECOSSISTEMA, LITORAL, AREA, PESCA, REGIÃO, CORAL, PRESENÇA, CIENTISTA, ESPECIALISTA.
  • ANUNCIO, VIAGEM, GRUPO, EMPRESARIO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), COORDENAÇÃO, SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE), CONHECIMENTO, TECNICO, CONSTRUÇÃO CIVIL, AUSENCIA, IMPACTO AMBIENTAL, PAIS ESTRANGEIRO, GRÃ-BRETANHA, REDUÇÃO, POLUIÇÃO, PERDA, RECURSOS NATURAIS, ENERGIA.
  • ELOGIO, BUSCA, DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL, REGIÃO CENTRO OESTE, ESPECIFICAÇÃO, PREPARAÇÃO, OBRAS, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, EXPECTATIVA, PIONEIRO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), INICIATIVA, CONCLAMAÇÃO, ALTERAÇÃO, MODELO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, PROTEÇÃO, RECURSOS HIDRICOS.

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            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


           A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Senador Adelmir Santana, Senador Mozarildo, que acaba de sair da tribuna.

           Hoje, preciso falar sobre duas temáticas: uma, sobre a mulher, e a outra, sobre mudanças climáticas. A questão da mulher subdivide-se em dois temas: a violência contra a mulher - que ainda persiste em nosso País e em outros países -e sobre o dia 28 de maio, que é celebrado o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna.

           O Senador Mozarildo Cavalcanti, aqui presente, é médico e sabe da importância dessa temática.

           Hoje, 28 de maio, é celebrado o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, dia em que gestores públicos de saúde devem direcionar ainda mais as suas atenções para ações que busquem a redução de um dos mais graves problemas para a saúde da mulher, em especial das mulheres das classes menos favorecidas economicamente.

           No Brasil, senhores e senhoras, a taxa de mortalidade materna está em 55 mortes a cada 100 mil bebês nascidos vivos. Em quase 30 anos, o Brasil conseguiu reduzir em 63% esse índice, em 1980, era de 149 mortes para cada 100 mil partos.

           Ao compararmos com outros países da América Latina, o Brasil está conseguindo bons resultados.

           Em 2007, o Ministério da Saúde lançou um manual especializado para a redução da mortalidade materna no qual essa redução significativa estaria associada a uma melhoria na qualidade de atendimento pré-natal e do parto, assim como a implementação de programas de planejamento familiar na rede pública de saúde.

           Ainda segundo o Ministério da Saúde, as principais causas de morte materna são as doenças hipertensivas e as síndromes hemorrágicas, o que demonstra a necessidade de ampliação do atendimento preventivo às mulheres pelo sistema público de saúde.

           A redução da mortalidade materna e neonatal no Brasil é ainda um desafio para os serviços de saúde e a sociedade como um todo. Apesar dos resultados positivos nos últimos anos, ainda encontramos altas taxas de mortalidade configurando grave violação dos direitos humanos de mulheres e crianças e um grave problema de saúde pública atingindo desigualmente as regiões brasileiras com maior prevalência entre mulheres e crianças das classes mais pobres.

           Os índices de mortalidade materna nos países em desenvolvimento são alarmantes. Um estudo realizado pela Organização Mundial de Saúde estimou que, em 1990, aproximadamente 585 mil mulheres em todo o mundo morreram vítimas de complicações ligadas ao ciclo gravidez-nascimento. Apenas 5% delas viviam em países desenvolvidos.

           Nas Américas, essa disparidade entre países desenvolvidos e em desenvolvimento fica mais evidente quando vimos que o Canadá e os Estados Unidos apresentam valores inferiores a nove óbitos maternos para 100 mil nascidos.

           Países como a Bolívia, o Peru e o Haiti chegam a mais de 200 óbitos. Em toda a América Latina, cerca de 28 mil mulheres morrem por ano devido a complicações na gravidez, no parto e no puerpério. A grande maioria desses óbitos poderia ser evitada se as condições de saúde locais fossem semelhantes às dos países desenvolvidos.

