Discurso durante a 88ª Sessão de Premiações e Condecorações, no Senado Federal

Entrega do Diploma José Ermírio de Moraes aos agraciados, Senhores José Alencar Gomes da Silva, Jorge Gerdau Johannpeter, João Claudino Fernandes e, em memória, Senhor José Ephim Mindlin.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. POLITICA INDUSTRIAL.:
  • Entrega do Diploma José Ermírio de Moraes aos agraciados, Senhores José Alencar Gomes da Silva, Jorge Gerdau Johannpeter, João Claudino Fernandes e, em memória, Senhor José Ephim Mindlin.
Publicação
Publicação no DSF de 02/06/2010 - Página 25259
Assunto
Outros > HOMENAGEM. POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • HOMENAGEM, EMPRESARIO, RECEBIMENTO, DIPLOMA, SENADO, RECONHECIMENTO, CONTRIBUIÇÃO, ECONOMIA NACIONAL, PROGRESSO, BRASIL, HOMENAGEM POSTUMA, JOSE ERMIRIO DE MORAES, EX SENADOR, PATRONO, PREMIO.
  • ELOGIO, EMPRESARIO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), EMPENHO, DEFESA, DEMOCRACIA, PERIODO, REGIME MILITAR, INCENTIVO, DESENVOLVIMENTO, AMBITO ESTADUAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é um atrevimento falar a esta altura - o Dr. Jorge, que já devia ter o seu jatinho particular há muito tempo, ainda está dependendo da carreira do avião, e o nosso Vice-Presidente deve estar fugindo da sua dieta, já devia ter almoçado há muito tempo. Mas é importante, Dr. Jorge, para o senhor ver que é preciso fazer uma reforma política neste País. V. Exª está saindo agora, porque está no Senado. Se estivesse na Câmara, era o dobro de discurso, lá tem o dobro de partido que aqui.

            Nós temos que fazer a reforma política, porque, se tivesse uma reforma política, nós teríamos quatro oradores representando quatro partidos. Como nós temos 12 aqui, nós temos 12 oradores. Lá na Câmara são 27, seriam 27 discursos.

            Mas eu falo com muita rapidez. Primeiro, porque também, como disse o Sérgio, eu não podia chegar ao Rio Grande e dizer que não falei numa homenagem ao Dr. Jorge Johannpeter. Iam dizer: como que não falou?!

            Mas eu estava lá...

             - Mas como que não falou?!

            Então eu tinha que falar. Em primeiro lugar, dizer ao senhor, Sr. Jorge, que o senhor é um grande homem. Eu faço questão de salientar que tudo que podia dizer de V. Exª já foi dito, mas eu faço questão de salientar as horas duras e as horas amargas que este País viveu: a hora do regime militar, a hora que o empresariado praticamente estava todo de um lado, o lado que se imaginava que era a saída e que não havia outra saída. Dr. Jorge acreditava noutra saída. Acreditava na saída democrática, não da radicalização, não da luta armada, mas acreditava que, pela democracia, pacificamente, a gente chegava lá, a gente chegava lá.

            Eu agora posso dizer - não sei se estão gravando - lá na casa do Jorge, ia o Brossard, ia eu, conversar porque ele tinha esperança no futuro da democracia. Isso é muito importante. É muito importante salientar o diálogo do Dr. Jorge com todos os colegas na expectativa de democracia. É muito importante salientar, Dr. Jorge, a preocupação dele, por exemplo, em relação ao Rio Grande do Sul, com a melhoria do Rio Grande, com a melhoria das condições de desenvolver, de crescer, de progredir e em condições realmente de ser melhor.

            Dr. Jorge criou - sua esposa está lá hoje - algo que eu digo, e eu não sei se a sua esposa vai me aceitar, que quando eu sair desta política, quero trabalhar com ela, eu quero ser um humilde que lá corresponde...

            - Qual é a sua especialidade?

            Eu nem sei o que é que eu vou dizer porque saindo da política minha especialidade é nada.

            - Mas quanto tempo o senhor tem para trabalhar?

            Três horas por dia. E vou trabalhar de ajudante, porque é um trabalho voluntário espetacular, em que ela faz a ligação entre as empresas que cuidam de menores e precisam de alguém, alguém para cuidar da contabilidade, uma senhora dona de casa aposentada que, em vez de jogar no bingo, vai lá passar um tempo. É um trabalho fantástico que V. Sª criou e o Brasil inteiro admira o trabalho voluntário.

            Eu acho o trabalho de V. Sª fantástico. Não apenas o trabalho do empresário, que é hoje grande, maior, dos maiores do mundo, mas V. Sª tem essa grandeza, primeiro, por continuar com a mesma simplicidade. É o mesmo Dr. Jorge que eu conheci 40 anos atrás que entra correndo no aeroporto com a sua malinha para pegar um voo, com a mesma simplicidade. Eu acho que V.Sª é um homem fantástico nesse sentido. Eu acho que os diálogos, os pronunciamentos, o aconselhamento, as pessoas que vão procurá-lo, a orientação que V. Sª dá é qualquer coisa de sensacional.

            Meu amigo José Alencar, eu nem posso dizer mais, são tantas as vezes que eu me refiro a V. Exª na grandeza que V. Exª é, no início lá, com seus 14 anos, lá no quarto de pensão, quando não tinha nem quarto, morava na entrada de um quarto, porque um quarto era muito caro e V. Exª não podia, e cresceu e foi, e foi adiante, e avançou, e desenvolveu. E depois desenvolveu a sua presença nesta Casa e a sua presença na vida pública. Muita gente diz que nesse Governo que está aí, o Governo do Presidente Lula, é muito importante a presença do vice dele. Foi muito importante a tranquilidade, a serenidade, a grandeza, o respeito, a credibilidade. E eu sei, porque ele mesmo disse que, muitas vezes, nas horas difíceis, é o seu telefonema que orienta e que determina.

