Discurso durante a 103ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Comemoração dos 15 anos da Redevida de Televisão.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemoração dos 15 anos da Redevida de Televisão.
Publicação
Publicação no DSF de 22/06/2010 - Página 29968
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, EMISSORA, TELEVISÃO, IGREJA CATOLICA, COMENTARIO, HISTORIA, ELOGIO, PROGRAMAÇÃO, IMPARCIALIDADE, JORNALISMO, COMPROMISSO, INFORMAÇÃO, AUSENCIA, MANIPULAÇÃO, RESPEITO, DIVERSIDADE, OPINIÃO, PROMOÇÃO, ETICA, CONTRIBUIÇÃO, CONSOLIDAÇÃO, DEMOCRACIA, ASSISTENCIA RELIGIOSA.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, ESFORÇO, JORNALISTA, RESPONSAVEL, FUNDAÇÃO, EMISSORA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Mão Santa; Srªs e Srs. Senadores; senhoras e senhores convidados para esta sessão de homenagem aos 15 anos de criação da REDEVIDA de Televisão; Sr. Presidente da REDEVIDA de Televisão, Sr. João Monteiro de Barros Filho; Sr. Presidente da Diretoria Executiva do Instituto Brasileiro de Comunicação Cristã - Imbrac, Sr. Marcelo Aparecido Coutinho da Silva; Sr. Arcebispo do Rio de Janeiro, Excelentíssimo Reverendíssimo Dom Orani João Tempesta; senhoras e senhores, eu, antes, recorro a alguns dados que resumem o trabalho da REDEVIDA e, depois, falarei um pouco sobre o meu sentimento pessoal.

            A REDEVIDA fez suas primeiras transmissões a partir de 1º de março de 1995. Depois, passou a operar em parceria com a TV Aparecida, transmitindo alguns de seus programas, como, por exemplo, a Missa de Aparecida, que é tão tradicional e que é exibida diariamente. Mantém parceria com o CTV, o Centro Televisivo do Vaticano, transmitindo o Ângelus de domingo, realizado na Praça de São Pedro, pelo Papa Bento XVI, e também missas de diversos lugares do Brasil. O canal transmite também novenas, como a do Divino Pai Eterno e o Terço Bizantino, com o Padre Marcelo Rossi, e missas, como a do Santuário da Vida, a de Aparecida, a da Basílica de Nazaré, entre outras.

            Por outro lado, Senador Geraldo Mesquita, indo além do seu mister religioso, a REDEVIDA entra esporte adentro e transmite campeonatos de futebol, como a Copa São Paulo de Juniores, o Paulista de 2ª e 3ª divisões, assim como programas sobre turismo, educação, e musicais, em especial do violinista holandês Andre Rieu. Tem uma expressiva programação jornalística.

            Volto a este assunto justamente quando expressar minha opinião pessoal sobre a REDEVIDA, não sem antes oferecer alguns dados que julgo relevantes de serem conhecidos pela Nação brasileira por meio da rede televisiva do Senado, da Rádio Senado e da TV Senado mesmo.

            Ao prestar homenagem aos 15 anos de existência da REDEVIDA de Televisão, o Senado da República rende também merecido tributo à iniciativa de um jovem filho de peão boiadeiro de Barretos, o jornalista João Monteiro de Barros.

            Dessa simples ideia, o Brasil passou a contar com o que é hoje uma notável e meritória emissora de televisão, com sua geradora em São José do Rio Preto, e, graças aos recursos tecnológicos, incluindo satélites e rede a cabo, chega aos lares de todo o Brasil.

            Católico e pessoa de forte fé religiosa, lançou a ideia não em proveito próprio. Imaginou que seria possível à Igreja contar com o que é hoje uma exemplar rede de disseminação de ideias.

            A luta desse jornalista não foi fácil, a começar pelo trabalho de convencer a CNBB. Ele não esmoreceu e logo a ideia foi encampada pelos Arcebispos D. Antônio Maria Mucciolo, de Botucatu, e D. Luciano Mendes de Almeida, de Mariana. O caminho para o êxito da iniciativa estava aberto. Não foi em vão. Logo, outros se juntaram aos esforços para lograr a concessão do canal em São José do Rio Preto.

