Fala da Presidência durante a 87ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Indignação com o ataque por forças israelenses a navios que estariam levando ajuda humanitária à população palestina de Gaza.

Autor
Inácio Arruda (PC DO B - Partido Comunista do Brasil/CE)
Nome completo: Inácio Francisco de Assis Nunes Arruda
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
POLITICA INTERNACIONAL.:
  • Indignação com o ataque por forças israelenses a navios que estariam levando ajuda humanitária à população palestina de Gaza.
Publicação
Publicação no DSF de 01/06/2010 - Página 24987
Assunto
Outros > POLITICA INTERNACIONAL.
Indexação
  • REPUDIO, VIOLENCIA, GOVERNO ESTRANGEIRO, ISRAEL, AGRESSÃO, FROTA MARITIMA, DIRETRIZ, PAZ, SOLIDARIEDADE, POPULAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, PALESTINA, AVALIAÇÃO, CRIME, GUERRA, COBRANÇA, ORADOR, INVESTIGAÇÃO, PUNIÇÃO, COMENTARIO, DECLARAÇÃO, PERSONAGEM ILUSTRE, MEMBROS, EXPEDIÇÃO.
  • PARTICIPAÇÃO, ENCONTRO, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), REVISÃO, TRATADO, COMBATE, AMPLIAÇÃO, ARMA NUCLEAR, DEFESA, DESARMAMENTO, REUNIÃO, PARLAMENTO LATINO AMERICANO, REALIZAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, CUBA, AVALIAÇÃO, LOBBY, PRIMEIRO MUNDO, IMPEDIMENTO, PAIS EM DESENVOLVIMENTO, ACESSO, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO, CRITICA, PARTE, IMPRENSA, AMBITO INTERNACIONAL, ESPECIFICAÇÃO, FALTA, IMPARCIALIDADE, ERRO, GOVERNO ESTRANGEIRO, ISRAEL.
  • SUGESTÃO, REQUERIMENTO, SENADO, IMPORTANCIA, NOTA OFICIAL, MANIFESTAÇÃO, REPUDIO, VIOLENCIA.

            O SR. PRESIDENTE (Inácio Arruda. Bloco/PCdoB - CE) - Srªs e Srs. Senadores, estando, na oportunidade, presidindo os trabalhos do Senado Federal, quero registrar a minha indignação diante de tal ato e prestar minha solidariedade àqueles que foram solidários aos palestinos, e também a muitos israelitas que são defensores da paz, porque não há ali apenas a truculência. A truculência está sendo exercida pelo Estado. Em águas consideradas internacionais, o Estado de Israel atacou uma embarcação absolutamente indefesa, que não tinha nenhuma condição de revidar o ataque, ferindo de morte alguns de seus ocupantes, aprisionando o barco e cometendo, portanto, um crime de guerra. Alguns consideram até que o exército de Israel cometeu o abuso cometido pelos piratas nos mares internacionais.

            A posição do governo de Israel é absolutamente inaceitável. Não pode haver essa arrogância e truculência, que têm como base o apoio de uma parte da mídia internacional, conservadora, que tem apoiado as ações extremistas do Estado de Israel. Por isso, nós queremos registrar a nossa dor, a nossa indignação.

            Acabo de chegar de duas missões. Uma, nas Nações Unidas, onde tratamos da revisão do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares e Desarmamento. A outra, em seguida, uma reunião do Parlatino, em Cuba.

            Srs. Senadores, a pressão exercida pelas grandes potências sobre os países em desenvolvimento é sem precedentes, para impedi-los de ter acesso a tecnologias avançadas. Imaginem se os chineses tivessem resolvido impedir que todas as outras nações tivessem acesso à pólvora e a outras tantas tecnologias avançadas! O mundo talvez tivesse outro formato. Portanto, não podemos aceitar essas pressões.

            Refiro-me a assuntos que irei tratar em outra oportunidade, como a revisão do TNP, e a nossa missão do Parlatino em Cuba, para demonstrar a diferença de tratamento da mídia conservadora mundial e também de setores da comunidade internacional.

