Discurso durante a 98ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Justificação pela apresentação de voto de aplauso pelo transcurso dos 75 anos de existência dos Alcoólicos Anônimos, irmandade que tem origem num movimento religioso criado no início do século passado por estudantes da Universidade de Oxford, Inglaterra.

Autor
Fátima Cleide (PT - Partido dos Trabalhadores/RO)
Nome completo: Fátima Cleide Rodrigues da Silva
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Justificação pela apresentação de voto de aplauso pelo transcurso dos 75 anos de existência dos Alcoólicos Anônimos, irmandade que tem origem num movimento religioso criado no início do século passado por estudantes da Universidade de Oxford, Inglaterra.
Publicação
Publicação no DSF de 15/06/2010 - Página 28963
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, INSTITUIÇÃO BENEFICENTE, RECUPERAÇÃO, ALCOOLATRA, DESCRIÇÃO, ORIGEM, CRIAÇÃO, GRUPO, ESTUDANTE, UNIVERSIDADE, PAIS ESTRANGEIRO, GRÃ-BRETANHA, ELOGIO, TRABALHO, RECONHECIMENTO, ALCOOLISMO, PROBLEMA, SAUDE, APRESENTAÇÃO, DADOS, SUPERIORIDADE, ATUAÇÃO, TOTAL, ESTADOS, BRASIL.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            A SRª. FÁTIMA CLEIDE (Bloco/PT - RO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estou encaminhando à Mesa requerimento de Voto de Aplauso pelos 75 anos de existência dos Alcoólicos Anônimos, irmandade que tem origem num movimento religioso criado no início do século passado por estudantes da Universidade de Oxford, Inglaterra.

            Com o nome de Grupo Oxford, o movimento rapidamente se espalhou pelo mundo. Nos EUA eram liderados, prioritariamente, por religiosos ligados à igreja anglicana. Àquela época muitos entendiam que o tratamento do alcoolismo dava-se, especialmente, por conversão espiritual. Um dos primeiros beneficiados com os trabalhos do Grupo Oxford, foi o banqueiro americano e ex-senador Roland Hazard, que, desenganado pelo seu médico passou a participar das reuniões do grupo e conseguiu parar de beber.

            A partir de então, Roland Hazard, dedicou-se intensamente ao recrutamento de pessoas para integrar os grupos que tinham forte conotação religiosa. Ebby Thatcther, um alcoólatra que vivia uma situação muito difícil foi curado da embriaguez e, rapidamente, passou a fazer incisivas pregações religiosas na Igreja do Calvário.

            Em 1934, Ebby Thatcher, reencontrou seu antigo colega de bebedeiras, Bill Wilson, corretor da bolsa de valores que estava com a carreira profissional completamente arruinada e aconselhou-o a procurar tratamento espiritual para se livrar do alcoolismo. Bill Wilson tratou-se no Hospital Charles B. Towns em New York. Enquanto hospitalizado, Bill Wilson experimentou o que ele acreditou ser uma experiência espiritual e, convencido da existência de Deus, foi capaz de parar de beber.

            Em seguida, Bill Wilson e Ebby Thatcher, passaram a participar das reuniões do Grupo Oxford. Em pouco tempo Bill começou a notar que devido ao rigor e formalidade religiosa, muitas pessoas não se sentiam a vontade para expor suas experiências o que dificultava, sobremaneira, a reciprocidade de informações fator considerado fundamental para o sucesso da recuperação.

            Em 1935, durante uma viagem de negócios a Ohio, Bill Wilson, sentindo o impulso de beber novamente e, num esforço para se manter sóbrio, pediu ajuda ao cirurgião Dr. Bob Smith, também alcoólatra e membro do Grupo Oxford. O encontro produziu em Bob Smith um efeito imediato. Pela primeira vez encontrava-se cara a cara com um companheiro alcoólatra que havia conseguido deixar de beber.

            Depois de muitas trocas de experiências, confidências e, especialmente por não concordarem integralmente com a forma de atuação do Grupo Oxford, Bill Wilson e Bob Smith resolveram, no dia 10 de junho de 1935, fundar o movimento onde os alcoólatras são os atores principais: Alcoólicos Anônimos.

            Em 1937, os Alcoólicos Anônimos já tinha ajudado 40 alcoólatras a tornarem-se sóbrios e, dois anos depois, o grupo cresceu para cerca de 100 membros, e hoje já atende aproximadamente 3.000.000 (três milhões) de pessoas espalhadas por mais de 170 países.

            No Brasil, os Alcoólicos Anônimos, passaram a atuar a partir da década de 40, mais precisamente, no dia 05 de setembro de 1947. Portanto, há mais de 60 anos, os brasileiros vêm contando com essa irmandade de homens e mulheres que objetivam compartilhar experiências a fim de resolver seu problema comum e ajudar os outros a se recuperarem do alcoolismo.

            Atualmente os Alcoólicos Anônimos possuem escritórios nas 27 unidades da federação, sendo que a sede nacional fica no Estado de São Paulo. Existem em funcionamento no Brasil mais de 4.800 (quatro mil e oitocentos) grupos de recuperação que congregam mais de 120.000 (cento e vinte mil) pessoas.

            No Estado de Rondônia, que tenho a honra de representá-lo no Senado Federal, o AA chegou em 20 de novembro de 1979 e atualmente está presente em 16 municípios, onde funcionam 29 grupos locais autônomos de recuperação, constituídos de homens, mulheres, adolescentes, idosos, sem distinção de cor, raça, religião ou qualquer outro tipo de discriminação.

            Sr. Presidente,

            Srªs Senadoras e Srs. Senadores

            Devo ressaltar que único requisito para se tornar membro da entidade é o desejo de parar de beber. Não há necessidade de pagar taxas ou mensalidades: a irmandade é auto-suficiente graças às próprias contribuições; não está ligada a nenhuma religião, seita, partido político, organização ou instituição. Não entra em qualquer controvérsia, não apóia e nem combate quaisquer causas:

            No AA as pessoas se reúnem livremente para trocar experiências na recuperação de problemas, especialmente, os decorrentes do alcoolismo. A recuperação dá-se através de experiências de grupos. É bem verdade que nem todos que procuram o AA conseguem se libertar do alcoolismo, mas o índice de sucesso é considerado alto.

            Concordando com as informações da OMS, os AA entendem que o alcoolismo é uma doença eminentemente emocional e, como tal, são consideradas as pessoas que procuram a irmandade. Aquelas que não conseguem se recuperar são encaminhadas para tratamento profissional adequado.

            Nesta oportunidade, parabenizo efusivamente a importante instituição pelos seus 75 anos de existência e, em nome de milhares de famílias brasileiras, agradeço pelas inúmeras vidas que os AA conseguiram afastar / libertar dessa doença terrível, que é o alcoolismo. 

            Fica, portanto, o nosso reconhecimento pelo excelente trabalho prestado pelos anônimos que, mesmo no anonimato, conseguem oferecer à sociedade brasileira uma imensurável contribuição.

            Muitos anos de atividades aos Alcoólicos Anônimos!

            Era o que tinha a dizer.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/06/2010 - Página 28963