Discurso durante a 90ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comentários sobre matéria publicada na revista Veja desta semana, versando sobre espionagem eleitoral, a demandar esclarecimentos, segundo S.Exa., pelos que fazem o comitê de campanha da candidata oficial do Palácio do Planalto. (como Líder)

Autor
Heráclito Fortes (DEM - Democratas/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Comentários sobre matéria publicada na revista Veja desta semana, versando sobre espionagem eleitoral, a demandar esclarecimentos, segundo S.Exa., pelos que fazem o comitê de campanha da candidata oficial do Palácio do Planalto. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 03/06/2010 - Página 25927
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • ELOGIO, DIVULGAÇÃO, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), REPETIÇÃO, FALTA, ETICA, CAMPANHA ELEITORAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ESPIONAGEM, CONTINUAÇÃO, TENTATIVA, INTIMIDAÇÃO, ADVERSARIO, PROTESTO, IMPUNIDADE, ANTERIORIDADE, IGUALDADE, CRIME, COBRANÇA, INVESTIGAÇÃO, IRREGULARIDADE.
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RECEBIMENTO, MULTA, ANTECIPAÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL, DECLARAÇÃO, DESVALORIZAÇÃO, JUSTIÇA ELEITORAL.
  • COMENTARIO, INSUFICIENCIA, IDENTIFICAÇÃO, PUNIÇÃO, MANDANTE, HOMICIDIO, PREFEITO, MUNICIPIO, SANTO ANDRE (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP), MOTIVO, NATUREZA POLITICA, EFEITO, EXILIO, PARENTE.
  • CONCLAMAÇÃO, ELEITOR, ATENÇÃO, UTILIZAÇÃO, CARGO PUBLICO, RECURSOS, SETOR PUBLICO, FAVORECIMENTO, CANDIDATO, DESRESPEITO, LEGISLAÇÃO ELEITORAL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. HERÁCLITO FORTES (DEM - PI. Pela Liderança. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, Senador Paulo Paim, a revista Veja, desta semana, traz uma matéria a respeito da qual esperei que tivesse maior repercussão aqui por parte de Senadores que sempre se pontuam pelo comportamento ético e pelas transparências. O Senador Suplicy, V. Exª, o Senador Pedro Simon ficaram silenciosos com esta matéria da Veja, que mostra que nem bem a campanha foi iniciada, já se estoura o primeiro bunker de arapongagem e de espionagem eleitoral.

            Nada pior para este País, nenhum exemplo mais nefasto poderíamos ver do que o relato trazido pela revista Veja, porque não retrata fatos novos. O que a revista Veja traz é um recall de campanhas passadas que, talvez, se analisarmos profundamente, traz os mesmos personagens envolvidos, os mesmos objetivos de bisbilhotar a vida alheia. E tudo isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, custeado pelo dinheiro público. Empresas envolvidas nesse processo prestam serviços ao Governo e tiveram um crescimento assustador do primeira dia do atual Governo até hoje.

            É lamentável que até hoje, Senador Simon, não tenham sido apurados os fatos que geraram a prisão dos aloprados faltando poucos dias para o final do primeiro turno da eleição presidencial. Dinheiro apreendido, identificado o crime, ainda hoje estamos aí sem punição, e a falta de punição é o que gera a certeza da impunidade, e a certeza da impunidade estimula a que fatos novos, Senador Paim, sejam cometidos.

            A montagem desse escritório, desse bunker, dessa fortaleza, na QI 5 em Brasília, precisa ser mais bem esclarecida pelos que fazem o comitê de campanha da candidata oficial do Palácio do Planalto, porque as pessoas envolvidas - vá lá que seja uma briga de grupos, não importa -, o que está em questão é a metodologia usada, o que está em questão é a falta de ética, é a falta de escrúpulo e a maneira como começam a conduzir uma campanha que sequer começou.

            É inaceitável, Sr. Senador Pedro Simon, que se peguem empresas ditas de marketing ou comunicação como pano de fachada para se instalarem verdadeiros aparelhos de espionagem, verdadeiros aparelhos de bisbilhotagem da vida alheia, para se procurar o que não interessa numa campanha eleitoral.

            É o jogo sujo que começa quando sequer foi iniciado o primeiro tempo desse jogo.

            Mas é exatamente isso, Senador Simon. É essa a prática. É esse o Partido em que os aloprados têm vez. É esse o Partido onde os aloprados campeiam e ponteiam; onde os aloprados não são punidos - pelo contrário, são promovidos -; onde os aloprados são perdoados e são reinseridos no contexto da vida pública brasileira, enlameada, hoje, por atos dessa natureza.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é preciso que haja um rigor maior na apuração desses fatos. Já não basta o Presidente da República dar o mau exemplo de não respeitar sistematicamente as decisões da Justiça Eleitoral, de atropelar as regras do jogo, sendo multado, e de debochar permanentemente das decisões que a Justiça toma contra quem extrapola ou fere as regras eleitorais.

            Partir do Presidente da República atitude dessa natureza nunca foi um bom exemplo, até porque tem que partir do Chefe da Nação o melhor exemplo de cumprimento da lei. Mas isso é assim mesmo.

            Senador Paulo Paim, a imprensa já noticia, hoje, que o júri de São Paulo pede a condenação do suspeito de mandante da morte de Celso Daniel. Mas será que é ele sozinho? Será que ele é apenas o mandante? Onde estão os outros? A serviço de quem aquele crime foi cometido? A quem aquele cidadão prestava serviço naquele momento?

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é bom lembrar que este tema não é ainda esclarecido de modo geral. Quero lembrar, Senador Eduardo Suplicy, que familiares do Sr. Celso Daniel são hoje os únicos exilados políticos que o Brasil tem morando na França, porque não têm segurança nem tranquilidade de viver neste País. Eles pediram e tiveram o consentimento de asilo, dado pelo Governo francês.

            São sucessivos fatos dessa natureza que acontecem ao arrepio da lei para o estarrecimento da Nação brasileira. E nenhuma providência vem sendo tomada por parte dos que devem ser responsáveis por cuidar da imagem de uma candidata à Presidente da República que se propõe a governar o Brasil por quatro anos.

            Sr. Presidente, não existe nenhum réu primário nesse episódio. Não existem inocentes. Se formos averiguar nome por nome, todos têm uma ligação, uma amizade, um ponto comum com fatos do passado já amplamente denunciados pela imprensa neste País. Portanto, o objetivo deste pronunciamento é congratular-me com a Veja e com os repórteres que tiveram a ousadia e a coragem de trazer a público um assunto de tamanha gravidade.

            Por isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, trago este fato à tribuna, pedindo ao Brasil que fique atento, pedindo ao Brasil que fique alerta a este jogo sujo que começa a ser realizado neste País: o uso indiscriminado da máquina pública, o uso dos cargos públicos, o uso das verbas públicas sem nenhum critério, sem nenhum escrúpulo.

            Nós estamos ainda, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na fase dos pré-candidatos. Não temos sequer os candidatos devidamente homologados. E o que se vê são ações da Justiça punindo aqueles que infringem a lei, aqueles que não respeitam as determinações do Tribunal Eleitoral.

            Portanto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é preciso que todos nós fiquemos atentos. De que adianta aprovar nesta casa o Projeto Ficha Limpa se ninguém cumpre a lei, se ninguém respeita sequer as regras eleitorais.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, anotem o que digo hoje nesta tribuna: o bunker da QI 5 é apenas o começo, é apenas o início de uma série de escândalos que nós vamos ver ainda no decorrer dessa campanha. É aguardar para ver.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/06/2010 - Página 25927