Discurso durante a 88ª Sessão de Premiações e Condecorações, no Senado Federal

Entrega do Diploma José Ermírio de Moraes aos agraciados, Senhores José Alencar Gomes da Silva, Jorge Gerdau Johannpeter, João Claudino Fernandes e, em memória, Senhor José Ephim Mindlin.

Autor
João Tenório (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AL)
Nome completo: João Evangelista da Costa Tenório
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA INDUSTRIAL.:
  • Entrega do Diploma José Ermírio de Moraes aos agraciados, Senhores José Alencar Gomes da Silva, Jorge Gerdau Johannpeter, João Claudino Fernandes e, em memória, Senhor José Ephim Mindlin.
Publicação
Publicação no DSF de 02/06/2010 - Página 25239
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA NACIONAL, INDUSTRIA, RECEBIMENTO, PREMIO, INDUSTRIAL, JOSE ALENCAR, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO, INDUSTRIA TEXTIL, EMPRESARIO, REGIÃO NORDESTE, PRODUTOR, AÇO, HOMENAGEM POSTUMA, FUNDADOR, EMPRESA INDUSTRIAL, PEÇAS, AUTOMOVEL, COLECIONADOR, LIVRO, SAUDAÇÃO, AUTORIDADE, PRESENÇA, SENADO.
  • REIVINDICAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, LEGISLATIVO, AUMENTO, ATENÇÃO, SETOR, INDUSTRIA, IMPORTANCIA, CONTRIBUIÇÃO, PRODUÇÃO INDUSTRIAL, MELHORIA, BEM ESTAR SOCIAL, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, PROGRESSO, NATUREZA SOCIAL, CRIAÇÃO, EMPREGO, RENDA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. JOÃO TENÓRIO (PSDB - AL. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Exmº Sr. Presidente desta Casa nobre Senador e amigo Marconi Perillo; Exmº Sr. Vice-Presidente da República, José Alencar; Srªs e Srs. Senadores; Ilmº Sr. Jorge Gerdau Johannpeter; Ilmº Sr. João Claudino; Sr. Rodrigo Mindlin Loeb, que aqui representa o Dr. Mindlin na homenagem que esta Casa lhe presta; Dr. Samuel de Almeida de Lima, que representa aqui o Grupo Votorantim, o Dr. José Ermírio de Moraes; Srs. Deputados aqui presentes; amigos e parentes dos homenageados; minhas senhoras e meus senhores, é com enorme satisfação e honra que o Senado Federal realiza esta sessão especial para celebrar o Dia da Indústria e entregar, pela vez primeira, o Diploma José Ermírio de Moraes.

            Quando apresentei o Projeto de Resolução que criou este Diploma, tive como propósito prestigiar um segmento da sociedade brasileira que nem sempre tem seu mérito reconhecido como deveria, embora seja uma das alavancas fundamentais para o desenvolvimento em qualquer lugar do mundo, principalmente no Brasil. Refiro-me à produção industrial.

            Mais das vezes, o empreendedor, em particular o industrial, não é visto com o reconhecimento devido. Pontos de vista equivocados findam por rotulá-lo como um ser antagônico, em vez de parceiro num processo tão salutar, o desenvolvimento, que, naturalmente, leva à geração de oportunidades econômicas e a inevitável consequência da melhoria do bem-estar social.

            Mesmo aqui no Congresso Nacional, é possível verificar o quão menor, nos grandes temas discutidos em ambas as Casas, é a preocupação com as principais demandas da produção nacional. O desamparo da indústria brasileira se torna patente se comparado à defesa que o Congresso tão intensamente, e nem sempre adequadamente, dedica aos interesses dos Governos Federal, Estadual e Municipal e aos temas de apelo social ou simplesmente eleitorais.

            Todos os segmentos merecem a justa e legítima defesa de seus pleitos, que isso fique bastante claro. Porém, penso eu, também assim deveria ser com o setor produtivo da Nação. Afinal, é indispensável para atender todas essas demandas sociais que se avolumam, o aumento simultâneo da produção e sua consequente geração de emprego e renda.

            Como dizia o velho falecido economista Milton Friedman: “Não existe almoço de graça”. Para combater essa visão deturpada, arcaica e maniqueísta, esse Diploma se propõe a ser uma ferramenta de reconhecimento aos méritos do empresariado brasileiro, àqueles cujo esforço tem sido determinante para pagar o almoço.

            Nesse empenho de conscientização, nada melhor do que lembrar um dos maiores industriais que este País já teve, ex-membro desta Casa, um brasileiro com as virtudes de José Ermírio de Moraes. Ele é o patrono deste Diploma que, a partir de hoje, será entregue anualmente por este Senado a empresários que venham a sintetizar de maneira mais evidente os ideais de desenvolvimento econômico e progresso social que tanto almejamos. Causa-me ainda satisfação termos conseguido, nesta primeira edição de entrega do Diploma José Ermírio de Moraes, reunir nomes tão expressivos e com tantas realizações em prol do Brasil.

            Muito orgulha o Senado tê-lo aqui, Sr. Vice-Presidente da República José Alencar. V. Exª, que nesta Casa honrou o mandato de Senador pelo Estado de Minas Gerais, é um gigantesco exemplo de lutador e empreendedor, um self made man que praticamente do nada ergueu um grupo industrial do porte e da importância da Coteminas, com quinze fábricas no Brasil, cinco nos Estados Unidos, uma na Argentina e uma no México, contando, para tamanha façanha, com mais de 15 mil colaboradores.