            Decorridos 15 anos de uma bela ação em favor da comunidade brasileira, hoje a REDEVIDA é uma emissora de televisão brasileira na maneira com que se define a ideia do jovem João Monteiro, ou seja, do jeito simples com que esse modesto morador de Barretos acalentou ideia tão brilhante.

            A outorga da concessão à REDEVIDA coube ao então Presidente da República, hoje Senador, José Sarney. Foi o coroamento da ideia. Mas a luta ainda não estava concluída, ainda não estava vencida, nem terminada. Para colocar no ar a emissora, já estruturada, o jornalista empreendeu novos esforços, em outra frente. Precisava de anunciantes para que o sinal da REDEVIDA afinal chegasse a uma parcela significativa e substantiva dos lares brasileiros.

            Nos registros dessa história, presentes na rede web, Monteiro lembra com emoção o dia em que recebeu, por telefone, a adesão, como anunciante, de um então poderoso banco brasileiro, o extinto Bamerindus. Seu Presidente, Senador Papaléo Paes, já honrou este plenário como representante do Paraná, o ex-Senador José Andrade Vieira. Se é que a vida dá voltas, Andrade Vieira, ex-banqueiro e ex-Senador, hoje conduz, como Presidente, um dos maiores jornais do interior brasileiro, a Folha de Londrina. Como o filho do peão boiadeiro, abraçou o jornalismo.

            A REDEVIDA, como geradora de TV, abraçou a família brasileira com uma grade de programação bem cuidada e, sobretudo, produzida a partir de linha ética da qual jamais se afasta. Esse é um fato incontestável, Senador Paulo Paim.

            Seus programas vão além das mensagens de fé, igualmente bem cuidadas, bem esmeradas e sempre honestas - não se vê a figura da manipulação -, deles constando noticiosos, musicais e transmissão de jogos de futebol, algo bem brasileiro, bem Brasil. Com emissoras de canais abertos em Rio Preto, São Paulo, Rio, Brasília, Curitiba, Goiânia e Belo Horizonte, termina cobrindo o inteiro do País, pois seu sinal está presente na rede de emissoras a cabo e também via satélite.

            Teço, como referia no início desta fala, alguns comentários muito pessoais, que, para mim, justificam esta homenagem, por sinal singela, aconchegante e bem menor do que merecia essa rede de televisão tão íntegra.

            Começo dizendo que a REDEVIDA não tem candidatos. Eu não conheço, jamais conheci um candidato da REDEVIDA, o que mostra isenção, o que mostra vontade de influenciar sobre o processo político, sim - se não fizesse assim, seria alienação -, mas influenciar sobre o processo político recomendando, por exemplo, a votação em candidatos “limpos”, não nominando fulano, beltrano ou sicrano. Ou seja, não existe a figura da “panelinha”, a figura do protecionismo.

            Em segundo lugar, os programas de jornalismo da emissora, e tenho a impressão de que, ao longo da minha vida pública, que é mais longa do que esses quinze anos da REDEVIDA de Televisão, percorri todos os programas de jornalismo, de entrevistas que a TV leva a cabo.

            Eu sou católico. Nunca me perguntaram da minha fé. Acredito que foram ouvidos líderes políticos de todos os credos religiosos, de todas as procedências políticas, o que revela um sentimento plural, democrático e de efetivo compromisso com a informação, e não com o proselitismo puro e simples, com a informação para oferecer dados para que a sociedade possa fazer o seu melhor julgamento, e não a tentativa de transformar o povo em massa, em massa disforme, sem direito àquilo a que a própria sociedade se recusa, tamanho o avanço a que se chegou, massa sem capacidade de opinar criticamente sobre os fatos.

            Então, ressalto o distanciamento do embate direto, mas a presença do embate pelo embate, pela capacidade de divulgar ideias, de ouvir pluralmente as pessoas que fazem parte do universo político brasileiro. Vejo uma saudável participação na vida pública do País.

