O SR. JARBAS VASCONCELOS (PMDB - PE. Pela ordem.) - Presidente, eu solicito a V. Exª a transcrição nos Anais do Senado Federal do discurso que encaminho à Mesa neste momento, em que presto homenagem ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), instituição que é um orgulho para todos os pernambucanos e que comemora, em um grande evento na próxima segunda-feira, dia 14, seus cinquenta anos de fundação.

            Muito obrigado.

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, DISCURSO DO SR. SENADOR JARBAS VASCONCELOS.

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O SR. JARBAS VASCONCELOS (PMDB - PE. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, subo hoje a esta tribuna para prestar homenagem a uma instituição que honra as melhores tradições de Pernambuco e é uma das referências daquele que é, sem dúvida alguma, um dos maiores pólos médicos do Brasil: o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira, o IMIP, que comemora 50 anos de fundação.

            Razões não faltam para que todos pernambucanos tenham orgulho redobrado do IMIP. Entre as diversas conquistas do Instituto está o título de 1º Hospital Amigo da Criança de todo o Brasil, num reconhecimento feito pela Organização Mundial da Saúde, Organização Pan-Americana de Saúde e Ministério da Saúde. Isso há quase 20 anos, em 1992.

            Muitos dos Srs. e das Srªs talvez conheçam o IMIP por meio do nome que ele recebeu no “batismo”: Instituto de Medicina Infantil de Pernambuco.

            Portanto, o IMIP do século 21 é o resultado do sonho que ganhou forma em 13 de junho de 1960, no engajamento de um grupo de pediatras pernambucanos agrupados e liderados pelo Professor Fernando Figueira - figura extraordinária da medicina brasileira, hoje imortalizado no nome do IMIP.

            Construir um Hospital Escola beneficente era um antigo sonho do Professor Fernando Figueira, médico diplomado em 1940 pela Faculdade de Medicina do Recife. Durante duas décadas, ele dedicou toda sua jovem carreira na preparação profissional e acadêmica para concepção desse objetivo maior.

            Contemporâneo do Mestre Josué de Castro, também homenageado por esta Casa, o Professor Fernando Figueira é de um dos maiores cientistas sociais do País, pois as suas pesquisas surgiam sempre dos grandes problemas de Saúde que atingiam a criança brasileira, especialmente àquelas menos afortunadas do Nordeste - região que ainda carrega a triste marca de a mais pobre do Brasil.

            É essa “argamassa” de uma ciência humanitária e comprometida socialmente que sustenta as bases do IMIP até os dias atuais.

            Devemos destacar que o trabalho pioneiro do Professor Fernando Figueira antecipou toda uma preocupação com a saúde infantil da população mais necessitada. Uma atuação de vanguarda que só se tornaria comum muitos anos depois.

            O IMIP desde o princípio se pautou por um atendimento humanizado, bem diferente daquele ao qual os mais pobres muitas vezes são submetidos no Brasil.

            Srªs e Srs. Senadores, um bom exemplo do estilo aguerrido do Professor Fernando Figueira ocorreu como consequência dos estudos que ele realizou sobre a importância do leite materno para as crianças pequenas.

            Essas descobertas levaram o médico pernambucano a enfrentar as multinacionais da indústria alimentar que promoviam, naquela época, o desmame precoce, com a propaganda enganosa das vantagens do aleitamento artificial.

            Para o Professor, essa danosa ação da indústria do leite em pó vitimou milhares de crianças nos países pobres.

            Quando então Secretário de Saúde de Pernambuco, no início da década de 1970, Fernando Figueira proibiu a distribuição do leite em pó nas maternidades de Pernambuco. Esse movimento foi o marco para o processo de incentivo ao aleitamento materno.

            O pioneirismo do Professor é encontrado também com seus estudos sobre o aspecto emocional dos pacientes, quando, ainda na década de 1970, passou a permitir que as mães acompanhassem seus filhos hospitalizados, inclusive nas unidades de terapia intensiva.

            Essa política de humanização da Medicina também incluía as visitas dos familiares sem horário pré-fixado, o alojamento conjunto, entre outros.

            Essas medidas simples - mas revolucionárias tornaram mais humano o ambiente hospitalar e contribuíram para diminuir o tempo de internamento e a morbi-mortalidade nos hospitais.

