Discurso durante a 88ª Sessão de Premiações e Condecorações, no Senado Federal

Entrega do Diploma José Ermírio de Moraes aos agraciados, Senhores José Alencar Gomes da Silva, Jorge Gerdau Johannpeter, João Claudino Fernandes e, em memória, Senhor José Ephim Mindlin.

Autor
Marco Maciel (DEM - Democratas/PE)
Nome completo: Marco Antônio de Oliveira Maciel
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Entrega do Diploma José Ermírio de Moraes aos agraciados, Senhores José Alencar Gomes da Silva, Jorge Gerdau Johannpeter, João Claudino Fernandes e, em memória, Senhor José Ephim Mindlin.
Publicação
Publicação no DSF de 02/06/2010 - Página 25252
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, PRESENÇA, AUTORIDADE, SESSÃO ESPECIAL, ENTREGA, DIPLOMA, EMPRESARIO, CONTRIBUIÇÃO, DESENVOLVIMENTO, BRASIL, HOMENAGEM, INDUSTRIAL, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, COLECIONADOR, LIVRO, OBRA RARA, REGISTRO, BIOGRAFIA, INICIO, ATIVIDADE INDUSTRIAL, AMPLIAÇÃO, ATUAÇÃO, HOMENAGEM POSTUMA, JOSE ERMIRIO DE MORAES, EX SENADOR, ESTADO DE PERNAMBUCO (PE), COMENTARIO, VIDA PUBLICA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MARCO MACIEL (DEM - PE. Pela Liderança do DEM. Com revisão do orador.) - Exmº Sr. Presidente da sessão e autor do requerimento para que ela se realizasse, Senador João Tenório; Exmº Sr. Vice-Presidente da República, que tanto apreciamos e que também foi Senador da República, Sr. José Alencar; Senador Heráclito Fortes, 1º Secretário da Mesa do Senado Federal; Senhores Senadores e Senhoras Senadoras; Senhores Deputados e Senhoras Deputadas; senhoras e senhores, eu gostaria de aproveitar para saudar representantes de instituições que aqui se encontram, como o Secretário da OAB; o Diretor Corporativo de Relações Institucionais da Votorantim, Sr. Samuel de Almeida Lima; o Presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Alagoas, Pedro Rogério de Melo Nogueira; o Vice-Presidente da Confederação Nacional de Transportes (CNT), Nilton Gibson; e de modo especial, os familiares dos homenageados nesta sessão.

            Sr. Presidente, estamos reunidos aqui hoje, como já se disse à saciedade, para homenagear com o Diploma José Ermírio de Moraes empresas ou empresários que se tenham destacado na promoção do desenvolvimento econômico do País, seja por meio de ações empresariais, que resultam na geração de emprego e renda, seja por iniciativas relativas à responsabilidade social, ambiental ou cultural.

            Devemos a instituição do Diploma José Ermírio de Moraes à lúcida iniciativa do eminente Senador João Tenório, acolhida por esta Casa ainda em 2008. A entrega do Diploma foi associada à celebração do Dia Nacional da Indústria, comemorado desde 1958, no dia 25 de maio, data do falecimento do grande empresário brasileiro Roberto Simonsen.

            Trata-se de um novo momento do encontro entre dois grandes empresários brasileiros que, em vida, foram parceiros em muitos empreendimentos. Entre outras iniciativas, mencionaria que eles realizaram juntos empreendimentos extremamente importantes.

            Em 1928, o Centro das Indústrias de São Paulo, transformado, em 1931, na Federação das Indústrias de São Paulo, constituiu-se numa das mais importantes entidades de classe do País, além de um grande fórum de debates dos problemas brasileiros.

            Antes de falar dos nossos homenageados desta sessão, gostaria de dizer algumas palavras sobre o grande empresário pernambucano José Ermírio de Moraes. Oriundo de família de casa grande e engenho de açúcar, José Ermírio estudou no Colégio Alemão, no Recife, e depois na Universidade de Baylor, nos Estados Unidos.