           O Ministério da Saúde entende que o enfrentamento desse problema deverá contar com o envolvimento de diferentes atores sociais, de forma a garantir que as políticas nacionais sejam de fato executadas e respondam às reais necessidades locais da população. Em vista desta necessidade que foi proposta a adoção do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal.

           No processo de construção desse pacto, a implantação de comitês de combate, de busca de superação da morte materna foi identificado como uma das ações estratégicas importantes. De fato, senhores e senhoras, criar mecanismos que garantam maior qualidade e confiabilidade nos dados sobre a mortalidade materna, a partir do registro dos casos, é fundamental para que Estados e Municípios possam estabelecer políticas mais eficazes de atenção à mulher no planejamento familiar, durante a gravidez, nos casos de aborto, no parto e no puerpério.

           Concedo um aparte ao Senador Mozarildo Cavalcanti.

           O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB - RR) - Senadora Serys, eu quero parabenizá-la por abordar um tema tão importante como esse, no dia que é dedicado ao combate à mortalidade materna. A minha vida toda, antes de ser político, foi justamente como ginecologista e como obstetra. Quando a gente faz um parto - e fiz dos meus três filhos, inclusive, por circunstâncias que o exigiam, porque não tinha oportunidade de ser feito por outro -, realmente é uma tristeza ver a criança morrer ou, mais ainda, a mãe. Não sei, há essa história de valorizar a vida, mas a mãe pode ter outros filhos. E é triste que tenhamos hoje, como citou V. Exª, um índice ainda de 55 por 100 mil, quer dizer, 55 mortes de mães no parto por 100 mil habitantes, quando se colocou o referencial aí dos Estados Unidos e do Canadá, de 9 por 100 mil. Nós temos que imitar é os mais desenvolvidos, não temos que nos contentar porque há países aqui na América Latina que têm índices piores do que o nosso. Eu acho que, em qualquer atividade humana, a gente tem que olhar para copiar o melhor, e não para nos contentar que estamos menos ruins. Eu quero cumprimentar V. Exª como mulher pela constante luta, aliás, que V. Exª tem em vários setores sociais, mas principalmente na defesa da mulher, porque a mulher é aquela história: ela é a mãe, ela é a esposa, ela é a pessoa que realmente garante não só o amor e a paz num lar, mas, sobretudo, é a fonte maior de inspiração para todas as atividades dos homens. Parabéns por seu discurso.

           A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Obrigada, Senador. Enfim, confirmo o que o nosso Senador Mozarildo acaba de dizer. Temos que buscar reduzir mais e mais, e o Ministério da Saúde está buscando isso. Temos que nos espelhar naqueles países desenvolvidos para a redução da mortalidade materna. Devemos nos espelhar mesmo e reduzir cada vez mais essa taxa, viabilizando condições de tratamento para as mulheres, principalmente as mulheres das camadas menos favorecidas da sociedade. Essas é que precisam de atendimento público, e atendimento público de qualidade.

           Eu quero aqui também saudar rapidamente todos os membros, Srs. Deputados Estaduais, o Deputado Sérgio Ricardo, que preside a Comissão na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, a CPI que está tratando de um levantamento e de um retrato da saúde em Mato Grosso, especialmente em Cuiabá; o Deputado Wallace, que é o relator, o Deputado Azambuja, todos os Deputados membros da CPI da Assembleia Legislativa de Mato Grosso.

           As coisas positivas têm que ser colocadas. Eles estiveram conosco, a bancada federal, nesta semana, trazendo um retrato realmente muito importante sobre a questão da saúde, as dificuldades da saúde em Mato Grosso, buscando viabilizar essas condições para resolver e para minimizar o problema em várias áreas da saúde, especificidades, para que realmente a gente consiga fazer com que se dê um salto de qualidade necessário à saúde em Mato Grosso.

