Discurso durante a 108ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Louvor à democracia. Críticas pela forma como o Presidente Lula indicou a ex-Ministra Dilma Roussef como candidata à Presidência da República, sem a participação efetiva do Partido dos Trabalhadores.

Autor
Mão Santa (PSC - Partido Social Cristão/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Louvor à democracia. Críticas pela forma como o Presidente Lula indicou a ex-Ministra Dilma Roussef como candidata à Presidência da República, sem a participação efetiva do Partido dos Trabalhadores.
Aparteantes
Edison Lobão.
Publicação
Publicação no DSF de 30/06/2010 - Página 31739
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • ANALISE, NECESSIDADE, APERFEIÇOAMENTO, ESTADO DEMOCRATICO.
  • QUESTIONAMENTO, CONDUTA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, IMPOSIÇÃO, CANDIDATO, SUCESSÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, FALTA, DEMOCRACIA, PROCESSO, ESCOLHA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), COMENTARIO, DISPUTA, VICE PRESIDENCIA, COMPARAÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
  • HOMENAGEM, PETRONIO PORTELLA, EX SENADOR, LIDER, DEMOCRACIA.

                          SENADO FEDERAL SF -

            SECRETARIA-GERAL DA MESA

            SUBSECRETARIA DE TAQUIGRAFIA 


            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente José Sarney, parlamentares na Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes no plenário do Senado ou que nos acompanham pelo Sistema de Comunicação do Senado; Presidente Sarney, V. Exª contribuiu muito para o momento democrático que vivemos; Senador Pedro Simon, nós avançamos muito na democracia, mas temos, ainda, Senador Edison Lobão, de aperfeiçoar esse modelo democrático. É preciso relembrar que ele nascera muito antes de Cristo. Péricles, lá na Grécia - o Edison Lobão que sabe tudo -, o Péricles foi o séquito de Péricles. Ele foi o primeiro estadista a governar nos princípios da democracia, que era direta. Ele levava o povo à praça, à ágora, e fez a primeira Constituição da Grécia, direta.

            Mas, Edison Lobão, naquele tempo a Grécia tinha trinta mil pessoas. Foi complicado fazer constituição e governar numa democracia direta. Iam para a praça, ágora, e todos tinham direito de falar madrugada adentro.

            Essa democracia na Itália, da sabedoria, de renascimento e tudo, lá ela se engrandeceu sendo representativa. Aí apareceu o Senado romano. Era impossível chamar a toda hora todo o povo para fazer leis, e passaram a chamar os representantes do povo.

            Mas nós não podemos fugir, ô Romeu Tuma, àquilo que era sintetizado pelas primeiras palavras de Cícero, quando falava. Zezinho, o que é o povo? Zezinho, ali, funcionário padrão do Brasil, homem de bem. E o Cícero dizia, ó Sarney: “O Senado e o povo de Roma”.

            O Senado é o povo. Eu posso dizer, eu digo: o Senado e o povo do Brasil. Nós somos filhos da democracia, do povo, e nós representamos o povo, aqui, diante do nosso Presidente, muito forte popularmente. E aprendi com Petrônio Portella não agredir os fatos - meu líder lá do Piauí. Eu nem entendia, quando eu era meninote, fedelho, ele dizia: “Não agredir os fatos”. O que esse homem quer dizer com isso? Petrônio: “não agredir os fatos”. Eu não entendia o profeta. Fui filhote.

            E os fatos são estes. Ninguém pode desconhecer a popularidade do Presidente Luiz Inácio - 60 milhões de votos -, mas aqui tem mais de 80 milhões de votos. Nós somos o povo, filhos da mesma democracia dos votos.

