Discurso durante a 102ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro da realização, no mês de setembro vindouro, da VIII Copa Social de Futebol, no Rio de Janeiro, apelando às autoridades do governo federal e estadual para que apóiem o evento.

Autor
Cristovam Buarque (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
Nome completo: Cristovam Ricardo Cavalcanti Buarque
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESPORTE. POLITICA SOCIAL.:
  • Registro da realização, no mês de setembro vindouro, da VIII Copa Social de Futebol, no Rio de Janeiro, apelando às autoridades do governo federal e estadual para que apóiem o evento.
Publicação
Publicação no DSF de 18/06/2010 - Página 29894
Assunto
Outros > ESPORTE. POLITICA SOCIAL.
Indexação
  • ANUNCIO, OCORRENCIA, ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, MORADOR, VIA PUBLICA, CONFIRMAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, SUPERIORIDADE, NUMERO, PAIS ESTRANGEIRO, NECESSIDADE, MOBILIZAÇÃO, EMPRESARIO, PATROCINIO, BRASILEIROS, CONCLAMAÇÃO, ATENÇÃO, SETOR PUBLICO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, IMPORTANCIA, INCENTIVO, PREPARAÇÃO, INSTALAÇÕES, PRAIA, CAPITAL DE ESTADO, HOSPEDAGEM, VALORIZAÇÃO, INICIATIVA, INCLUSÃO.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


           O SR. CRISTOVAM BUARQUE (PDT - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, eu ainda queria vir aqui falar - e voltarei em algum momento - sobre o pré-sal, sobre a necessidade de uma visão de estadista na discussão sobre o que fazer com esses recursos, como distribuí-los não apenas entre Estados, mas também entre tempo, desta geração com a próxima. Mas hoje, em tempo de futebol, eu venho falar sobre este assunto, trazendo aqui a minha surpresa de só agora ter tido contato direto, Sr. Presidente - e gostaria de saber se outros Senadores tiveram - com a realização, em setembro próximo, no Rio de Janeiro, de uma copa mundial de futebol. Poucos devem saber disso. Em setembro, haverá outra copa de futebol, uma copa de moradores de rua. Uma copa em que os jogadores são excluídos entre grupos desfavorecidos, excluídos, pobres da sociedade. Sessenta e cinco países estarão no Rio de Janeiro; sessenta e quatro e mais o Brasil. Essa vai ser a 8ª Copa Social de Futebol; é assim que eles chamam.

           É uma copa patrocinada mundialmente, em que se escolhem jogadores entre os mais pobres dos pobres desses países. E eles disputam a copa. Já houve copa na Austrália, na Suécia, na Escócia, na África do Sul, na Dinamarca e na Itália. Em setembro, será aqui no Brasil. Anualmente eles fazem a copa; no próximo ano será na França, em Paris. É algo que merecia uma atenção especial. Mas, lamentavelmente, essa copa, que já tem o patrocínio da viagem de todos os jogadores dos outros países para cá, que recebem o patrocínio de uma grande empresa esportiva, dentro do Brasil eles não têm, até aqui, nenhum patrocínio. Quero aproveitar aqui a tribuna para chamar a atenção dos empresários, das estatais brasileiras, da Petrobras, que vai agora, com o pré-sal, segundo se diz, receber centenas de bilhões de reais, para que percebam que não é possível que, quando se trata da Copa da Fifa, a gente fale em bilhões e, quando se trata de uma copa com um impacto social, que exige uma sensibilidade muito grande, não se consigam recursos.

           A própria Prefeitura do Rio de Janeiro, até aqui, deu apenas um apoio simbólico, institucional, de dizer “nós patrocinamos”, mas nenhum recurso, Senador Botelho. Nenhum recurso do Governo Federal. Nenhum recurso de nenhuma agência. Nenhum recurso de nenhuma empresa até aqui. E é algo tão simpático de se fazer! É algo que chama a atenção de todos aqueles que assistem, uma copa do mundo em que os jogadores são escolhidos entre aqueles que moram na rua, aqueles que são excluídos, aqueles que estão em situação de risco.

           Hoje, recebi o técnico brasileiro dessa equipe, que já, praticamente, selecionou os jogadores que vão representar o Brasil: a população carente, a população de risco, a população pobre, a população excluída de jovens. Mas não há recursos garantidos ainda. Apenas três meses faltam, ou menos - julho, agosto e setembro, porque a data de realização dessa copa será de 18 a 23 de setembro.

           Eu quero aqui pedir a todos aqueles que fazem o Governo do Rio de Janeiro e o Governo brasileiro para que se juntem e passem a apoiar um evento como esse. Será uma vergonha que, na 8ª Copa Social de Futebol, nós não tenhamos realizado as instalações necessárias, que consistem apenas, Senador Simon, em um tablado na praia de Copacabana e, obviamente, pagar a hospedagem dessas 64 seleções que virão para cá.

           Estamos falando de um tablado, e não há um real. Agora, quando a gente fala da construção dos estádios, só um vai custar R$600 milhões, só um dos estádios para a realização da Copa de 2014.

           O Brasil inteiro fala, todos os dias, do atraso nas obras para a Copa de 2014 patrocinada pela Fifa. E confesso que só hoje vim tomar conhecimento de que haverá essa copa em setembro e que se precisa apenas de um tablado que organize o futebol de salão, porque não é em grande quadra, na praia de Copacabana, e até agora não têm um real as instituições que organizam.

           Quero deixar aqui não o meu protesto, porque não é tempo de protesto ainda, mas o meu apelo para que as autoridades do Brasil ajudem a realizar essa 8ª Copa do Futebol Social, essa copa em que os jogadores são escolhidos entre aqueles que fazem parte dos grupos de risco social, daqueles excluídos, daqueles que moram nas ruas e que, ao serem escolhidos para fazer parte da seleção, passam a receber um emprego ou uma bolsa para estudar, dependendo da idade.

           Creio que a gente não pode passar a vergonha de não ter essa copa realizada no Brasil depois de terem sido realizadas sete em outros países do mundo, sobretudo no mesmo momento em que nos preparamos para gastar um, dois, três bilhões de reais para organizar a Copa de 2014.

           Fica aqui o meu apelo no sentido de que o Brasil seja capaz de realizar também essa copa dos pobres, essa copa em que os jogadores estão entre os mais pobres da sociedade, escolhidos conforme o talento para o futebol, mas de uma maneira clara entre aqueles que precisam, às vezes, de um empurrão e, sobretudo, precisam do prazer de fazer aquilo que lhes é negado no dia a dia.

           Peço aqui que o Presidente da República, que tem sido tão envolvido com o futebol, talvez mais do que qualquer outro Presidente, e que é um homem que vem das camadas mais baixas da população e que tem demonstrado um sentimento muito forte de solidariedade e de ligação com a população pobre, tome conhecimento, por este discurso, de que há no Brasil, em preparação, a realização da 8ª Copa de Futebol Social Mundial. E que nós possamos dar esse pequeno apoio para que essa copa seja realizada. Ela precisa de tão pouco, comparada com a de 2014, que eu acho que vale a pena ser feito.

           Aqui fica o meu apelo, Sr. Presidente.


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/06/2010 - Página 29894