           Sabemos que o que precisa mesmo é aprovar a regulamentação da Emenda 29. O Senado já fez a sua tarefa, ela está lá na Câmara. Esperamos que a Câmara faça a sua tarefa logo, aprove a regulamentação da Emenda 29, porque só assim teremos recursos. Como disseram muito bem os Deputados Estaduais do meu Mato Grosso, quando estiveram aqui esta semana, existem dois grandes problemas - e nós sabemos disso há muito tempo - em relação à saúde: a questão da gestão e a questão de recursos. Então, que a Emenda 29 seja aprovada o quanto antes é uma solicitação dos Municípios, dos Deputados Estaduais, de todo o Brasil, que precisa de saúde com qualidade.

           Quero fazer uma saudação especial a todos os trabalhadores e trabalhadoras, aqueles que frequentam a nossa Policlínica do Bairro Planalto, na minha cidade de Cuiabá, Mato Grosso. Ontem eu estive lá fazendo uma visita, vendo que, mesmo dentro das dificuldades, e eu sei que são grandes... Eu sei, Marise, eu sei, Geise - Marise é a coordenadora da Policlínica do Planalto e Geise é a gerente -, eu sei do esforço grande de cada uma e de cada um que lá trabalha, a Larissa... Eu gostaria de citar todos os nomes daquelas mulheres bravas, corajosas, que lá estão enfrentando muitos problemas, às vezes com parcas condições de solução. Mas eu cheguei sem avisar, ninguém sabia, eu adentrei a Policlínica e vi realmente o superesforço de cada um e de cada uma daqueles que trabalham na Policlínica do Planalto da minha Cuiabá, de meu Mato Grosso. É uma Policlínica do Município da nossa capital, com dificuldades, sim, num bairro que realmente precisa do serviço público de saúde. E lá estava tudo muito bem organizado, as pessoas tentando ajudar a resolver os problemas de saúde. Mas eu sei, Marise e Geise, sei do esforço de vocês, mulheres capazes, competentes, determinadas em ajudar a nossa população do Bairro Planalto e do seu entorno. Mas eu sei que é preciso muito mais. As pessoas ali colocaram reivindicações, e a gente está atenta e está esperta para ajudá-los e ajudá-las, especialmente aquelas que estão à frente do comando da nossa Policlínica do Planalto. Mesmo dentro das parcas condições, parabéns, porque eu vi o esforço e a grandeza da vontade, a determinação de todos os trabalhadores e trabalhadoras da nossa Policlínica do Planalto.

           Eu quero aqui, Sr. Presidente, hoje também fazer uma fala sobre um evento que vai acontecer nos próximos dias.

           E vou começar a minha falada dizendo que, desde o dia 20 de abril, quando a plataforma petrolífera Deepwater Horizon explodiu, petróleo vaza sem parar no Golfo do México, na costa dos Estados Unidos. O vazamento jogava, até a semana passada, cerca de oitocentos mil litros de óleo no mar por dia, segundo as estimativas mais conservadoras.

           Apenas dez dias depois da explosão, a mancha de óleo produzida pelo vazamento já havia ocupado uma área de treze mil quilômetros quadrados, equivalente a 34 Baías da Guanabara ou a onze vezes a cidade do Rio de Janeiro.

           Dezesseis dias após o acidente, já haviam vazado 12,8 milhões de litros de óleo, número que serve para compararmos esse acidente com outros semelhantes. O vazamento do Exxon Valdez, ocorrido no Alasca, em 1989, derramou quarenta milhões de litros, ocasionando a morte de 250 mil aves e um prejuízo de US$4,4 bilhões. Outro vazamento, o do petroleiro Amoco Cadiz, na França, em 1978, jogou no mar 260 milhões de litros de óleo, causando a morte de 270 mil aves e de nove mil toneladas de ostras, dentre tantas outras coisas.