            Então, nós queremos dizer, Presidente Sarney, que o senhor contribuiu muito, mas nós temos que melhorar muito, ô Pedro Simon, para sermos a melhor democracia do mundo. Não tem razão... Os Estados Unidos são oito anos mais velhos do que nós. Calma! Mas nós erramos muito. O Presidente Luiz Inácio errou. Ele tem uns acertos, salário, mas no momento democrático ele errou. A candidata dele, tirar de bolso e fazer... Isso errou. Está na contramão do aperfeiçoamento da democracia. Não é assim. Errou. Está vendo, Romeu Tuma? Mas ninguém vai também dizer que ele... Está ouvindo, Edison Lobão? Errou o Luiz Inácio ao tirar candidato dele... Errou, ele não aperfeiçoou a democracia. Errou, tirar... Calma, errou. Não viu agorinha os Estados Unidos que nos ensinam? Barack Obama - a democracia se aproximou, o povo insurgiu... -, esse líder negro, culto, duas vezes formado, esperança, sorridente. Luiz Inácio errou. Mas ninguém vai desconhecer que o Luiz Inácio não é um Maradona. Ele é um Maradona.

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - V. Exª permite?

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Permito e quero aprender com V. Exª. Exijo. V. Exª é o João Goulart do Sarney. É o filho político maior que o Sarney já teve. É V. Exª, pois existem os filhos genéticos e políticos. O Getúlio tinha e o João Goulart não era, mas foi.

         Então, quero dizer o seguinte: não vou desconhecer que ele é um Maradona. Já vi o Maradona errar muito, já vi o Maradona drogado, internado em Cuba. Eu estava lá por coincidência.

         Mas o nosso candidato errou, o das oposições errou e não foi pouco não, o José Serra, quando não permitiu os debates no seu Partido, a participação e a disputa com outro. Errou. Está entendendo? Na dos Vice erraram mais ainda. Disseram que tinha 19. Inclusive, fui indicado pelo PSC. Não é nada não, mas estou dizendo isso porque nós temos de nos aperfeiçoar. Qual o critério de se escolher? O meu Partido não foi, mandou o meu nome, nunca coisou. Pesquisa, não sei o quê não houve, não é... Mas digo isso para termos no futuro.

            Sou otimista, sou como Juscelino na Santa Casa. É melhor ser otimista. O otimista pode errar; o pessimista já nasce errado. Nós temos de nos aperfeiçoar. E esse negócio de ficha limpa, tudo eu vou ensinar. Senador é para isso, Edison. Eu não ficaria se não tivesse essa cultura de 67 anos, apaixonado. Quando não era agarrado com a Adalgisinha, era com o livro. Então, sou um homem que não é pouco preparado não. Sou muito. Sei porque estudo. Mas não digo isso com soberba, não. É até gratidão aos meus pais, aos meus avós, aos meus professores, aos políticos que segui. Fui o filhote político de Petrônio Portella; de Dirceu, que tombou aqui no primeiro discurso; de Wall Ferraz; de Chagas Rodrigues; de vocês, vizinhos do Maranhão, celeiro de grandes nomes, dentre os quais vocês. Não é com soberba não.

            Então, nós queremos dizer o seguinte: eu acho que os Estados Unidos deram ensinamento. Edison Lobão, a candidatura era Hillary Clinton.

            Eu li o livro. Ele só tem dois livros, o Barack Obama: um lindo, da sua história; e outro, que é até árido, porque é da campanha. Então, ele se lançou, Senador como nós, certo de que ia perder. Ele era um grande orador, fez o melhor discurso na campanha final, naquela convenção final do seu partido, o Democrata, quatro anos antes, quando o candidato perdera. Mas foi o melhor pronunciamento. Então, ele, como Senador, se lançou - ele confessa - certo de que ia perder e de que não ia ganhar quatro anos depois, não. Ele esperaria ser Presidente oito anos depois.

            Mas aí tem as primárias. O povo participa. Democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo. Aqui, os partidos estão fugindo do povo. Foi! O Luiz Inácio não chamou o povo, não chamou o PT para o debate, para as coisas. O PMDB não chamou! V. Exª era um nome que podia...

            Então, eu defendo isto: os partidos têm que se aproximar do povo.

            Vamos ter outra. Nem só de uma eleição vive a democracia; são do futuro.

