Discurso durante a 89ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque para a campanha da Organização Mundial de Saúde contra o tabagismo das mulheres.

Autor
Serys Slhessarenko (PT - Partido dos Trabalhadores/MT)
Nome completo: Serys Marly Slhessarenko
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
SAUDE. ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.:
  • Destaque para a campanha da Organização Mundial de Saúde contra o tabagismo das mulheres.
Publicação
Publicação no DSF de 02/06/2010 - Página 25303
Assunto
Outros > SAUDE. ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL.
Indexação
  • ELOGIO, CAMPANHA, ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAUDE (OMS), COMBATE, TABAGISMO, MULHER, APREENSÃO, ORADOR, DADOS, INSTITUTO NACIONAL DO CANCER, PERCENTAGEM, MORTE, MOTIVO, FUMO, EFEITO, DETERIORAÇÃO, SAUDE, COMENTARIO, INFLUENCIA, FAMILIA, INICIO, VICIO.
  • REGISTRO, ARTIGO DE IMPRENSA, ABANDONO, FUMO, SUGESTÃO, BUSCA, AUXILIO, MEDICO, ESPECIALISTA, IMPORTANCIA, APOIO, FAMILIA, RECUPERAÇÃO, PACIENTE, ELOGIO, ATUAÇÃO, HOSPITAL ESCOLA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), TRATAMENTO, TABAGISMO, CRITICA, INFLUENCIA, PUBLICIDADE, EMPRESA, CIGARRO, MANUTENÇÃO, VICIO, DEFESA, ORADOR, AUMENTO, TRIBUTAÇÃO, PRODUTO.
  • CONVITE, VISITA, EXPOSIÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, APRESENTAÇÃO, FILME PUBLICITARIO, PROPAGANDA, CIGARRO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), SUGESTÃO, ORADOR, AMPLIAÇÃO, DIVULGAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADOS, BRASIL.
  • REGISTRO, ENCONTRO, CONJUGE, PREFEITO, MUNICIPIOS, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), DEBATE, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, MUNICIPIO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT Para uma comunicação inadiável. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Senador Romeu Tuma, que neste momento preside os nossos trabalhos.

            Srs. Senadores, Srªs Senadoras, senhores e senhoras que nos veem e que nos ouvem, hoje eu quero tratar aqui de um assunto que eu diria muito importante para a população mundial, e óbvio, do nosso País também.

            Este ano, senhoras e senhores, a campanha da Organização Mundial de Saúde com relação ao tabagismo tem foco nas mulheres. Evidentemente, o objetivo é o de alertar sobre as estratégias usadas pela indústria do cigarro para atingir o público feminino, um verdadeiro crime. É preciso que nós, mulheres estejamos espertas para essa armadilha.

            Vejam, senhoras e senhores, que o Instituto Nacional do Câncer projeta que o tabagismo já é o responsável por 40% das mortes de mulheres com menos de 65 anos, um dado estatístico assustador, apontado pela representante do Comitê Antitabaco.

            Realmente, é assustador, pois 40% das mortes são de mulheres com menos de 65 anos e têm a ver com a questão do uso do tabaco.

            Isso quem diz é a representante do Comitê Antitabaco, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Drª Silvia Cury. Ela indica que as mulheres começam a fumar muito mais cedo que os companheiros homens. Além de fumarem mais do que eles, as mulheres fumantes têm maior dificuldade para abandonar o vício. E destaca, principalmente, que o cigarro é responsável por vários tipos de câncer.

            Não é uma pessoa leiga, é a representante do Comitê Antitabaco, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Drª Silvia Cury. E ela diz, principalmente, que o cigarro é responsável por vários tipos de câncer. Entre os mais comuns estão o de pulmão, o de útero e o de mama. Para as mulheres que desejam parar de fumar, a cardiologista Silvia Cury recomenda o tratamento com reposição de nicotina, que alivia os sintomas de abstinência; e terapia psicológica, para tratar a dependência do cigarro.

            Em uma reportagem de hoje, no jornal A Gazeta, de Cuiabá, meu Mato Grosso, a jornalista Caroline Rodrigues demonstra o envolvimento das mulheres com o tabagismo, dizendo que o número de mulheres fumantes aumentou e estatísticas do Instituto Nacional do Câncer, Inca, mostram que nos ambientes escolares, praticamente 17% do público feminino é tabagista. Isso é assustador!

            O consumo do cigarro, segundo a médica pneumologista Solange Moraes Montanha, gera problemas cardíacos, intestinais, envelhecimento da pele, câncer e abortos.