           Estamos, portanto, diante de um grave acidente, cujo potencial de destruição sobre os ecossistemas marinhos da região do Golfo do México é imprevisível. O Golfo concentra intensa atividade pesqueira - que já foi proibida por causa do vazamento - e também de turismo, certamente bastante prejudicada. O petróleo já chegou à costa da Louisiana e pode alcançar as praias da Flórida, ameaçando a flora e fauna locais.

           A maior preocupação é com os mangues norte-americanos, um ecossistema importantíssimo que fornece alimentos a peixes, camarões, caranguejos e moluscos. É berçário de inúmeras espécies de quase toda a fauna: peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Estima-se que o óleo vá atingir 40% desse ecossistema, causando enormes danos ambientais.

           Mas não são apenas acidentes como esse que degradam os oceanos e os ecossistemas marinhos. O descaso continuado também destrói, como no caso da Baia de Guanabara, onde o esgoto da cidade do Rio de Janeiro é despejado continuamente há séculos. Atualmente, nelas são jogadas 465 toneladas de esgoto por dia, das quais apenas 33% recebem algum tipo de tratamento.

           Ali, felizmente, a pressão da realização dos Jogos Olímpicos de 2016 deve fazer andar o Programa de Despoluição da Baía da Guanabara, iniciado há cerca de quinze anos, mas que, até hoje, não produziu os resultados esperados. De acordo com o Plano de Gestão de Sustentabilidade do Comitê Organizador Rio 2016, a cidade deverá ser capaz de coletar e tratar 80% do esgoto da sua região metropolitana até o início dos jogos.

           A Baía da Guanabara é, no entanto, apenas um ponto importante nos quase 7.500Km de litoral que tem o nosso País, no qual existem pelo menos dez tipos diferentes de ecossistemas marinhos que precisam de atenção e proteção.

           Felizmente, desde abril de 2006, os ecossistemas marinhos brasileiros passaram a estar mais bem protegidos. Diretrizes e estratégias importantes nesse sentido foram incluídas no Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas, instituído pelo Governo do nosso Presidente Luiz Inácia Lula da Silva, por meio do Decreto nº 5.758, daquele ano.

           O Plano Nacional de Áreas Protegidas tem como meta estabelecer, até 2015, um sistema abrangente de áreas protegidas ecologicamente, tanto terrestres como marinhas. Trata-se de passo importante dado pelo Brasil, cuja implementação adequada nos coloca em sintonia com o mundo no que diz respeito a essa questão.

           Nesse sentido, senhores e senhoras, também é importante lembrar que esse decretou resultou dos compromissos assumidos pelo Brasil ao subscrever a Convenção sobre Diversidade Biológica, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992.

           Proteção a ecossistemas marinhos, aliás, é matéria de interesse global, que transcende as fronteiras nacionais ou as águas territoriais dos países. Por isso, senhores e senhoras, no dia 8 de junho, quando se comemora o Dia Mundial dos Oceanos, estará sendo realizado na Câmara dos Lordes, em Londres, encontro promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e pelo Fundo Global para o Meio Ambiente, com o objetivo de estabelecer uma Estratégia de Recuperação dos Ecossistemas Marinhos.

           Esse evento, do qual terei a honra de participar, por estar convidada, incluirá também reunião da Globe Internacional, com o mesmo objetivo. A Globe International, como sabem V. Exªs, é a Organização Global de Legisladores para um Meio Ambiente Equilibrado, fundada em 1989. Ela reúne legisladores dos países do G8 e do +5 - China, Índia, México, África do Sul e Brasil -, com vistas a facilitar a formulação de estratégias comuns sobre medidas relativas a questões climáticas, à segurança energética, ao uso do solo e a ecossistemas.

           A Estratégia de Recuperação dos Ecossistemas, objeto desse encontro, proporá um conjunto de ações legislativas e de sugestões de ações internacionais destinadas a enfrentar as maiores ameaças ao Planeta.