            Um dos últimos estudos do Professor Figueira resultou num livro pioneiro no Brasil, publicado em 1998: “Doenças do adulto com raízes na infância”. Essa publicação aborda a origem das doenças da vida adulta. Os estudos do Professor demonstraram que têm raízes na infância as doenças que mais matam em todo o mundo - como as coronariopatias, o acidente vascular cerebral, a hipertensão e a diabetes.

            A descoberta do Mestre pernambucano coloca a assistência à saúde da criança no mais alto patamar de relevância. O caminho da prevenção primária das doenças crônicas da vida adulta, segundo o Professor, é o caminho para que o homem atinja os 100 anos de idade com saúde e boa qualidade de vida.

            Sr. Presidente, em Pernambuco de forma especial e em muitos outros Estados da Federação, falar em IMIP sempre foi sinônimo de um atendimento médico de alta qualidade - para mães e filhos. Trata-se da comprovação de que atendimento público na área de Saúde é sim compatível com a eficiência de gestão, sem abrir mão do compromisso social.

            Quatro anos depois de fundado, o IMIP passou a ser considerado de utilidade pública pelo Governo do Estado. Em 1967 foi a vez de conquistar o mesmo reconhecimento por parte da Prefeitura do Recife.

            Sempre gosto de citar uma das máximas do também pernambucano Nelson Rodrigues, que afirmava categoricamente - abre aspas - “toda unanimidade é burra”. Como também acredito que toda regra tem uma exceção, tenho certeza que até Nelson abriria espaço para reconhecer a unanimidade inteligente em torno do IMIP, numa área tão crítica como a do atendimento médico a mulheres e crianças carentes.

            Em meio século de existência, o IMIP é um exemplo de evolução permanente. Não apenas nas áreas da atualização tecnológica ou da adoção de novos métodos, mas também da diversificação dos serviços que presta à população.

            Quando completou 21 anos de existência, em 1981, o IMIP passou a se chamar Instituto Materno Infantil de Pernambuco, assumindo o papel que exerceu desde o seu nascimento, assistindo também as mulheres. Em 1982, o Instituto conquista também o reconhecimento de utilidade pública federal, com a transformação do Convênio de Prestação de Serviços à Presidência Social em Convênio de Ensino, em parceria com o Ministério da Previdência e da Assistência à Saúde e o Ministério de Educação.

            Em 1983, o IMIP deu início, com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância, o UNICEF, as atividades de extensão comunitária. No ano seguinte, o Instituto conquistou o credenciamento como Centro de Referência Nacional para o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher e da Criança do Ministério da Saúde.

            A expansão das atividades assistenciais e de ensino do IMIP, efetivando a ampliação da cobertura etária para todas as áreas, através da criação das Clínicas Médica e Cirúrgica de Adulto em 2004, e suas respectivas especialidades, motivou uma nova denominação que contemplasse o novo perfil institucional, passando esse a denominar-se Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira.

            O Professor Fernando Figueira nos deixou em 1º de abril de 2003. Mas ele partiu tendo a certeza de que seguiu o caminho certo. Graças à sua visão de futuro e o seu profundo engajamento com a Medicina, o Professor ergueu uma instituição que sobreviverá a todos nós.

            Em novembro do ano passado, tive a honra e o privilégio de ser homenageado pelo Conselho e pela Direção do IMIP, com o título de Sócio-Honorário. Honraria que recebi das mãos do presidente do Instituto, Antonio Carlos Figueira. Na oportunidade, visitei as obras de restauro do Hospital Pedro II, que passará a integrar o complexo hospitalar do IMIP.

            Naquela ocasião disse algo que gostaria de reafirmar agora: Quando se fala no IMIP, fala-se em seriedade. Esta é uma instituição acima de interesses político-partidários, um orgulho de todos os pernambucanos.

            Como Governador de Pernambuco, em 2006, tive a oportunidade de ajudar na transferência do imóvel do Hospital Pedro II para o IMIP, que na época pertencia à Santa Casa da Misericórdia.

            É certo que daqui a 50 anos, 2060, outro Senador por Pernambuco estará aqui, nesta tribuna, festejando o primeiro centenário do IMIP.

            Para concluir, Sr. Presidente, gostaria de citar uma frase do Professor Fernando Figueira, abre aspas:

            “Conscientemente ou não, o homem somente se realiza plenamente, quando se esquece de sua individualidade, se eleva e se projeta como parte integrante do imenso corpo social ao qual pertence.”

            Era o que tinha dizer. Muito obrigado.

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