            Permita-me elogiar sua capacidade de luta em todos os campos, defendendo sua convicção ao ponto de, como Vice-Presidente da República, ter-se mantido um crítico ferrenho das elevadas taxas de juros praticadas no País. E não posso deixar de louvar sua heroica e emocionante batalha pela vida, que faz de V. Exª um exemplo notável da força de vontade e da coragem do ser humano em vencer adversidades. Meus parabéns!

            O senhor, empresário João Claudino, nos manda, desde o Piauí, outra lição de vida e realização. Obstinado e criativo, V. Sª soube construir um conglomerado de projeção internacional, vencendo todas as dificuldades e condições adversas que afligem a nós, brasileiros nordestinos. O senhor conseguiu provocar e multiplicar a felicidade do seu povo por meio da alegria do emprego gerado, pela euforia das novas oportunidades de negócio e pelo orgulho da inserção social de milhares de famílias, ação que toma ainda maior vulto por ser realizada numa região mais sofrida e desatendida pelo Poder Público brasileiro. Meu caro conterrâneo nordestino João Claudino, o Brasil lhe é grato por sua aula de como transformar a adversidade em prosperidade.

           Ilustre Sr. Jorge Gerdau Johannpeter, suas iniciativas exportaram ainda mais o nome do Brasil. A excelência industrial brasileira deve boa parte do reconhecimento conquistado além das fronteiras nacionais aos seus empreendimentos, que tornaram o Grupo Gerdau um dos mais importantes produtores de aço do mundo. Como empresário de visão ampla, o senhor tem absoluta convicção de que a melhoria das empresas não pode andar dissociada do aprimoramento do Estado. Daí surgiu a Ação Empresarial Brasileira, entidade que, sob seu comando e entusiasmo, tem auxiliado Estados, Municípios e até o Governo Federal, na busca das mais eficientes estratégias de gestão. Graças aos organismos apoiados pela Ação Empresarial Brasileira em vários pontos deste País, a máquina pública está reduzindo suas ferrugens, eliminando vícios e absorvendo lições do que há de melhor e mais avançado em termos de eficiência da gestão privada.

            Permitam-me os senhores homenageados e os senhores presentes, porque eu não poderia deixar de fazer referência ao apoio que a Ação Empresarial Brasileira, comandada pelo Dr. Gerdau, deu a meu pequeno e pobre Estado de Alagoas, que perdeu duas décadas - essa é a grande verdade - e, recentemente, quando o novo Governo assumiu, o Dr. Gerdau foi o primeiro a chegar e, percebendo as dificuldades e a potencialidade que poderia ser aplicada em nosso Estado, se dispôs a ajudar de maneira intensa e presente. Isso fez com que o Estado melhorasse significativamente. Não é nada ainda exemplar, mas conseguimos equalizar as contas públicas do Estado e melhorar os índices econômicos e sociais. V. Sª, Dr. Gerdau, teve uma participação absolutamente importante. Então, como alagoano, agradeço-lhe sinceramente nesta oportunidade.

            Finalmente, a nossa homenagem in memoriam: José Mindlin, um homem que orgulha todos os brasileiros como exemplo de sensibilidade cultural e competência empresarial. José Mindlin foi um pioneiro da moderna indústria brasileira. À frente da sua Metal Leve, provou que o Brasil tem condições de se ombrear, em avanço tecnológico e em escala de produção, ao que há de melhor na indústria internacional. A sua atuação como empresário merece mais estudos por parte dos pesquisadores, e dela muitas lições ainda precisam ser aprendidas, especialmente nestes tempos de dura concorrência globalizada.

            Mindlin também foi um titã na valorização e na democratização de uma das fontes primordiais do saber: os livros. A sua vivência como garimpeiro do conhecimento, em toda uma vida dedicada à localização e à preservação de livros culturalmente valiosos e historicamente significativos, merece tributos eternos do povo brasileiro. A Biblioteca José e Guita Mindlin, hoje patrimônio público resguardado pela Universidade de São Paulo, é uma prova da cidadania refinada e generosa.

            O Senado Federal deve-se orgulhar desta justa homenagem prestada, neste momento, a brasileiros que tantos serviços prestaram e ainda prestam à Nação. Homenageamos aqui e agora cidadãos que enfrentam e vencem obstáculos que conhecemos bem, como os problemas da logística e os gargalos absurdos da nossa infraestrutura, a burocracia sem fim, os custos da regulamentação, o perverso mix da carga tributária abusiva com as elevadas taxas de juros. As empresas brasileiras têm de vencer não apenas um dos dois fatores - que por si só já seriam degradantes para a atividade produtiva -, mas vencer (e conviver) com o mix desses dois fatores que tanto atrapalham nossa produção. Além disso, há os encargos sociais e trabalhistas sem conta.

            Derrubar um a um esses obstáculos é um compromisso que precisamos assumir juntos, no dia em que homenageamos não apenas esses quatro empresários que hoje recebem o Diploma José Ermírio de Moraes, mas, em verdade, estamos homenageando toda a indústria brasileira.

            Equilibrar a agenda do Congresso, Sr. Presidente, Srs Senadores: de um lado, mantendo a preocupação com a coisa pública e com os temas sociais; de outro, revendo o tamanho do Estado brasileiro, criando marcos regulatórios que demarquem, de maneira mais rígida, seu gasto e, aí sim, ao diminuir seu apetite, viabilizando uma reforma fiscal eficiente que não se reserve apenas discutir a melhor distribuição da arrecadação entre os entes federativos, mas também lembrar-se do provedor, tornando mais fácil e suportável o produzir.

            É uma agenda eficaz pela qual devemos nos dedicar e com a qual precisamos comprometer-nos. É o que a indústria espera de nós.

            Muito obrigado. Parabéns aos senhores! (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/06/2010 - Página 25239