            Foi dito realmente aqui que a maneira como V. Exª enfrenta esses desafios vai muito além de qualquer condição, e é exemplo para o Brasil, é exemplo de humanidade, de capacidade, de competência. É uma fórmula de aceitarmos os desígnios da vida.

            E eu, que já sofri, perdi minha mulher, perdi um filho em acidente, sei o que é isso. Mas, quando vejo o exemplo de V. Exª, eu digo: “Não. Vale a pena”.

            V. Exª é um grande empresário. E disse muito bem o nosso 1º Secretário, as suas camisas, vale a pena comprarmos, porque duram mais do que as chinesas. Disso eu posso ser testemunha, porque é verdade. Digo com toda sinceridade.

            E também como diz o Sr. 1º Secretário, foi uma obra conjunta, pois V. Exª tem um grande filho, que orienta.

            E eu me lembro, Dr. Jorge, de quando com V. Sª eu fui conhecer a sua firma. E faz tempo, porque o seu filho, que hoje é Presidente, tinha 14 ou 15 anos. Quando cheguei lá, de repente, vendo um daqueles fornos, vi um marciano, todo mascarado, não sei o quê, um verdadeiro marciano ali. E eu me assustei. De repente, aquele marciano abre, vai em direção ao seu rosto e beija V. Sª. Era o seu filho. E V. Sª disse: “O meu filho tem de começar do início. Ele tem de conhecer tudo, para chegar lá”.

            E, quando eu o vejo hoje, Presidente da empresa, eu nunca me esqueço daquele início. Nunca me esqueço da firmeza com que V. Sª me disse, da tranquilidade com que V. Sª falou: “Não, ele tem de conhecer tudo. Para ele poder mandar, tem de saber fazer”.

            Felicito o nobre companheiro, o ilustre Sr. João Claudino. V. Sª merece um destaque especial. V. Sª, como foi bem dito, foi para lá, para o Piauí. Poderia ter voltado. Normal seria que descesse da Paraíba para a Bahia, da Bahia para São Paulo. Não, V. Sª foi e ficou lá no Estado, talvez considerado um dos mais humildes. E o seu exemplo, a sua dedicação, a sua dignidade, a sua capacidade, a sua competência também estão representados aqui, numa pessoa por quem nós temos muito carinho e muito respeito.

            E você, meu prezado jovem, deve se orgulhar de seu avô. Realmente, a Metal Leve é uma dessas empresas que tem o novo. Mas o seu pai, o amor que ele tinha pelo livro, a beleza que ele tinha pela cultura, ele e a esposa, o exemplo que ele deixou realmente é grandioso. Poder ser o grande empresário e ao mesmo tempo olhar para a cultura e dar o desenvolvimento que ele deu para a cultura é algo realmente de que V. Sª tem muito que se orgulhar.

            Mas, de um modo muito especial, meu amigo Senador João Tenório, meus cumprimentos a V. Exª pelo prêmio e pelo nome que deu ao prêmio. Realmente, José Ermírio de Moraes, eu tive o prazer de conhecê-lo. Guri, criança, Deputado Estadual recém eleito, cheguei a Recife, e ele fez questão de abrir a casa grande e trazer a sua filha de São Paulo para receber os Deputados do Rio Grande do Sul. Aí, debatemos e discutimos com ele. E ele contou a sua história, a razão de ele estar no Senado. Contou sobre as publicações. Naquela época, não havia a gráfica do Senado, não havia publicações oficiais, mas ele imprimia os seus livros e fazia uma distribuição ampla por todo o Brasil. Ele! E o seu filho, Antônio Ermírio, por quem eu tenho uma admiração profunda, é outra demonstração que completa essa Mesa que aqui está.

            Eu acho que realmente será muito difícil, meu querido Presidente, nós repetirmos uma reunião como esta. Vamos fazer outras. Existem muitas pessoas. Mas completar na sua essência o conteúdo da soma de cada um... Hoje é um dia que honra o Senado. Honra o Senado. Honra o Senado a figura do José Antônio Ermírio, que foi Senador, além de um grande empresário; a pessoa de José Alencar, que foi um grande Senador, um brilhante Senador, na figura do Vice-Presidente e na figura do empresário; a figura de V. Sª, que, lá do Piauí, tem aqui para honrar V. Sª e honrar o Senado o seu filho, que também nos honra com a sua presença.

Hoje é um dia importante para nós. O Senado pratica um gesto realmente significativo de respeitar uma classe, dos empresários, que hoje, na modernidade, em que nós estamos, estão no estágio do sentimento, que nós, neste mundo, não discutimos mais a competição de guerra absoluta entre capital e trabalho; pelo contrário, buscamos o entendimento.

            Nós temos a fórmula do empresário empreendedor que busca crescer, avançar, progredir, mas num grande país e numa sociedade em que todos tenham a oportunidade de ser e de avançar: os senhores representam muito bem isso.

            É uma alegria e uma honra. Peço desculpas; estou encabulado por estar falando a esta hora, mas eu não poderia deixar de dizer algumas palavras.

            Muito obrigado. (Palmas.)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/06/2010 - Página 25259