            São desdobramentos muito sérios que afetam a vida das mulheres e que precisam ser evitados. Para iniciar um vício, vários fatores evidentemente contribuem, principalmente estresse, depressão e transtorno de humor. O primeiro contato geralmente é na adolescência e pode acontecer com motivação da própria família. Pesquisas do Inca apontam que 43% das adolescentes brasileiras já experimentaram o tabaco. Sr. Presidente quase 50% das nossas adolescentes já experimentaram o tabaco. A Doutora Solange argumenta que a predisposição começa no período fetal, quando a mãe é fumante, e depois é ampliada com o hábito dos parentes. A partir dos nove anos, a menina passa a ter o convívio social ampliado e o cigarro é oferecido por amigos.

            Nós, mulheres, podemos fazer muito nesta causa. É preciso, Sr. Presidente, que nós, mulheres, sejamos mais rigorosas, não aceitando, por exemplo, a armadilha da indústria da destruição de nossa saúde, que expõe no mundo todo o tabagismo como uma coisa que embeleza as mulheres, que lhes dá mais confiança, que lhes dá mais segurança. Quanto engano! Defendo que adotemos uma forte taxação tributária do tabaco, pois é no bolso, na diminuição dos lucros que a indústria do fumo sentirá. Não podemos permitir, o que aliás já vem ocorrendo no Brasil, o uso do esporte para propaganda do cigarro.

            Essa droga, como qualquer droga, passa a ser usada como compensação e os argumentos para o consumo são muitos.

            Segundo a pneumologista, muitas pessoas precisam de ajuda médica para abandonar o vício. A falta de auxílio especializado pode causar o aumento de peso, uma das principais desculpas usadas para não deixar o cigarro. A médica Solange Moraes Montanha explica que as pessoas engordam porque compensam na comida todo o estigma pelo tabaco. Com ajuda especializada, o paciente faz uso de remédios, estratégias e terapia para evitar comer além do necessário.

            Outro fator assustador é a síndrome do ‘Ninho Vazio’, um dos motivos que levam mulheres acima de 40 anos a fumar. A médica Solange Moraes relata que as mulheres trabalham em prol dos filhos e, quando eles saem de casa, deixam de ter motivação, recorrendo ao cigarro como conforto. Isso é um absurdo! Tem tanta coisa em nossa sociedade para que estejamos motivado a viver, e a viver com qualidade, do que partir para o fumo, que é um vício como qualquer outro, tão perigoso quanto qualquer outro.

            O tabaco é uma droga legalizada, como o álcool, e tem o mesmo processo que leva à necessidade de consumo, como acontece com as drogas não legais.

            A médica explica que o cigarro tem mais de 4,7 mil toxinas diferentes e algumas, como o dióxido de carbono, saem do corpo somente 24 horas depois do consumo. Existem outras substâncias, como o alcatrão, que demoram mais tempo e deixam para sempre o risco ampliado de câncer.

            Indico em Mato Grosso o nosso Hospital Julio Müller, hospital da nossa Universidade Federal, um hospital que realmente é referência em vários setores, em vários aspectos, que, com dificuldades imensas, faz um trabalho de gigante, nosso Hospital Júlio Müller. Indico, como já disse, na nossa Cuiabá, em Mato Grosso, o nosso Hospital Júlio Müller, pois o tratamento para o tabagismo começa nos postos de saúde. A Pneumologista Solange explica que as pessoas precisam buscar as unidades e pedir um encaminhamento para participar dos grupos de trabalho no Hospital Universitário Júlio Müller, que é referência nesse atendimento também.

            Cada um dos interessados precisa passar por uma avaliação individual e depois é encaixado no grupo. No primeiro ano, o acompanhamento é constante e, depois, os atendimentos passam a ser a cada seis meses. Nos últimos três meses, 38 pessoas buscaram ajuda nesse Hospital, lá em Cuiabá.

            As terapias começam em período semanal, e o paciente deve estar preparado para não ter recaídas. A médica afirma que o tabagismo é doença, e as pessoas não ajudam o fumante dizendo que o consumo é relacionado com a falta de vergonha. Muitos chegam a dizer para as pessoas, e quantas vezes a gente fala: você fuma? Isso é falta de vontade, até falta de vergonha. Mas não façam isso, não, porque muitas vezes, se fizermos isso, estamos afastando as pessoas de sequer tentarem o tratamento. O carinho e o apoio da família é um dos principais remédios para a recuperação do paciente, que, na maioria das vezes, procura ajuda depois de ter uma doença agravada pelo cigarro, com certeza.

            Como podemos ver, Sr. Presidente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, a situação do tabagismo entre os homens e, principalmente, entre nós, mulheres, é muito séria.