            Com a palavra Edison Lobão.

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Eu, agora, posso interferir no discurso?

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Não. Eu quero aprender. Eu exijo que seja um aparte de meia hora para eu corrigir meus erros.

            O Sr . Edison Lobão (PMDB - MA) - Há uma semana, duas semanas, um grande Líder neste Plenário se lamuriava pela ausência dos grandes debates nesta Casa. Os discursos eram feitos, e são feitos, sem interferência de outros Senadores para que, ao longo do debate, surja definitivamente a luz. Eu estou ousando interferir no discurso de V. Exª para dizer que, quase sempre, nós concordamos. As ideias caminham umas ao lado das outras. Mas, num momento ou outro, um de nós dois resvala no pensamento. É o caso presente. V. Exª começa louvando a democracia, que é o que eu louvo também, e cita Péricles e cita a Grécia, a mãe, o berço da democracia e das liberdades; Péricles, e cita outros luminares daquele país histórico. Senador Mão Santa, daí parte V. Exª para condenar o Presidente Lula pela escolha...

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Não...

            O Sr Edison Lobão (PMDB - MA) -...que teria feito da sua candidata

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Ah, a maneira. Condenando, não.

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - A maneira.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Pelo menos, essa maneira sem...

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Eu chego lá.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - As primárias, sem a participação.

            Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Já que V. Exª fala na Grécia, eu cito César. César foi assassinado sob o argumento e a acusação de que pretendia ser Imperador. E, curiosamente, com a morte dele surgiu o primeiro Imperador, que foi Otaviano. E César recusou a coroa de Imperador que lhe foi oferecida várias vezes por Marco Antônio. César recusou a coroa. Lula não recusou a coroa porque nós não temos imperador, mas ele resistiu sempre - eu estava ao lado dele - quando alguém lhe falava pelo terceiro mandato.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Não, isso aí, não! Isso nós estamos...! Ele não resistiu, não! O Lula é inteligente e ele sabia que jamais passaria aqui. Ele não tinha nem maioria simples para isso. Isso eu provei num discurso e usei até o Presidente Sarney, porque aqueles 35 da CPMF se aliariam aos 6 que o Presidente Sarney tem aqui. Porque o Presidente Sarney ficou para a História, e vai ficar, como o pai da redemocratização. Ele não ia permitir um terceiro mandato jamais, porque democracia nós entendemos bem e muito: é divisão de poder e alternância de poder! Quem quer o terceiro...

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Eu posso prosseguir no meu aparte?

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Pode, pode. Pergunte ao Fidel Castro quanto quer quem quer o terceiro.

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - E já que V. Exª fala no Sarney, o Sarney...

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Não, é só para dizer que o Lula queria! O PT queria! Não, se curve ao Senado! Ele não tinha nem maioria simples aqui. E precisa, Brasil - não vamos enganar o Brasil - de dois terços! Ó Deus, ó Deus! No dia que esta Casa desse dois terços para ser subserviente a um Poder Executivo era melhor cair um raio aqui e morrermos todos!

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Hoje é terça-feira. Se V. Exª permitir, preferir...

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Permito.

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Não, se V. Exª preferir, nós voltaremos amanhã para o debate. Eu desisto de hoje, e voltaremos amanhã.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Não, eu quero... É contínuo.

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Então, prossigo eu: já que V. Exª fala em Sarney, Sarney, se quisesse, teria tido um novo mandato, um novo mandato no Plano Cruzado. Ele não quis, não aceitou, não faltou quem propusesse a ele isso. Eu vou prosseguir, se V. Exª permitir. Assim foi Lula. Não se iluda. Ele teria o terceiro mandato se desejasse tê-lo.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Aqui não passariam dois terços! Não passa aqui nem Lula. Só se conseguir dois terços. Se ele não tem maioria simples. Ele, inteligente, mandou calar. Eu ouvi discurso aqui pedindo isso - não vou citar nomes para não ganhar inimigos. E, na Câmara, houve até lei!

