Pronunciamento de Flexa Ribeiro em 26/05/2010
Discurso durante a 84ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Homenagem à memória do Senador Jefferson Péres, pelo segundo ano de seu falecimento, ocorrido em 23 de maio de 2008.
- Autor
- Flexa Ribeiro (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PA)
- Nome completo: Fernando de Souza Flexa Ribeiro
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
HOMENAGEM.:
- Homenagem à memória do Senador Jefferson Péres, pelo segundo ano de seu falecimento, ocorrido em 23 de maio de 2008.
- Publicação
- Publicação no DSF de 27/05/2010 - Página 23486
- Assunto
- Outros > HOMENAGEM.
- Indexação
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- HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE MORTE, JEFFERSON PERES, SENADOR, ESTADO DO AMAZONAS (AM), ELOGIO, VIDA PUBLICA, CONDUTA, COMPROMISSO, ETICA, DIGNIDADE, COMPETENCIA, LUTA, COMBATE, CORRUPÇÃO.
SENADO FEDERAL SF -
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O SR. FLEXA RIBEIRO (PSDB - PA. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, completaram-se, dia 23 de maio último, dois anos da morte de Jefferson Péres. Decorrido esse relativamente breve intervalo de tempo, uma certeza se impõe: é mais fácil, hoje, do que foi àquele momento, constatar a gravidade e o alcance dessa perda.
De fato, naquela ocasião, perdia o Senado Federal um tribuno que não fugia a nenhum debate, mas que, uma vez nele engajado, jamais se distanciava de arraigadas e sólidas convicções que sempre carregou consigo. Jefferson Peres foi, entre nós, o exemplo do amante inveterado da verdade e da justiça - um homem cujo notório senso de ética parecia quase que sobrenaturalmente à prova de falhas.
Perdia também o Estado do Amazonas uma representação difícil de sobrepujar no futuro, seja pelo notável grau de fidelidade com que exercia seu mandato popular, seja pela insuperável coragem com que o fazia. Jefferson Péres foi para com os seus conterrâneos uma prova viva de que a democracia representativa pode ser uma forma de governo muito melhor do que ela é, hoje, concretamente, tivesse sua mesma estatura cívica uma parte maior daqueles que o povo elege para a tarefa de legislar e de governar.
Mas perdia, principalmente, a Nação brasileira, porque - ao fim de sua inesquecível passagem por esta Casa, vitorioso na disputa dos dois únicos mandatos legislativos nacionais que concordou em disputar, coroando carreira pública de inegável brilho - Jefferson Péres projetou-se para além dos limites de sua liderança originalmente regional. Ele morreu, a despeito de orgulhosamente eleito pelo Estado do Amazonas, como um verdadeiro e legítimo representante de todos os Estados do Brasil.
Relembro, com muita saudade, a clareza com que ele analisava, desta mesma tribuna - a da Oposição -, os impasses da política nacional, e o modo sereno e seguro com o qual orientava seus liderados do PDT.
Relembro, mais que qualquer outra passagem sua, um pronunciamento que fez, logo após a reeleição do Presidente Lula. Dizia ele, textualmente, naquela ocasião:
Assomo a esta tribuna para manifestar a minha tristeza pela reeleição do Presidente Lula. Ele não teve meu apoio, não teve meu voto, mas a maioria esmagadora do povo brasileiro preferiu perdoá-lo pelos seus erros e reconduziu-o à Presidência da República.
E manifestava, mais adiante, a preocupação de que o Governo, para efetivamente governar, viesse a aprofundar - impedido de dar continuidade às práticas criminosas associadas ao “mensalão” - o processo de loteamento da Administração Pública a diversos partidos, que assim seduzia para compor sua base de apoio.
Oferecia-se ele, por sua vez, para negociar apoio desinteressado às propostas efetivamente transformadoras que o Governo quisesse levar em frente, para o bem do País, sem por isso nada cobrar. Dizia ele, na mesma ocasião:
se ele quer se entender com a oposição em torno de um acordo realmente sério, estamos abertos (...); somos os interlocutores mais baratos para o Governo: queremos nos entender e não queremos nada em troca.
Trata-se, em tudo e por tudo, de um trecho realmente exemplar daquilo que significou o estilo Jefferson Péres de fazer a política da decência, da resolutividade e da coragem. Nada de agendas ocultas, nada de conchavos, nada de eufemismos; agradava-lhe sobremodo esgrimir com a verdade, apenas: às claras, sem acordos equívocos, cada coisa com seu nome. Nem mais, nem menos.
É esse o estilo do qual, passados dois anos, tanta falta sentimos, neste Plenário. Nesta hora de saudade, em que tenho a certeza de percutir - sem qualquer exceção - o sentimento de perda de todos os meus Pares, Senadoras e Senadores, peço a Deus a força necessária para, sem ele, sem o Senador Jefferson Péres, dar continuidade à sua herança de amor ao Brasil, à democracia brasileira e à dignidade do mandato parlamentar.
Jefferson Péres, a quem me honra um dia haver conhecido como correligionário, aliado e amigo, morará sempre em meu afeto do modo como já hoje mora, em definitivo, na memória desta Nação: como um homem a respeito do qual a história dispensou o uso vão de adjetivos.
Um homem, somente. E basta!
Obrigado a todos pela atenção.
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