Discurso durante a 90ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Defesa da partilha dos royalties da exploração de petróleo na camada pré-sal entre todos os entes da Federação.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ENERGETICA.:
  • Defesa da partilha dos royalties da exploração de petróleo na camada pré-sal entre todos os entes da Federação.
Publicação
Publicação no DSF de 03/06/2010 - Página 26004
Assunto
Outros > POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • COMENTARIO, AMPLIAÇÃO, DEBATE, DISTRIBUIÇÃO, ROYALTIES, EXPLORAÇÃO, PETROLEO, RESERVATORIO, SAL, INCLUSÃO, PAUTA, REIVINDICAÇÃO, MARCHA, PREFEITO, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), DIVISÃO, ATENDIMENTO, TOTAL, ESTADOS, MUNICIPIOS, IMPORTANCIA, ETICA, ENTENDIMENTO, APROVEITAMENTO, RIQUEZAS, PROMOÇÃO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, POPULAÇÃO, REDUÇÃO, DESIGUALDADE SOCIAL, PREVENÇÃO, REPETIÇÃO, ERRO, PAIS ESTRANGEIRO, DEFESA, POSSIBILIDADE, ALTERAÇÃO, MODELO, DESENVOLVIMENTO.
  • REGISTRO, DADOS, MINISTERIO DA FAZENDA (MF), ESTIMATIVA, FUNDO SOCIAL, PETROLEO, SUPERIORIDADE, VALOR, GARANTIA, RECURSOS, POLITICA SOCIAL, CONCLAMAÇÃO, SENADO, ATENÇÃO, DEBATE, COMBATE, DESIGUALDADE REGIONAL, PARTILHA, ROYALTIES.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada, Senador.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, os debates em torno das implicações do pré-sal para o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável do País estão se intensificando cada vez mais.

            A proposta de alteração da distribuição de royalties tem sido alvo de fortes discussões entre Estados produtores e não produtores de petróleo. O projeto que prevê a distribuição igualitária já foi aprovado na Câmara e agora tramita nesta Casa.

            Recentemente, os prefeitos de todo o País participaram da XIII Marcha a Brasília em Defesa dos Municípios. Na ocasião, uma das reivindicações em pauta tratava da divisão dos royalties para todos os entes federados.

            A discussão em torno dos royalties do petróleo do pré-sal é, sem dúvida, um dos temas que mais atraíram a atenção da mídia nos últimos meses.

            De um lado, os que defendem a distribuição da arrecadação apenas entre Estados e Municípios produtores de petróleo. De outro, quem opta pela distribuição mais equitativa entre Estados e Municípios.

            A grande questão em torno deste tema é se é mesmo justo que representantes do Sudeste não queiram repartir com Municípios e Estados do Sul, Norte, Nordeste e Centro-Oeste os benefícios financeiros do pré-sal, por meio da distribuição dos royalties. O problema é financeiro, mas a solução mexe com a realidade social.

            São várias as perguntas, mas a resposta segue na direção da ética e do entendimento do Brasil como União, onde os derivados dos bens minerais e energéticos não devem ficar a serviço de poucos, mas contribuir com o desenvolvimento do País como um todo.

            O Brasil, que começa agora a usufruir da riqueza advinda da exploração petrolífera, não pode seguir o caminho de alguns países produtores onde, até mesmo por ausência de uma democracia amadurecida, as riquezas do chamado ouro negro não chegam a significar qualidade de vida da população.

            Campanhas de mobilização em defesa da divisão equilibrada dos royalties, oriundos da exploração de petróleo do pré-sal já estão sendo criadas.

         Acredito que sua redistribuição é muito importante para estabelecer as compensações que muitos Municípios brasileiros precisam receber para oferecer uma condição, no mínimo, digna para seus moradores. É preciso fazer justiça.

            É uma oportunidade que se apresenta ao País de dar um passo na direção de uma sociedade com menos desigualdade.

            A discussão em pauta oportuniza uma proposta para um novo Pacto Federativo. Por outro lado, o pré-sal pode possibilitar compensações para os Municípios que têm sofrido seguidas perdas de receitas.

            Existe, de fato, uma imensa possibilidade de mudança profunda e extremamente vantajosa para os rumos do desenvolvimento do País.

            Contudo, uma das condições para que todas essas possibilidades se realizem está relacionada ao efetivo controle que teremos sobre essa riqueza. E controle, no caso, significa propriedade do bem a ser produzido.

            Recentemente, o Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que o fundo social do pré-sal gerará para o País uma renda de 0,5% do PIB todo ano, durante um período de aproximadamente cem anos.

            Tomando por base o valor atual do PIB, isso significa que a União poderá resgatar anualmente R$15 bilhões dos rendimentos do fundo para aplicar na área social.

            O que se conclui é que a divisão dos royalties do petróleo deve ser equilibrada e deve seguir o princípio da justiça. Nenhum ente federado pode sair perdendo. O Governo Federal deve rever suas projeções e, talvez, até abrir mão de parte de sua arrecadação para promover o direito dos Estados e Municípios, que estão perto das demandas da população.

            Na discussão dessa matéria, esta Casa não pode se ater a discussões acaloradas e emocionais, mas tomar uma decisão que considere o futuro do País.

            A Constituição determina que o patrimônio encontrado no mar não pertence a nenhum Estado, mas à União. Temos que conseguir formatar um projeto que seja equilibrado e justo, não prejudicando os estados que produzem, mas, sim, redistribuindo para que todos sejam beneficiários de um bem que é de todos os brasileiros.

            Por exemplo, hoje, o Estado de Goiás nada recebe. Com a redistribuição dos royalties, Goiás passaria a ser um grande beneficiário, assim como os demais Estados da Federação.

            Sr. Presidente, este é um bom debate. Estou confiante na ampliação da partilha dos royalties de petróleo do pré-sal, estendendo-a a todas as unidades da Federação. Tenho certeza de que vamos conseguir chegar a um consenso.

            Defendo a partilha dos royalties.

            Não podemos proceder a essa discussão desconsiderando os nossos desequilíbrios regionais. Que esta Casa ofereça uma decisão que orgulhe o nosso País.

            Era o que tinha a dizer.

            Muito obrigada, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/06/2010 - Página 26004