            Agora, o nosso Presidente tem QI alto, ele sabe que ele não tem... Ele sabe que aqui são necessários 2/3 para passar o terceiro mandato. Jamais, nunca antes, V. Exª sabe disso...

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Posso prosseguir?

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Pode.

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Pela generosidade de V. Exª, posso prosseguir. Vou fazer a última tentativa, se não for bem sucedido, desisto.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Não, V. Exª sempre foi bem sucedido.

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Na tentativa. Não é no argumento, é na tentativa de prosseguir o meu aparte. Só isso.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Mas V. Exª está de acordo que jamais este Senado trairia a Pátria, com 2/3...

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Não estou de acordo. Não estou de acordo com isso. Mas, ainda que fosse assim...

(O Sr. Presidente faz soar a campainha)

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Sim, Sr. Presidente, agora é a Presidência que conspira contra o debate? Não estou de acordo. Mas, ainda que fosse assim, ele poderia ter caído na tentação de procurar obter o terceiro mandato. Não quis, recusou desde o começo. O que caberia a ele? Fazer o que fez, grande líder que é - e V. Exª acaba de reconhecer a liderança popular dele; fala em 70%, mas não são 70%, são 80% da opinião pública brasileira. Cabia a ele, como grande líder nacional, líder popular e líder do grande partido que é o PT, escolher o candidato ou sugerir o candidato. O que aconteceu com a escolha dele, que V. Exª imagina tenha sido autoritária?

(Interrupção no som.)

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Sr. Presidente, até parece que a Presidência amena de V. Exª conspira contra o meu aparte. Estou a ponto de desistir dele. O que fez o Presidente Lula, então? Sugeriu ao seu partido o nome da Ministra Dilma Rousseff. Quem é a Ministra Dilma Rousseff? Trabalhei com ela durante três anos, conheci-a antes, é uma mulher da mais alta competência, da mais alta responsabilidade, filiada ao partido do Presidente da República. Sugeriu o nome dela. O que fez o partido? O partido, ao contrário do que fizera com Lula, que teve competidor na convenção, não apresentou nenhum outro candidato. Ela foi escolhida por aclamação, por unanimidade. Portanto, nunca se diga que a escolha dela não foi legítima. Foi, sim! Foi uma escolha legítima! Primeiro, porque foi sugerida pelo maior líder popular do Brasil, que é o Presidente Lula. Segundo, porque foi escolhida por um dos maiores partidos políticos do país, menor apenas do que o meu, o PMDB. Ela foi escolhida unanimemente pelo partido. E o que está acontecendo com ela hoje nas pesquisas eleitorais? E nós temos de acreditar nas pesquisas: ela está em primeiro lugar! Ou seja, tudo sugere que a escolha foi bem feita e que o Presidente agiu corretamente. Primeiro, não quis tentar um terceiro mandato. Poderia tê-lo feito. Não o fez, democraticamente...

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Inteligentemente, porque teria de passar aqui com 2/3 para mudar a Constituição, e ele não tem aqui 2/3, todo mundo sabe.

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Todo mundo sabe, não!

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Dois terços?

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Não. Veja V. Exª que são duas opiniões diferentes.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Mas ele não conseguiu aprovar a CPMF, que era...

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Este debate é despiciendo nesse particular, porque não houve e não haverá, e o assunto está vencido.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Vencido.

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Mas eu penso de maneira diferente de V. Exª...

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - É lógico!

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Bom, ele não quis. Não quis por ser fiel, obediente, submisso aos parâmetros democráticos. Então, indicou a sua candidata. Está aí a candidata posta ao exame da opinião pública e sendo aprovada no concurso público das opiniões manifestas. Senador Mão Santa, V. Exª é um democrata, e eu tenho assistido a inúmeras declarações, manifestações e demonstrações disso. Estamos num processo democrático, vivemos hoje a democracia plena neste País, da qual, com a graça de Deus, nós nunca mais sairemos.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Eu apenas mencionei que deveríamos aperfeiçoá-la, aprimorá-la.