            Ressalto o pluralismo, a capacidade que tem de abrir o seu canal, abrir os seus espaços para que todos se manifestem de maneira muito aberta, sobre todos os temas, com coragem, com independência.

            E registro que a vida de quem trabalha muito não é só trabalho. Tenho muito prazer quando compareço a um programa da REDEVIDA, porque sempre me deparo com entrevistadores preparados, competentes, não importa a hora em que isso aconteça. E mais: recebo de volta o feedback, que considero extraordinário, porque vem do País inteiro e muito fortemente do meu Estado, o Estado do Amazonas; um feedback extraordinário. As pessoas mandam e-mail, muitos e-mails, hoje em dia; antes, muitos faxes; antes dos faxes até, muitos telefonemas; e sempre telefonemas e faxes até hoje, apesar de a maioria das comunicações se fazer via e-mail, pelo que percebi na última vez em que lá estive.

            Percebo a repercussão, uma repercussão segmentada; um eleitorado que está disposto a analisar, a comparar a sua própria análise com a que está sendo feita na televisão. É segmentada, sim, mas repercute porque percebo, nos dias seguintes, por outros e-mails que chegam ao meu gabinete, pelas conversas que tenho nas ruas das cidades do meu Estado, percebo a crítica ou apoio às ideias que coloquei. E recebo ambas as categorias, tanto a da crítica quanto a do apoio, com o mesmo respeito por entender que, se cumpro o meu dever de falar muito claramente aquilo que penso, as pessoas devem cumprir com o dever delas de dizer para mim, muito claramente também, o que elas próprias pensam daquilo que foi exposto.

            Vejo que esta Casa cumpre um dever, pelo qual não deve receber nenhum agradecimento: o dever de não deixar passar em branco uma data tão significativa, os 15 anos da REDEVIDA de Televisão, que é de fato uma rede de inspiração católica - e poderia não ser, poderia ser de outro credo, mas é uma rede de inspiração católica -, que cumpre rigorosamente com o seu dever de informar, dando dados para que a população, a partir desses dados, os recuse, os aceite in totum, os aceite em parte, mas jamais aquela tentativa de fazer lavagem cerebral. Acho que essa é a marca fundamental da REDEVIDA, quando me apercebo do seu noticiário jornalístico. Em relação a sua fé religiosa, que é a minha - e respeito todas as demais -, aí sintoniza o canal quem quiser participar daquela missa a distância. Ninguém é obrigado a fazer isso. Se quiser outro canal, escolha outro canal. Naquela mesma hora, há esporte, há outras televisões de outros credos religiosos.

            Eu queria fincar muito pé no respeito que tenho pelo noticiário jornalístico, que é efetivamente equilibrado, efetivamente decente. E tudo que precisamos para coroar de êxito, Senador Mão Santa, a democracia brasileira é de muito noticiário, de preferência que todos os noticiários sejam isentos, limpos, claros, plurais. Isso fortaleceria e fortalecerá, quando for assim, a democracia no País. E a democracia é o caminho, é a pedra de toque para termos o País justo com que tanto sonhamos. Não consigo imaginar que qualquer visão autoritária, qualquer caminho ditatorial leve à distribuição correta das riquezas. Ao contrário, a ditadura concentra a riqueza em poucas mãos, a democracia abre a possibilidade de distribuição das riquezas de maneira mais justa. Ditadura estupidifica as pessoas porque as aliena, não as informa. A democracia abre a perspectiva de se ter um rol, um leque de informações mais amplo nas mãos dos cidadãos. Agora, é claro que a democracia em si precisa ser acionada, precisa ser trabalhada, precisa ser aperfeiçoada, porque sozinha não operaria o milagre de educar, de politizar no bom sentido.

            Então, eu tenho muito honra em perceber, no meu País, uma rede de televisão desse calibre, que tem audiência - e isso é comprovado, isso é essencial. Toda televisão tem a sua audiência, mas a da REDEVIDA é muito expressiva e é muito objetiva, muito formadora de opinião - talvez seja essa a expressão que eu gostaria de deixar bem clara neste final de discurso.