            Ao voltar para o Brasil, trabalhou em Minas Gerais e em Pernambuco, principalmente na Usina Aliança, de propriedade da família. Depois, conheceu, na Suíça, o empresário Antônio Pereira Ignacio - com cuja filha, D. Helena, ele se casaria mais tarde -, que o convidou para trabalhar na nascente Votorantim. Começava ali a história do Grupo Votorantim, que o talento de José Ermírio de Moraes ajudou a transformar num império empresarial.

            O Grupo Votorantim, hoje dirigido por seu filho, o não menos talentoso empresário Antônio Ermírio de Moraes, é um conglomerado que reúne empresas de vários segmentos e está presente em vinte países. Com mais de 60 mil funcionários, atua nas áreas de cimento, mineração e metalurgia (alumínio, zinco e níquel), siderurgia, celulose e papel, sem contar outras atividades, como a de suco concentrado de laranja e a de autogeração de energia. No mercado financeiro, atua por intermédio da Votorantim Finanças e, em busca de novos negócios, investe em empresas e projetos de biotecnologia, tecnologia da informação e especialidades químicas.

            O Grupo é o retrato fiel do legado de José Ermírio, tanto no que diz respeito à realização empresarial, quanto no que tange ao caráter e à competência de seus herdeiros - Antônio Ermírio à frente nos dias atuais. Mas José Ermírio não ficou apenas na iniciativa privada, havendo sido eleito Senador da República, por Pernambuco - Estado que tenho aqui a honra de representar -, em 1963. Na vida pública, foi também Presidente da Companhia Paulista de Estradas de Ferro e Ministro da Agricultura, por um breve período, no Governo João Goulart.

            A história do empresário e político José Ermírio de Moraes constitui matéria para um discurso que duraria uma sessão inteira desta Casa, tamanha a riqueza de sua biografia. Mas os homenageados de hoje são outros, começando por José Mindlin, a quem se está, excepcionalmente, prestando uma homenagem póstuma.

            Curiosamente, José Mindlin tornou-se conhecido não só pela sua atividade empresarial, mas também pelo seu acendrado amor pelos livros, que acabou por torná-lo uma verdadeira lenda no Brasil e até no exterior. Contudo, o empresário foi um homem de interesses variados e um empreendedor de grande valor.

            Fundou a Metal Leve, como todos sabemos, na década de 1950, empresa que se tornou referência no setor de autopeças no Brasil. Justamente por isso, passou a se interessar pelo problema do desenvolvimento científico e tecnológico nacional, algo que é fundamental para que possamos aumentar a nossa extroversão no exterior. Teve atuação destacada nesse campo, em que atuou como Conselheiro da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo e do CNPq, além de haver sido Secretário de Cultura, Ciência e Tecnologia do Estado do Estado de São Paulo.

            Para se ter uma ideia da multiplicidade de interesses e de atividades desenvolvidas por José Mindlin, basta dizer que foi também Conselheiro do Iphan, da Sociedade de Cultura Artística de São Paulo, da Embrapa, do Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, de vários museus brasileiros e do Conselho Consultivo Internacional da Fiat. Essas foram apenas algumas das inúmeras atividades importantes que José Mindlin exerceu, sempre de forma apaixonada e com dedicação, inclusive no campo cultural.

            Particularmente nesse campo, tive a satisfação de poder sufragar o nome de José Mindlin para a Academia Brasileira de Letras, num justo reconhecimento ao empresário que, desde cedo, foi um amante dos livros e reuniu a maior coleção particular do Brasil. Ainda em sua trajetória de mecenas da nossa cultura, ele e D. Guita, doaram todo o valioso acervo que amealharam ao longo dos anos para a Universidade de São Paulo, de forma a permitir que gerações de brasileiros possam ter acesso a esse notável acervo bibliográfico.

            Outro dos homenageados de hoje é o Vice-Presidente José Alencar, também um grande exemplo de empreendedorismo nacional. Desde a sua pequena loja “A Queimadeira”, em Caratinga, Minas Gerais, fundada quando ele ainda tinha apenas 18 anos de idade, até a construção da Coteminas, um dos maiores grupos têxteis do Brasil, há um longo caminho de trabalho e de sucesso.

            A trajetória de vida do Vice-Presidente José Alencar é conhecida, mas inclui, como se sabe, além da política, outra de suas paixões, campo em que tem dado importante contribuição à vida nacional, desde 1998, quando se elegeu Senador e desempenhou, nesta Casa, papel sempre destacado e merecedor dos mais reconhecidos elogios.