            O Sr. Edison Lobão ( PMDB - MA) - Aprimorá-la e aperfeiçoá-la. Sair dela, nunca mais.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Nunca, nunca!

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Nunca mais. Estamos, portanto, cumprindo rigorosamente a liturgia democrática e, dentro da liturgia democrática, o Presidente Lula tem o seu momento, o seu cenário e deve ser acolhido e respeitado como um grande líder que ajudou a consolidar o processo democrático, do qual nós nunca mais sairemos. Cumprimentos a V. Exª por ser aqui uma espécie de ganso no Capitólio, ou seja, um vigia permanentemente atento à defesa dos princípios, das liberdades públicas gerais e da democracia.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - V. Exª é testemunha da história. Outro dia, eu aprendi com V. Exª, antes de ser parlamentar - que é um dos mais brilhantes, V. Exª presidiu esta Casa num dos momentos mais turbulentos, e Deus permitiu-lhe atravessar o Mar Vermelho. V. Exª, outro dia, me narrou, como jornalista, bem dali, o episódio mais triste que houve no Senado da República. Então, V. Exª tem mesmo essa experiência. Mas V. Exª, um jornalista... Para onde vamos, levamos nossa formação, a nossa profissão. Assim, V. Exª veio com esse espírito. E eu mencionaria, já que V. Exª mencionou que ela teve unanimidade, outro jornalista brilhante que o país ama: Nelson Rodrigues, que dizia que a unanimidade é sempre burra.

            Então, essa que foi... Ela devia ter ido às primárias: Paim e ela. Quem ganharia? Talvez eu estivesse até lá, com o PMDB e com o Paim. Estou citando: Delcídio Amaral e ela. Quem iria? Não foi dado... Como eu disse também que...

(Interrupção no som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - ...na escolha do Vice-Presidente, até o meu nome entrou, apareceu aí. Eu não tenha nada com isso. Como Pôncio Pilatos, eu não quero... O partido indicou, disse que tinha dezenove, mas tinha que ter os critérios, pesquisa e não sei o quê....

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Mas, Senador Mão Santa...

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Então, estou dizendo que, no futuro, deve haver a participação do povo, a participação de todos os diretórios. E dou o exemplo de uma democracia que é tida hoje como a mais avançada, mas nós queremos passar dela e nós devemos passar dela; é por isso nós estamos aqui, no Senado da República.

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Cometi o pecado da omissão e quero me redimir dele. V. Exª fez menção a um nome que pronuncio também com absoluto respeito, que é o do Senador Petrônio Portella. O Senador Petrônio Portella foi um dos políticos mais talentosos...

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Ele me ensinou a não agredir os fatos. Eu não estou agredindo...

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - Não, não, V. Exª o elogiou...

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Elogiei.

            O Sr. Edison Lobão (PMDB - MA) - E eu também. É isso que eu estou falando. O Senador Petrônio Portella foi um dos políticos mais talentosos e inteligentes do século passado, um homem que serviu à democracia e à vida pública brasileira com extrema capacidade e com espírito público. Foi um dos homens mais corretos, mais inteligentes e mais sábios que a vida pública produziu no século passado. V. Exª lembra o nome dele, e eu também lembro. Eu era jornalista e aprendi a admirá-lo por tudo o que ele representou. E, no futuro, a história haverá de fazer justiça a esse homem público, que é do seu Estado, com o qual V. Exª conviveu, conheceu bem - tanto quanto eu - e sabe o quanto ele foi útil à redemocratização do País. Ele foi encarregado, pelo Presidente Geisel, de preparar o País para a revogação do AI-5, e ele o fez com muito talento e com muita competência.