           A reunião de Londres terá como objetivo central a recuperação das áreas de pesca marinha, por meio de políticas voltadas particularmente aos ecossistemas de recifes de coral e de águas rasas e fechadas. O ponto de partida para essa discussão será um comunicado do Grupo Técnico Consultivo sobre Assuntos Marinhos da Globe, composto por especialistas e cientistas de várias áreas do conhecimento. Além desse comunicado, também serão consideradas contribuições das seções nacionais e regionais da Globe.

           Eis, portanto, Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, o assunto sobre o qual eu queria informar a esta Casa. Espero que, dessa reunião em Londres, possam emergir boas ideias e propostas para a recuperação das áreas de pesca e para a proteção dos ecossistemas marinhos brasileiros e de outras partes do mundo.

           A questão da pesca, assim como a dos ecossistemas marinhos, é extremamente importante para o nosso País, principalmente para a nossa Região Centro-Oeste. Temos de proteger esses celeiros para o bem da humanidade. Não viveremos sem a preservação e a exploração adequada de seus ricos ecossistemas. Buscar os melhores meios para isso é, portanto, tarefa urgente e de puro bom senso, para que possamos deixar essa riqueza como legado real para nossos filhos e netos.

           Para minha surpresa, Sr. Presidente, no mesmo período em que estarei em Londres discutindo, juntamente com o Senador Cícero Lucena, a preservação do meio ambiente, outra delegação do meu Estado de Mato Grosso, composta por vinte empresários liderados pelo Sebrae-MT, estará também na cidade de Londres, conhecendo as experiências inglesas em construções de forma integrada com baixo impacto ambiental. Considero esse aspecto da maior relevância para o Brasil por inteiro. A ideia dessa visita técnica é a de que o setor privado tenha contato com outras formas de se construir, aliando ordenamento urbano, cuidado com a utilização da energia, preocupação com a destinação de resíduos e de água e forma de locomoção dos cidadãos. Isso é importante para o planeta, para o Brasil, para os nossos Estados e para cada um dos nossos Municípios, para cada um - aqui, digo - dos Municípios do meu Mato Grosso, em especial.

           Senhoras e senhores, Londres é referência mundial nas chamadas construções verdes, bem como em padrões sustentáveis de edificações. A preocupação ambiental, Srªs e Srs. Senadores, e as ações sustentáveis lá desenvolvidas atingem todo o ciclo de vida do prédio ou estrutura construtiva: a implantação do próprio projeto, a construção, a operação, a manutenção, a renovação e a desconstrução. Os edifícios verdes são caracterizados pela utilização eficiente de energia e de água, levando em conta a proteção à saúde dos que as utilizam, e de mecanismos tecnológicos inovadores para a redução de desperdício e de poluição, reduzindo, consequentemente, o impacto sobre o meio ambiente.

           A chefe dessa delegação é a Engenheira Suênia Sousa, da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia do Sebrae-MT. É mais uma mulher ascendendo em áreas bastante refratárias à participação feminina. Parabéns, Suênia! Tenho a certeza de que traremos muito conhecimento de Londres para o nosso Brasil e, especialmente, para o meu Mato Grosso.

           Serão visitadas instituições ambientalmente responsáveis e centros de estudos de práticas construtivas tecnológicas: a Vila Olímpica de Londres, a Agência Britânica de Comércio e Investimento, além do conglomerado urbano de melhores práticas em crescimento sustentável, que é o Upton, e dos parques e casas de energias renováveis da Universidade de Nottingham, referências mundiais no setor. Mato Grosso está saindo na frente.

           Um dos pontos altos da programação é a visita ao maior condomínio de uso sustentável do Reino Unido, o Beddington Zero Energy Development, que busca não apenas ser um condomínio ambientalmente sustentável, mas também uma escola de boas práticas ambientais que serão transmitidas aos moradores pelo simples convívio e pelo desenrolar da vida cotidiana que despertará nos indivíduos essa consciência ambiental tão importante para nosso futuro.