            Eu não me refiro, Sr. Presidente, ilustres componentes da Mesa, a formadores de opinião de maneira elitista nunca. Há quem diga assim: “Fulano de tal é formador de opinião porque tem duas universidades, ou tem um mestrado, ou tem um doutoramento.” Não sei se ele reúne as condições de liderança para formar opinião de alguém só por isso: “Ah, mas ele, então, pelo critério de renda, é formador de opinião.” Eu repudio isso nas minhas análises, quando faço análise sobre minha própria vida e minhas próprias perspectivas político-eleitorais, quando chega a época de eleição, eu repudio muito esse tipo de análise, porque não concordo com ela. Entendo que formador de opinião é todo aquele que lidera alguém em algum lugar. No submundo, há alguém que lidera os demais, às vezes para o mal, mas lidera. Há aquela liderança espontânea, que vem de baixo para cima e não tem nada a ver sequer com os mandatos. Num cinema, acontece algo terrível, como um eventual incêndio, há alguém, ou mais de um alguém, que se levanta e diz: “É ali a porta, calma, tranquilizem-se!” Alguém que arrisca a própria vida e salva a dos outros é uma liderança que surgiu de baixo para cima, que surgiu na hora: não era o dono do cinema, não era o Senador que estava ali, não era o Governador que estava no cinema, não era ninguém; era um líder de verdade, um líder natural, um formador de opinião. Esse formaria opinião em qualquer circunstância.

            Então, vejo que podemos reunir quatro pessoas iletradas. Uma das quatro influencia as outras três - acredito muito nisso. E podemos encontrar vinte pessoas ultraletradas, e uma delas certamente influenciará as outras dezenove. Ou seja, não acho que alguém vire líder só porque leu mais; acho que até ajuda, mas não é só porque leu mais. A liderança é algo que vem de dentro, que brota da alma para o cérebro, ou do cérebro para a alma, não sei, mas se expressa, afinal, em atitudes, em gestos de pessoas que conseguem agregar e que, por isso, se tornam líderes de um pequeno grupo, de um grande grupo, de uma nação, de um Estado, ou de uma casa legislativa, em qualquer latitude em que esta casa legislativa se situe - Câmara Municipal, Senado, Câmara Federal, Assembléia Legislativa.

            Então, digo que é sem nenhuma preocupação com a renda de quem está me ouvindo e sem nenhuma preocupação com o nível de escolaridade de quem está me ouvindo que ouso dizer que a REDEVIDA tem uma audiência de formadores de opinião, entre ricos e pobres, entre remediados ou não, entre mais letrados ou menos letrados, mas pessoas que se dedicam a ouvir opiniões as mais diversas. E vão tirando conclusões que só as aperfeiçoa, e vão fazendo um crivo sobre se valeu a pena ou não ter ouvido tais ideias - aí elas repudiam quando não valem a pena ou aceitam quando vale a pena.

            É por todas essas qualidades, por todas essas características que faço aqui este registro de homenagem à REDEVIDA de Televisão. É um canal que eu admiro, é um canal que tenho a honra de frequentar quando convidado, um canal de comunicação ao qual desejo vida muito longa, prestando serviços limpos, éticos, claros à democracia brasileira. E que essa vida longa seja marcada pelo crescimento, pelo crescimento, pelo avanço, pela implantação do seu sinal em todo o País, em cada cidade do País, em cada Estado do País, para universalizar esta boa perspectiva, a do jornalismo saudável que não mistura, ao fazer jornalismo, o conteúdo de fé, que é muito presente numa rede que nasceu a partir da fé, mas que disse: tem de fazer jornalismo também e, ao fazer jornalismo, é absolutamente ecumênica, é absolutamente plural, absolutamente aberta, absolutamente democrática.

            Então, repito e encerro, vida longa à REDEVIDA de Televisão.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            Era o que tinha a dizer. (Palmas)


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Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/06/2010 - Página 29968