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - Agradeço, e queria encerrar prestando essa homenagem a Petrônio Portella, por quem fui pinçado. Tenho um retrato dele no meu gabinete. Aliás, não é bom estar lá, porque só tem finado. Por isso é que o de V. Exª não está lá. Está lá o do Papa João XXIII, o de Petrônio, o de Ramez Tebet, só tem essas homenagens. Mas o Petrônio dizia uma coisa que eu não entendia: “Não agredir os fatos”. E o fato é esse que está aí, a democracia. Eu sonho em aprimorar a democracia, aprimorá-la, fazê-la avançar. Não estou contra.

            Outra coisa que ele dizia e que eu sempre o ouvia repetir - eu posso até mudar, V. Exª me convenceu já de muitas coisas... Ele dizia: “Só não muda quem se demite do direito de pensar”.

            Outra coisa que eu aprendi com ele - e isto é para todos aprenderem. Eu estava com ele no dia em que fecharam este Congresso. Por acaso, o destino! Aí, os jornalistas foram... Sabe o que ele disse? Foi apenas uma frase. Eu estava por acaso, vamos dizer, eu era um frangote, um meninote, e ele queria me inspirar a entrar na política. Ele disse apenas uma frase, no dia em que fecharam o Congresso na reforma do Judiciário. Atentai bem! Ele virou-se para os jornalistas, que V. Exª bem representa, e disse: “É o dia mais triste da minha vida!”. Olha, aquela frase ecoou. Os canhões saíram daqui, os militares pensaram e mandaram reabrir.

            Outra que ele me ensinou - eu tenho aprendido muito com V. Exª. Eu despertava de madrugada, porque V. Exª, quando governava o Maranhão, havia um programa em uma rádio na minha cidade que transmitia V. Exª falando de madrugada, falando para o povo e dando o exemplo. Mas o Petrônio dizia: “O caminho mais certo do voto é o trabalho”.

            Estamos rememorando. Mas a minha vinda aqui foi justamente para dizer que houve um avanço.

            Lá, no Piauí, nós fomos governados pelo PT. É desgraça muita, não é pouca não! É pior que um terremoto - o Heráclito está aí. E ninguém contesta. O terremoto dura oito ou dez segundos. Tem estragos? Tem! Mas, rapaz,...

            Edison Lobão, o PT tinha um negócio em que eles se reconheciam por um anel de tucum. Jayme Campos, o PT se reconhecia por um anel de tucum. Agora, lá, é uma Hilux. Todo mundo tem que ter esses carros de luxo.

            Então, nós fizemos uma convenção, que eu vim aqui anunciar, e o Piauí...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - ... e o Brasil vivem de um sonho, de uma esperança, e a esperança é a última que morre (Fora do microfone.). Eu, que sou do Partido Social Cristão, Sarney, olha o que diz o nosso Apóstolo Paulo: “perder a esperança é um pecado”. Nós não a perdemos. Então, foi por um tripé que fomos governados: mentira, muita mentira; corrupção, muita corrupção; e incompetência, muita incompetência. Então, nós temos e vivemos da esperança de uma alternância no poder, que a democracia oferece, no Brasil e no Piauí.

            Fizemos as nossas convenções - está aqui: o PSDB, que tem como Presidente o jovem Deputado Luciano Nunes; o Democratas, que tem o Deputado Federal Mainha; o Partido Social Cristão, que eu presido, no Piauí; o PPS, Antônio Félix - e esta esperança surgiu, de conquistarmos o Piauí, tanto é que o nosso candidato...

(Interrupção do som.)

            O SR. MÃO SANTA (PSC - PI) - ... está na frente (Fora do microfone.) dos candidatos governistas. É o ex-Prefeito de Teresina Sílvio Mendes, que sabiamente colocou como seu companheiro de chapa um advogado, líder, empresário, R. Sá, jovem de Picos. Picos, no Piauí, é a São Paulo do Piauí, é a cidade que mais trabalha, que mais produz, que mais riqueza tem e que é dinâmica.

            E, como Senadores, eu e o Heráclito, aqui. Acho e entendo que nós representamos a grandeza do povo do Piauí, o mais bravo povo deste Brasil.

            Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.


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