           Os empresários mato-grossenses, com o apoio do Sebrae-MT, estão buscando modificar suas práticas e entrar de vez na era da sustentabilidade ambiental. Senhoras e senhores, não adianta só discurso, só falarmos etc. e tal, tem-se de conhecer, porque só quem conhece compreende, e só quem compreende é capaz de levar à transformação. E, nesse sentido, nossos empresários mato-grossenses e o Sebrae-MT estão saindo na frente, estão buscando modificar suas práticas, como eu disse, e entrar de vez na era da sustentabilidade ambiental.

           Essa visita se dá em um momento importantíssimo para Mato Grosso, quando se iniciam os preparativos para recepcionar a Copa do Mundo de 2014. Inúmeras obras serão realizadas, e espero que todas tenham o selo da sustentabilidade na sua construção. Essa visita é um grande passo para a concretização desse nosso desejo. Essa visita e a realização do encontro da Globe, em que estarei presente, demonstram a preocupação que o Brasil está dispensando para a proteção do meio ambiente, de forma integral, direcionando sua atenção para florestas, rios, lagos, oceanos, terras, cidades, enfim, tratando a questão de forma unitária, como um só problema, unindo o poder público e a iniciativa privada em um só objetivo: adotar práticas sustentáveis para o desenvolvimento do nosso País.

           Fico muito feliz com o fato de Mato Grosso ter essa atenção com o problema ambiental e fomentar ações para solucioná-lo. Somente com a união de todos, conseguiremos atingir nosso objetivo de um meio ambiente sadio com pleno desenvolvimento econômico.

           Muito se critica Mato Grosso, senhores e senhoras, pelos problemas lá existentes. São muitos problemas com relação a vários setores, inclusive o ambiental. Não vou falar disso. Agora, proponho-me a falar de políticas afirmativas. Se há problemas a serem corrigidos, que estes sejam corrigidos, que se avance nesse sentido, com toda a força necessária, mas vamos propor políticas afirmativas para a conservação e proteção do meio ambiente.

           O Senador Mozarildo Cavalcanti, há pouco, falava da nossa Amazônia. Isso é algo com que S. Exª e todos nós temos de estar preocupados. Senador Mozarildo Cavalcanti, não tenha dúvida disso. Parabéns pela sua fala, há pouco, sobre a questão da Amazônia! Mas acredito que o Global tem de ser discutido em nível de planeta. Não tenho dúvida disso e, por isso, estou indo rapidamente a Londres, a convite da Globe Internacional, da qual faço parte já há dois anos. O Senador Cícero Lucena estará conosco, e, em agosto, certamente, estaremos na China, juntamente com o Senador Casagrande, com o Deputado Palocci, com o Senador Cícero Lucena e com mais um Deputado - frequentemente, tem sido o Deputado Luciano Pizzatto. Em agosto, estaremos novamente juntos na China, já tratando da questão de forma mais ampla. Essa reunião da Globe em Londres é uma preparatória para a reunião da China.

           Fico muito feliz de ver que meu Estado de Mato Grosso está puxando essa questão da construção com sustentabilidade. Se podemos fazer hoje edifícios e casas com sustentabilidade econômica, como eu já disse aqui, desde o início da construção à sua vivência por inteiro, até a sua desconstrução, por muitos e muitos anos e, às vezes, por séculos, esse é um passo gigantesco para a proteção do meio ambiente. Então, essas questões são importantes, são de fundamental relevância.

           Meu Mato Grosso, por meio desse grupo de empresários, liderados pelo Sebrae-MT, sob a coordenação da Srª Suênia Souza, com certeza, vai trazer grandes conhecimentos para o meu Estado do Mato Grosso, para todos os Municípios mato-grossenses. Nós, que, hoje, talvez, sejamos um dos Estados mais criticados, vamos ser, certamente, de forma muito breve, apontados como grandes, no sentido de trazer significativas contribuições para o desenvolvimento com sustentabilidade.

