O SR. ALFREDO NASCIMENTO (Bloco/PR - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente, Senador Mão Santa, sempre muito generoso nas referências a que me faz; meu caro Senador Jefferson Praia; meu caro Senador Arthur Virgílio; colegas Senadores e Senadoras, eu havia preparado, e está escrito, um discurso para falar do Jefferson Péres, mas, após ouvir o Jefferson Praia, seu substituto competente, que tinha e tem a difícil tarefa de substituir um dos homens mais honrados da política brasileira, um dos maiores exemplos de político que se pode mostrar à Nação... O Jefferson Praia faz essa substituição com muita competência, com muito zelo, com muita correção e, surpreendendo alguns, não a mim, tem tido um desempenho de dar inveja a qualquer Parlamentar do meu Estado.

            Então, quero, de início, parabenizar o Jefferson Praia pelo desempenho que tem aqui como Senador, na difícil tarefa de substituir o Jefferson Péres. Como disse o nosso Presidente da Mesa, Mão Santa, ele está substituindo o Pelé, mas está-se comportando como o Amarildo.

            Eu ouvi atentamente o que se falou do Jefferson Péres e seria repetitivo e enfadonho, se tivesse de falar mais uma vez das suas qualidades, da sua honradez, da sua competência, do seu jeito direto e objetivo de fazer política, porque o Arthur e o Jefferson já falaram muito bem sobre isso, até porque tiveram uma convivência com ele, a convivência partidária, a convivência de sempre estarem ao lado político dele. Nas demandas políticas que nós temos em nosso Estado, eles sempre estiveram ao lado do Jefferson Péres. E eu, por uma vez, quando da eleição do Serafim Corrêa para a Prefeitura de Manaus, estive junto com o Jefferson Péres na briga bonita em que conquistamos, à época, a Prefeitura de Manaus.

            Mas quero dar o testemunho para os meus colegas Senadores e para o Brasil de alguém que não convivia, que não participava da vida desse homem, da vida mais íntima desse homem honrado, que é orgulho para mim e para todos os brasileiros que gostam da política. Quero dar o testemunho de alguém que estava de fora, que observava e acompanhava a trajetória política do Senador Jefferson Péres.

            Senador Mão Santa, o Senador Jefferson Péres era o que se pode chamar de antipolítico tradicional. O Jefferson Péres fazia questão de dizer que tipo de pessoa não queria que votasse nele. Ele fazia questão de dizer que não queria determinados apoios - apoios importantes em termos potenciais, em termos de voto, em termos de política -; fazia questão de dizer que não queria o voto dessas pessoas. Ele fazia pronunciamentos e jamais pedia um voto. Ele fazia, inclusive durante a campanha, pronunciamentos, dizendo que não queria, que não gostaria que determinado tipo de pessoa, com determinado tipo de comportamento, votasse nele.

            Ora, às vezes, nós que fazemos política lá no Estado ficávamos a nos perguntar: como ele se elege com tanto voto, com uma votação dessa, se não tem estrutura, se não tem um cartaz, se não tem um santinho e se diz para as pessoas que não quer que essas pessoas votem nele? Ele escolhia, inclusive, o tipo de eleitor que queria que votasse nele.

            Pode parecer um paradoxo, mas era assim que o Jefferson Péres se comportava, era assim que ganhava as eleições e era assim que tinha e sempre teve belas votações para os cargos a que concorreu. E, certamente, se vivo estivesse, reeleger-se-ia Senador da República, comportando-se do mesmo jeito, da mesma forma, e dizendo que não queria apoio, que não queria estrutura, que não queria cartaz, que não queria o nome dele pintado no muro. E dizia, nos programas e no tempo de televisão a que tinha direito, que tipo de eleitor gostaria que votasse nele. Esse era o Jefferson Péres, esse é o homem de que nós todos que fazemos política com seriedade em nosso País devemos orgulhar-nos.

            Eu reestreio e sou neófito como Senador da República, porque, ao me eleger, com menos de um mês, assumi o Ministério dos Transportes e voltei agora, há pouco mais de um mês. Mas, na semana passada, votamos aqui o Projeto Ficha Limpa e tenho certeza de que o espírito do Senador Jefferson Péres estava aqui, neste Senado, e vibrou junto com todos nós, Senadores da República, ao votarmos esse avanço na democracia brasileira - esse avanço que ele tanto sonhou, por que tanto brigou, que tanto buscou, para que tenhamos um País mais democrático, mais justo, mais equilibrado.

            O Jefferson se foi, e o Arthur registrava, há pouco - o Senador Arthur Neto -, que, da vez passada, um ano da morte, o Plenário contava com mais gente: mais pessoas acorreram à homenagem. Agora, no segundo ano, diminuíram as pessoas, e, assim, por uma cultura talvez irresponsável da nossa parte, daqui a mais algum tempo, o Jefferson Péres estaria esquecido.

            Nós não vamos esquecer o Jefferson Péres, porque ele é um exemplo para todos nós que fazemos política com ética, no nosso País.

            Muito obrigado pela oportunidade.

            Quero agradecer a Deus ter-nos dado um homem da estirpe de Jefferson Péres.

            Muito obrigado, Presidente. (Palmas.)

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