            Imaginem, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, se esse ato tivesse sido cometido por integrantes do exército iraniano, ou da Síria, ou mesmo dos palestinos, como teria sido a truculência das grandes potências ou da maior potência do mundo em relação a esses Estados? Mas foi um ato cometido pelo Estado de Israel. Parece que, para um ato cometido pelo Estado de Israel, tem que haver sempre clemência, tem que ter sempre perdão.

            Considero absolutamente inaceitável essa posição e acho que devemos nos somar aos outros parlamentos do mundo. Acho que o mais justo é que o Senado brasileiro tire uma nota mostrando toda a sua indignação com o ato cometido contra uma ação humanitária praticada por voluntários do mundo inteiro, entre eles um Prêmio Nobel, e entre eles uma nobel brasileira que se colocou à disposição. Ela diz, em sua carta, que tem relutado em tomar atitudes que considera inconsequentes, atitudes individualizadas, de sair sozinha, de se atirar ao mar para tentar socorrer a humanidade. Mas ela considerou que Israel tinha chegado ao limite e precisava de ações daquela natureza, daquele porte. Por isso, ela resolveu ir com os demais nesse barco prestar solidariedade aos palestinos entregando-lhes alimentos, agasalhos. Como disse o Senador Eduardo Suplicy, um barco que foi revistado, que foi examinado, onde não tinha absolutamente nada mais do que alimentos, roupas, donativos doados pela comunidade internacional para o povo palestino.

            Eu considero um ato que não pode ficar sem resposta. Israel tem se colocado contra todas as resoluções das Nações Unidas, em relação ao Estado Palestino, praticamente.

            Acho que chegou a hora de a comunidade internacional chamar o Estado de Israel à ordem. Israel não pode querer enfrentar o mundo inteiro, para manter-se numa posição de arrogância diante dos palestinos e do mundo, numa demonstração de força, de poder.

            Normalmente, quando se agride, com essa brutalidade, é porque já não tem tanta força, o argumento já não funciona mais. Israel já perdeu, digamos assim, essa guerra, do ponto de vista dos argumentos. É preciso ter consciência disso. E nós devemos ajudar. E ajudar não é dando-lhe clemência, ajudar é se indignando, como disse o Senador Cristovam Buarque, e colocando como inaceitável a sua posição. Essa é a minha opinião.

            Sugiro, se V. Exª já não o fez, Senador Suplicy, que façamos um requerimento - proponho que busquemos colher a assinatura de todos os Líderes - dirigido aqui ao nosso Senado da República, de imediato, para que tenhamos uma posição nossa, do Senado brasileiro.

            Espero que a Câmara faça o mesmo; que os Parlamentos estaduais façam o mesmo, assim como os municipais, para mostrar toda a indignação do nosso País com essa atitude.

            Srªs e Srs. Senadores, não havendo mais oradores inscritos para se manifestar na sessão do dia de hoje, que se iniciou às 14h12min, encerro a presente sessão não deliberativa, 87ª Sessão Não Deliberativa do Senado Federal.

            Como todos sabem, fica já convocada a sessão desta terça-feira. A nossa grande expectativa, a partir das 14 horas, é que ela seja, efetivamente, deliberativa e que a gente vote os inúmeros projetos que estão na Ordem do Dia.

            Uma boa noite a todos, muito obrigado, e fica a palavra do Senado brasileiro, pelo menos estando no exercício da Presidência o Senador Inácio Arruda.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Intervenção fora do microfone.) - A minha fala de hoje foi como Líder.

            O SR. PRESIDENTE (Inácio Arruda. Bloco/PCdoB - CE) - Registro que a fala do Senador Suplicy foi como Líder, o líder que ele é e como Líder do Partido dos Trabalhadores, assim como a fala do Senador Cristovam.

            Que fique marcada, neste dia, a indignação dos Senadores do Brasil diante do ato de arrogância, de brutalidade, um ato inaceitável do Estado de Israel contra um barco indefeso, ocupado por gente do mundo inteiro, inclusive pela brasileira Iara, que recebe, neste momento, a nossa solidariedade, porque sequer informações adequadas nós temos, neste momento, acerca da sua situação.

            Uma boa noite a todos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/06/2010 - Página 24987