           Desenvolvimento econômico, sim, para melhorar a qualidade de vida da nossa sociedade, mas que ele venha com sustentabilidade ambiental! Digo sempre que não adianta querermos desenvolvimento econômico com lucro, mais lucro e mais lucro, se esse lucro não vier com sustentabilidade. Se ele não vier com sustentabilidade ambiental, logo, logo, não só a vida da fauna e da flora estarão em risco. Às vezes, muitos não estão preocupados com isso, mas têm de estar, porque dessas vidas dependem nossas vidas também. Ficará, com certeza, comprometida também nossa vida. Ou protegemos o meio ambiente aqui e agora, buscando um desenvolvimento econômico com sustentabilidade ambiental, ou, daqui a pouco, haverá prejuízo para todo o mundo e, principalmente - não nos queiramos enganar! -, para o ser humano. Está escrito, já foi visto e constatado no mundo que o maior predador do meio ambiente somos nós, os seres humanos. Se temos consciência disso, temos de buscar saídas e alternativas.

           Vamos dizer “não” à poluição dos nossos rios, vamos dizer “não” à ideia de que um saco plástico ou uma lata de refrigerante ou de cerveja não fará nenhuma alteração no meio ambiente! Faz sim, e muita. Vamos dizer “não” à ideia de que a derrubada de uma árvore não altera o meio ambiente! Sr. Presidente, Senador Adelmir Santana, tudo isso causa alterações, sim.

           Temos de buscar essa proteção. Aquele grande empresário, seja do agronegócio, seja do mundo do plástico, do mundo da telefonia, de qualquer mundo, de qualquer setor, todos têm de estar juntos na construção de uma sociedade diferenciada. Ou buscamos essa construção, ou nossa vida estará comprometida.

           Com relação ao desmatamento, digo sempre que nenhum homem, que nenhuma mulher vai segurar uma árvore em pé se estiver passando fome, junto com sua família, embaixo dela. Mas, se essa árvore estiver dando-lhe a sobrevivência e a de sua família, o cidadão estará embaixo dela, segurando-a, porque ela lhe trará benefícios.

           Essa consciência tem de ser alcançada. E temos de saber que não temos de acabar com os pobres, como há uns por aí dizendo; temos de acabar com a pobreza, com a pobreza! Temos de melhorar a qualidade de vida de todos, com moradia, com emprego, com saúde, com educação. Realmente, é preciso melhorar a qualidade de vida dos despossuídos desta sociedade. Acabando com a pobreza, com certeza, toda a população brasileira e a do planeta Terra, especialmente a do meu País e a do meu Estado de Mato Grosso, estarão trazendo contribuições extremamente significativas para a proteção do meio ambiente, para realmente conquistarmos a melhoria econômica da nossa população, para fazer com que todos tenham uma qualidade de vida digna. Mas, para isso, precisamos construir esse desenvolvimento econômico com sustentabilidade ambiental. E é isso que estamos buscando, é isso que farei na reunião da Globe Internacional.

           “Ah, mas proteção aos oceanos, proteção às águas, proteção às bacias hidrográficas, isso é tão importante?” É muito importante, é decisivo, é determinante! Sabe Deus se, daqui a pouco, não vamos precisar disso para o nosso futuro! Tenho quatro filhos e cinco netos. Todos nós queremos a melhoria da qualidade de vida de todos aqueles que vivem, hoje, conosco, em nossa sociedade, e há a questão do futuro. Se todos nós queremos isso, não se sabe se, daqui a pouco, a sobrevivência não estará ao encargo dos nossos oceanos, Senador. Quem diz isso? De onde virá a proteína para toda a população do Brasil e do planeta Terra? De onde ela virá? Será possível vir só da terra? Não, ela terá de vir dos mares, dos oceanos, com certeza. Para isso, precisamos cuidar de todos os setores do mundo, protegendo-os, a parte da terra e a parte da água também.

           Eu teria de falar aqui sobre a questão da violência contra a mulher, mas, agradecendo a paciência ao Senador Adelmir Santana, que preside esta sessão, deixarei a outra parte da minha fala para segunda-feira.

           Muito obrigada.


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