            Anote-se, também, o grande exemplo que José Alencar vem dando ao País de forma impressionante com que tem enfrentado a doença que o acometeu. Sempre de bom humor e sem qualquer receio de falar publicamente do problema de saúde, o Vice-Presidente demonstra uma atitude de luta extraordinária, diante da adversidade, que não apenas comove, mas serve de exemplo a todos os brasileiros. Trata-se de um gigante, se assim posso dizer, um pró-homem da República, a quem a homenagem de hoje faz a mais merecida justiça.

            Temos, eu e Ana Maria, minha esposa, uma amizade e um especial carinho pelo casal José Alencar e D. Mariza, que perpassa os anos.

            Desejo, também, aproveitar o ensejo para homenagear a figura do empresário Jorge Gerdau Johannpeter, que também recebe esta homenagem, e que trabalhava na fábrica da família já aos 14 anos de idade, ora na linha de produção, operando máquinas de fabricar pregos, ora no escritório, aprendendo a tirar notas fiscais, enquanto estudava Contabilidade à noite.

            Foi ele que, com o seu talento empresarial, ajudou o pai a expandir a empresa da família, adquirindo, primeiro, a Fábrica de Arames São Judas, em São Paulo, na década de 1960, e depois a Siderúrgica Açonorte, em Pernambuco, a que fez referência o Senador Heráclito Fortes. Começava aí a construção do Grupo Gerdau, líder no segmento de aços longos nas Américas e um dos maiores fornecedores de aços longos especiais do mundo.

            Espírito movido pela competência e ação, Jorge Gerdau nunca se contentou em apenas dirigir suas empresas. Entre suas muitas atividades, já ocupou a Presidência do Conselho do Prêmio de Qualidade do Governo Federal; foi membro dos Conselhos de Administração da Açominas e da Petrobras, e membro de um conselho diretor de um instituto que tem sede no exterior. E em todas essas funções, emprestou sempre seu brilho e seu talento à indústria e ao País.

            Quero, agora, trazer a palavra relativa a outro empresário. Refiro-me agora a João Claudino Fernandes, pai do nosso colega Senador João Vicente Claudino. João Claudino Fernandes é um típico self-made man, desses que aprendem, enfrentando as dificuldades da vida, a construir um caminho de sucesso.

            Tudo começou com o conhecido Armazém Paraíba, nascido em Bacabal, no Maranhão, nos anos 1950. Foram anos de muito trabalho até chegar ao Grupo Claudino nos dias de hoje, o maior do Piauí, que opera em inúmeros segmentos empresariais, como o de lojas de departamentos (o Armazém Paraíba), fábricas de bicicletas, de eletroportáteis e de carrocerias para caminhões, frigoríficos, confecções, shopping centers, transportes, gráfica e editora, construção civil, cartões de crédito e marketing e publicidade.

            Tal variedade de operações foi determinada pela notável intuição do empresário João Claudino, capaz de enxergar oportunidades de negócios nas necessidades existentes da população da Região Nordeste e de realizar os investimentos necessários para atendê-las. Foi assim, com intuição, talento e coragem para investir, que João Claudino constituiu um grupo empresarial de enorme destaque no País.

            Como se vê, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, são homens diferentes, de origens diferentes, com histórias diferentes, mas com um desejo comum: o de construir. Em todos eles sempre esteve presente a chama do empreendedorismo, a inquietude capaz de produzir riqueza para si, para os que os acompanham e para o País. É disso que precisamos sempre, cada vez mais.

            É por isso que me congratulo novamente com o Senador João Tenório pela feliz iniciativa de homenagear esses homens tão especiais, tão merecedores, quer na administração, quer na iniciativa privada, de toda a admiração da Nação brasileira. É por isso que devemos, sim, prestar-lhes o reconhecimento devido pelo exemplo que deixam como legado a todos os brasileiros.

            Concluo minhas palavras, lembrando o que disse o notável economista Joseph Schumpeter, que, penso, enquadra-se perfeitamente no que diz respeito aos homenageados de hoje: o empresário, disse certa feita Schumpeter, é um homem que tem os olhos da fé. Muito obrigado. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/06/2010 - Página 25252