            Mas o vício de fumar mata, e os dados estatísticos falam por si só. É assustador, repito, que 40% das mortes de mulheres com menos de 65 anos sejam causados pelo consumo de tabaco. Vejam que, atualmente, o mundo tem 1 bilhão de fumantes, entre eles mais de 200 milhões de mulheres. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, enquanto o tabagismo cai entre os homens em alguns países, está aumentando de forma significativa o número de mulheres fumantes.

            Encerro, Sr. Presidente, convidando todos e todas a visitar, na Câmara dos Deputados, aqui em Brasília, a exposição “Propagandas de Cigarro - como a indústria do fumo enganou as pessoas”. Atentem para o nome desta exposição que está acontecendo na Câmara dos Deputados, olhem o nome da exposição: “Propagandas de cigarro - como a indústria do fumo enganou as pessoas”, que começou nesta segunda-feira. Sugiro aos nossos Presidentes da Câmara e do Senado, Presidente Michel Temer e o nosso Presidente José Sarney, que tornem esta exposição itinerante, levando a todas as capitais do Brasil.

            As pessoas precisam ver. Muitas vezes, você precisa ver para entender. Não adianta falar, precisa ver para entender. E só. Precisa conhecer. Como eu digo sempre, só quem conhece compreende, e só quem compreende muda, só quem compreende transforma.

            Lá, nessa exposição, são apresentadas peças publicitárias impressas e filmes comerciais das marcas de cigarro veiculadas entre as décadas de 1920 e 1950 nos Estados Unidos. É uma verdadeira armadilha, é a armadilha a que eu me referi no início da minha fala.

            Falei há poucos instantes, no meu discurso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que realmente está aumentando, de forma significativa, infelizmente, o fumo, o tabagismo entre as mulheres. Tanto é que a Organização Mundial da Saúde entrou nessa campanha. E a campanha deste ano é de combate ao tabagismo junto às mulheres. É não ao tabagismo! E especialmente nós, mulheres, temos que dizer não. Nós temos determinação, e se essa determinação individual não for suficiente, busquem realmente condições de tratar.

            Sabemos - eu já disse aqui - que lá no meu Mato Grosso, no nosso Hospital Júlio Müller, a partir dos postos de saúde, as pessoas buscam esse auxílio para parar com o uso do tabaco, que é uma droga. Não adianta dizer que droga é só a conhecida como droga terrível. Alguns podem dizer que é exagero comparar a maconha, a cocaína, o craque, o álcool ao tabagismo, mas não é exagero, não. Talvez eles prejudiquem sensivelmente e até acabem com a vida de uma forma mais lenta, mas são também extremamente prejudiciais.

            E nós sabemos que não é só prejudicial a quem faz uso do tabaco. É prejudicial a muitas pessoas ao redor, é prejudicial à sociedade, de um modo geral.

            Então, qual é a forma de dizer não? Se alguém não consegue superar, na sua individualidade, essa questão, busque condições, busque os recursos existentes, principalmente na rede pública. Aqui em Brasília existem postos para tratamento público, gratuito, e estamos tendo resultados extremamente significativos.

            Lá em Mato Grosso, a partir do encaminhamento, a partir dos postos de saúde, temos o Hospital Júlio Müller, o nosso hospital universitário, que presta realmente esse auxílio aos usuários do tabagismo. Então, que outros Estados tenham também essa atitude; que outros Estados também se envolvam em campanhas pelo fim do tabagismo, pelo fim do fumo.

            E, em especial, aproveito a campanha deste ano da Organização Mundial da Saúde, que realmente busca a proteção às mulheres, porque nós temos claro, pelos dados que aqui já apresentei, que o índice de mulheres que hoje fazem uso do tabagismo vem aumentando de forma gradativa. Felizmente, por parte dos homens, tem-se reduzido o uso do tabaco, mas, por parte das mulheres, vem aumentando. Acredito que essa campanha trará resultados significativos para a saúde da nossa população, tanto para homens quanto para mulheres.

            Encerrando, Sr. Presidente, eu gostaria de anunciar que, hoje, está acontecendo lá em Mato Grosso, na nossa capital Cuiabá, o encontro das primeiras-damas de todos os nossos municípios, sob a coordenação da querida Alessandra, primeira-dama do Município de Santa Carmem.

            São mulheres atuantes, mulheres decididas, mulheres determinadas, cada uma no seu município fazendo o seu trabalho, contribuindo para que os munícipes conquistem a melhoria da qualidade de vida, em todos os setores, mas especialmente na área social.

            Então, deixo aqui realmente a minha saudação a todas as primeiras-damas de Mato Grosso, dos municípios do meu Mato Grosso, são 141, que estão reunidas sob a liderança de Alessandra.

            De cada reunião que elas fazem, com certeza saem frutos muito significativos para a melhoria da qualidade de vida de cada município do meu Estado, Mato Grosso.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/06/2010 - Página 25303